segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
«A má educação»
«Infelizmente, o raciocínio não entra na cabeça dura do governo. Para a dra. Alçada, as escolas privadas com contratos de associação são demasiado caras; e, além disso, existem escolas estatais às moscas na mesma área das privadas. Tudo muito certo. Pena que a ministra não tenha esclarecido dois pontos: primeiro, quanto custam as escolas estatais por comparação com as privadas; e, segundo, por que raio se mantêm abertas escolas estatais às moscas quando existem as privadas que fazem o mesmo trabalho com assinalável sucesso.
«Reduzir todo o ensino a uma coutada estatal é condenar gerações de alunos a uma única opção de ensino. E, como sempre, serão os mais pobres a pagar esta factura ideológica.»
João Pereira Coutinho,
CM, 2011-01-30
«O rescaldo»
«Por sua vez, a autoridade de Aníbal Cavaco Silva não sai beliscada, nem de perto nem de longe. Mas ainda há, aqui e ali, uns trejeitos ranhosos de gente que não desarma e, como não pode contestar a legitimidade da sua eleição, continua a regougar, a ratar, a roer, talvez a regurgitar e a remoer de novo, a propósito da figura e da força do Presidente, o qual, a despeito de vencedor, teria saído ingloriamente enfraquecido da eleição.
«Cavaco Silva não apenas ganhou com uma confortável maioria, como ganhou em todos os distritos, do Continente e das regiões autónomas, mas para essa malta é como se não tivesse ganho. Ganhou, mas agora há quem garanta que afinal ele... perdeu! Este prodígio dialéctico tem um intuito evidente, que é o de tentar desagregar na opinião pública os poderes que a Constituição confere ao Chefe do Estado, ou pela via de lhe quererem descortinar na prática uma diminuição de estatuto e de autoridade, ou pela das conclusões extraídas a fórceps de variados malabarismos aritméticos sobre os resultados eleitorais, ou ainda pela da crítica ao seu discurso de vitória na noite das eleições, em que, opinam eles de sobrolho contristado, deveria ter perdido a memória, oferecido a outra face e estendido a mão caridosa e conciliadora a quem o insultou sem escrúpulos.
«Alguns amigos meus terão também feito algumas reservas quanto a este último aspecto, talvez sem repararem que Cavaco Silva se demarcou - e fez muito bem! - das porcarias da esquerda, sem deixar de se assumir como Presidente de todos os portugueses.
«Dizendo as coisas por outras palavras: as minorias vencidas extinguiram-se, mas ficaram no terreno uns agentes póstumos, ao serviço de uma conveniência política manhosa e obscura. Se pusermos a questão do cui prodest, vemos que essa retórica viciada e viciosa pessoalmente nem sequer aproveita muito aos derrotados que, sejam quais forem os seus méritos e deméritos, não vão a lado nenhum com a derrota; mas poderia aproveitar a um Governo que tem medo de ser posto a andar sem grandes delongas, por incompetente e má figura, e julga que assim faz funcionar mais umas válvulas de segurança.
«É também nessa perspectiva que podem ler-se os ditirambos à estabilidade a que o Governo se agarrou logo a seguir à vitória de Cavaco. É de supor que, na sua análise, o Governo trace um cenário de paupérrimo esquematismo e mais ou menos deste tipo: "Portámo-nos indecentemente com o Presidente, tivemos mesmo a badalhoquice de ajudar a insultá-lo, logo ele vai ajustar contas connosco depois de tomar posse, sendo preciso travá-lo, antes que nos ponha na rua e por isso toca a falar de estabilidade"...
«Com as suas arengas sobre a preciosa estabilidade que agora vislumbram como tão benfazeja para os destinos da Pátria, essas criaturas fingem não perceber que o que pode assegurá-la não tem a ver com ajustes de contas (hélas!), mas sim com outros factores, uns que se prendem com o comportamento do Governo no combate à crise, com particular relevo para a execução orçamental, outros que estão ligados ao endividamento do País e à sua credibilidade externa, à evolução dos indicadores de confiança, ao desemprego e ao agravamento dos problemas sociais dele decorrentes, etc., etc.
«A estabilidade não pode configurar um mero chavão para os lorpas ou para os próximos conclaves do Partido Socialista, nem deve funcionar como simples expediente para reconduzir Sócrates no cargo de secretário-geral do PS. Tem de servir de moldura a uma política útil, firme, rigorosa e exequível, com o objectivo de tirar Portugal da crise.
De outro modo e dentro do buraco em que nos encontramos, a estabilidade pela estabilidade não serve para nada, a não ser para aumentar esse buraco e para ele se tornar ainda mais pantanoso. »
por JOÃO CÉSAR DAS NEVES Hoje
domingo, 30 de janeiro de 2011
Velharias do meu baú


Marques Mendes critica modelo de financiamento autárquico
O ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes criticou no sábado à noite, em Ílhavo, o actual modelo de financiamento das autarquias, que considerou «excessivamente» ligado à construção e ao imobiliário, levando a «perversidades imensas» em muitos municípios.
Segundo Marques Mendes, o imposto municipal sobre imóveis (IMI), o imposto municipal sobre transmissões onerosas de imóveis (IMT) e as licenças de construção ou de loteamento são, actualmente, as «grandes receitas» das autarquias.
«Isto quer dizer que o grande volume de receitas das autarquias locais está ligado à construção e ao imobiliário», concluiu o social-democrata, acrescentando que «quanto mais construção se faz, mais receitas o município arrecada».
Para Marques Mendes, «esta filosofia está errada, porque pode levar a perversidades imensas - e tem levado em muitos sítios do país».
«Temos muitos concelhos onde há construções desordenadas, atentados urbanísticos de todo o tamanho, para não falar nas promiscuidades e sinais de corrupção que isso deixa, também, em muitas autarquias», afirmou.
Em alternativa, o ex-líder do PSD defendeu um modelo em que as autarquias sejam financiadas por «uma percentagem dos impostos ligados ao desenvolvimento, que são cobrados em cada concelho - IRS, IRC e IVA».
«Não se trata de aumentar ou diminuir as receitas. É uma filosofia diferente na forma de obter as receitas, para evitar a perversidade que é ter as receitas excessivamente ligadas ao fenómeno do imobiliário e da construção», sustentou.
A mudança do modelo de financiamento das autarquias é uma das prioridades de uma nova agenda para o pode local defendida pelo social-democrata, que deve apostar ainda numa descentralização «fortíssima» na educação e acção social e numa nova lei eleitoral autárquica, que atribua ao vencedor a maioria dos mandatos no executivo camarário.


Velharias do meu baú


sábado, 29 de janeiro de 2011
O Analfabeto Político


Velharias do meu baú


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Futuro Adiado
Que pedido estúpido, defende-se você, para que é que estou aqui a fazer este exercício se o meu filho nunca estaria numa instituição, porque não sou “como essas” mulheres que abandonam as crias, porque a minha família não é disfuncional, porque, porque... Sim, decididamente, fazer do nosso filho protagonista desta história é insuportável. Por isso preferimos imaginar que estas crianças pertencem a uma subespécie própria. “Estes meninos não são bem como os nossos”, ouvi uma vez a uma técnica de serviço social de carne e osso. Para acrescentar qualquer coisa como “coitado do miúdo, a vida de facto não é justa, mas de certeza de que se foi para o lar tão novinho, até já está habituado”. Habituado, claro. Não é telenovela.
É a realidade de 10 mil crianças institucionalizadas em Portugal. Mas nem todas podem ser adoptadas, vem logo dizer um responsável contristado, até porque “ninguém” deseja crianças com mais de três anos. O que não só não é a verdade toda, bem mais complexa do que isso, nem explica porque é que tantas destas crianças ficaram em banho maria, até que expirasse o seu “prazo de validade”. Enquanto isto há pelo menos 2.346 candidatos “certificados” à espera (depois de um processo cheio de episódios de prepotência), e centenas de outros haveria provavelmente se tudo não fosse tão difícil. Quanto mais tempo vamos permitir que tudo continue na mesma?
Isabel Stilwell
editorial@destak.pt,
27.1.2011
PS: 80% não votou Alegre
Manuel Alegre era o candidato oficial do PS, mas a contragosto de muitos socialistas, que não lhe perdoam a colagem dos últimos anos à esquerda radical e às teses do Bloco de Esquerda, a rebeldia antipartido do seu avanço contra Mário Soares em 2006 ou as críticas recorrentes à governação de Sócrates.
De acordo com o modelo de transferência de voto assente em matrizes a nível distrital, Alegre não terá captado mais de 1/5 dos eleitores socialistas (cerca de 405 mil dos mais de 2 milhões obtidos pelo PS nas últimas legislativas, de Setembro de 2009 - quase tantos como os 380 mil que terá ido buscar ao eleitorado do BE...).
Para vários sectores do PS, como era o caso evidente da ala soarista, Fernando Nobre era o candidato alternativo de recurso, capaz de congregar muitos socialistas descontentes com a escolha de Alegre e de representar, nestas presidenciais, um papel semelhante ao do movimento cívico de Alegre nas eleições de 2006. Nobre ultrapassou as melhores expectativas e quase igualou, com os seus 14,1%, a votação do próprio Mário Soares há cinco anos (14,3%). (...)
Por José António Lima,
Sol, 28.1.2011
Senado francês veta legalização da eutanásia
PARIS, quinta-feira, 27 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) - Após uma longa reunião, que durou até a noite da terça-feira, 25 de janeiro, o Senado francês decidiu votar contra as três propostas de legalização da eutanásia no país, apresentadas por vários membros, tanto do governo como da oposição.
Assim terminou um intenso debate na sociedade francesa, entre os partidários da eutanásia - a maioria representada pela Associação para o Direito de Morrer com Dignidade, Jean-Luc Romero, e pelos progressistas de esquerda - e as associações pró-vida, associações médicas (o próprio colégio médico) e de cuidados paliativos, além de instituições religiosas e civis.
O debate chegou a provocar divisões dentro dos próprios partidos, especialmente dentro da UMP de Nicolas Sarkozy.
Poucas horas antes da votação, o próprio primeiro-ministro francês, François Fillon, opôs-se a estes projetos, descrevendo-os como "precipitados" e alegando que "não oferecem as garantias necessárias", enquanto apostava em "desenvolver os cuidados paliativos e rejeitar a obstinação terapêutica".
Na manhã da votação, a Associação Alliance pour les Droits de la Vie - que havia recolhido cerca de 55.000 assinaturas no site www.fautpaspousser.com - organizou uma manifestação em frente dos portões do Senado.
O arcebispo de Paris, cardeal André Vingt-Trois, que rejeitou, em nome da Igreja Católica, o projeto de lei várias vezes, elogiou a decisão do Senado, convidando seu país a mostrar "uma visão elevada do homem".
"A cultura de nosso país, sua história, sua responsabilidade perante a Europa e o resto do mundo, assim como sua fragilidade actual, comprometem-nos a demonstrar a ambição ética, com coragem e entusiasmo."
Seria irrealista, acrescentou o cardeal Vingt-Trois, "confundir mínimo denominador comum ético com coesão social. Só uma visão alta do homem pode construir a paz. O consenso que pretende basear-se na ética mínima será, de fato, uma caricatura sem futuro".
Governo socialista
Depois das recentes eleições na Hungria e no Reino Unido só ficaram 3 países:
Grécia, Portugal e Espanha: que coincidência!
Como disse Margaret Thatcher:
"o socialismo dura até se acabar o dinheiro dos outros".
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Verdadeiros Putos da Pesada
Aqui mesmo ao nosso lado, nas Caldas das Taipas, há um clube de música formado por miúdos da EB 2, 3 com um repertório nada provável para um grupo infantil. Os petizes dedicam-se a interpretar coisas deste género:
Grandes políticos (também os há)!
Que futuro para a moderação e a independência política?
Joe Lieberman é um senador democrata que de vez em quando vota com os republicanos. Muitos democratas não gostam, mas com estas credenciais tem alcançado consensos importantes.
Na Primavera de 2008, John McCain pediu a Joe Lieberman que falasse em seu nome na Convenção Nacional Republicana. "Quando olho para trás, isto faz-me pensar", diz Lieberman agora. No entanto, parecia natural ajudar desta maneira o homem que considerava mais qualificado para ser presidente.
Depois de Barack Obama ter ganho as eleições, o martelo desceu. Harry Reid, o líder da maioria no Senado, disse a Lieberman que alguns democratas queriam retirá-lo da presidência da Comissão de Segurança Nacional. Lieberman, independente, disse que, se isso acontecesse, poderia não votar ao lado dos democratas.
A reunião decisiva ocorreu durante o período de transição. O presidente Obama opôs-se à punição de Lieberman, tal como os senadores Reid, Schumer, Durbin, Dodd e Salazar.
Durante o caucus houve um debate sobre o futuro de Lieberman com Lieberman presente. "Não foi ad hominem", recorda Lieberman. "Algumas pessoas disseram: ''Gostamos de ti, Joe. Não podemos é aceitar este comportamento.''" Afinal nem sequer foi à justa. Quarenta e dois senadores democratas votaram a favor de deixar Lieberman na presidência. Apenas treze votaram contra.
Como Ezra Klein, do "The Washington Post", observou recentemente, acabou por ser uma das decisões de Obama e Reid com consequências mais importantes. Se Lieberman não tivesse sido aceite de volta pelos democratas, não teria havido um 60º voto a favor da reforma da saúde, e ela teria sido derrotada. Não teria decerto havido derrota do "não pergunte, não diga" sem o trabalho de Lieberman e sem as suas credenciais. A lei do ambiente Kerry-Lieberman esteve mais perto da aprovação que qualquer outra lei da energia. Além disso, Lieberman proporcionou o apoio crucial à lei do estímulo, à lei bancária, à lei da extensão do apoio aos desempregados e a várias outras medidas.
Assim, embora Lieberman seja odiado por muitos activistas liberais, sempre teve muito melhores relações com os democratas mais pragmáticos. O vice-presidente Joe Biden enviou-me um email emocionado esta quinta-feira que acaba assim: "O Senado não será o mesmo sem a liderança de Joe, sem o seu intelecto poderoso. Mas é da sua amabilidade que sentiremos mais falta."
"Ele era indispensável", escreveu igualmente Reid num email, "e a sua dedicação ao serviço público, a sua capacidade de trabalhar com os opositores e a sua enorme experiência também nos farão falta."
"Joe foi um excelente senador", disse John Kerry. "Definia-se pela sua consciência e pelas suas convicções." Kerry reconhece que se sentiu muitas vezes exasperado com Lieberman, mas as relações de trabalho tornam-se mais significativas graças aos desacordos, e não apesar deles.
Estes políticos estão a julgar Lieberman de acordo com os critérios a que Max Weber chamou a "ética da responsabilidade" - os que produzem melhores resultados. Alguns dos activistas julgam-no de acordo com aquilo a que Weber chamou a "ética da intenção" - de coração mais puro e menos inclinada a compromissos.
Corre uma teoria de acordo com a qual Lieberman teria ficado amargurado pelo trauma de 2006, em que foi derrotado nas primárias do Connecticut devido ao seu apoio à Guerra do Iraque. Há poucas indicações de que assim seja. Lieberman sempre se situou na encruzilhada entre os dois partidos e muitas vezes serviu de ponte, o que enfurecia os democratas, mas depois, nos momentos importantes, também era os interesses deles que servia.
Lieberman vota 90% das vezes com os democratas, mas sempre foi um democrata à Scoop Jackson, e rompeu com o partido em matéria de defesa. Nos anos 90 desafiou a ortodoxia no que dizia respeito à escolha da escola, à idade da reforma e ao papel da religião na vida pública.
No entanto, precisamente por causa destas credenciais, tem conseguido aparecer nos momentos críticos e obter resultados de uma maneira que mais nenhum senador consegue. (...) Lieberman teve um papel importante quando esteve em causa livrar Bill Clinton do embargo. Quando o apoio ao embargo aumentava, Lieberman fez um discurso crucial no Senado em que repreendeu Clinton pelo seu comportamento mas opôs-se de forma resoluta a retirá-lo da presidência. Muitos dos conselheiros mais importantes na Casa Branca perceberam que o que o discurso dele conseguiu foi canalizar a irritação mas sem ser no sentido da demissão.
A questão é se os políticos com o perfil independente e moderado de Lieberman poderão sobreviver no actual ambiente político. "Tenho relações mais calorosas com democratas em Washington do que no Connecticut", reconhece Joe Lieberman.
Seria simpático que os eleitores abrissem lugar a mais meia dúzia de independentes como ele. Já houve alturas, por exemplo durante o debate da saúde, em que a independência de Lieberman me pareceu confusa e sem base intelectual. No entanto, em geral, tem mostrado uma grande coragem.
Há muitos homens de equipa na administração dispostos a fazer tudo o que o chefe manda. O que falta são elementos difíceis, com mentes complicadas, perspectivas invulgares e personalidade para enfrentar o aparelho partidário e os interesses ocultos.
por David Brooks, Publicado em 26 de Janeiro de 2011
Exclusivo i / The New York Times
Escândalo do momento - o "Bibi" das Finanças :)
[via Inimigo Público. Qualquer semelhança com a realidade é mera - mas bastante infeliz - coincidência]


Há muito para mudar
«Andaria eu no que então se chamava de "ciclo preparatório" quando ouvi, pela primeira vez, talvez numa aula de História, que "a democracia é o governo do povo, para o povo e pelo povo". A expressão em causa era atribuída a um antigo presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, e nela se encerraria a grande virtude do sistema de governação política em que os países mais desenvolvidos se encontram há longos anos.
«Olhando para os desenvolvimentos dos anos recentes em Portugal, ao nível da evolução do sistema político, parece-me poder reflectir-se até que ponto a não verificação no concreto daquela grande virtude poderá estar na origem da verdadeira crise, de ordem política, económica e social, que vivemos.
«Será a nossa democracia um governo do povo? Será a nossa democracia um governo para o povo? Será a nossa democracia um governo pelo povo? Formalmente, claro que sim. Mas creio haver boas razões para concluir que, na prática, assim o não é e que a divergência entre o formal e o concreto se vem agravando nos últimos anos.
«Não duvido que seja um governo do povo, afinal o destinatário final de todas as decisões tomadas no regime político. Mas já tenho sérias dúvidas, por exemplo, de que seja verdadeiramente um governo pelo povo...
«É verdade que as escolhas dos governantes e das opções programáticas a seguir estão, em última análise, nas mãos do povo, que as expressa mediante eleições regulares. Mas a escolha dos governantes não é claramente livre. Pelo contrário, é altamente condicionada pelo sistema partidário, mesmo naqueles casos (como a eleição para Presidente da República) em que a apresentação de candidaturas decorre de um acto de liberdade individual.
«Atentemos, por exemplo, no caso das eleições legislativas. Ninguém pode ser eleito fora da esfera partidária, uma vez que não existe qualquer previsão de candidaturas independentes. Assim sendo, só um grupo restrito de cidadãos se pode tornar deputado, escolhidos inicialmente pelos partidos políticos.
«Nada de particularmente negativo resultaria desta situação, comum afinal a quase todas as sociedades desenvolvidas do mundo. O problema é que, ao longo do tempo, esta situação foi gerando efeitos perversos, decorrentes de fenómenos como a criação de espécies de clubes de amigos, a proliferação do carreirismo partidário ou a emergência de verdadeiros profissionais da política, cujos únicos méritos se reduzem às capacidades de articular relações pessoais. E o efeito mais perverso terá sido o do aumento a ritmos crescentes da mediocridade na condução dos interesses ditos públicos do País.
«Tenho também sérias dúvidas de que tenhamos um governo para o povo. Não querendo entrar pelo caminho da demagogia, a verdade é que cada vez é maior o número de notícias e factos que apontam para negócios bem pouco claros, levados a cabo no quadro dos tais clubes de amigos ou, pelo menos, decisivamente influenciados por decisões públicas.
«Saindo fora de tal esfera, também não faltam exemplos do modo como o interesse público, o do povo, é ultrapassado pelo interesse partidário ou pelo interesse particular. E indo um pouco mais longe, também não faltam exemplos do modo como o interesse do povo é facilmente esquecido, no quadro da falta de transparência ou simplesmente de verdade no discurso partidário e público. Afinal de contas, não seria do interesse do povo conhecer a verdade? Ou será preferível proporcionar-lhe ilusões, que, como o nome sugere, no médio e longo prazo não são obviamente sustentáveis?
«No contexto desta breve reflexão, poder-se-á concluir que a democracia é uma grande ilusão do nosso tempo? Felizmente, creio que ainda não. Desde logo, porque continua por provar que exista um sistema, necessariamente imperfeito, melhor. Mas que há muito para mudar, sob pena de se tornar uma ilusão demasiado perigosa, lá isso há...»
Por Rui Henrique Alves ,
Visão, 27.1.2011
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Consequências de uma Relação Disfuncional

Findas as eleições, e confrontados com os resultados que se conhecem, muito se tem falado, mas pouco se tem dito.
Uma constatação óbvia deste resultado presidencial é que há muita gente com maus fígados que revela um mau perder intolerável, que infecta qualquer santo de cólera.
Tenho lido e ouvido comentários de socialistas e bloquistas que em nada os dignifica, do tipo - e passo a citar: “ O povo é ignorante!”; “Que raio de país elege o Cavaco!...” Segundo alguns prodígios da análise política que enveredam por aqueles emblemas, o que levou à vitória de Cavaco foi a ignorância do povo. Curiosamente o mesmo povo e o mesmo país que elegeu Sócrates e acomodou 16 ressabiados no parlamento. A única atenuante que encontro para este tipo de logorréia relaciona-se com o stress pós traumático da relação disfuncional entre bloquistas e socialistas. Contudo, é um desrespeito vil tecer tais considerações sobre o Povo, sobre a sua vontade. Embora mais de metade do povo do país tenha resolvido não ir às urnas, o que foi é soberano, como tal há que respeitar o escrutínio a que se chegou e o respectivo povo que o proporcionou.
No forno?...


terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Quando é que esta gente para de nos tratar como "mentecaptos"?
«A ministra da Educação diz que é indigno usar crianças para obter vantagens nos colégios privados, em resposta ao protesto que esta terça-feira aconteceu frente ao Ministério.» - TSF
porém...
«O PSD considerou esta terça-feira “escandaloso” o facto de terem sido contratadas crianças para estarem presentes na cerimónia de apresentação do Plano Tecnológico, ontem, que contou com a presença do Primeiro-ministro e da ministra da Educação.» - Correio da Manhã
«O Governo aproveitou a ideia e iniciou a distribuição do pequeno computador por todos os alunos do primeiro ciclo de ensino básico. Na passada terça-feira, Matosinhos recebeu a primeira remessa do "Magalhães", pelas mãos do primeiro-ministro, José Sócrates.» - Jornal de Matosinhos
«Na sala de aula da escola EB 2,3 de Taveiro - onde a ministra da Saúde, Ana Jorge, ladeada pela da Educação, Isabel Alçada, explicou o que é o SNS - Arnaut quase passava despercebido. Levantou-se para agradecer os aplausos quando Isabel Alçada convidou as crianças a apreciarem "a maravilha" que era ter ali o ministro da Saúde de há 31 anos; e assistiu, com um sorriso, às explicações de Ana Jorge, que em resposta a um aluno disse que o seu "maior desejo é fortalecer ainda mais o SNS". » - Publico
Fontes: Blasfémias; Corta-fitas


O velho leão
Como se sabe, estive, voluntariamente, silencioso durante todo o processo eleitoral. Quando o PS resolveu apoiar o candidato que já tinha sido escolhido pelo Bloco de Esquerda, disse - e escrevi - que considerava isso um erro de Sócrates, grave, sobretudo, para o futuro do PS, visto que ia dividi-lo, como aconteceu. Não o disse por ressentimento, como alguns comentadores afirmaram. Mas tão-só em defesa do partido de que fui um dos fundadores. Por essa mesma razão, fiquei calado e não apoiei nenhum candidato. (...)
Numa entrevista em que me interrogaram sobre se, desta vez, iria votar Cavaco Silva, afirmei, discretamente, para desfazer equívocos, que "nunca votaria em Cavaco Silva". E agora acrescento: por razões político-ideológicas e não pessoais.
Terminado o acto eleitoral, devo felicitar o candidato, como fiz, aliás, há cinco anos, como candidato derrotado. Trata-se de um ritual democrático, que deve ser respeitado, porque em democracia, os políticos, dos diversos partidos e os independentes, não se consideram inimigos, mas tão-só adversários ocasionais.
Estranho e lamento que o candidato Cavaco Silva não o tenha feito, no passado domingo, em relação aos seus adversários. Como aliás lamento os dois discursos que proferiu no momento da vitória. Em lugar de ser generoso e magnânimo para com os vencidos, foi rancoroso. O que, além de lhe ficar mal, quanto a mim, representa um erro político grave que divide Portugal precisamente quando mais o devia unir.
A verdade é que as últimas eleições mostram que o nosso país está mais dividido do que nunca. E, além disso, desorientado. Por isso, o Presidente ora reeleito deveria ter feito um discurso positivo, voltado para o futuro, e não um discurso que divide mais os portugueses, com a agravante de que, feitas bem as contas ao volume da abstenção, a metade que votou nele está longe de ser maioritária...
Nesse aspecto, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, marcou um contraste com o candidato Presidente, tendo proferido um discurso politicamente responsável, muito equilibrado e inteligente. (...)
por MÁRIO SOARES,
DN, 25.1.2011
Confundir para reinar
Subjacente está a tentativa de eliminar as diferenças entre homem e mulher, considerando-as um mero condicionamento sócio-cultural. “Sexo” é uma palavra que sublinha a diferença entre homem e mulher, enquanto “género” é muito mais abrangente, porque em vez de apenas dois tipos – feminino e masculino – a nova expressão da moda abrange cinco: feminino, masculino, homossexual feminino, homossexual masculino e híbrido.
Em Portugal, a esquerda rasga as suas vestes por a nossa Constituição (escândalo dos escândalos…!) ainda usar a palavra sexo… e propõe uma nova formulação do artº 13º para se eliminar, de uma vez por todas, esta expressão ultrapassada…
A estratégia de confundir para reinar, sempre foi uma estratégia de poder. É por isso que é sempre bom saber o que está por trás das boas intenções daqueles que nos querem baralhar.
Aura Miguel
RR on-line 21-01-2011
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
«PSD quer governar com Cavaco»
Mas as expectativas dos sociais-democratas são altas e não deixam margem para dúvidas: «Temos a aspiração de poder vir a governar durante o mandato de Cavaco Silva que é de cinco anos», admitiu Passos Coelho.
O PSD apostou em Cavaco e envolveu-se muito mais nesta campanha do que sucedera em 2006. Mas agora promete deixar Cavaco por sua conta. «Cavaco Silva é inteiramente livre para exercer o seu mandato com toda a independência e é isso que esperamos que faça», assegurou o líder social-democrata que se juntou por duas vezes ao candidato na campanha.
«Foi eleito com o apoio do PSD mas esperamos que mantenha em Belém o que fez nos últimos cinco anos, uma magistratura acima dos partidos. Mantém toda a sua independência face aos que o apoiaram», reforçou ainda Passos Coelho.
Passos deixou ainda um aviso: «O país respondeu de forma clara que se sente mais seguro e mais confiante com Cavaco como Presidente da República. E os portugueses sabem que o próximo ano vai ser mais seguro e mais confiante mas não vai ser mais fácil porque o ano que temos pela frente é um ano de grandes dificuldades».
por Sofia Rainho,
23 de Janeiro de 2011,
http://sol.sapo.pt/
Imprensa estrangeira: reeleição de Cavaco vista à sombra da ajuda externa
As eleições presidenciais são analisadas pela imprensa estrangeira em paralelo com a crise económica e financeira em Portugal. E a reeleição de Cavaco Silva é vista como um voto de confiança dos portugueses nas capacidades de um professor de economia com passado governativo.
A agência de notícias chinesa diz mesmo que esse passado garantiu uma vitória fácil sobre os outros cinco candidatos e a CNN acredita que no segundo mandato o presidente vai continuar a apoiar os esforços do primeiro-ministro José Sócrates para afastar o cenário de ajuda externa.
RTP
Imprensa espanhola fala de “apatia lusa”
Também o El Pais refere que "os portugueses apostam na estabilidade e votam Cavaco", sublinhando que "a preocupação pela crise e a elevada abstenção, com um recorde histórico”, não dão hipótese alguma ao socialista Manuel Alegre.
Considerando ter havido uma aposta dos portugueses “pela continuidade em tempos de crise", o jornal diz que "a direita caminha para o poder" e dá conta das últimas sondagens que indicam a vitória do PSD nas legislativas.
O El Pais lembra ainda que no discurso de vitória Cavaco "exibiu um tom agressivo e longe da generosidade que se espera de quem ganha umas eleições": "Mostra de que não digeriu as acusações de negócios e compras irregulares dirigidas pelos seus rivais durante a campanha", afirma o jornal.
Num título significativo, o El Mundo titula que "Aníbal Cavaco Silva e abstenção empatam em Portugal".
Aqui se refere que "acresce cada vez mais o claro desinteresse por parte dos portugueses por este tipo de eleições" e que, no escrutínio que ontem levou às urnas, teve "uma campanha eleitoral demasiado marcada pela crise política, pela troca de críticas e acusações", com ausência "de debate político sobre as verdadeiras funções de um presidente".
RTP
Imprensa francesa aponta abstenção
"As interrogações eram menos sobre a reeleição de Cavaco Silva do que sobre a probabilidade de ele dissolver a Assembleia da República, uma vez reeleito", insiste o jornal económico Les Echos, alertando que "a realização de legislativas antecipadas viria complicar um pouco mais a delicada situação económica e social de Portugal".
Cavaco Silva "fez da sua experiência o seu principal argumento face às inquietações suscitadas pela crise financeira que atinge de maneira muito forte um país que teve de adotar uma cura muito difícil de austeridade", escreve o Le Figaro, sublinhando ainda "o nível recorde da abstenção em eleições presidenciais".
O jornal sustenta ainda que "os poderes do Presidente são limitados em Portugal, mas um grande sucesso de Cavaco Silva será percebido como uma rejeição do balanço dos cinco anos de governação do primeiro ministro José Sócrates".
O Le Monde fala de uma "campanha sem adesão" dos portugueses "com cenário de crise económica em fundo".
RTP
Imprensa alemã aponta chumbo de Sócrates
"Cavaco Silva confirmado por mais cinco anos num Portugal altamente endividado", refere o jornal económico Handelsblatt, chamando a Portugal o país mais pobre da Europa: "No centro da campanha eleitoral esteve a aguda crise económica e financeira do país mais pobre da Europa", acrescenta o matutino de Dusseldorf.
A edição alemã do Financial Times considera que a vitória de Cavaco foi "um triunfo para a oposição e um revés para o primeiro-ministro José Sócrates", para acrescentar que após a reeleição "as frentes políticas num Portugal abalado pela crise podem endurecer".
O FT diz ainda que o principal adversário de Cavaco Silva "foi o desinteresse da população" e fez menção a problemas com o cartão de cidadão nalgumas assembleias de voto.
RTP
Iminência de resgate na imprensa económica
O Financial Times aponta uma reeleição de um "Presidente conservador" para um segundo mandato de cinco anos durante o qual "poderá ter de enfrentar brevemente as consequências políticas de um resgate financeiro internacional". O jornal diz que Cavaco vai ter de lidar em breve com as consequências políticas de um pedido de ajuda internacional e aponta a eventual pressão do PSD sobre o presidente para antecipar eleições.
Este é um dos cenários colocados pelo Wall Street Journal e a Bloomberg, que recordam que Cavaco também tem à mão a bomba atómica, expressão utilizada pelo próprio durante a campanha eleitoral e que significa a dissolução da Assembleia pelo Presidente da República.
O Wall Street Journal não deixa no entanto de sublinhar que a escolha deste domingo significa que os portugueses "querem estabilidade política numa altura em que o país tenta sair da crise da dívida soberana que afeta a Europa".
RTP
«Resultado das eleições é um "grande cartão amarelo" ao Governo»
"O descalabro da votação em Manuel Alegre, que ele assumiu como uma derrota pessoal, mas que não pode ser assumido como uma derrota pessoal exclusivamente, é claramente um grande cartão amarelo ao Governo", afirmou Marina Costa Lobo, em declarações à agência Lusa.
Cavaco Silva é o candidato mais votado nas eleições presidenciais de hoje, com 52.94 por cento dos votos, quando estão apurados os resultados provisórios em todas as freguesias onde se realizou o sufrágio, seguido de Manuel Alegre (19.75%), Fernando Nobre (14.10%), Francisco Lopes (7.14%), José Manuel Coelho (4.50%) e Defensor Moura (1.57%).
Sublinhando que o Executivo e o PS saem "fragilizados" com esta "derrota", a investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa lembrou que Cavaco Silva assumiu um posicionamento "bastante conflituoso" em relação ao Governo no final do seu mandato e durante a campanha eleitoral.
"Portanto, não se espere que a relação entre os dois possa sofrer melhorias", afirmou.
Quanto ao resultado de Manuel Alegre, Marina Costa Lobo considerou-o "muito fraco", tendo em conta o resultado do PS em 2009, mas também pelo facto de o candidato contar nestas eleições com o apoio dos socialistas, mas também do Bloco de Esquerda.
Nesse sentido, a politóloga admitiu que a trajetória de Manuel Alegre, em 2006 e 2011, tenha sido "mal compreendida" por algum eleitorado, tendo em conta os "desentendimentos sucessivos" entre PS e Bloco de Esquerda.
"O BE nunca se coibiu de atacar o Governo ao longo da campanha e isso enviou sinais completamente contraditórios ao eleitorado", defendeu.
Marina Costa Lobo chamou ainda a atenção para o facto de Cavaco Silva ser o primeiro Presidente da República de direita a conseguir uma reeleição, num país onde "a maior parte dos eleitores se identifica com partidos de esquerda".
Politóloga Marina Costa Lobo,
por Agência Lusa, Publicado no "i" em 23 de Janeiro de 2011
domingo, 23 de janeiro de 2011
Cavaco Silva continua a ser o presidente de Portugal


Já foi votar? Não. Então ouça a musica e vá.


Pelo que ouço é "COMPLICADEX" ter "CU"
Escusado será dizer, que o Portal do Recenseamento e o numero de SMS 3838 estiveram quase sempre com tempos de resposta muito maus, no primeiro caso, e indisponível no segundo.
É caso para dizer, rica forma de combater a abstenção!


sábado, 22 de janeiro de 2011


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Em Outubro de 2013 Lisboa perde metade das freguesias
«Presidenciais: Sondagens excluem 2.ª volta»
Sondagens há para todos os gostos é uma expressão que não se aplica nestas presidenciais. As empresas que mediram as tendências de voto nos últimos meses - Eurosondagem, Intercampus, Marktest, Aximage e Católica - confirmam na recta final da campanha a principal tendência que manifestaram ao longo dos últimos meses: a inexistência de segunda volta. Se estiverem certas, Cavaco Silva ganha direito a ficar mais cinco anos em Belém, já no próximo domingo, com uma percentagem de votos que, no limite, rondará os 55%.
Manuel Alegre, que beneficiou das críticas e dúvidas lançadas sobre a honestidade de Cavaco no negócio das acções que teve no BPN, surpreende pela negativa: perde os ganhos arrecadados nas últimas semanas e acaba, nas sondagens, perto dos 25%.
Se as urnas reiterarem as sondagens, confirma--se que o socialista esteve longe de fazer o pleno do eleitorado do PS. Mais, Alegre não conseguirá sequer, neste cenário, obter a soma da percentagem de votos obtida há cinco anos, como candidato independente, com a do candidato do BE, Francisco Louçã - juntos somaram 26%.
As dores de cabeça do PS e do BE contrastam com uma possível alegria entre as hostes comunistas. Francisco Lopes, que antes da campanha era um ilustre desconhecido dos portugueses, têm hipóteses, na previsão da Intercampus, de ficar ao nível da percentagem obtida por Jerónimo de Sousa há cinco anos. Um bom resultado no que se antevê ter sido o tirocínio para a liderança do PCP... um dia.
Surpreendente é a recuperação de Fernando Nobre, o candidato independente, que foi esmagado por analistas pela sua prestação nos frente-a-frentes televisivos e que passou discreto pelos primeiros dias de campanha.
Finalmente. Defensor Moura e José Manuel Coelho - dois candidatos com uma base de apoio regional - disputam a liga dos últimos, com uma votação entre os 2 e 3 por cento.
manuel.a.magalhaes@sol.pt, 21.1.2011 (Sol)
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Portugal impressionista
Mas todos os indicadores demonstram que não está. Pelo contrário, apesar de estar a passar uma crise profunda e grave, o país está hoje muito melhor do que há quarenta anos.
O Povo português há-de desculpar-me este desabafo, mas tenho falado com alguns portugueses que, como eu, são emigrantes, e fico com a impressão de que aquilo que mais assusta os portugueses que vêem o país a partir do exterior é este estranho impressionismo dos portugueses de Portugal, por assim dizer. Quando a coisa está a correr bem, desata tudo a comprar Mercedes, BMW's, casas na cidade, no campo, na praia, telemóveis de última geração e férias na riviera Maia; mas se a coisa aperta um bocado, aqui d´el rey que vivíamos melhor antes do 25 de Abril. Sim, quando uma cabeça de pescada alimentava uma família é que se vivia bem... Menos, portugueses, muito menos!
(Menos depressão, mais transpiração, era capaz de dar um bom slogan hehe)


«Novos discriminados: crianças adotadas por homossexuais»
Ingrid Tapia, advogada, especialista em direito constitucional e direitos humanos, professora decana de direito romano no Instituto Tecnológico Autônomo do México (ITAM), "dedicada à família, às causas de gênero e às crianças desde que estão na barriga de suas mães", fala com ZENIT-El Observador sobre o "casamento homossexual", aprovado recentemente na região do Distrito Federal do México, por exemplo.
ZENIT: Era necessário criar o "casamento homossexual"?
Ingrid Tapia: Todas as pessoas de um país devem ser reconhecidas pelo Estado, todos nós devemos fazer um esforço por incluir e não discriminar as pessoas por sua preferência sexual ou crença religiosa. Estar comprometidos com a não-discriminação não significa que as leis das maiorias devem ser criadas segundo o capricho das minorias. É uma pena que no país não exista o reconhecimento que ofereça segurança jurídica às pessoas com uma preferência sexual homo, mas é uma pena também que degradem a instituição do casamento.
ZENIT: Por que se degrada o casamento?
Ingrid Tapia: Porque, ao permitir o "casamento" homossexual, fazem acreditar que o casamento serve para regulamentar a relação de um casal e essa não é sua função; os casais adultos não precisam de nenhuma lei para amar-se, estar juntos ou se separar; o casamento foi criado para proteger a família, e não o casal; e, ao reduzir o casamento a uma mera regulamentação da vida do casal, ele acaba sendo degradado. O casamento é para formar uma família, essa é a grande perda.
Da relação heterossexual (homem e mulher) surgem os filhos, e o casamento foi feito para regulamentar a existência dessas pessoas, garantir sua subsistência. Os relacionamentos homossexuais nunca se enquadrarão neste caso; o casamento é como um vestido "tamanho 40" que estão tentando colocar nos relacionamentos "tamanho 10": ficam grandes demais.
ZENIT: O que dizer com relação às adoções por parte de homossexuais?
Ingrid Tapia: Isso é o cúmulo. Na França, Inglaterra e em 46 estados da União Americana, a adoção homoparental é proibida. O que a corte fez é um ultraje; as crianças são concebidas como objetos de satisfação, e não como sujeitos. Acredita-se que é obrigação entregar as crianças e que existe o direito de adotá-las, mas o que existe é o direito de ser adotado.
ZENIT: Quais foram os critérios adotados em outros países?
Ingrid Tapia: Sempre que se recusou a adoção homoparental, o argumento foi: enquanto não saibamos se causa dano ou não crescer com duas pessoas do mesmo sexo, não podemos dar para adoção, porque não podemos fazer experimentos com essas crianças. No México, nos debates do Tribunal, uma ministra, em poucas palavras, disse: "Então vamos dar as crianças em adoção e ver o que acontece".
ZENIT: Silenciam as vozes que são contra...
Ingrid Tapia: Sai todo o mundo falando sobre o estado leigo, que não quer ouvir o que dizem os padres, religiosos e leigos comprometidos, mas a maior responsável por creches e orfanatos é a Igreja. O mínimo que se pode fazer quando você vai decidir sobre a vida de uma criança é pedir a opinião de quem cuida dela.
ZENIT: Quais são os problemas enfrentados pelos filhos adotados por casais homossexuais?
Ingrid Tapia: A criança em adoção seria destinatária de desprezo devido às decisões de seus pais. Explico: em um programa de rádio na Cidade do México, fizeram uma pergunta aos ouvintes: "Você deixaria seu filho brincar na casa de um amigo que tivesse dois pais ou duas ‘mães'?". Mais de 80% das pessoas disseram que não permitiriam que seus filhos frequentassem uma casa com dois "pais", mas deixariam, se fosse uma casa com duas "mães". E depois dizem que não existe discriminação.
ZENIT: Diante das determinações legais, é possível fazer alguma coisa?
Ingrid Tapia: Um ato aprovado em um Estado é válido em toda a República, e esse é o argumento dos casais homossexuais. Mas não podemos esquecer de que esta é essencialmente uma batalha cultural; certamente irão a cada Estado da República para promover esta visão distorcida. Os grupos da sociedade civil e as maiorias devem reagir, para ter leis de acordo com seu pensamento. O espírito democrático é que a lei reflita os sentimentos e pensamentos das maiorias, sem ferir as minorias. Há uma diferença abismal entre não discriminar os que são diferentes e ser refém deles.
Essa minoria também é organizada para nos refutar na mídia alternativa e formal; não é que os mexicanos são a favor do aborto, mas se aqueles que dirigem os noticiários importantes o são, damos a impressão de que todos são a favor também. Precisamos formar melhor nossos líderes de opinião, falta ter uma base de resposta, ser mais proativos como sociedade.
Por Omar Árcega,
QUERÉTARO, 18 de Janeiro de 2011
(ZENIT.org-El Observador)
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Taça da Liga - Braga Vs Paços de Ferreira

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Suas excelências os deputados.
Nada disto me escandalizava, não fosse a comparação com os restantes portugueses. O fosso que existe entre os deputados e a generalidade da população é descomunal. E tende a agravar-se.
Todos nos recordamos de dois casos recentes envolvendo a desgraça e os sacrifícios que os deputados fazem para sobreviver neste país de extremos. Primeiro foi o badalado caso das viagens pagas para a residência em Paris da deputada do PS Inês de Medeiros, que acabaram por ter que ser pagas pela própria. Depois, quando foi anunciado o corte de vencimento aos funcionários públicos, o pedido desesperado do deputado do também partido socialista que dizia que não poderia viver e comer com os apenas 3700€ de ordenado.

Os argumentos que apresentaram em defesa desta recusa foram os de falta de garantia de higiene e, pasme-se, apoio à industria das águas minerais. Valha-nos Deus, a industria viticultora precisar de apoio!!!
Os custos envolvidos, comparados com o défice publico, seriam ridículos, com toda a certeza. Já não digo o mesmo da mensagem que passa esta atitude.
Acham então, suas excelências os deputados, que são melhores do que toda a população lisboeta que bebe da água do sistema publico de abastecimento. Já para não falar daqueles que bebem água da torneira, perderam o abono dos filhos, viram aumentar o IVA 2%, os combustíveis, luz, água, transportes, viram reduzido o seu vencimento, congelados quaisquer aumentos ou progressão na carreira, todos os bens de primeira necessidade e, até aqueles que nem dinheiro têm para a dita águinha da torneira por estarem desempregados.
E, mais motejante, acham as excelências, que o consumo de água engarrafada do parlamento terá uma repercussão devastadora na industria do ramo.
Enfim, palavras para quê? É o parlamento português, pois com certeza.
Fontes, Jornal Noticias, Expresso


domingo, 16 de janeiro de 2011
Chinesices
Porque sim


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
作者:中国复仇


Campanha presidencial do Prof. Cavaco Silva
16 de Janeiro - Sábado
13:00 Famalicão
Almoço com Apoiantes (Quinta da Alegria - Ribeirão)
15:30 Braga
Contacto com População (encontro Junto ao Banco de Portugal)
18:30 Esposende
Festa Comício (Quinta da Malafaia)
Continua tudo com pavor e vergonha do FMI, mas...
- garantir um juro bastante mais baixo da divida publica do que os famosos 6,714% de ontem para futuros empréstimos;
- as medidas de austeridade impostas aos portugueses para a recuperação da economia seriam aplicadas e controladas escrupulosamente e seriamente.
Eu também acho que é "birra" e vaidade deste nosso primeiro ministro que quer a todo (nosso) custo salvar a cara.
Fonte: O Insurgente, Blasfémias


O ruído do silêncio "ou olha para o que digo e não para o que faço"
É natural que o candidato Manuel Alegre nunca mais fale das acções compradas e vendidas por Cavaco Silva à SLN de Oliveira e Costa. E isto porque a nova SLN, que agora se chama Galilei, é muito amiga dos socialistas. O seu presidente, Fernando Lima, é membro da Comissão de Honra de Manuel Alegre e a sede de campanha pertence ao mesmo grupo. Como se vê, agora é tudo gente boa, pura, fraterna, socialista, que odeia especuladores e o capitalismo de casino.
Fonte: Cachimbo de Magrite


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Leilão de dívida pública em linguagem futebolistica
Só perdemos por 6,71. Foi uma vitória moral.


Por falar em músicos!


Trompetista de Braga na YouTube Symphony Orchestra
Finalista da licenciatura em Música da Universidade do Minho, Pedro Silva foi o único português escolhido na edição deste ano, depois de, em 2010, o violinista Tiago Santos ter integrado as fileiras da "primeira orquestra colaborativa do Mundo".
Parabéns ao Pedro Silva. Nem só de futebol se faz a fama de Portugal no mundo.


Cavaco diz que "não foram tomadas as medidas certas no tempo certo"
É preciso explicar "porque é que não foram tomadas as medidas certas no tempo certo, quais são as finalidades que se pretendem alcançar com os sacrifícios que agora nos são pedidos, qual é a justiça na distribuição dos sacrifícios que agora são impostos aos portugueses", defendeu o candidato presidencial apoiado pelo PSD, CDS-PP e MEP.
"Sei bem que esta crise pode não desaparecer já no próximo ano", declarou Cavaco Silva, num jantar-comício que juntou mais de mil pessoas em Castelo Branco - no mesmo pavilhão onde o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, José Sócrates, estará na quinta-feira ao lado de Manuel Alegre, Cavaco Silva.
Cavaco Silva considerou que tem "o conhecimento" e "a experiência que é decisiva para enfrentar situações complexas, mesmo imprevisíveis" que se venham a colocar e ultrapassar a "encruzilhada em que o país se encontra".
"Mas para resolver os problemas do nosso país é também importante que os nossos políticos falem verdade aos portugueses, que lhes expliquem porque chegámos à situação em que nos encontramos", acrescentou.
Durante o dia de terça-feira, Cavaco Silva desvalorizou as afirmações do seu adversário apoiado pelo PS e BE, Manuel Alegre, limitando-se a observar que a sua sugestão para fazer diligências que evitem o recurso a ajuda financeira externa revelava "ignorância".
Hoje, começará o dia em Seia, passando por Almeida, Guarda, Foz Côa, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e terminando com mais um jantar-comício, em Bragança.
Nos seus discursos, Cavaco Silva não tem nomeado os seus adversários, falando apenas de forma indireta.
"Este não é um tempo de colocar na Presidência da República alguém que não conhece, não tem experiência dos assuntos que preocupam verdadeiramente Portugal e os portugueses neste momento. Este não é um tempo para aventuras, este não é um tempo para fazer experiências. Os portugueses têm de dizer claramente que no próximo dia 23não querem ser cobaias de uma qualquer ambição", disse, na terça-feira à noite.
Destak/Lusa | destak@destak.pt
12 | 01 | 2011
Porto 2001: 10 Anos
O ex-presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, arrepende-se de ter sido demasiado ambicioso com a requalificação urbana da Porto 2001, afirmando que, se fosse hoje, teria feito menos obra, porque a cidade “sofreu demais”.
Em entrevista à Agência Lusa, o ex-autarca chega mesmo a emocionar-se quando recorda o caos em que o Porto se transformou com as intervenções no espaço público.
“Estou muito associado à enorme dimensão que tudo isto assumiu e à distância porventura arrependo-me de termos sido tão ambiciosos. Porque sofremos demais, acho que sofremos demais, as obras foram exageradas…”, afirmou Nuno Cardoso, mostrando evidentes sinais de comoção.
O ex-edil diz que “esperava mais coordenação e capacidade de intervenção” na requalificação da cidade e considera que, “a dado momento, a Porto 2001 perdeu-se” em tanta obra.
“Emocionei-me porque mexe muito comigo o projeto da cidade. Sinto sinceras culpas pela dimensão do projeto. Hoje faria menos obra e com mais qualidade, que ficasse mais marcante. O projeto foi muito extenso e ambicioso. Exageramos na dose. Hoje teria feito menos, com obras mais coordenadas”, disse.
Para Cardoso, as saídas de Fernando Gomes e Artur Santos Silva marcaram o projeto.(...)
A “recordação mais forte” que o ex-autarca guarda da Porto 2001 é “o envolvimento da população, que saiu à rua, participou nos eventos, viveu a cidade e viveu a cultura”.
Cardoso considera que o evento “deixou imensas marcas perenes” na cidade, sendo a “mais emblemática” a Casa da Música.
(...)
Destak/Lusa | destak@destak.pt
12 | 01 | 2011
CDS Braga
CDS prevê necessidade de correcções orçamentais
"Se a estimativa de queda das receitas fiscais, segundo o Governo, é de menos 0,7%, mas o Banco de Portugal vem dizer que a economia vai cair menos 1,3% isso significará, quer do lado da receita quer do lado da despesa, a necessidade de correcções orçamentais", afirmou.
De acordo com o Boletim de Inverno do Banco de Portugal, hoje divulgado, a economia portuguesa vai contrair-se 1,3% em 2011 e crescer 0,6% em 2012.
O líder do CDS-PP sustentou que "com uma economia a cair tanto perdem-se receitas e com um desemprego muito alto é preciso financiar prestações sociais"
Em conferência de imprensa no Parlamento, Paulo Portas considerou que aquele cenário significará que Portugal será o único país da União Europeia a entrar em recessão "depois de ter saído de uma recessão".
O líder democrata-cristão lamentou ainda a perda de poder de compra dos pensionistas cujas reformas foram congeladas, frisando que se a inflação é de 2,7%, será esse o valor da perda de pensão.
Paulo Portas destaca outro dado do Banco de Portugal, de que o investimento vai sofrer uma quebra de 7%, o que "torna praticamente impossível a criação de emprego", sublinha.
RR, 11.1.11
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Alegretes
Já pararam de rir? Vá lá. Quero continuar!
Quer com isto dizer, o candidato Alegre, que após todo o seu silêncio para com o governo do seu partido, o Partido Socialista, que também "relutantemente" apoia o candidato, governo esse que colocou Portugal na situação em que está, e debaixo de todos os holofotes dos mercados e agências financeiras e à beira de uma intervenção do FMI, acha que deve ser o presidente da republica a ir tomar um chá a Londres, beber uma cerveja a Berlim, ir comer um croissant a Paris, um Waterzooi a Bruxelas, e tentar convencer os lideres dos países mais poderosos da CE do contrário?
Faço só uma perguntinha ao candidato que acho que ainda não percebeu os deveres do presidente da republica e os do governo da nação.
"Que garantia oferecerá o actual presidente aos lideres europeus e aos mercados de que essa intervenção, a do FMI, não é necessária? A garantia de que o governo do partido socialista, o mesmo que colocou Portugal na situação que está, tudo fará para que o FMI não precise de intervir?"
Já pararam de rir? Vá lá. Quero continuar!
Eu digo-lhe, caro candidato Alegre, qual o sinal que o presidente Cavaco Silva precisa de enviar ao mundo. Demitir o governo socialista logo após a sua reeleição (logo que seja legalmente possível) e convocar eleições legislativas antecipadas. E acabar com este sofrimento aos portugueses.
Esse sim, será um sinal, que esperemos que não venha já tarde, mudará o rumo da situação do país. Infelizmente não deverá vir a tempo de impedir a intervenção do FMI.
Quanto à sua vontade de interromper a campanha, eu percebo. Está cansado e sabe que a derrota esmagadora será o fim previsto. E a campanha suja contra o actual presidente não está a surtir o efeito desejado no eleitorado. Ou seja. Nada mais tem para oferecer e quer que tudo acabe rápido. E com o mínimo de dor possível.
Fonte: Jornal de Noticias


'Não é necessária nenhuma ajuda financeira'
O chefe de Governo apresentou alguns números relativos ao subsector Estado e à Segurança Social. Em relação ao primeiro ponto, Sócrates adiantou que há uma «redução do crescimento da despesa do Estado», ao passo que as receitas aumentaram 5,3%, mais que os previstos 4,5%.
A despesa do subsector Estado ficou em 1,7 por cento, contra um aumento de 2,5 por cento presente no Orçamento do Estado.
No que toca à Segurança Social, a «evolução do saldo foi também agradável surpresa» com um saldo de 720 milhões de euros.
Com estas contas, José Sócrates contabiliza uma «folga orçamental de cerca de 800 milhões de euros», dado não prever grandes desvios nos outros sectores.
«Estes dados são bem reveladores», acrescentou, justificando-se com o facto de Portugal ter sido um dos países europeus que mais reduziu o défice em 2010, cortando-o em mais de 2%.
«Partimos para uma boa expectativa para o resultado final do nosso défice, sendo que estes três dados que já estão fechados e que constituem os aspectos principais nos dão claramente a ideia de que o Estado português, não só vai cumprir e ficará abaixo da meta orçamental de 7,3, como vai ficar abaixo desse valor quando o valor final do défice for finalmente apurado», disse.
Referindo-se às referências a uma eventual entrada do FMI em Portugal, o primeiro-ministro vincou que «o país está a fazer o seu trabalho e está a fazê-lo bem».
Nas palavras de Sócrates, «o governo português não vai pedir nenhuma ajuda financeira pois não é necessário. Todos os rumores sobre FMI e assistência financeira são especulações que não ajudam o nosso país».
Questionado sobre a operação privada de colocação de dívida, que o Governo não indicou a quem seria comprador nem mais pormenores, José Sócrates garantiu que Portugal irá continuar a financiar-se no mercado.
«Portugal vai financiar-se no mercado», respondeu aos jornalistas, reafirmando que «Portugal tem todas as condições para se financiar no mercado».
Sobre o leilão das primeiras linhas de obrigações do tesouro do ano, que decorrerá quarta-feira, o primeiro-ministro afirmou que o Governo está confiante na operação.
«Estamos muito confiantes de que essa operação vá correr bem», disse.
José Sócrates explicou, no entanto, que o país tem estado a tentar diversificar as suas fontes de financiamento, devido à actual conjuntura, e que irá no fim-de-semana para os Emirados Árabes Unidos, embora tenha sublinhado que não se trata de uma viagem para 'vender' dívida soberana portuguesa.
«Com a conjuntura de agravamento de 'spreads' que se vive em todo o mundo, decidimos diversificar as suas fontes de financiamento, nada mais que isto. [...] Eu irei no fim-de-semana aos Emirados Árabes Unidos e nada tem a ver com isso», concluiu.
SOL 11/1/11
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
A Irlanda e o aborto
Muitas das notícias sobre a recente sentença do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem a respeito da legislação irlandesa sobre o aborto dão a entender que esse tribunal condenou a Irlanda por causa dessa legislação e da proibição, que dela decorre, do aborto em todas as circunstâncias excepto em caso de perigo para a vida da mulher. Daí poderia concluir-se que a Convenção Europeia dos Direitos Humanos consagra o direito ao aborto e impõe uma alteração dessa legislação, tão restritiva e contrária à da quase totalidade dos países membros do Conselho da Europa.
Mas não foi esse, claramente, o sentido da decisão do Tribunal de Estrasburgo, pelo que um esclarecimento se impõe.
A pretensão das recorrentes neste caso (A. B. e C. contra Irlanda) era essa, na verdade: que o tribunal declarasse a proibição do aborto contrária ao artigo 8.º dessa convenção, que consagra o direito ao respeito pela vida privada, protegendo a autonomia individual face à ingerência dos poderes públicos. O aborto livre seria um corolário do direito de privacy, na linha da jurisprudência constitucional norte-americana a partir do caso Roe v. Wade, que deu origem à completa liberalização do aborto nos Estados Unidos. Por isso, já desde há muito que os partidários dessa liberalização colocavam grandes esperanças no desfecho deste processo, onde intervinham, como "partes terceiras" (amicus cu- riae), conhecidas organizações pró-escolha.Ora, o tribunal veio negar tal pretensão das recorrentes, afirmando, inequivocamente, que do referido artigo 8.º não decorre qualquer direito ao aborto livre. E é assim porque a questão do aborto não diz respeito apenas à mulher e à sua liberdade, como se mais nenhum direito ou interesse de outrem nessa questão devesse ser considerado. Pelo contrário, a liberdade da mulher está, neste âmbito, de acordo com a sentença, estreitamente ligada à vida do feto, devendo a tutela dessa liberdade ser sopesada com a da tutela dessa vida. Neste quadro, a legislação irlandesa de proibição generalizada do aborto cabe dentro da margem de apreciação das legislações nacionais relativa à conjugação entre esses vários direitos em jogo e corresponde à particular sensibilidade moral e ética das questões envolvidas e aos interesses públicos em causa. O facto de a esmagadora maioria dos estados membros do Conselho da Europa ter legalizado o aborto em termos acentuadamente permissivos não é obstáculo a essa interpretação, nem impõe uma interpretação evolutiva ou actualista desse artigo 8.º.
Por esse motivo, foi negada a pretensão de duas das recorrentes, que se queixavam por lhes ter sido negada a possibilidade de abortar em situações que não configuravam algum risco de vida, embora pudessem caber no âmbito das chamadas "razões sociais". Em relação à recorrente que pretendia abortar por entender que a gravidez impediria o tratamento do cancro de que padecia, o tribunal condenou a Irlanda, não por causa da proibição do aborto em si, mas porque o quadro legal não permitirá acertar com segurança se em casos como esse o aborto seria, ou não, permitido por estar em risco a vida da mulher (facto negado pelo Governo irlandês).
Só os juízes que formularam votos de vencido (seis, contra onze que votaram favoravelmente a decisão) sustentaram a tese de que o direito à liberdade da mulher prevalece sempre sobre o direito à vida do nascituro, distinguindo os direitos das pessoas que "participam activamente na interacção social" e os de quem não tem ainda essa capacidade.
As organizações pró-vida que pugnam pela legislação restritiva irlandesa e que também se empenharam neste processo intervindo como amicus curiae, congratularam-se com este desfecho, que, contra o que se pretendia, não põe em causa, no essencial, a legislação irlandesa ou qualquer legislação europeia que ilegalize o aborto.
É sabido que muitas mulheres irlandesas se deslocam ao Reino Unido para abortar. Os números mais recentes apontam para cerca de cinco mil por ano. Um número, em todo o caso, proporcionalmente inferior ao das mulheres britânicas que legalmente abortam anualmente (mais de um quarto do número de nascimentos) e também das portuguesas (cerca de um quinto do número de nascimentos). A lei irlandesa continuará, pois, a exercer algum efeito de contenção, salvando algumas vidas. Não será algum tribunal europeu a impedi-la de o fazer.
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Pedro Vaz Patto, Juiz
Público, 28-12-2010