quarta-feira, 31 de março de 2010

Fui lavar o carro!


Sou "cota" mas não estou morto.

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ADENDA: (posterior à publicação deste post)
Homens, desliguem o som.
Mulheres, deixem ficar porque assim têm alguma coisa para gozar.

Isto de ser o "cota" do blogue tem destas coisas...

  
The River - Bruce Springsteen - Paris 85

"A chegada de Passos"

"Pedro Passos Coelho está para a liderança do PSD como José Sócrates esteve para a do PS: nas políticas económicas ambos se posicionam consideravelmente mais à direita do que é tradição nos respectivos partidos. Por curiosidade, diga-se também que ambos compensam essas posições com as que tomam nos chamados temas fracturantes, com visões mais abertas dos caminhos impostos pelas novas realidades sociais. Tal como o actual primeiro-ministro, Passos começou a sua carreira política na "Jota" partidária, é aguerrido e tem uma boa dose de obstinação. Como já se percebeu, também soube montar uma máquina suficientemente profissional para aguentar a chama viva da sua candidatura durante dois anos e tem a perfeita noção da importância da imagem e do efeito de uma comunicação eficaz. Demasiadas semelhanças?

"Para já, Passos Coelho conta com a vantagem de ser o elemento novo do sistema e de ir enfrentar um chefe do Governo desgastado por "casos" intermináveis e por uma crise económica sem fim à vista. Mas essa vantagem também pode desabar como um baralho de cartas, se um passo em falso defraudar a expectativa que a sua eleição suscitou. Uma situação que ponha em causa as suas convicções, como aconteceu no recente congresso do PSD, quando apelou ao perdão de Alberto João Jardim em nome de um punhado de votos, pode ser fatal para alguém que tem de se impor ao partido e ao País. Se há aspectos a que os eleitores vão estar atentos, são os das promessas e das mudanças de posição e, em caso de dúvida, ninguém se espante que se decidam pelo que já conhecem. Ora, José Sócrates é um osso duro de roer, não vai atirar a toalha ao chão e dará luta até ao fim.

"Aconteça o que acontecer no médio prazo, a verdade é que a eleição do novo líder do PSD obrigará a reflexões decisivas tanto no Largo do Rato como no Palácio de Belém. Com a saída de Ferreira Leite, Cavaco Silva viu cortada a linha directa de concertação estratégica que mantinha com a Rua de São Caetano à Lapa. Ora Cavaco e Passos nunca foram propriamente os melhores amigos do mundo. Aliás, se há chapéu a tirar ao novo líder laranja é nunca se ter convertido em yes-man numa altura em que Cavaco era o todo-o-poderoso primeiro-ministro, ungido pela força de duas maiorias absolutas esmagadoras. Já então o liberal Passos Coelho desconfiava do modelo mais keynesiano de Cavaco e dizia-o. Agora, vão ter de conviver, mas nunca o Presidente da República ficara tão entregue a si próprio, desde que está em Belém. Aparentemente, nesta fase, o seu interesse em evitar crises políticas está muito mais próximo do PS do que de muita gente do "novo" PSD. Será que ambos - Cavaco e Passos - conseguirão ver para além desta fase conjuntural?

"No Largo do Rato, as coisas não são menos complexas. Um chefe de oposição mais agressivo e mais radical nas medidas económicas tem, necessariamente, de obrigar o PS a repensar o seu posicionamento político. Se é para desmantelar o património do Estado, é natural que se entregue a tarefa a quem tem realmente perfil para o fazer. Passos não vai dar margem para os socialistas crescerem à direita. E à esquerda, com Sócrates, é ainda possível haver qualquer ilusão?"

Áurea Sampaio,
Visão, 31/3/2010

terça-feira, 30 de março de 2010

Pouca terra, muita gente, pouca terra...

Não Trás Grandes Vantagens

Expliquem-me como se eu fosse muito, mas mesmo muito burro.
O défice português não é de onze mil milhões de euros, chegando afinal aos 9,4%?

Então porque continua o autismo deste governo na ligação TGV entre Porto (Vigo) e Lisboa? E agora, mais ainda, ponderam fazer um estudo para um novo traçado que implica a ligação até o aeroporto Sá Carneiro e uma nova travessia sobre o Douro. Exclusiva para o TGV. Passaria assim, a ficar estacionada nas proximidades deste aeroporto, a oficina de manutenção do TGV.
E seria efectuada a ligação directa entre ambos os aeroportos em alta velocidade.
Mas desculpem. isso já não existe? Esta ligação a alta velocidade (e provavelmente mais barata) já não é feita de avião? Mas então para que serve a merda da alta velocidade?
Como dizia alguém de quem guardo saudade - «bufa cavalo».

Fonte: Publico

segunda-feira, 29 de março de 2010

A mim. Porque sim!



Porque a vida passa por nós e deixa marcas. Porque por vezes nos suplantamos. Porque faz amanhã 3 anos. Porque sou e estou feliz. Porque sim...

Nós não, muito antes pelo contrário...


Não é meu hábito comentar noticias das revistas "cor de rosa" mas tropecei nesta. E tive mesmo pena da Cristina. E achei que devia mostrar a minha (nossa) solidariedade  para com ela.
Podes estar descansada Cristina, pois te garanto que és "boa como o milho".
Pode ler e APRECIAR tudo aqui

Fonte: qualquer merdita cor de rosa em que tropecei

Mulher atropelada pelo ex-marido

A vítima,de 35 anos, em processo de divórcio litigioso, deixou a moradia do casal em Moure, Póvoa de Lanhoso, e passou a residir em Lomar, Braga. Ontem ela voltou a Moure para entregar a casa quando o seu marido, cerca das 15 horas, ao volante de um carro a terá atropelado, junto à igreja daquela freguesia.
... um dos três filhos de casal, menor de 10 anos, que na altura acompanhava a mãe, ao assistir à cena do atropelamento, ficou em estado de choque.

Só me ocorre isto, muito sinceramente.



People are strange - The Doors

sexta-feira, 26 de março de 2010

Um tiro no pé

Ora aí está o que eu chamo um tiro no pé. Mas em que estava a pensar Ricardo Rio e a oposição da CMB, quando em tempo de crise, propõe que os cidadãos sejam ainda mais onerados por impostos para compensar as conhecidas fragilidades da protecção civil do concelho?
Eu não sou parvo ao ponto de não saber que nós é que somos os estado. E que são os nossos impostos que mantêm esta gigantesca máquina em funcionamento.

Mas a minha pergunta é esta? Onde estava a auto-escada que agora tanta gente fala à 4 anos atrás? E à 8 anos atrás. E então? A coligação Juntos por Braga deu agora por falta dela? Ao ponto de sugerir a criação de mais uma taxa camarária para suportar a funcionalidade do protecção civil?


Já sabemos desde há muito tempo que o edil bracarense e as suas sucessivas governações têm as prioridades de investimentos não só trocadas, como duvidosas. Veja-se o novo estádio de futebol. E os relvados sintéticos aos clubes de bairro. Meritórias e excelentes ideias em tempos de vacas gordas.
Mas daí a propor agora a criação de taxas suplementares! Façam-me lá o favor. Fica aqui talvez outra sugestão. Acabe-se com os financiamentos e as despesas supérfluas inerentes ao futebol, como a manutenção do estádio AXA, os subsídios encapotados ao futebol, que com toda a certeza teremos uma, aliás duas, auto-escadas em Braga muito em breve.

Mas isso, não. Credo não. Ui. Tocar no todo sagrado futebol, nem pensar. Mais vale então criar uma nova taxa camarária aos munícipes, pois claro. Mesmo aqueles que se estão a borrifar para o futebol, pois estão ocupados a esticar o seu rendimento até ao fim do mês. E que nem dinheiro têm para comprar leite, que fará ir à bola.

Uma palavra de conselho, que vale o que vale. Se não estão dispostos a estar à altura dos vossos eleitores e fazer realmente a diferença, então não admira. Mais do mesmo, então fica-se cá com o MM.
Foram estas as palavras que mais ouvi durante a campanha eleitoral que acompanhei de perto. Será que vão provar estar certas, afinal?

Não, creio que não. Tenho mais fé do que isso. E acho que isto não passou de um mau dia na vida da coligação.
Mas componham-se. E ouçam-se e vejam-se ao espelho antes de propor medidas como essas.
Porque esta foi um tiro no pé.


Fonte: Correio do Minho

quinta-feira, 25 de março de 2010

Chega, porra!!!!!

T-Shirt da moda...

Fonte: obrigado pelo email RV

PEC: PS cede e abre porta a abstenção do PSD

«O PS cedeu no texto da resolução de apoio ao PEC abrindo "as portas à abstenção" garantiu ao DN fonte parlamentar laranja à entrada da reunião do grupo parlamentar do PSD.

«O PSD conseguiu que o texto da resolução do PS de apoio ao PEC fosse "expurgado" de boa parte da propaganda de apoio ao executivo. Depois de uma maratona de negociações ao mais alto nível o PSD vai poder deixar bem vincado a sua oposição à estrategia de grandes investimentos públicos. Os sociais democratas ficam ainda de mãos livres para que a direcção política a sair das directas de 26 de Março tenha uma palavra determinantes nas medidas fiscais e de outras áreas como as referentes ao Código Contributivo e prestações sociais que "incontornavelmente" terão de vir à Assembleia. As mesmas fontes reconhecem que os apelos de Belém à negociação tiveram peso "numa conjuntura económica que roça o dramático"

por Eva Cabral,
no "DN", 25.3.2010

"Uma bênção de Deus: uma nova geografia urbana"

"Chego a Copenhaga e renovo este sentimento - uma bênção de Deus - da euforia de um primeiro destino, uma nova geografia urbana, outras gentes. Damos de barato que a Europa é tudo a mesma coisa, mas isso é só um cliché com que nos tranquilizamos: a História sempre nos ensinou o contrário.

"A Dinamarca possui o PIB per capita mais elevado da União Europeia, o que significa sobretudo boa educação, competências, iniciativa, um sistema social abrangente e muita qualidade de vida. Um conceito vago para nós, mas que aqui tem muito a ver com a ideia e a prática de que as cidades são feitas para as pessoas e não o contrário. O primeiro sinal vem da qualidade do ar, do reduzido número de carros que circulam nas zonas centrais e do constante pedalar das bicicletas, tantas que fazem parte integrante da paisagem, adaptadas para transportar bebés e crianças, conduzidas por homens e mulheres de todas as idades e condições sociais. Pensei nas ciclovias feitas à pressa, em Lisboa, nas vésperas das últimas autárquicas, uma reivindicação recorrente que parecia corresponder a um desejo generalizado dos lisboetas e a uma necessidade em termos de mobilidade urbana. Afinal, as ciclovias estão às moscas porque, como sabemos, não são elas que fazem os ciclistas mas sim o contrário. E aqui está uma importante diferença cultural…

"Uma outra diferença tem a ver com o conceito de restauro dos monumentos históricos. Ao visitar o palácio de Frederik VIII, em Amalienborg, que está a ser restaurado, verifiquei, com emoção, que embora os trabalhos tenham como referência o plano de Koch, datado de 1828, os responsáveis ousaram juntar elementos novos ao convidar dez eminentes artistas contemporâneos para darem o seu contributo através de pinturas murais abstractas, que vão marcando cada uma das 11 salas, num convívio de alto risco mas de grande sucesso, com os elementos decorativos de época. Imagine-se o que aconteceria, em Portugal, se idêntica iniciativa fosse tomada… Um crime, um atentado! Para nós, o património pode cair aos pedaços desde que se mantenha imutável.

"A minha curiosidade pelas metamorfoses urbanas levou-me a Christianshavn, um bairro construído na primeira metade do século XVII e que se desenvolveu com a construção dos primeiros estaleiros e armazéns das grandes empresas navais. Com o tempo, tornou-se um território deprimido e sem vocação aparente até à criação de um programa específico e sustentado de requalificação urbana. A receita é sempre a mesma e tem dado resultado em muitas cidades europeias: armazéns transformados em restaurantes e cafés, apartamentos para jovens e espaços para actividades económicas ligadas às artes, ao design e à moda e um comércio a condizer. Certamente que o programa custou dinheiro e não se fez de um dia para o outro, mas o resultado via-se naquele fim-de-manhã de sábado, nas fachadas das casas, nas ruas e na população boémia que tomava o seu brunch.

"Nestas latitudes, os dias alongam-se mais depressa e é com uma noite clara que percorremos uma extensa zona pedonal, pontuada por pequenas praças, pátios, torres e fachadas tão juntas que parecem um cenário de cartão: ora de pedra, ora de tijolo, ora pintadas da cor dos sorvetes. Mas é no Nyhavn que estabeleço o meu ponto-âncora: grande canal e novo porto, está ladeado de casas extraordinárias habitadas por gente comum, casas centenares que se foram adaptando às necessidades das pessoas sem perder a sua traça primitiva, os pisos térreos utilizados por restaurantes e bares, filas de esplanadas com mantas macias e peles de ovelha sobre as cadeiras.

"No mercado de velharias, um homem habituado a conviver com peças belíssimas decide que eu tenho ar de coleccionadora: estende-me, como num ritual, uma magnífica jarra de Lalique. Um sonho antigo que trago envolto em folhas de um jornal velho dinamarquês. (...)"

por MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO,
no "DN", 25.3.2010

Este texto - do velho tubarão - é dedicado ao Paulo

***

Limpar Portugal

"Só a consciência cívica das pessoas, pela sua acção - e o respeito pelos valores éticos - nos podem ajudar a limpar a nossa terra e as nossas almas...

"Escrevo no começo da Primavera quando, depois de um Inverno frio e chuvoso, como há muito se não via, o sol começa de novo a sorrir-nos, com a luminosidade tipicamente portuguesa, deste País à beira-mar plantado...

"(...)Obama conseguiu fazer passar a lei dos Serviços de Saúde, uma vitória extraordinária para a América (mais de 30 milhões de norte-americanos que não tinham acesso à Saúde passarão a tê-lo) e muito importante para o seu próprio futuro político, que assim consegue um novo impulso.(...)

"Mas também nos próximos dias há outros eventos relevantes. Que vai sair da Cimeira do Conselho de Chefes de Estado e Primeiros-Ministros que reunirá no final da semana? - é outro ponto importante dado o desentendimento franco-alemão e o futuro da União. A conflitualidade da questão palestino-israelita vai abrandar, após a intervenção de Hillary Clinton e dos outros "grandes", entre os quais a Europa e a Rússia? O FMI vai mudar de estratégia económica, tendo em conta a crise global, como sugere o seu presidente, Dominique Strauss-Kahn? Eis algumas questões que estão na ordem do dia, mas que ainda não têm resposta. Vão tê-la, espero, proximamente.

"Hoje vou falar-vos, caros leitores, da iniciativa excelente que, suponho, partiu da sociedade civil, através da internet, e foi, sensatamente, aprovada e auxiliada pelas Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, pelo Governo, através da ministra do Ambiente, e pelo Presidente da República. Os dois últimos - bem como vários presidentes de câmaras - quiseram participar na campanha tão necessária de limpar Portugal.

"Foi uma iniciativa cívica e pedagógica de grande significado e importância. É bom que se saiba, nestes tempos de desesperança, que mais de 100 mil portugueses participaram voluntária e alegremente, no sábado passado (dia chuvoso) na missão de limpar Portugal dos lixos dispersos em 11 mil pontos do País. Encontraram de tudo, em matéria de porcarias, nas cidades, junto à costa, em zonas turísticas e nas florestas: de pneus a carcaças de automóveis, a animais mortos, a restos de comida, a jornais e papéis, e até colchões empapados de água. Para além dos adultos participaram jovens e crianças, que falaram nas televisões, cheios de entusiasmo. Ficarão com esse dia marcado nas suas memórias e dificilmente, no futuro, irão prevaricar.

(...)

"As lixeiras, hoje, não são só essas. As que nos entram todos os dias em casa, através das televisões e dos jornais, não são menos graves. Miguel Sousa Tavares, num artigo que escreveu, sábado, no Expresso, fala do lixo mediático e com razão. Diz: "A maior e mais real ameaça à liberdade de imprensa é o tipo de jornalismo que hoje se faz e que é ditado, primeiro do que tudo, pela necessidade de vender informação e conquistar audiências a qualquer preço." É outro lixo que teremos de ser capazes de limpar. (...)

"Mas há outros. A lixeira moral, de que fala o Papa, Bento XVI, com coragem, (...) na Carta que escreveu à Igreja da Irlanda contra os crimes de pedofilia cometidos por sacerdotes que violaram crianças que deles dependiam...

"Em conclusão: só a consciência cívica das pessoas, pela sua acção - e o respeito pelos valores éticos - nos podem ajudar a limpar a nossa terra e as nossas almas..."

Mário Soares,
Visão, 25 de Março de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

Limpar Portugal depois de alguém ter limpo um português

 
Descobertos cofres arrombados e ouro durante o ‘Limpar Portugal
 
Elementos da Associação Recreativa e Cultural de Músicos participou na operação nacional ‘Limpar Portugal’ e durante as limpezas no Parque Ribeirinho de Faro descobriu três cofres arrombados, peças de ourivesaria, medalhas e moedas, material alegadamente resultante de assalto.
 
 
Eles já tinham limpo! 
E tu? Vais ficar a olhar?
 
 
 
Fonte: Sol
 

HORA DO PLANETA 2010

Una-se à Hora do Planeta 2010 e marque a diferença!

Contra o aquecimento global, uma acção global.
Não lhe estamos a pedir muito: é só mexer um dedo e... Desligar a luz!

HORA DO PLANETA
27 Março - 20H30 ás 21H30

mais informações ->  WWF

Recomeçar

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”Sei que seria possível construir o mundo justo/
As cidades poderiam ser claras e lavadas/
Pelo canto dos espaços e das fontes/
O céu o mar e a terra estão prontos/
A saciar a nossa fome do terrestre/
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia/
Cada dia a cada um a liberdade e o reino/
— Na concha na flor no homem e no fruto/
Se nada adoecer a própria forma é justa/
E no todo se integra como palavra em verso/
Sei que seria possível construir a forma justa/
De uma cidade humana que fosse/
Fiel à perfeição do universo//

”Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco/
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo”


Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"


Quem tiver lido com um mínimo de atenção os jornais terá constatado com as evidências que as notícias relatavam: duas das mais marcantes obras em curso em Braga estão marcadas por erros grosseiros. Falamos do Laboratório Internacional de Nanotecnologia e do edifício que se está a construir no quarteirão dos antigos Correios. Pior era difícil!

Lia-se no Diário do Minho:
“O grande objectivo do (novo) projecto reside na criação de um campus que maximize a aplicação da investigação produzida pelo Laboratório de Nanotecnologia e pela universidade minhota e fomente a instalação de empresas líderes mundiais nas áreas das tecnologias de ponta.”

Ou seja, os projectos são feitos ao contrário! Quando se soube que em Braga iria ser instalado o INL, a Câmara devia ter tido o cuidado de trabalhar a questão urbanística que um edifício destes implica. Não fez nada. Ou pior, destruiu a Bracalândia. Agora, com a obra quase concluída é que se vai fazer um campus… Brilhante!

Tal como o CDS afirmou publicamente na altura: “tornamos públicas as dúvidas sobre este projecto ibérico. Receia-se que não tenha sido respeitado o interesse da Cidade, que este importante equipamento não vá ser convenientemente integrado”.

Afirmámos também que: "é indispensável a realização dum Plano de Pormenor, no mínimo, para dar resposta às muitas implicações que a construção dum edifício destes coloca. Onde está esse Plano?"

"Sem Plano, as dúvidas multiplicam-se: Como serão resolvidas as questões do estacionamento? E a legislação sobre o ruído? E a acessibilidade e a mobilidade? E se o Instituto precisar de crescer, como vai ser? Haverá espaço? Não terão escolhido uma zona muito limitada?" Porque é que a Câmara se demite das suas responsabilidades políticas e técnicas?

O projecto do Instituto Ibérico de Nanotecnologia é muito importante para a cidade. Deve ser acompanhado e estudado com o cuidado que a sua dimensão implica.

Que tem feito a Câmara Municipal por este equipamento? De facto, sabemos que a escolha de Braga se deve, em grande parte, ao trabalho meritório da UM e à sua “forte actividade de investigação”! Este Instituto justifica empenho e dedicação por parte dos responsáveis autárquicos, mas isso não está a acontecer. O que se constata é um crescimento feito à toa, remendo aqui, alteração ali…

Se continuarmos a ler o jornal:

“As destruições ocorridas na Avenida da Liberdade, constituem uma das páginas mais tristes da História recente de Braga. (…)
“O alargamento dos trabalhos revelou o traçado da via XVII, bem como um conjunto edificado situado no canto Sudeste do quarteirão, ou seja a Sul da via romana e a Norte da Fonte do Ídolo. A descoberta dos alicerces desta possível extensão daquele santuário constitui uma das mais relevantes novidades do projecto de Bracara Augusta, desvendando a possibilidade de em redor da Fonte do Ídolo existir um vasto complexo de estruturas rituais.” Prof. Sande Lemos (in DM)

Portanto, era público. Os terrenos dos CTT estavam cheios de vestígios arqueológicos que foram ignorados pela Câmara que permitiu que as obras avançassem sem o cuidado devido!

Seria interessante interpelar a Sr.ª Ministra da Cultura, na Assembleia da República, sobre o Património Cultural de Braga. De facto, noutras regiões do país, os vestígios arqueológicos são cuidados, estimados e assumidos como tesouros! Porque é que aqui são destruídos? É um apelo que deixo aos Senhores Deputados eleitos por Braga.

Estas duas questões – o INL e os CTT – mostram como a política actual tem de ser alterada, pois pode fazer-se urbanismo em Braga.
Fazer Cidade, planear o seu futuro, criar condições para um crescimento harmonioso são questões essenciais para que Braga saia do caos urbanístico e dê outra qualidade de vida às pessoas que aqui vivem ou trabalham.
O CDS pretende assim uma mudança de mentalidades. Com outro rigor e competência, temos que recomeçar uma nova forma de servir as pessoas – que é para quem a Autarquia trabalha.


N. Oliveira Dias

http://cdspp-braga.blogspot.com/
(artigo publicado no DM)

terça-feira, 23 de março de 2010

Estava-se mesmo a ver!...

"Passos beneficiado com confronto entre Paulo Rangel e Aguiar-Branco

"Às vezes os últimos são os primeiros", respondia José Pedro Aguiar-Branco ao jornalista que o entrevistou quando chegou à RTP, faltava pouco mais de 15 minutos para o início do debate - estavam já presentes os outros três candidatos. Foi o último, é verdade, a falar na ordem estabelecida, mas marcou a discussão com aquilo a que Paulo Rangel chamou "um número mediático". Foi com números de assinaturas de militantes que se assinalou o primeiro momento alto que marcou a noite televisiva do PSD.

"A polémica surgiu a propósito da controvérsia à volta das assinaturas de militantes que Aguiar-Branco apresentou e foram recusadas como nulas pelo conselho de jurisdição.

"Aguiar-Branco citou uma notícia do fim-de-semana que indicava que "Rangel quer verificar assinaturas". A uma pergunta de Judite de Sousa sobre o PSD, respondeu que tinha de levantar uma questão prévia e apresentou as 2288 assinaturas em cima da mesa "para Paulo Rangel" poder confirmar.

"Como o Paulo Rangel queria verificar as assinaturas, trago aqui o duplicado de todas", insistia o presidente do grupo parlamentar laranja. O eurodeputado respondia: Aguiar-Branco "veio fazer um número mediático" mas "quem quer ser primeiro-ministro não vem brincar com estas coisas". Pedro Passos Coelho esfregava as mãos de contentamento com a discussão entre Rangel e Aguiar. "Tu conheces-me", repetia o eurodeputado para o líder parlamentar do PSD.

"O confronto entre os dois antigos aliados e membros da direcção de Manuela Ferreira Leite - Rangel por inerência, como líder parlamentar antes de Aguiar-Branco - servia as ambições de Passos Coelho, que se assumiu mais tarde já como "futuro presidente do PSD" a propósito do apoio "ao candidato natural" nas próximas presidenciais. Cavaco Silva, claro. (...)"

por Paulo Pinto Mascarenhas,
Publicado no "i" a 23 de Março de 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

Reparem que não tenho falado de futebol...



Queen - We Will Rock You

Chova ou faça sol

Sta. Marta das Cortiças
Ruilhe

Sequeira
Sequeira
Tibães
Lep - abandonado, foi atropelado em frente aos voluntários. Levado ao veterinário, entregue na ABRA e já com família de acolhimento.
Bom Jesus
Corpo Nacional Escutas Nogueiró

Braga, 20 de Março de 2010

Antes e depois

Antes
 
Depois

Braga, Sequeira 20 de Março de 2010

"Londres, anos 40"

"Durante as duas guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945) nunca o Parlamento britânico deixou de reunir, debatendo publicamente a própria condução militar do conflito.

"Mesmo em períodos de crise muito grave, as instituições democráticas britânicas funcionaram, até no que toca à alternância democrática. Churchill, do Partido Conservador, foi chamado a Primeiro-ministro em 1940, quando as tropas alemãs avançavam pela Europa de forma aparentemente irresistível.

"Churchill resistiu, tornando-se um herói nacional e mundial.

"Mesmo assim, ainda durante a guerra, em eleições gerais, a maioria dos britânicos não renovou o mandato de Churchill como Primeiro-ministro, preferindo o líder dos trabalhistas, Attlee, que, desde 1940, participara no governo de coligação com os conservadores.

"Os britânicos não recearam então mudar de chefe de Governo, mesmo numa situação tão grave como a de um país destruído depois de seis anos de guerra e apesar do enorme prestígio de Churchill.

"Por estranho que pareça, coisas destas acontecem em democracias sólidas e maduras e só servem para as fortalecer ainda mais."

Raquel Abecasis,
RR on-line 1/3/2010

"Como vi o Congresso do PSD"

"Dito de uma forma simples, o PS em Portugal é o partido do Estado – e o PSD o partido da sociedade civil.
Por isso, os congressos do PSD são tão palpitantes: as pessoas vêem que está ali representado o país real, nas suas forças e fraquezas, misturando ricos e pobres, senhores e servos, gente cautelosa e gente desbocada, intelectuais e iletrados.
Não vi o Congresso todo em directo, mas assisti ao momento-chave.
No fim do seu discurso da tarde, Passos Coelho pediu licença à plateia para dirigir uma última palavra ao companheiro Alberto João Jardim; e depois, virando-se teatralmente para o líder madeirense, disse-lhe que era capaz de lhe perdoar, tal como ele próprio (Jardim) tinha perdoado a Sócrates.
E concluiu apelando para que perdoassem um ao outro os agravos mútuos.

"A forma foi infeliz, a referência a Sócrates foi desastrada e a declaração foi artificial.
Logo que Passos Coelho começou a dirigir-se a ele, reparei que Alberto João Jardim franziu a testa.
Mas nunca pensei que fizesse o que fez a seguir: quando Passos Coelho acabou de falar, Jardim levantou-se da mesa, despediu-se de Ferreira Leite, começou a caminhar pela sala – e, quando todos pensavam que ia sair para apanhar o avião para o Funchal, entrou na fila onde estava Paulo Rangel e sentou-se ostensivamente ao seu lado!
Foi um gesto assassino – e um momento decisivo do Congresso.
Passos Coelho nunca deveria ter tido aquela iniciativa: primeiro, porque soou a falso, depois porque pareceu demasiado interesseira (visando ir buscar votos à Madeira, cuja contribuição é decisiva), finalmente porque constituía um enorme risco fazer um desafio a Jardim em directo.
Passos Coelho só poderia ter feito o que fez se tivesse a certeza absoluta de que o seu pedido de mútuo perdão seria bem aceite.
Não a tendo, arriscou-se ao que veio a acontecer: Jardim virar-lhe ostensivamente as costas, manifestando apoio ao seu principal adversário.

"Paulo Rangel só não terá ganho aqui a liderança do PSD se o partido estiver distraído.
Até porque, para lá disso, Rangel foi o claro vencedor do Congresso.
Ele conseguiu inverter em Mafra a onda favorável a Passos Coelho.
As suas intervenções foram claramente as melhores – não só quanto à substância mas também do ponto de vista emocional.
O seu discurso de sábado à noite chegou a ser arrebatador: curto, estruturado, dito com alma, dirigido ao coração dos militantes e com ideias sintonizadas com a matriz do partido.

"Rangel disse duas coisas: que o PSD tem de reduzir a dívida pública, tirando esse encargo das costas das gerações futuras, e tem de garantir uma maior mobilidade social, promovendo a ascensão das pessoas das camadas inferiores – no sentido da criação de uma classe média mais ampla e mais robusta.
E estes dois objectivos concorrem na mesma direcção: libertar e fortalecer a sociedade civil – que deve ser sempre o grande lema do PSD e a sua principal bandeira.
Os discursos de Passos Coelho e de Aguiar-Branco estiveram vários furos abaixo dos de Rangel.
Aguiar-Branco é um homem sério, ponderado, mas tem um registo morno que não arrasta ninguém atrás de si.
Passos Coelho foi muito auto-justificativo, enredou-se em explicações pessoais, falou pouco para a sociedade, não deu esperança aos militantes, e teve aquela tremenda falha que permitiu a Jardim bater-lhe com a porta na cara.

"Dir-se-á que a política não são só palavras – e que a oratória de Rangel não é tudo.
Mas, se a política não são só palavras, a política também são palavras: para convencer os outros, para lhes dar esperança e para ganhar eleições.
E, neste aspecto, Rangel apresentou-se como o mais bem apetrechado – usando um estilo pouco estereotipado e sendo senhor de um vocabulário mais rico e impactante.
Mostrou ainda ser um político com coração – o que é meio caminho andado.
O encerramento do seu discurso da noite, acenando ao PSD com a possibilidade de finalmente ter ‘uma maioria, um Governo e um Presidente’ – que foi o sonho nunca concretizado de Sá Carneiro –, deu aos militantes uma esperança que há muito andava perdida.

"P.S. 1 – Ainda sobre o Congresso, é de elementar justiça elogiar Santana Lopes pela iniciativa e referir os discursos de Marcelo, Marques Mendes e mesmo Menezes, pelo seu conteúdo político. Quanto à tão falada ‘lei da rolha’, não merece comentário: torna-se óbvio que em período eleitoral um militante não pode andar a dizer mal do seu partido ou do seu líder.

"P.S. 2 – Francisco Assis, o líder parlamentar do PS, que diz estar «tudo esclarecido» no caso Face Oculta e se indigna com o facto de o Parlamento querer investigar melhor o assunto, propôs que o mesmo Parlamento discutisse os estatutos do PSD, por incluírem a dita ‘lei da rolha’. Sucede que igual norma também existe nos estatutos do seu partido! A declaração de Assis constituiu, assim, um bom exemplo da precipitação, oportunismo e incompetência que tomaram conta de boa parte da prática política."

José António Saraiva,
Sol, 19 Mar 2010

domingo, 21 de março de 2010

Estou cansado

Mas ainda tenho força para deixar aqui estes números.


Choveu em Braga hoje a água deste mundo e do outro.

Mais de 3000 voluntários.
Mais de 80% das 62 freguesias do concelho de Braga.
Mais de 50 parceiros públicos e privados.

MAIS DE 500 TONELADAS DE LIXO QUE SAÍRAM DAS FLORESTAS E DAS RUAS DO CONCELHO E FORAM PROPRIAMENTE ENCAMINHADAS.

Obrigado Braga

sexta-feira, 19 de março de 2010

Meu caro Rui Moreira,

***


“ Quando Thomas Mann deixou a Europa, em 1938, para se instalar nos Estados Unidos, observou, com toda a seriedade, numa conferência de imprensa dada à sua chegada a Nova Iorque: «Onde eu estou, está a cultura alemã». Para muitas pessoas, esta declaração constituiu mais uma demonstração da mundialmente famosa arrogância do autor. Todavia, o seu irmão, Heinrich Mann, soube-a interpretar melhor. Nas suas memórias, Ein Zeitalter wird besichtigt, inicia o capítulo «Mein Bruder» com o episódio atrás mencionado, a que acrescenta: «Sabíamos agora o que o Fausto de Goethe quis dizer, ao afirmar: “Aquilo que de teus pais herdaste/ Merece-o para que o possuas”. As palavras de Thomas Mann, segundo o seu irmão mais velho, não foram uma expressão de arrogância, mas de um profundo sentido de responsabilidade.”

Rob Riemen, in Ensaio introdutório a
“A ideia de Europa” de George Steiner, 2004

No seguimento deste ensaio, assume-se a responsabilidade pela cultura europeia, respeitando o seu código moral intelectual e o preservar dum ideal de civilização: a ideia de Europa.
Um pouco mais à frente, pode ler-se: “É a herança cultural, as importantes obras de poetas e pensadores, artistas e profetas, que uma pessoa tem de usar para a cultura animi (a expressão é de Cícero), o cultivo da alma e do espírito humanos”.
E ainda: “Há uma relação entre linguagem e política, entre cultura e sociedade. Para compreender os desenvolvimentos culturais, para ver que ideias vigoram e quais as consequências que terão, é indispensável uma reflexão filosófico-cultural.
“É essencial ser elitista – mas no sentido original da palavra: assumir a responsabilidade pelo «melhor» do espírito humano. Uma elite cultural deve ter responsabilidade pelo conhecimento e preservação das ideias e dos valores mais importantes, pelos clássicos, pelo significado das palavras, pela nobreza do nosso espírito. Ser elitista, como explicou Goethe, significa ser respeitador: respeitador do divino, da natureza, dos nossos congéneres seres humanos, e, assim, da nossa própria dignidade humana”.

As questões que o nosso amigo Rui Moreira aponta no seu comentário ao texto que deixei aí (de Mª J. Nogueira Pinto sobre MFL), são interessantes e complexas.

Eu – a bem da verdade – não simpatizava nada com a Dr.ª Manuela Ferreira Leite! Lembro-me dela quando foi Ministra das Finanças de Durão Barroso (e a triste história da tanga).

Chegou o Sócrates, com aura de Ministro competente do tempo de Guterres, que substituiu o errático Santana Lopes.
É evidente que nunca ninguém pensou que a política de Sócrates fosse tão má como é. E o PS teve maioria absoluta (resultado a que não esteve à altura, tendo perdido a maioria nas eleições seguintes).

Até começou bem.
Queria corrigir, queria tornar Portugal melhor. F. Pública, Código do Trabalho (de Bagão Félix), Educação, Saúde: o Governo ia a todas!
Maior a ambição, maior o estoiro!
É bom sermos ambiciosos mas, quem não sabe é como quem não vê. E a política do Governo de Sócrates e os seus ministros (e do PS), revelou-se incompetente. Pior ainda: não mostrou merecer a maioria e a confiança que o povo lhe tinha dado.
A questão da Educação foi o exemplo acabado! E o Governo estragou tudo, quase destruiu a Escola!...

Quanto ao PSD…
… Ainda ontem, ouvi Pacheco Pereira dizer que estão profundamente divididos (hoje, Março de 2010). Defendia ele que o próprio Marcelo Rebelo de Sousa foi sistematicamente atacado até dizer, uma vez mais, há uns dias, que não era candidato. Então, passou a ser aclamado! Dá para sentir o cinismo…

Depois de Santana como líder, seguiu-se Marques Mendes. Figura pouco simpática, mas que procurava seriedade na política (ou seja, o mínimo, o grau zero – que hoje não temos). Enrolado na devoradora Câmara de Lisboa, perdeu-se e perdeu o PSD.

Chegou a vez do emotivo e lírico L F Menezes. Durou seis meses.

Manuela Ferreira Leite aceitou candidatar-se para apanhar os cacos e ir preparando o PSD para ir para o Governo. Ao que parece não estava nos seus planos ganhar as eleições…

Ao mesmo tempo, os escândalos com Sócrates somavam-se uns aos outros. É certo, como defende o sibilino José Miguel Júdice, que não há ainda nenhuma acusação provada contra o Primeiro-ministro. Talvez, só mesmo a falta de cultura arquitectónica espelhada nos seus “projectos” da Beira!...

Além disso, há uma questão muito grave e que não se vê: os dirigentes do PS não têm escrúpulos! Vale tudo.
Manuela Ferreira Leite é claramente uma pessoa com escrúpulos. É séria e procura a competência. Não pretende enganar ninguém.

Dizem os entendidos que a grande invenção dos gregos foi a Política! De facto, antes da Civilização Grega, os naturais conflitos na sociedade resolviam-se em guerras. Em Atenas, resolviam-se na Assembleia (tal como no Senado em Roma). Mas, a política continua a ser uma guerra, uma luta.
É também verdade que as conquistas da Civilização Grega não chegaram a todo o lado. Veja-se a Somália (sem Governo há 15 anos!), veja-se a Coreia do Norte, Cuba, alguns países da antiga União Soviética…

Sócrates usa todos os recursos que tem à mão para ganhar eleições (e ganhou). Ferreira Leite não tem especial talento para disputar eleições e perdeu. Na minha opinião – mesmo sem simpatizar especialmente por MFL – perdeu também Portugal. Mas temos de respeitar os resultados.

Penso que o PS corre o risco de ir passar uma longa temporada à oposição (para seu bem). Mas, a verdade é que do PSD não parece vir grande estadista. Oxalá eu me engane (como tantas vezes acontece!).

Um abraço para o Rui (e para todos),
Nuno

quinta-feira, 18 de março de 2010

Limpar Portugal

E você? Vai ficar em casa?

É já no próximo dia 20 de Março (sábado).
Junte os amigos, a família ou vá mesmo sozinho. Apareça.
Dê-nos uma mão. Nós damos as luvas.

Dirija-se ao Centro Operacional da sua área de residência ou de trabalho. Ou à junta de freguesia. Leve roupa velha, calçado forte e confortável. Se puder traga umas luvas de jardim.

Veja aqui onde estão os CO's no dia 20 de Março (dia L).

Centros operacionais Braga

1 - Falperra - largo de terra a seguir á capela
2 - Sobreposta - Parque industrial
3 - Este (S. Pedro) - Loteamento da Bela vista
4 - Sta. Lucrécia - Campo de Futebol (Parque)
5 - Dume - Estádio da Pedreira
6 - Mire de Tibães - Largo do Mosteiro
7 - Sequeira - Parque Industrial (Tractorminho)
8 - Ruilhe - Parque da Alfacoop
9 - Esporões - Parque industrial
10 - Lamaçães - Minho Center (parque junto á Bomba)
11 - Penso S. Estevão - ETAR
12 - Escola eb2/3 de Celeirós

E você? Vai ficar em casa?
 

"A caminhada"

"O congresso do PSD marcou o termo da caminhada de Manuela Ferreira Leite e abriu um novo ciclo de liderança política. Por várias razões parece-me mais útil, e até mais interessante, o balanço desta caminhada do que imaginar desfechos que em breve ocorrerão.

"Lembram-se que a sua candidatura foi vista por muitos como improvável, a sua vitória também, tal como a sua resistência e sobrevivência. Ninguém negava que era credível, competente, séria, qualidades que se tornaram cada vez mais raras no exercício da política e indispensáveis num tempo que já prenunciava um escabroso abastardamento da vida pública. Mas, dizia-se, faltavam- -lhe outras coisas que os mais cépticos exprimiam de modo vago: era uma mulher de gabinete sem treino para o combate político sobretudo com um adversário como Sócrates; era ingénua porque incapaz daquele mínimo de dissimulação requerido pela política; era inexperiente no manejo daquele quanto baste de demagogia sempre tão recomendável quando se trata de ganhar votos; era excessivamente firme nas suas convicções e demasiado rigorosa nas suas avaliações; calava-se quando se esperava que falasse e falava quando menos se esperava; era imprevisível e excessivamente ciosa da sua independência. Em suma, era incómoda.

"Manuela Ferreira Leite não trouxe um cabaz de promessas e, nem sequer, boas notícias. Muniu-se para esta caminhada com meia dúzia de ideias e meia dúzia de medidas programáticas. Um contraste perigoso face à abundância dos efeitos de um governo detentor de uma poderosa máquina de propaganda que ampliava junto da opinião pública promessas incontáveis e expectativas desmedidas.

"Também foi óbvio desde o primeiro momento que ela não se iria bater no terreno do adversário nem usaria as suas armas. Não fora para isso que se candidatara nem era isso que a motivava. Veio para fazer o contradiscurso, ou seja, imagine-se, falar verdade. Fê-lo num país em grande medida anestesiado, infantilizado, dependente e nada receptivo a cenários apocalípticos de crises eminentes ou mesmo a demonstrações de razoabilidade, que despojavam de glamour um Portugal que Sócrates prometia ressuscitar com as energias renováveis, o computador Magalhães e as obras públicas de encher o olho que nos iriam tirar do atraso e da periferia.

"Sabemos que não há nada menos compensador politicamente do que ter razão antes de tempo e foi isso, precisamente, o que lhe aconteceu. A crise chegou em força, a dívida externa é medonha, o défice é o que é, o desemprego disparou para níveis então impensáveis, os novos pobres não se fizeram esperar, os TGV tornaram-se uma prioridade ridícula e os pacotes anticrise não foram adequadas nem eficazes.

"A famosa "asfixia democrática", que tanto sururu causou, está agora à vista nas comissões de inquérito, nas audições parlamentares, nos rodapés televisivos, nas bocas dos cidadãos. O bom povo português, anestesiado, infantilizado e dependente vai acordar em breve com um PEC feito por este governo intimado pelas instâncias internacionais que mandam em nós, desfazendo as ilusões vendidas a pataco pelo PS na campanha eleitoral das legislativas.

"Afinal Ferreira Leite tinha razão e por isso era perigosa. Tanto ou tão pouco que sobre ela se abateu uma artilharia pesada, das mais violentas e insidiosas a que assistimos. Engana-se quem pensa que o PSD perdeu as eleições por ela ser como é ou dizer o que disse. Perdeu, sim, porque se defrontou com um candidato que personalizou o Governo, o Estado, o erário público e a máquina administrativa numa usura nunca vista.

"Nesta caminhada, Manuela desbravou grande parte do terreno, como presidente e como deputada, para o partido e para o próximo líder, qualquer que ele seja. Algo que nem a nossa habitual memória curta deixará esquecer."

por MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO,
DN, 18.III.2010

Lisboa fica tão longe!...

"Em 2600 metros quadrados, localizados no Castelo de São Jorge, em Lisboa, "coabitam" povos desde o século VII a.C. até aos nossos dias. Trata-se do Núcleo Arqueológico do Castelo que hoje abre as suas portas ao público e no qual se encontram vestígios desde a Idade do Ferro até ao século XVIII, sem esquecer que o projecto arquitectónico bem como a sinalética têm como autores dois portugueses do século XXI.

"Estamos perante um núcleo civilizacional contínuo raro de encontrar. Aliás, segundo as arqueólogas que têm trabalhado nas escavações, este é um projecto ímpar, de que muito se orgulham. "Hoje, Lisboa é a única capital europeia que, num castelo com uma freguesia intramuros, tem um núcleo arqueológico visitável onde se vê um pedaço histórico de várias ocupações desde o séc. VII a.C. até ao séc. VIII", disse ao DN a historiadora Susana Serra, corroborada por Ana Gomes e Alexandra Gaspar, arqueólogas da Direcção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo.

"Com estas dimensões e em tão bom estado de conservação é raro encontrar num mesmo espaço vestígios que testemunham três períodos significativos da história do Castelo e de Lisboa", frisa Ana Gomes. Esta responsável refere-se às estruturas habitacionais da Idade do Ferro (séc. VII a.C. - III a.C.); a um bairro islâmico de meados do séc. XI (época da construção do Castelejo); e ainda a vestígios do Palácio dos Condes de Santiago.

"Os primeiros vestígios foram encontrados em 1996, quando se pensava transformar a praça nova do Castelo num parque. "No âmbito do projecto de requalificação do Bairro do Castelo havia a intenção de fazer aqui um parque de estacionamento. Quando as arqueólogas começaram as escavações perceberam que havia aqui vestígios relevantes que mereciam uma intervenção profunda", explicou a gestora do Castelo, Teresa Oliveira.

"Dada a relevância dos achados, em 2006 iniciou-se um processo de musealização com a candidatura ao Plano Operacional da Cultura (POC). Em Dezembro de 2008 foi instalado o núcleo museológico na zona do antigo Paço Real "com o espólio encontrado intramuros, com incidência na área arqueológica", disse Teresa Oliveira.

"E foi nesta área que as arqueólogas começaram por encontrar vestígios da Idade do Ferro. Neste núcleo havia vestígios de muros e de um compartimento que corresponderá à cozinha, onde havia potes, taças, panelas e ânforas (peças que serão expostas no núcleo museológico). Outro núcleo visitável é o islâmico, onde se encontraram ruas e casas (correspondentes à típica casa mediterrânea). "Têm um pátio central, despensa, cozinha e compartimentos que se organizam à volta do pátio: cozinha, despensa, salões com alcovas (quartos)", disse Ana Gomes, adiantando que as casas têm cerca de 200 m2 e estão bem preservadas.

"No terceiro núcleo, o do palácio, que pertenceu aos bispos de Lisboa até ao séc. XV e depois foi arrendado aos condes de Santiago, "foram achados compartimentos correspondentes ao rés-do-chão, onde estavam cozinha, armazéns, despensas, cavalariças e jardim", frisou Alexandra Gaspar adiantando que o palácio ruiu com o terramoto de 1755. As peças intactas achadas estão no museu. Tudo pode ser visto a partir de hoje, dia da inauguração do núcleo, onde ontem se faziam os últimos retoques."

por ISALTINA PADRÃO,
DN, 18.III.2010

"Um programa muito concreto nos impostos"

"O Orçamento do Estado já aprovado e o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) apresentado são bons instrumentos para acelerar a recuperação ou, pelo contrário, vão atrasá-la?

"Em primeiro lugar, sobretudo quanto ao PEC, há que reconhecer a dificuldade de o conceber e também de o concretizar. As dificuldades são inúmeras e complexas e o meu primeiro reconhecimento é da natureza da dificuldade; é mais fácil falar do que fazer. Em todo o caso, o que me parece, neste Programa de Estabilidade e Crescimento, é que há uma palavra a mais, que é o C de crescimento. É um programa que tem coisas que defendo, tem coisas de que discordo, mas sintetizaria dizendo o seguinte: é um programa muito concreto nos impostos, relativamente vago na despesa, omisso quanto à questão da poupança e ausente quanto à economia. É por isso que acho que o C, de crescimento, que tem que ver com a economia, está relativamente posto de parte.(...)

"E que influência pode isso ter no combate ao desemprego, que deve ser, segundo todos os pontos de vista, um dos maiores combates do Governo português?

"Sem dúvida! Repare bem que a previsão do Programa de Estabilidade e Crescimento quanto ao desemprego é bastante defensiva, isto é, chegaremos a 2013 ainda com taxas à volta dos 9%. O que significa que, pelo menos do ponto de vista dos grandes objectivos, não me parece a primeira prioridade. Ora bem, por mais voltas que se queiram dar, por mais ventos ideológicos que se queiram agitar - o que é natural, porque há maneiras diferentes de abordar a complexidade do mundo, do ponto de vista doutrinário, ideológico -, há uma questão que é quase "de aritmética política": não temos moeda própria, barreiras alfandegárias, grandes autonomias na política fiscal e orçamental. Então o que temos? Só temos possibilidade de sermos competitivos num mundo cada vez mais agressivo e predador com o aumento das exportações ou a diminuição das importações. Ou seja, com o aumento da produtividade.

"E havia condições para baixar impostos agora?

"Acho que uma das coisas que deviam estar no Programa de Estabilidade e Crescimento, do ponto de vista da economia, não é só aumentar impostos e cortar determinado tipo de despesas, é estimular, por exemplo, os bens transaccionáveis. Uma política fiscal discriminatória do ponto de vista positivo para os bens transaccionáveis, isto é, para as empresas que exportam. Porque só temos essa solução para crescermos.

"Para aumentar a nossa competitividade?

"Para aumentar! E também ao nível da produtividade. Estes são os dois factores decisivos, e não vale a pena fazermos mais floreados! Permita-me esta visão esquemática do que penso do nosso país nos próximos tempos: acho que temos três problemas, a que chamo os três D - défice, dívida e desemprego. Um na perspectiva económica, outro na financeira, outro na perspectiva social. E temos três possibilidades de resolver estes problemas, que são três P - estímulo da poupança, aumento da produtividade e procura externa, ou seja, exportações. E fora disto pode-se fazer muitos esquemas, belos discursos, é tudo muito interessante, mas a chave da solução está aqui.(...)"

Entrevista a Bagão Félix
por JOÃO MARCELINO (DN) e PAULO BALDAIA (TSF)

Portas está "a dar lições de esquerda a Sócrates".

"O socialista João Cravinho considera que o PS está a tornar-se num partido à deriva e à direita. O ex-dirigente socialista diz mesmo, em declarações à Rádio Renascença, que Paulo Portas está "a dar lições de esquerda a Sócrates".

"João Cravinho critica a "deriva" para a direita da liderança de Sócrates no PS
Notícias País "O PS deixou-se cair na armadilha e vai passar nos próximos meses a imagem de um partido de centro. O (Paulo) Portas dá lições de esquerda a Sócrates. O PS entrou numa deriva à direita e vai ser muito difícil fazê-la regressar sem que haja grandes alterações na direcção do PS", disse o ex-ministro das Obras Públicas e dirigente socialista.

"No seu espaço de opinião na Rádio Renascença, Cravinho referia-se às críticas feitas pelo líder do CDS ao Plano de Estabilidade e Crescimento do Governo, sobretudo ao nível das privatizações.

“Portas diz que certas privatizações só se podem fazer quando houver um regulador forte ou quando isso não criar situações monopolistas ainda mais grave. O Portas a dar lições de esquerda a Sócrates”, explicou.

"Cravinho diz que Sócrates abandonou a bandeira do combate à pobreza e vaticina que o PS vai ser penalizado pelo eleitorado “muito rapidamente com as medidas que acaba de tomar”. "

SIC Notícias

Quadrados no Ralis Online

Notícia da nossa campanha no site da especialidade www.ralis.online.pt

Estreou-se nos ralis em Barcelos como piloto e escreveu para o Ralis Online a sua interessante experiência na primeira pessoa.

Desta vez Ramiro Brito propõe algum de diferente, desenvolvendo uma campanha inovadora na angariação de patrocínios. Mais uma vez na primeira pessoa, aqui fica a ideia:

"Tudo começou com uma brincadeira de amigos, mas a receptividade foi boa e por isso decidimos passar a campanha. Trata-se de uma campanha com o nome "não fiques parado, ajuda com um quadrado" que consiste na divisão do tejadilho e mala dos dois Fiat da nossa equipa em quadrados de cerca de 5cm. Cada quadrado pode ser comprado por uma pessoa mediante o pagamento de 10€ e nesse quadrado será inscrito o nome de quem deu a verba ou outra imagem que o "patrocinador" entenda.

Por sua vez, os nossos "patrocinadores" irão ter vantagens em alguns dos patrocinadores base dos carros, nomeadamente o Pacha de Ofir e Fiesta Cubana, com entradas sem consumo, bebidas, etc, bem como poderão adquirir as nossas T-shirts "eu dei um quadrado".

Por outro lado existirão eventos nestes locais alusivos à campanha em que serão sorteados "driving experiences" entre os patrocinadores do quadrado. Alem disso receberão a news letter habitual com as novidades, notícias e fotos da equipa. Haverão muitas mais novidades com o decorrer do tempo.

Como contribuir: ou pessoalmente ou para o NIB que pode encontar no nosso blog (http://www.eudeiumquadrado.blogspot.com/).

A ideia é criar uma comunidade associada à equipe e...quem sabe...a equipe não cresce em número de participantes.

Esta campanha arranca já no Rali do Medronho onde estaremos presentes com os números 68 e 82 e decorrerá toda a época".

quarta-feira, 17 de março de 2010

terça-feira, 16 de março de 2010

Sobre a afamada Lei da Rolha no PSD

Bem pode vir o PS pregar a liberdade a pretexto da alteração estatutária no PSD, como se nós nos esquecessemos dos "problemas" com que o Governo tem que lidar, das TVI's e dos Mários Crespos deste mundo. A verdade é que até neste protesto este Partido Socialista é hipócrita, mil vezes hipócrita. Duvidam? Então façam-me o favor de darem uma vista de olhos no artigo 94.º dos Estatutos do PS, onde se pode ler isto:

"4.Fora do caso previsto no número anterior, a pena de expulsão só pode ser aplicada por falta grave, nomeadamente o desrespeito aos princípios programáticos e à linha política do Partido, a inobservância dos Estatutos e Regulamentos e das decisões dos seus órgãos, a violação de compromissos assumidos e em geral a conduta que acarrete sério prejuízo ao prestígio e ao bom nome do Partido.
5. Considera-se igualmente falta grave a que consiste em integrar ou apoiar expressamente listas contrárias à orientação definida pelos órgãos competentes do Partido, inclusivé nos actos eleitorais em que o PS não se faça representar."

No CDS, embora não pareça aos mais desatentos, é pior: as penas estão enumeradas nos Estatutos e o processo consta do Regulamento Disciplinar, mas em nenhum desses documentos se vislumbra que pena possa corresponder a cada tipologia de infracção disciplinar. Ora, apesar de, pela ausência, as disposições estatutárias sobre a disciplina parecerem mais brandas, a realidade é bem diferente: é que a medição da gravidade da conduta do militante é "à vontade do freguês". Por isso o Campelo apanhou três anos de suspensão, apenas por fazer aquilo para que foi eleito: votar em consciência, no exercício do seu mandato de deputado da Nação, dois orçamentos. Sim, no CDS é "para o lado que o chefe dorme melhor"...

Sobre o PCP, nem me vou pronunciar.

A verdade nua e crua é que, em matéria de liberdade de expressão, só os estatutos do Bloco de Esquerda permitem cantar de galo (veja-se o respectivo artigo 6.º).

Não deixo, porém, de achar muita graça à quantidade de virgens ofendidas que por aí apareceram agora, a propósito da famigerada lei da rolha no PSD. Pois eu vos lembro que quem quiser dizer o que pensa e afrontar o partido pode sempre... sair do partido. Eu fiz isso. E não dói nada.

Ah, e digam o que disserem, o Partido Social Democrata continuará a ser uma referência de liberdade e de pluralismo num Portugal cada vez mais cinzento, amorfo e tristemente unânime.

Eu vou Limpar Portugal


E você? Vai ficar em casa?

É já no próximo dia 20 de Março (sábado).
Junte os amigos, a família ou vá mesmo sozinho. Apareça.
Dê-nos uma mão. Nós damos as luvas.

Dirija-se ao Centro Operacional da sua área de residência ou de trabalho. Ou à junta de freguesia. Leve roupa velha, calçado forte e confortável. Se puder traga umas luvas de jardim.

Veja aqui onde estão os CO's no dia 20 de Março (dia L).

Centros operacionais Braga

1 - Falperra - largo de terra a seguir á capela
2 - Sobreposta - Parque industrial
3 - Este (S. Pedro) - Loteamento da Bela vista
4 - Sta. Lucrécia - Campo de Futebol (Parque)
5 - Dume - Estádio da Pedreira
6 - Mire de Tibães - Largo do Mosteiro
7 - Sequeira - Parque Industrial (Tractorminho)
8 - Ruilhe - Parque da Alfacoop
9 - Esporões - Parque industrial
10 - Lamaçães - Minho Center (parque junto á Bomba)
11 - Penso S. Estevão - ETAR
12 - Escola eb2/3 de Celeirós

E você? Vai ficar em casa?
 

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ele há burros com sor... bem, ele há burros!

"Não sou rico, mas devia deduzir menos no IRS"

O primeiro-ministro disse hoje que, embora não se considere rico, se encaixa na categoria de rendimentos que deveria passar a deduzir menos despesas de saúde e educação em sede de IRS.

Bem, não fosse eu mauzinho, e diria ao nosso PM que de bom grado se resolve o problema. Isentava-o de pagar IRS pela remuneração que recebe pelas funções governativas. E como?  Demitia-o. Resolvia o problema dele mas, principalmente o nosso.

Fonte: Jornal de Negócios

sexta-feira, 12 de março de 2010

"Paulo Rangel, Aguiar-Branco ou Passos Coelho?"

(...)

Paulo Rangel, Aguiar-Branco ou Passos Coelho?
Estou a sair do PSD. O PSD não gostou que eu saísse. O PSD não gostou que eu, no exercício da minha liberdade, tivesse apoiado Maria José Nogueira Pinto e depois António Costa.


E depois José Sócrates...
E depois José Sócrates, e amanhã se calhar Jerónimo de Sousa ou Francisco Louçã. Sou livre, sempre fui mas agora ainda sou mais leve. Qualquer coisa que dissesse sobre o PSD, ou era completamente hipócrita, eu dizia o que não queria.


Porque é que não diz Marcelo Rebelo de Sousa?
Infelizmente ainda tentei, de fora, não teve nada a ver com o partido, que o Marcelo Rebelo de Sousa aceitasse. Achava que o Marcelo Rebelo de Sousa era a pessoa mais adequada para ser o líder do PSD. Mas já o digo há muitos anos. E digo-lhe mais: fiz um esforço pessoal, tentei pessoalmente convencê-lo. Há meses, mas vi logo que não havia hipótese e eu percebo-o tão bem.


Porque é que o percebe?
Talvez pelas razões que me levaram a sair do PSD. Eu não saí do PSD por causa do Marques Mendes. Eu acho que o PSD não tem solução.


Não serve para nada, conforme já disse.
Não, pior do que isso, o PSD é prejudicial para a democracia portuguesa.


Porquê?
O PSD devia-se assumir como partido de direita, com uma lógica completamente distinta, com coragem. Eu disse que o PSD devia tentar ganhar as eleições de 2013 e não as de 2009.


Mas o que é que aconteceu aquele que foi o seu partido até 2006?
Acho que Cavaco Silva destruiu a matriz do PSD e eu escrevi isso na altura, vezes sem conta. Não tem nada a ver com o eu achar que ele foi um excelente primeiro-ministro. O PSD era um partido dos self-made men, da província, das classes médias em processo de ascensão social a partir da sociedade civil, era um partido daqueles que ganham a vida sem terem insegurança, era um partido da liberdade. E com o Cavaco Silva transformou-se num partido que apanha tudo e sobretudo num partido de funcionários públicos, de reformados, de pessoas que, com toda a legitimidade, querem ter segurança. Isso mudou a matriz do partido. E por isso, o que é que aconteceu, continuou a ser um partido da matriz antiga das autarquias e passou a ser um partido da matriz moderna, não é moderna, da nova matriz a nível nacional.



Um partido incoerente?É um partido incoerente, ilógico. Os autarcas são verdadeiros líderes de direita, de um modo geral e o país é absurdo. O PS pensa à direita, o PS hoje em dia é um partido de centro e quando quer ser um partido de esquerda perde. A Europa voltou à direita, agora nesta crise. O PS percebeu isso e o PSD quer ocupar o espaço do PS. (...)"

Excertos da entrevista a José Miguel Júdice,
por Sílvia de Oliveira, Publicado no "i" a 12 de Março de 2010

A selva

"Professor de Música atira-se ao rio para não enfrentar os alunos

"Colegas e familiares asseguram que o professor participou os casos de indisciplina e que a escola de Sintra terá ignorado as queixas

"Na manhã de 9 de Fevereiro, L. V. C. parou o carro no tabuleiro da Ponte 25 de Abril, no sentido Lisboa-Almada. Saiu do Ford Fiesta e saltou para o rio. Há vários meses que o professor de música da Escola Básica 2+3 de Fitares (Sintra), planearia a sua morte. Em Novembro escreveu uma nota no computador de casa a justificar o motivo: "Se o meu destino é sofrer, dando aulas a alunos que não me respeitam e me põem fora de mim, não tendo outras fontes de rendimentos, a única solução apaziguadora será o suicídio".

"L. V. C., sociólogo de formação, tinha 51 anos, vivia com os pais em Oeiras, era professor de música contratado e foi colocado este ano lectivo na Escola Básica 2+3 de Fitares, em Sintra. Logo nos primeiros dias terão começado os problemas com um grupo de alunos do 9º ano. A indisciplina na sala de aula foi crescendo todos os dias, chegando ao ponto de não conseguir ser ouvido. Dentro da sala, e ao longo de meses, os alunos chamaram-lhe careca, tiraram-lhe o comando da aparelhagem das mãos, subindo e descendo o volume de som, desligaram a ficha do retroprojector, viraram as imagens projectadas de cabeça para baixo.

"Houve vezes em que L. V. C. expulsou os alunos da sala, vezes em que fez participações disciplinares. Foram pelo menos sete as queixas escritas que terá feito à direcção da escola, alertando para o comportamento de um aluno em particular. Colegas e familiares do professor de música asseguram que a direcção não instaurou nenhum processo disciplinar.

"O i tentou confirmar esta informação, mas a directora do agrupamento escolar, Cristina Frazão, explicou que só prestaria esclarecimentos mediante autorização da Direcção Regional de Educação de Lisboa. Contactada pelo i, a entidade não respondeu até ao fecho desta edição. A Inspecção-Geral de Educação, também contactada pelo i, remeteu o caso para o Ministério de Educação que, por seu turno, não prestou esclarecimentos.

"O i teve acesso a uma das participações feitas pelo professor de música. No dia 15 de Outubro de 2009, L. V. C. dirigiu à direcção da escola uma "participação de ocorrência disciplinar", informando que marcou falta disciplinar a um aluno e propondo que fossem aplicadas "medidas sancionatórias". Invocou vários motivos, entre os quais "afirmações provocatórias", insultos ou resistência do aluno em abandonar a sala.

"O professor de música desabafou que não suportava mais dar aulas àquela turma do 9º ano: "Nos últimos meses, já se acanhava perante os seus alunos como se tivesse culpa", explicou ao i um familiar. Atravessar o corredor da escola foi um dos seus pesadelos, é aí que os alunos se concentram quando chove: "Um dia, chamaram-lhe cão." Nos outros dias, deram-lhe "calduços" na nuca à medida que caminhava até à sua sala de aula.

"Alguns professores testemunharam a "humilhação" de L. V. C. nos corredores da escola e sabiam que se sentia angustiado por "não ser respeitado pelos alunos". Só não desconfiavam que a angústia se tivesse transformado em desespero. O professor de música não falava com ninguém. Chegava às sete da manhã para preparar a aula. Montava o equipamento de som, carregava os instrumentos musicais da arrecadação até à sala. Deixava tudo pronto e depois entrava no carro: "Ficava ali dentro, de braços cruzados, e só saia para dar a aula." L. V. C. preferia estar no carro em vez de enfrentar uma sala de convívio cheia de colegas: "Era mais frágil do que nós, dava para perceber que não tinha o mesmo estofo."

"Sentia os problemas de indisciplina como "autênticos moinhos de vento", conta o psicólogo que o seguiu nos últimos dois anos. L. V. C. tinha acompanhamento psicológico e psiquiátrico e era ainda seguido por uma médica de família: "Todos os técnicos de saúde que o acompanharam aconselharam uma baixa médica porque o seu quadro clínico se agravou", conta o especialista, esclarecendo que o seu paciente "tinha fragilidades psicológicas inerentes a ele próprio". Falhas que se deterioraram. Meses antes da sua morte, pensava com insistência que lhe restava "pouco espaço de manobra".

"Evitava expulsar os alunos porque temia parecer inábil perante a direcção da escola", diz o psicólogo. Fez ainda várias tentativas antes de se sentir encurralado. Mudou os alunos problemáticos de lugar, teve explicações particulares e aprendeu a trabalhar com as novas tecnologias aplicadas à música. Introduziu equipamento multimédia para cativar os adolescentes. Não resultou. Acabaram-se os trunfos. O psicólogo fez uma recomendação à médica de família para passar uma baixa ao seu paciente por "temer o pior". "Tentámos travá-lo, mas ele próprio já não queria parar. Só parou quando se atirou ao Tejo."

por Kátia Catulo,
Publicado no "i" a 12 de Março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

Alguém saúda assim os colegas no escritório ou noutro lugar? Mas que paneleiragem é esta, afinal?


no comment...

"Cavaco não acredita no desconhecimento do Governo sobre o negócio da PT/TVI "

"O Presidente da República recusou-se a responder sobre se estava esclarecido acerca da tentativa da PT adquirir a TVI em meados do ano passado. Mas, na entrevista que deu esta noite à RTP, Cavaco Silva deixa claro que, da sua experiência como primeiro-ministro, considera que uma tal operação não podia acontecer “sem o conhecimento prévio do Governo”.

"Quando questionado sobre se era possível que um primeiro-ministro não soubesse da intenção de uma empresa como a PT em adquirir um canal de televisão privado como a TVI, Cavaco começa por afirmar um inequívoco “penso que não”. Mas a seguir tentou recentrar a questão no quadro de como as coisas devem acontecer. “Numa sociedade democrática, a compra de uma estação de televisão não pode deixar de ser uma operação absolutamente transparente”, disse, repetindo a ideia da transparência. E, perante a insistência da pergunta sobre se era possível tal operação não ser do conhecimento prévio do primeiro-ministro, responde: “Não só sem o conhecimento prévio do Governo, mas sem o conhecimento prévio da opinião pública”. Antes, tinha deixado escapar uma referência à ética nos negócios: “Não me esqueço que por trás da crise financeira internacional está a violação de regras éticas”.

"Neste que foi um dos momentos mais difíceis da conversa com Judite de Sousa, Cavaco Silva tentou ainda dar uma explicação sobre a sua intervenção à época. Recordando ter dito em Junho passado, em Guimarães, que “era obrigação dos responsáveis da PT esclarecerem o que se passava entre a empresa e a TVI”, o Presidente acrescentou: “Custa-me a crer que uma declaração minha tenha determinado a decisão da PT” em não concretizar o negócio. “Com certeza que existiam outras razões para que a PT cancelasse o negócio”, acrescentou. Mas sobre se se encontra esclarecido sobre o que se passou, aí não deixou que a jornalista tirasse conclusões.

"As suspeitas que recaem sobre o primeiro-ministro em torno deste negócio (e no processo Face Oculta) estiveram presentes durante grande parte dos 50 minutos. Foi outro momento clarificador da mensagem do Presidente. Confrontado com este ambiente de suspeição, Cavaco Silva responde: “Espero que esses processos façam o seu caminho, que as responsabilidades sejam apuradas e no fim se perceba que ninguém está acima da lei”.

"Apesar da sua grande preocupação com a estabilidade política, sobretudo por causa da situação económica e das atenções internacionais, Cavaco Silva não escondeu que reconhece a fragilidade da situação política do país. Deixou-o claro ao usar muitas formas negativas: “Não se pode dizer que o Governo não está a governar”; “não podemos dizer que não existam condições de governabilidade”; “não existe uma crise política propriamente dita neste momento”.

"Mas, por outro lado, deixou claro que não será ele a atirar a primeira pedra. “O Presidente não pode em termos constitucionais demitir o Governo, mas apenas dissolver o Parlamento perante uma grave crise política ou impasse institucional”, lembrou. Para depois falar em termos directos: “A bomba atómica só deve ser utilizada em situações excepcionais”. E essas estão longe de existir, afirmou.

"Confrontado com os riscos políticos da comissão de inquérito sobre o negócio PT/TVI, empurrou para o Parlamento quase toda a responsabilidade: “As conclusões políticas serão tiradas em primeiro lugar pela Assembleia da República”. E confirmou que “só no caso de ser aprovada uma moção de censura é que o Presidente da República tem de ponderar o que fazer”. Decisões antecipadas, nem pensar: “Só nessa altura ponderarei”, e só depois de ouvir o Conselho de Estado e os partidos. “Serei sempre um referencial de estabilidade política”, afirmou, lembrando o quadro de governo minoritário que já não existia há mais de 10 anos.

"Actuação do procurador

"Onde Cavaco Silva também não colocou todas as certezas do mesmo lado da balança foi nas matérias de Justiça. Questionado sobre a actuação do procurador-geral da República no processo Face Oculta, recusou-se a afirmar se mantém ou não a confiança em Pinto Monteiro. “As questões não se colocam assim”, disse, para deixar claro: “O Presidente da República não pode dar sequência àquilo que eventualmente pense” sobre um procurador-geral “se não receber uma proposta do Governo”. Por três vezes recusou-se a avaliar “em público” a actuação de Pinto Monteiro, mas afirmou que já trocou com ele “impressões em privado”. O que garante é que nunca fez uma única pergunta sobre o processo Face Oculta: “O senhor procurador transmite-me as informações que ele entende”.

"Até ao fim da entrevista, Cavaco reafirmou que está íntegra a sua “cooperação estratégica” com o Governo, que as suas relações com o primeiro-ministro são “relações de trabalho normais” e recusou-se a responder se o Programa de Estabilidade e Crescimento traduz um aumento de impostos, deixando essa “controvérsia política” para os partidos. Nas várias vezes que se referiu à situação económica, elegeu como problema prioritário o desemprego e deixou clara a diferença entre a situação de Portugal e da Grécia. E prometeu analisar o que fizeram os seus antecessores para escolher o momento de decidir sobre a sua recandidatura."

Por Leonete Botelho
Público, 10.03.2010

"A ver e a ler"

"A formidável Precious

"Precious, uma adolescente americana, negra e obesa a quem a vida socou como se fosse um saco de boxe, apresenta-se no grande ecrã como o personagem mais acabado de uma realidade oculta. Compro o bilhete e sento-me na obscuridade da sala de cinema para ver o mundo real que as teorias e as estatísticas escamoteiam ao olhar adormecido das sociedades ditas organizadas.

"Vale a pena ir ver para saber como é nascer e crescer num gueto de indignidade, na violência física e psicológica, na falta de amor e na humilhação no epicentro de um sistema de segurança social burocratizado, que se move por inquéritos, que fomenta a ocultação, que responde dando um cheque calculado na base de um agregado familiar que não existe, de um quotidiano que não acontece, assente em pressupostos que não se verificam. Uma ficção que conforta o sistema, o justifica e deixa no maior abandono e solidão, na mudez das palavras que se não devem proferir, das histórias que se não podem contar a uma adolescente, grávida pela segunda vez do seu próprio pai.

"Uma história de faca e alguidar? Um filme fácil a explorar ao extremo uma história lamechas? Nada disso. Uma narrativa que denuncia a inoperância do que, para comodidade de todos, se estabeleceu como o possível e o correcto tratamento da desgraça inevitável de alguns, dos "irrecuperáveis", rompendo com um estrépito silencioso a finíssima película entre um apoio mecânico, despersonalizado, sem rosto nem coração, e um outro plano, tão mais arriscado mas tão mais sublime, da compaixão que vê o outro como uma pessoa e não como um processo, um mero número, um caso descartável.

"A história de Precious é a história de milhares de adolescentes apanhadas na voragem da reprodução geracional da miséria humana, obrigadas a simular para sobreviver, a ajeitar a sua desgraça aos ditames do sistema de protecção social, a equilibrarem-se nas margens do by the book oficial. Interrogada pela assistente social sobre como era o ambiente da sua casa, Precious, cansada de mentir, responde: persianas corridas, comer, ver televisão, dormir e, no dia seguinte, comer, ver televisão, dormir sempre com as persianas corridas. E olhando, pela primeira vez, nos olhos da assistente social, pergunta: o que é que você pode fazer com isto?

"Expulsa da escola por estar novamente grávida, Precious aceita ir para uma escola alternativa. Pela primeira vez senta-se na carteira da frente e pela primeira vez uma professora interpela--a, obriga-a a falar de si própria. Quando lhe pergunta como se sente a falar, por fim, de si própria, Precious responde: "I feel here." E aqui começa a caminhada da redenção: não vale a pena receber um subsídio que te mantém oculta e silenciosamente corrompida. Lê, escreve, aprende a ser gente, liberta-te.

"A formidável Precious conhece os primeiros afectos que não violam, não maltratam, não humilham. Torna-se forte, capaz, e vai à luta, um filho ao colo e uma filha pela mão, os filhos que, segundo todas as regras bovinamente aceites, devia ter dado para adopção.

"Por cá assinala-se a publicação do livro Acreditar no Futuro, da autoria de Isabel Gomes, que nos transporta para a realidade portuguesa. É um relato essencial que junta um profundo conhecimento com uma larga e frutífera experiência de trabalho junto dos menores em risco, as Precious que a par e passo vamos encontrando também aqui. É um livro que escalpeliza o sistema para o corrigir e melhorar, escrito por alguém, que, tal como a professora do filme, acredita que dar esperança é fundamental para estes jovens e que o desafio decisivo que eles nos colocam é o de educar. Para a auto-estima, a dignidade, a esperança e a vida. A ver e a ler, sem falta."

por MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO,
DN, 11.2.2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

"Um pé(c) descalço, uma geração perdida"

"O Plano de Estabilidade e Crescimento esqueceu-se do crescimento. Depois de uma década perdida, já lá vem outra a galope

"Foi António Guterres quem usou pela primeira vez a expressão "não há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão". Não importa que Guterres se tenha inspirado numa campanha publicitária do champô para a caspa "Head & Shoulders" com esse slogan; interessa saber que imagem ficou destas primeiras linhas do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC).

"A resposta não exige grandes meditações: na verdade, não estamos perante um PEC, mas perante um PE. José Sócrates e Teixeira dos Santos procuram de facto estabilizar as contas do Estado até 2013 através da redução do défice público, mas esqueceram-se, não foram capazes ou não quiseram dar substância política à última letra do PEC - a letra C, de crescimento.

"Entre o PEC e o PE há uma enorme diferença. O PEC deveria ser um documento de política económica destinado a pôr em ordem as finanças do Estado para ajudar o país a crescer mais depressa. O PE é um documento menos ambicioso e com menos octanas, que se limita a tornar claro quais os recursos financeiros que o governo pretende usar para evitar a insolvência do Estado.

"O primeiro juízo político que é possível fazer desta versão ainda reduzida do PE(C) é, portanto, a da sua falta de alcance económico: o que sobra em contabilidade e contas de somar (impostos) e subtrair (recursos às classes médias) falta em visão económica. É verdade: para os mercados internacionais e para a Comissão Europeia, esta visão de mercearia é o mais importante, já que traduz o compromisso de travar a corrida para a falência e para o incumprimento das responsabilidades externas. No entanto, se para os credores e parceiros da UE é suficiente esta jura de bom pagador, para consumo interno é curto.

"Perante a gravidade das circunstâncias exigia-se mais esforço a Sócrates. Por exemplo, assumir que de facto está a aumentar os impostos não apenas a quem apresenta rendimentos superiores a 150 mil euros brutos anuais, mas a uma fatia mais alargada da população: é esse o efeito prático da redução dos benefícios fiscais. Disfarçar esta realidade não resolve nada e, como se viu, não escapou a ninguém com a cabeça em cima dos ombros. A caspa, como as meias verdades, é impossível de disfarçar.

"Mas assumir os factos, além de um acto de inteligência política e de respeito pelos eleitores, teria um efeito instrumental: confrontado o país com a gravidade da crise e a violência das medidas inevitáveis (a que se juntará a subida dos juros), o governo ter-se-ia sentido forçado a indicar o objectivo maior do plano que apresentará em Bruxelas. Depois de uma década perdida, a nova que agora se anuncia ameaça tornar-se uma nova catástrofe social.

"Além dos 500 mil desempregados, que vieram para ficar, as novas gerações que estão a entrar no mercado de trabalho vão enfrentar condições duríssimas de sobrevivência. Muitos não serão capazes de sair de casa dos pais. Outros - alguns já com mais de 30 anos - terão de regressar perante a impossibilidade de encontrarem trabalhos capazes de os sustentar. Outros ainda terão de emigrar. O que o país lhes oferece são mais impostos e menos oportunidades. Talento e energia serão por isso desperdiçados. A geração rasca deu agora lugar à geração à rasca. Não é bonito, não é elegante, é apenas Portugal - apesar de Sócrates lavar sempre mais branco. Com ele é tudo uma campanha."

por André Macedo, Publicado no "i" a 10 de Março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

Se estiver num hotel de 13 pisos em Braga, pelo sim pelo não, leve uma escada de corda

Pelo menos assim, pode lançar a escada pela janela janela e fugir. E não precisa de aguardar com o "rabinho" em chamas que chegue uma auto-escada de uma cidade vizinha.

Mas quem são as cabecinhas pensadoras (pelos visto não) que aprovam a construção de edifícios desta dimensão em Braga, sem que estejam acautelados os meios necessários de socorro?

É que, mesmo pela auto-estrada, de Famalicão a Braga para um veículo pesado, será no mínimo necessário quê? Uma meia horita?

Vai lá vai, até a barraca abana.

Fonte: Publico

"As mães são sempre iguais"

"Orlando Zapata era um dos mais conhecidos lutadores pela liberdade em Cuba, na Cuba comunista de Fidel Castro. Morreu em greve de fome no seguimento de uma condenação por um tribunal de Cuba a 36 anos de prisão.

"Orlando Zapata estava preso na cadeia de Kilo 8, a mais conhecida cadeia dos presos políticos cubanos, onde o regime comunista de Fidel Castro e agora de seu irmão Raúl interna os dissidentes. Numa cadeia que também tem presos de delito comum, prendem os que lutam pela liberdade na ilha que julgam deles.

"Cuba foi sempre um dos regimes onde imperou impunemente o terror comunista mais brutal perante o silêncio e mesmo a conivência do mundo ocidental, particularmente dos bem pensantes intelectuais de esquerda europeia, sempre disponíveis a exibir na parede um poster de Che Guevara ou a gritar "Cuba Libre" em qualquer manifestação, ou a cantar o Hasta Siempre Comandante Che Guevara. Che Guevara, esse mesmo companheiro de Fidel e de seu irmão Raúl, que comandou pessoalmente os pelotões de fuzilamento que assassinaram os dissidentes, os "contra-revolucionários", logo a seguir à Revolução da Sierra Maestra.

"A greve de fome de um preso político é sempre um acto de desespero. O mais brutal e radical acto de desespero que um lutador pela liberdade pode fazer. É assim como atirar com a sua vida de condenado a prisão perpétua à cara de quem o prendeu, de quem o condenou e lhe roubou a vida e a liberdade. Não se pode viver condenado a 36 anos de prisão numa cela.

"Os motivos da greve de fome de Orlando Zapata, as suas principais reivindicações assentavam na exigência de que o regime comunista de Cuba lhe desse condições iguais, na prisão, às que teve Fidel Castro quando esteve preso sob o regime ditatorial de Batista, antes da revolução cubana. Eram afinal tão simples como poder andar vestido de branco para se diferenciar dos presos comuns, poder receber a visita da mãe como Fidel (ele só tinha direito a uma visita cada três meses), poder ter livre acesso ao recreio da prisão como Fidel tinha, poder ter livros e papel para escrever como, repito, tinha Fidel.

(...)

"Orlando Zapata morreu ao fim de 85 dias de greve de fome e condenado a 36 anos. Com um regime ditatorial sem fim à vista, em que Fidel completamente incapaz passa o poder ditatorial ao irmão - numa sucessão sinistra em que nem tentam, ao contrário de outros ditadores da região, fazer um simulacro de "eleições" - o desespero não pôde deixar de chegar à sua cela da cadeia Kilo 8. Não sei se o deixaram enterrar de branco. Sei que não o deixaram vestir de branco porque, como disse Fidel sobre Zapata, ele não era um preso político mas um delinquente - e deve ter dito (que já não li mais) - ao serviço do imperialismo ianque de Obama.

"E sobre ele nada disseram os bem pensantes intelectuais europeus de esquerda para quem um preso político numa cadeia de Cuba, uma greve de fome em Cuba, a repressão em Cuba, a morte ou a prisão em Cuba, nada tem a ver com outras vítimas de ditaduras, essas, sim, ditaduras.

"Ficou-me na memória as palavras da mãe de Zapata: «Não são só os ditadores que são iguais em todos os regimes repressivos. As mães também são iguais»."

Zita Seabra
JN 8.III.2010