quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Com todo o respeito


por Miguel Brito

As eleições para os órgãos representativos da concelhia da Juventude Socialista de Braga, mostram bem a assertividade da escolha de “Braga – Capital Europeia da Juventude”; quando dizem que os jovens estão afastados da política, a “secção” júnior de Braga, dá um exemplo de participação e de cidadania.
De um colégio eleitoral a passar os dois milhares de inscritos, cerca de 1.300 foram votar e escolher – uma espécie de primárias – das eleição do PS para o futuro Presidente da Câmara de Braga, que depois de sufragado pela secção sénior e confirmado pelo senado composto por Presidentes de Junta, é apresentado ao povo!
É um processo de escolha inédito, a recordar os hambúrgueres gourmet H3, com carne sem sabor, para ser apresentado a um povo sem dentes, mas com uma campanha de marketing forte!
A campanha foi animada e ordeira, e a equipe de juniores do Merelim foi em massa a votos. Um mais afoito ainda gritou: golooooo!
Da bancada o mestre: olha o respeito, somos Capital da Juventude e o futuro é dos jovens e a malta aplaudiu.

Simples e claro

CDS-PP vota com "convicção" Orçamento do Estado para 2012

O voto do CDS-PP no Orçamento do Estado para 2012 é feito com “convicção” perante um documento que mostra ser “difícil”. Quem o afirma é Paulo Portas que falou ainda de um orçamento que “tem de ser cumprido”(...). Já esta madrugada e depois da reunião da comissão política nacional do CDS, o líder dos centristas saudou ainda o esforço de diálogo demonstrado pela maioria ao longo do debate que hoje chega ao fim com a votação final global do documento no Parlamento.


Paulo Portas voltou esta madrugada a pronunciar-se sobre o Orçamento do Estado para 2012 para considerar que o seu partido irá votar no dia de hoje na Assembleia da República "com convicção" e favoravelmente um documento "difícil", mas que "tem que ser cumprido".

No final da reunião da comissão política nacional do CDS, que decorreu na sede do partido, no largo do Caldas, em Lisboa, Paulo Portas explicou que a votação favorável e com convicção no Orçamento se deve ao facto de “Portugal ter sido levado a uma situação em que foi obrigado a pedir emprestado dinheiro para poder pagar salários e pensões e evitar uma rutura no sistema financeiro".

Para o líder dos centristas a aprovação deste orçamento, “que é difícil, mas tem que ser cumprido", é "um passo muito significativo" para "libertar" Portugal da "situação de dependência externa em que foi colocado".

Portas salienta ainda a forma como decorreu a discussão do orçamento e o diálogo que foi conseguido para que o documento fosse ao encontro de parte das reivindicações do PS.

"Antes não havia maioria absoluta, e portanto o diálogo era necessário, e havia pouco diálogo. Desta vez há uma maioria que é clara, que é estável, que é duradoura, mas o Governo e a maioria tiveram abertura para fazer gestos e tomar decisões e fazer propostas que iam encontro de temas que o principal partido da oposição tinha reclamado como mais importantes", sustentou.

Para o líder do CDS é importante salientar a "ética social na austeridade", contida no documento e que está patente, nomeadamente, no descongelamento das pensões mínimas.

http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=CDS-PP

Ministros das Finanças chegam a acordo sobre alavancagem do FEEF

Os ministros das Finanças da Zona Euro chegaram a acordo sobre uma parte da alavancagem do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), que passará a oferecer "seguros" contra o risco de obrigações soberanas do euro. Mas foram forçados a admitir que ainda não conseguiram chegar ao bilião de euros que julgam necessário para proteger a moeda única. Para isso é preciso a ajuda do FMI.

O FEFF tem actualmente a capacidade de disponibilizar 440 mil milhões de euros, mas terá de ser capaz de alavancar este valor em mais 250 mil milhões de euros, revela um comunicado hoje divulgado pelo FEEF e citado pela Bloomberg.

E apesar de Klaus Regling não ter avançado com um valor final da capacidade do FEEF, considerando que era impossível saber, Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, revelou, em conferência de imprensa, que a capacidade do FEEF será inferior a um bilião de euros.

As opções estão “desenhadas para aumentar a capacidade do FEFF para que os novos instrumentos disponíveis possam ser usados eficientemente”, afirma Klaus Regling (na foto), presidente do FEEF, citado no comunicado.

O acordo a que hoje os ministros das Finanças chegaram inclui um “seguro”. O FEEF poderá emitir certificados que vão oferecer uma protecção sobre as novas emissões de obrigações por parte de estados-membros, explica o comunicado.

Juncker revelou ainda que a Zona Euro vai analisar a possibilidade de impulsionar os recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) através de empréstimos bilaterais. “Acordámos explorar rapidamente um aumento dos fundos do FMI através de empréstimos bi-laterais”, para que desta forma “o FMI possa de forma adequada” acompanhar a alavancagem do FEEF “e cooperar mais de perto” neste processo, adiantou durante uma conferência de imprensa após a reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro.

Uma das vias que tem sido explorada nos bastidores passa por o Banco Central Europeu (BCE) abrir uma linha de financiamento para o FMI, passando a ser este a intervir directamente na Zona Euro. Mas a Alemanha e o Bundesbank têm levantado objecções.

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=522795

Irão

Oslo, 30 nov (Lusa) - A Noruega fechou a embaixada em Teerão, capital do Irão, na sequência do ataque e o saqueamento da missão britânica por manifestantes islamitas, anunciou hoje o governo norueguês.

O pessoal diplomático norueguês ainda está em Teerão e ainda não foi tomada qualquer decisão sobre a evacuação da embaixada, declarou Hilde Steinfeld, uma porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros norueguês.

"A embaixada foi fechada ontem [terça-feira] depois do ataque da embaixada britânica", afirmou. "Nós avaliamos a situação permanentemente", disse quando foi questionada sobre a duração do encerramento.

http://aeiou.visao.pt/irao-noruega-fechou-embaixada-em-teerao=f636383#ixzz1fBEW4qAc

terça-feira, 29 de novembro de 2011

« Il y a bien un architecte »

[Última entrevista a Danielle Mitterrand, viúva de François Mitterrand, antigo Presidente da República de França]

Danielle Mitterrand : l'ultime interview

Danielle Mitterrand est décédée dans la nuit de lundi à mardi. Nous l'avions rencontrée à son domicile le 27 octobre dernier à l'occasion des 25 ans de France Libertés.

C'est une femme fragile, mais au regard intense et lumineux qui nous a reçues le 27 octobre dernier à son domicile rue de Bièvre. Elle était fatiguée. Elle avait souhaité donner deux ou trois interviews, pas plus, pour célébrer les 25 ans de France Libertés, sa fondation et son combat. Elle voulait vraiment parler à La Vie, nous avait confié sa responsable de communication. Elle nous avait choisi.
Interview testament ? C'est le sentiment que nous avons eu, Corine Chabaud et moi-même, lorsque deux heures durant, l'ex-première dame de France, a accepté de relire pour nous le fil de sa vie. De l'enfance heureuse dans une famille unie et viscéralement engagée, à la Résistance jusqu'à la vie aux côtés de "François" puis du Président. Vie faite des abnégations que l'on sait, dans cette étrange existence d'épouse publique qui a dû partager avec une autre, mais une vie aussi faite de combats personnels, parfois contraires à la raison d'État et à la prudence, pour la dignité, la justice, le pacifisme. Sincère, passionnée, pleine d'humour mais aussi touchante souvent dans ses aveux de fragilité, Danielle Mitterrand n'a esquivé aucune question. Et dans l'extrême sobriété, quasi monacale, d'un rez de jardin rue de Bièvre, en cette veille de Toussaint, la conversation a roulé aussi sur sa compassion pour la souffrance depuis toute petite et sur ce lien inextinguible que l'on entretient avec ses morts. Par delà le doute.


Élisabeth Marshall



« Je suis agnostique. Je doute »

Danielle Mitterrand a décidé d'accorder à La Vie sa dernière interview. Pourquoi ? "Je lui ai fait plusieurs propositions. Elle a choisi La Vie car elle a toujours trouvé que c'était un magazine très respectueux, à l'esprit positif" nous disait hier matin son attachée de presse. Lors de ce long entretien le 27 octobre, à son domicile rue de Bièvre, Danielle Mitterrand semblait fatiguée -elle toussait beaucoup, mais surtout sereine. Comme une femme engagée au parcours cohérent qui a le sentiment du devoir accompli. Voici un extrait de l'interview qu'elle nous a donnée. Nous la publierons en intégralité dans La Vie daté du 24 novembre.

Quel est le fil conducteur de vos combats ?

L’affection. Les liens avec tous ces gens que j’ai soutenus. Je me suis beaucoup investie auprès des Kurdes. Je leur ai rendu visite, par exemple dans la ville d’Halabja où la population avait été gazée. C’était atroce. Nous sommes parvenus à faire sortir beaucoup d’orphelins des camps. Ce dossier m’attendrit, car ce sont des enfants qui ont tout perdu. Souvent, ils m’appellent « maman ». Cela ne me déplaît pas. Je parle. J’écoute même les gens qui n’ont pas les mêmes idées que moi. J’ai un gros défaut : j’aime être aimée. En revanche je n’apprécie ni le vedettariat ni l’adulation. Le dalaï-lama m’a rendu un bel hommage. Il a salué ma vie pleine de sens. Je l’aime beaucoup. Il rit tout le temps. Il estime qu’aucun problème ne doit nous abattre, qu’il présente ou non une solution. Autrefois, j’ai aussi apprécié la rencontre avec sœur Emmanuelle : elle agissait, mettait les gens face à leurs responsabilités. Pas comme Mère Teresa, qui faisait plutôt de la charité. Il y a Fidel Castro aussi, à qui j’ai dit mes quatre vérités, au sujet de la peine de mort et des prisonniers politiques cubains. Un jour, je lui ai demandé : « Comment pouvez-vous supporter d’entendre mes critiques ? ». « Parce que je vous aime bien ». J’ai rencontré aussi Mumia Abu-Jamal dans le couloir de la mort en Pennsylvanie en 1999. Je me souviens du bruit terrible des portes qui se referment… Comme François, je suis contre la peine de mort et la loi du talion. C’est pourquoi je me réjouis que la condamnation à mort de ce militant noir américain soit depuis peu commuée en détention à perpétuité. Même si passer sa vie en prison n’a rien de réjouissant.

Croyez-vous comme votre mari aux forces de l’esprit ?

Oui, il m’a peut-être influencée dans ce sens. Je suis agnostique. Je doute. Je ne crois pas en Dieu car je pense qu’il a été fabriqué par les hommes qui avaient besoin de lui. Mais devant la naissance d’un enfant, ses petits doigts si bien dessinés… Je me dis : « il y a bien un architecte ». Ou quand je vois ce que Jules Verne a imaginé, maintenant réalisé, je m’interroge. Le seul grand malheur que j’ai connu, c’est la mort de mon premier enfant, Pascal, à deux mois et demi, de maladie. Pour les autres, mes parents, François, je me suis résignée à leur disparition, car la vie est un cycle. Et je sens qu’ils sont là. Quand j’ai un gros problème, je pense à eux, je me sens reliée à eux. Comme l’eau nous lie à la terre. Pour François, je relis aussi beaucoup ses écrits, rangés dans la bibliothèque de ma chambre, envahie par les livres, notamment la nuit quand j’ai des insomnies. Il était visionnaire. En 1971, au congrès d’Épinay, il prônait déjà la rupture avec le capitalisme. Malheureusement, il n’y est pas parvenu. Nous avons perdu beaucoup de temps. Mais ce système est à bout de souffle. Sans doute pas loin de s’effondrer. Ah, si nous vivions comme Pierre Rabhi ! Un toit, un coin de terre où élever poules et lapins, comme lorsque mon père a perdu son travail pendant la guerre… Vive la sobriété heureuse !

Quel message souhaitez-vous laisser derrière vous ?

La vie est la valeur la plus importante. Le XXe siècle a apporté beaucoup de progrès en matière de technologies. Mais elles doivent être au service de la vie. J’attends que l’on sorte de la croissance, qui amplifie la pauvreté et les inégalités. Je milite pour une société nouvelle. L’argent rend fou. Il n’est pourtant qu’un outil. Il faut que les valeurs marchandes ne comptent que ce pour quoi elles doivent compter. Il faut que la peur recule. Aujourd’hui, on a peur de perdre sa maison, son travail, sa santé, d’aller dans la rue, de rencontrer son voisin. On a peur de vivre. À tort. Il faut bâtir un monde solidaire.

interview par Corine Chabaud
http://www.lavie.fr/actualite/france/danielle-mitterrand-l-ultime-interview-22-11-2011-22005_4.php

Comissão política do CDS reúne-se hoje

A comissão política nacional do CDS-PP reúne-se hoje em Lisboa para analisar a situação política, nomeadamente as alterações apresentadas pela maioria ao Orçamento, e o relatório do eurodeputado democrata-cristão Diogo Feio sobre as agências de notação.

O secretário-geral do CDS-PP, António Carlos Monteiro, defendeu à Lusa que as propostas da maioria permitiram melhorar a situação de "alguns milhares de funcionários públicos", apesar de o PS "não ter apresentado alternativas em matéria de redução da despesa".

"Na análise da situação política não deixará de ser dada a devida relevância ao facto de o Governo e a maioria terem dado extrema importância à coesão social interna e a credibilidade externa do país nas proposta na especialidade do Orçamento do Estado", disse António Carlos Monteiro.

"Apesar de o PS não ter apresentado alternativas em matéria de redução da despesa, a maioria conseguiu apresentar melhorias, poupando alguns milhares de funcionários públicos" aos cortes nos subsídios, acrescentou.

Por outro lado, o secretário-geral democrata-cristão salientou o IVA na taxa intermédia para as atividades culturais como outra das "preocupações expressas publicamente" que foi possível "acomodar".

Na proposta do Governo o IVA destas atividades subia da taxa mínima para a taxa máxima de 23 por cento, mas os grupos parlamentares do PSD e do CDS apresentaram uma proposta conjunta para que ficasse na taxa intermédia.

Outro dos pontos da reunião da comissão política do CDS será a discussão do relatório elaborado por Diogo Feio sobre as agências de notação financeira.

O relatório começou a ser elaborado depois de, no início de julho, a agência Moody's ter cortado em quatro níveis o rating de Portugal, colocando a dívida do país na categoria de "lixo".

Entre as propostas defendidas por Diogo Feio no documento está a abertura dos mercado a novos agentes, pois embora não exista qualquer prova ou queixa de violações das regras de concorrência, há um domínio da Moody's, S&P e Fitch, num funcionamento que "é claramente oligopolista". (...)

Outra das propostas que o eurodeputado faz no seu relatório diz respeito à transparência, preconizando que na próxima legislação sobre as agências de notação deve estar prevista a existência de prazos, o mais alargados que seja possível, para avisos prévios da publicação de notação".

O eurodeputado do CDS-PP, que irá utilizar o relatório como base para propostas que irá apresentar no Parlamento Europeu, advoga ainda a necessidade de ponderar a possibilidade de criar um sistema de avaliações independentes das dívidas soberanas, bem como "um sistema responsável por centralizar e sistematizar a informação relevante sobre as dívidas soberanas".

Por Agência Lusa, publicado em 29 Nov 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Outro Ponto de Vista


Acácio de Brito
 “A Liberdade não é gratuita”

Já um ano passou e novo surto de contestação social emerge com uma radicalidade inusitada. Greve geral! Que sentido? Reconheço validade intrínseca nesta forma de protesto. Mas se, emocionalmente, a adesão a esta forma de luta pode parecer lógica, a racionalidade que deve imperar nas nossas escolhas impede-me de fazer parte dos inúmeros portugueses, muitos forçados e impedidos de se deslocarem ao seu local de trabalho, que optaram por esta forma de dizer basta. Não obstante, a situação que hoje vivemos tem a sua origem, o seu “pecado original”, no desvario, na irresponsabilidade e na mentira institucionalizada de quem teve a responsabilidade de governo. No anterior, e mesmo em alguns anteriores, de forma assumida e descarada. Quanto ao protesto, concordo com alguns dos seus pressupostos, mas ele deveria ser consequente. Nomeadamente, quando ainda não passaram seis meses, em que tantos deram, democraticamente, aos actuais detentores do poder uma nova oportunidade para fazer melhor fazendo bem, tentando resolver o verdadeiro problema que se situa, sobretudo, na competência ou, de outra forma, no sentido da responsabilidade de bem-fazer. Estes senhores que têm a responsabilidade democrática de fazer um bom governo, têm-no feito, nos últimos tempos, como prova o abono de confiança, cada vez maior, constatável nos nossos credores. Até porque existem soluções, que não passam pela gente que nos conduziu aos braços musculados do triunvirato, mas, sim, por quem propõe a verdade, competência, transparência e autoridade democrática, sem promessas vãs de coisa nenhuma.
E o caminho a trilhar deve ser de esforço, muito trabalho e equilíbrio. É possível e, sobretudo, desejável. Agora não devemos ouvir sequer os mesmos que ontem diziam uma coisa e hoje, com a mesma convicção, dizem o seu contrário. Não!
O tempo nem sequer deve ser para diagnósticos que já estão devidamente feitos. O momento deve ser de escolha, de exigência e intransigência com os que, prometendo o paraíso celestial na terra, nos oferecem o inferno terreno quotidiano.
E este desafio deve ser tratado em nome dos que hoje não têm emprego, não têm coisa alguma! Hoje temos pobres, nossos irmãos e constatamos a insensibilidade dos vários poderes em tratá-los não como um de nós, mas como um número, como um valor estatístico. NÃO! SÃO PESSOAS que choram, riem e sofrem como todos nós! Afinal, o Portugal moderno, com estradas e obras sem fim, é uma tragédia para tantos!
A resposta deve ser encontrada em três dimensões: (i) com uma educação que proponha uma escola exigente, competente e disciplinada; (ii) com uma justiça que não se embrulhe em jogos sindicais e mais ou menos palacianos; (iii) com uma classe política que seja expurgada dos seus piores, os corruptores de toda a nossa sociedade! Educando bem, com exigência e sem malabarismos “novo-oportunísticos”, com sentido de justiça e deixando o mercado funcionar com regras, a crise actual é potenciadora de um amanhã menos sombrio. Vereda com muitos escolhos, seguramente, mas sem trabalho, sem suor e algumas lágrimas não se chega a lado algum. Façamos uma greve geral a tudo o que temos,  indevidamente, utilizado! Os vindouros, que já estão aí, agradecem.

In DM 25/11

O dia-a-dia de uma criança manoba

Relato do padre Fausto Tentorio, martirizado em outubro nas Filipinas

Por Piero Gheddo

ROMA, sexta-feira, 25 de novembro de 2011 (ZENIT.org) - A vida do padre missionário Fausto Tentorio, martirizado no último 17 de outubro na ilha de Mindanao, nas Filipinas, é vislumbrada neste relato escrito por ele mesmo e publicado no boletim Mondo e Dintorni, do “laboratório missionário” de Lecco, em dezembro de 2001. É um texto de grande significância sobre o ambiente em que o padre Fausto viveu seus trinta anos de missão entre os manobo, uma tribo local. O testemunho poderia ser lido para os nossos jovens nas escolas, para terem uma ideia do quanto são privilegiados em contraste com a realidade de outros jovens de lugares distantes.

Neste 11 de novembro, o padre Fausto recebeu postumamente a Medaglia d’Oro alla Memoria, do governo da Lombardia.

Segue seu relato.

“Vou narrar um dia na vida de uma criança manoba, no decurso do ano escolar que dura aqui dez meses, do início de junho até o final de março, tirando os sábados e domingos.

A jornada começa cedo. Eles costumam levantar ao canto do galo, entre as quatro e cinco da manhã, dependendo de quantos quilômetros cada um tem que andar até chegar à escola. Assim que acordam, antes ainda de levantar, eles se estiram no estrado para vencer o frio que penetra pelas paredes da choça, feitas de varas entrelaçadas de bambu. Pouco depois, afastam o pedaço de pano que lhes serviu de cobertor e pulam do leito forrado de palha.

Já de pé, sem parar de se mexer, eles sacodem a esteira sobre a qual dormiram, quase sempre roída pelos ratos que, nessas paragens, já são de casa. E a recolocam sobre o estrato de varas de bambu, que ficará erguido durante o dia.

No lusco-fusco de antes da aurora, porque só amanhece entre as cinco e meia e seis da manhã, eles começam seus afazeres do lar. Se é menina, ajuda a mãe a fazer o fogo, varrer o chão, preparar de comer ou cuidar dos irmãozinhos caçulas. Se é menino, ajuda o pai a trazer lenha, buscar água e levar o pasto para a criação – búfalos, cavalos, cabras –, se é que possuem alguma.

Despachadas as tarefas, eles vão se lavar na fonte ou no rio. Quase nunca têm sabonete: eles pegam uma pedra áspera e a esfregam na pele, tratando de arrancar o sujo. Lavam a roupa ali mesmo, também sem sabão e sem nada, torcem-na e voltam a vesti-la.

De volta em casa, preparam-se para a escola. Tiram a roupa lavada e a estendem: até o meio-dia vão ficar enxutas. Botam o uniforme da escola e olham se a mãe cozinhou alguma coisa para o café. Se tem, é batata doce fervida, e se não tem, eles pegam o pouco que vão levar à escola para almoçar: milho moído grosso ou arroz cozido. Rara vez vai de acompanhamento um peixe seco ou salgado, meio ovo cozido em água fervente, ou só sal puro, mesmo. E tudo é transportado enrolado numa folha de bananeira.

É hora de preparar a “mochila”, ou o saquinho de plástico, botando dentro a comida, um caderno, uma caneta e um lápis. Estão prontos para partir às seis ou às sete, conforme a lonjura da escola, e vão se chamando aos gritos enquanto passam na frente das cabanas das outras crianças. Caminham para a escola todos em grupo, os pés descalços e os calçados na mão, para tentar não gastar a sola, colinas acima e abaixo e atravessando torrentes sem ponte, debaixo de chuva ou de sol, por cima do barro ou do pó, percorrendo uns cinco, seis quilômetros.

Na escola, enxugam o suor com a mão e fazem fila para o iça- bandeira e o hino nacional. São as 7h15. Depois do hino, eles encaram dez minutos de ginástica, embora tenham recém-andado seis quilômetros a pé, limpam o jardim da escola e as salas e, finalmente, às oito, vão para a aula. Cada um tem a carteira que ele próprio teve que fazer e trazer de casa no começo do ano. Em cinquenta metros quadrados, cinquenta crianças se reúnem. Ou mais. Alguns, que ainda não fizeram a própria cadeira, ficam sentados no chão.

As aulas são em tagalog, a língua nacional, ou no dialeto das professoras (sebuano ou ilongo), com alguma frase de vez em quando em inglês. Seja como for, para os pequenos manobos são todas línguas estrangeiras, como são estrangeiros seus companheiros não manobos. Os primeiros meses de aulas são, por isso, duros de verdade: eles se sentem como peixes fora d’água. Se conseguirem resistir, pode ser que eles continuem na escola. Senão, vão largar as aulas e depois será difícil retornarem. As professoras, de qualquer forma, só acompanham os mais interessados.

Às 9h45 há um intervalo de quinze minutos e as crianças saem da escola para respirar um pouco. Quem não tomou café começa a sentir o estômago rosnar e não resiste à tentação de abrir o pacotinho de comida trazida de casa, adiantando o almoço.

Depois, ao meio-dia, Deus dirá... Às dez, eles voltam às aulas até as 11h30, quando param de novo até a uma. A hora mais importante é o almoço, para quem não comeu antes, e ele é consumido em no máximo dez minutos. O resto do tempo eles usam para uma soneca embaixo de alguma árvore ou para brincar.

A tarde é mais difícil. O sono começa a pesar, especialmente para os que acordaram às 4h30. Aproveitando mais um breve repouso, às duas e meia da tarde, eles dão uma olhada no tempo. Se ele não está de cara boa e eles moram longe ou têm rios para atravessar, vão já pegando a sacolinha plástica, sapatos na mão, e, muitas vezes sem avisar a professora, voltam a pé para casa, torcendo para não topar com nenhuma cheia nos rios. Se o tempo é bom, eles ficam na escola até as quatro.

Quando voltaram para casa, guardam as coisas a salvo dos ratos, tiram o uniforme, botam de volta aquelas roupas que tinham lavado de manhã e escondem os calçados num cantinho da choça, esperando que os cachorros não os peguem para brincar pela aldeia.

Depois de descansar um pouquinho, eles recomeçam as tarefas domésticas. Meninas ajudam a mãe a fazer a janta e cuidam dos irmãozinhos. Meninos ajudam o pai a tratar os bichos, buscar água e pegar lenha. Lição de casa? Nem pensar! Perto das seis, quando a noite começa a cair, eles jantam: batata doce, arroz ou milho cozido na água. Se tiver, alguma verdura e peixe salgado. Carne é um luxo. Às sete já está escuro e é tempo de estender a esteira na palha para dormir de novo. Não é incomum que as crianças cheguem tarde da escola e adormeçam no chão, pulando o jantar.

É a vida dos pequenos manobos.

O que eles querem? O que eles esperam? Às vezes, é difícil para eles mesmos dizer.

Eles não têm muita chance de escolha, mas, devagarinho, estão entendendo que é importante estudar, saber ler e escrever, aprender o idioma e, principalmente, fazer parte da sociedade. Quem se fechar em si mesmo estará perdido.

Um duro desafio para as crianças, mas, com a ajuda de vocês, nós esperamos que elas tenham um futuro mais luminoso.

Fausto Tentorio

Espanha e os valores cristãos

Espanha: haverá uma reviravolta legislativa a favor dos valores cristãos?

Fala o especialista Rafael Navarro-Valls, professor da Universidade Complutense de Madrid

por Nieves San Martín

MADRID, quarta-feira 23 de novembro de 2011 (ZENIT.org) – Entrevistado pelo Zenit o professor Rafael Navarro-Valls ofereceu uma visão geral sobre o atual panorama moral da Espanha e sobre uma possível mudança legislativa sobre questões relativas aos valores cristãos.

Rafael Navarro-Valls, professor na Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madrid e secretário-geral da Real Academia Espanhola de Jurisprudência e Legislação, colabora regularmente com ZENIT no que diz respeito à questões de direitos humanos e da relação com a "Antropologia e a fé cristã, de acordo com a Doutrina Social da Igreja.

Nesta entrevista o advogado enfrenta concretamente as novas perspectivas jurídicas em matéria de tutela dos nascituros, o assim chamado "matrimônio entre pessoas do mesmo sexo," a queda de governos no mundo por causa da crise econômica sem recorrer às urnas, o possível déficit da democracia, e a questão de como remediar a erosão do sistema ecológico moral de um país.

O senhor acredita que temos que lidar com uma reforma da Constituição para questões como a defesa do nascituro? Ou seria suficiente uma reforma das leis em questão?

- Rafael Navarro-Valls: Em termos de tutela da vida humana há um movimento constitucional orientado a acolhê-la de um modo ou de outro. Assim, 18 estados mexicanos em um período relativamente curto de tempo mudaram suas constituições para proteger a vida desde a concepção até a morte natural. Algo semelhante aconteceu na Europa com a constituição da Hungria, que define o matrimônio como "união entre um homem e uma mulher," protege a vida do nascituro desde a concepção até a morte natural, e proíbe a eugenética. Na Espanha, a mudança da Constituição exige uma mudança no processo legislativo tão complexa, que parece mais apropriado reformar a legislação ordinária, começando de uma visão sobre os direitos humanos muito mais rigorosa, que impeça que o aborto seja concebido como um direito. Deve-se evitar que devam ser financiadas pelos contribuintes e também que seja acessível à qualquer menor sem o consentimento dos parentes.

Embora seja uma realidade muito pequena no nosso país, como se poderia resolver a questão do assim chamado "matrimônio entre pessoas do mesmo sexo"?

- Rafael Navarro-Valls: "É minoritário, não apenas no sentido sugerido pela pergunta (um número relativamente pequeno de matrimônios entre pessoas do mesmo sexo), mas também no cenário mundial. Atualmente, existem exatamente 193 países membros da ONU. Destes, somente 10 o contemplam. É natural que seja assim, porque a própria noção jurídica de matrimônio (união destinada, entre os outros, à procriação) o exige. Na Espanha, os órgãos jurídicos mais qualificados (Conselho do Estado, Conselho do poder Judicial, Real academia de jurisprudência, etc.) Rejeitaram por unanimidade o conceito de matrimônio da união entre pessoas do mesmo sexo. Até mesmo um conhecido homossexual espanhol (grande escritor e político), no debate antes das eleições recentes, disse que compartilhava esta idéia. Por esta razão, a maioria das legislações se orientaram à uma união civil de escopo amplo, que inclui a convivência entre pessoas do mesmo sexo. (...)

O senhor acha que os recentes desenvolvimentos, com poderes econômicos que fazem cair governos, são na realidade uma redução da soberania dos povos e pressupõem uma democracia deficitária, sujeita aos ditames do mercado supranacional?

Rafael Navarro-Valls: A criação da União Europeia tornou muito mais estreito os laços entre as Nações e ampliou o conceito de "mercado comum". Isso cria uma série de benefícios econômicos para os países membros e, portanto, uma ênfase da globalidade entre eles. Mas o "mercado" não sendo a panacéia de todos os bens, organiza de tal modo que as consequências negativas da crise sejam transmitidas com maior intensidade no interior do "mercado". Este déficit democrático não é uma necessidade, mas é uma das possíveis regras do jogo. Desde que seja transitória, deve ser considerada como uma “emergência”, não como um deficit. Algo similar às medidas tomadas por Roosevelt nos Estados Unidos para limitar o desastre do 'crack' de 1929.

O senhor acredita que as medidas legislativas para solucionar a erosão do sistema ecológico moral de um país sejam suficientes?

- Rafael Navarro-Valls - Os advogados sabem que, em matéria de valores sociais, o Direito tem uma influência maior por meio daquilo que poderíamos chamar de sua atividade negativa. Isto é, por exemplo, podem ajudar a corroer o ecossistema familiar de forma mais eficaz do que restaurá-lo. Em outras palavras, as legislações têm sido muitas vezes mais eficazes contribuindo na consolidação das tendências desintegrantes da família do que em integrá-la. Às vezes, essas leis se consolidam em uma espécie de "experiências de não retorno", uma vez que tenham penetrado no tecido social. É uma tarefa difícil restaurar o tecido social corroído por Estados intervencionistas com uma conceituação da lei como um instrumento concebido para impor do alto uma moral ou uma "filosofia de vida." Sem uma atividade legal mais ou menos positiva. É necessária a ação conjunta de todos aqueles que estão implicados na ordem social (Igreja, sociedade civil, partidos políticos, indivíduos, etc.) para restaurar o equilíbrio perdido.

Neste sentido, Dante Alighieri tinha razão quando disse que: "os lugares mais quentes do inferno estão reservados para aqueles que em tempos de grandes crises morais mantêm a sua neutralidade."

Em defesa do casamento

Uma segunda chance para o matrimônio

Dicas de como reduzir os divórcios

ROMA, terça-feira, 22 de novembro de 2011(ZENIT.org) – As consequências negativas de casamentos destruídos são bem conhecidas. A recente publicação do Institute for American Values forneceu algumas sugestões de como reduzir este pesado fardo.

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“Segunda chance: Uma proposta para reduzir divórcios desnecessários”, escrito por William J.Doherty, professor da Family Social Science at the Univesity of Minnesota, e Leah Ward Searas, ex-chefe de justiça do Supremo Tribunal da Geórgia.

Na investigação, foi descoberto que existe uma forte evidência para a teoria de que muitos casais divorciados são bastante similares àqueles que permanecem juntos. O que contradiz o senso comum de que a maioria dos divórcios ocorre somente após muitos anos de conflito. Eles também descobriram que não é verdade a idéia de que, uma vez feita a petição de divórcio, os casais desconsiderem a possibilidade de reconciliação.

Os autores citaram algumas pesquisas realizadas nas últimas décadas, mostrando que, entre 50% e 60% dos divórcios ocorrem com casais que eram relativamente felizes e tinham baixo nível de conflito no ano precedente ao divórcio.(...)

Em muitas situações o número de divórcios poderia ser reduzido e isso seria um excelente benefício para as crianças.

- Existem evidências claras de que os pais são menos propensos a ter relacionamentos de alta qualidade com seus filhos.
- Crianças com pais divorciados ou não casados são mais susceptíveis a serem pobres.
- A mortalidade infantil é maior e, em média, as crianças têm pior estado de saúde em comparação aos colegas que têm pais casados.
- Adolescentes de famílias com pais divorciados são mais propensos ao abuso de drogas ou álcool, de entrar em conflito com a lei, e viver uma gravidez na adolescência.
- Crianças que vivem em lares com homens sem laços familiares correm maior risco de abuso físico ou sexual.
- Divórcios aumentam o risco de fracasso escolar e diminui a possibilidade de obter um bom emprego.
-Filhos de pais divorciados têm 50% a mais de chance de um dia terem seus casamentos fracassados.
-Nenhuma estabilidade.

Além disso, a expectativa de que após o divórcio o ex-cônjuge será livre para casar com outra pessoa, com quem será feliz, proporcionando aos seus filhos maior estabilidade, não é um resultado comum, apontou o relatório. A taxa de divórcios no primeiro casamento é de 40% a 50%, e para a segunda união é de 60%. Isso significa que as crianças passam por muitas transições familiares, aumentando cada vez mais as consequências negativas.

Os autores também demostraram que o matrimônio é mais do que apenas um assunto privado e que a estabilidade familiar, ou a falta dela, tem importantes consequências econômicas. Em recente estudo tendo por base um modelo econômico muito cauteloso, foi estimado que divórcios e gravidez fora do casamento custa aos contribuintes dos Estados Unidos no mínimo $12 bilhões por ano.

Analisando como este imenso dano social e econômico pode ser reduzido, o relatório alegou que é errado supor, que uma vez feita a petição de divórcio pelos casais, não há como voltar atrás. Em recente pesquisa foi demonstrado que 40% dos casais americanos já decididos pelo divórcio dizem que, um ou ambos, estão interessados na possibilidade de uma reconciliação.Infelizmente, afirmam os autores, os juízes e advogados de divórcios, normalmente, não fazem qualquer tentativa para promover a reconciliação, concentrando-se em uma resolução rápida para o processo.

Entre as evidências contidas no relatório, estava o resultado de uma amostra de 2.484 pais divorciados. A mesma demonstrava que cerca de um em cada quatro pais acredita que seu casamento ainda poderia ser salvo. O processo de divórcio dos pais envolvidos estava quase no final. Para casais que procuram o divórcio o percentual de abertura à reconciliação poderia ser bem maior, adicionaram os autores.

Recomendações

O relatório prosseguiu fazendo uma série de recomendações que poderiam ajudar a reduzir o número de divórcios.

O período de espera para o divórcio varia de estado para estado. Nos Estados Unidos, dez estados não tem prazo de espera, 29 tem prazo menor que seis meses, sete estados seis meses, e em cinco estados a espera é de um ano ou mais. O relatório sugeriu um período mínimo de um ano a partir da data de apresentação do divórcio até que ele entre em vigor.

Este adiamento poderia dar tempo ao casal para reconsiderar a decisão de se separar. Afinal de contas, muitos estados têm um período de espera para se casar, a fim de desencorajar as decisões impulsivas. Além disso, às vezes, a decisão de divorciar é feita em um momento de crise emocional, e uma pessoa em tal estado não pode pensar sobre as consequências do divórcio a longo prazo.

Junto com um período de espera é fundamental oferecer serviços para promover a reconciliação. Atualmente, afirmaram os autores do relatório, a qualidade dos aconselhamentos matrimoniais disponíveis em muitas comunidades é insuficiente.

Em muitos casos, os conselheiros matrimoniais não são adequadamente formados. Além disso, muitos conselheiros sentem que devem manter a neutralidade quanto à possibilidade do casamento terminar em divórcio ou não, o que não estimula a esperança para um casal à beira do divórcio.

Programas de educação para o aprimoramento do matrimônio, especialmente para aqueles em maior risco de divórcio, foi outra recomendação. Avaliações de alguns dos melhores programas têm mostrado que estes são bastante eficazes.

Estas e outras recomendações sugeridas no relatório se forem implementadas, devem ajudar a reduzir o número de divórcios, um resultado que seria benéfico para muitas pessoas e para a sociedade como um todo.

Por Pe. John Flynn, LC

Monumento à criança não nascida.

Un monumento al niño no nacido

En una ceremonia que contó con la presencia del ministro de Salud de la República Eslovaca Ivan Uhliarik, el 28 de octubre pasado se inauguró en la localidad de Nova Ves Bardejovske un memorial del niño no nacido

La estatua es obra del joven escultor eslovaco Martin Hudáčeka.

La iniciativa de la estatua es de un grupo de jóvenes madres eslovacas, conscientes del valor de la vida humana y de la necesidad de abolir el aborto.

El monumento expresa no sólo el pesar y arrepentimiento de la madre que ha abortado, sino también el perdón y el amor del niño por nacer hacia su madre.

http://www.religionenlibertad.com/articulo.asp?idarticulo=19166

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

É já neste fim-de-semana. Seja solidário.


Saiba mais: http://www.braga.bancoalimentar.pt/

S.O.S. Família

A ideologia do género, na sua escalada contra a família natural, obteve no ano passado uma importante vitória, com a aprovação parlamentar do casamento legal entre pessoas do mesmo sexo. Uma tal reforma subverteu, em termos legais, o matrimónio civil, agora equiparado à união de duas pessoas do mesmo sexo. Mas, como a lei em vigor não permite que estas uniões possam adoptar, está em curso uma tentativa de substituir o conceito de filiação pela volátil noção de «homoparentalidade».

A homoparentalidade significa, em termos práticos, que é pai ou mãe não apenas quem gera biologicamente, mas também – e esta é a novidade – o seu cônjuge. Assim sendo, nada obsta a que uma infeliz criança possa ter duas mães ou dois pais e, a bem dizer, até alguns mais.

São recorrentes o uso e o abuso do princípio da igualdade, como fundamento jurídico desta pretensão. Mas o casal natural – homem e mulher – está legitimado para adoptar não só por estar casado mas, sobretudo, por ser realmente um potencial pai e uma possível mãe. Ora tal não acontece quando são duas pessoas do mesmo sexo. Por isso, é lógico que não se lhes permita a adopção, que frustraria a legítima expectativa do menor, o qual não precisa de vários tutores, mas de uma verdadeira família, ou seja, de um pai e de uma mãe.

As uniões do mesmo sexo querem o privilégio de um estatuto parental não fundado na geração biológica, mas na sua relação conjugal. Como se o facto de ser casado com o pai, ou a mãe, concedesse a alguém o direito de ser mãe, ou pai, dos seus filhos!

Mas se, por absurdo, se viesse a concretizar esta ameaça contra a família e se concedesse esta aberrante benesse às uniões de pessoas do mesmo sexo, seria então necessário, por razão do dito princípio da igualdade, dar esse mesmo direito aos casais de pessoas de diferente sexo. Com efeito, se o marido do pai também é pai, com mais razão o deveria ser o marido da mãe. E se a mulher da mãe é mãe, também o deve ser a mulher do pai.

Mais: se o filho do progenitor é também, juridicamente, filho do cônjuge deste, tem de ser igualmente herdeiro dos ascendentes da pessoa que casou com seu pai ou mãe. Portanto, se o príncipe herdeiro do Reino Unido tivesse a infelicidade de «casar» com Elton John, o filho deste passaria a ser filho do príncipe e, como tal, herdeiro do trono britânico, apesar de não ter nenhuma relação de parentesco com os referidos monarcas! Seria cómico, se não fosse dramático.

Na realidade, a homoparentalidade, ao substituir a filiação natural, destrói as noções de paternidade e maternidade. Porque ou a filiação legal está fundada na geração, ou então as palavras «pai» e «mãe» deixam de fazer sentido e nem sequer se distinguem. De facto, por que razão o marido do pai, ou a mulher da mãe, têm que ser, respectivamente, pai e mãe do filho do marido ou da mulher? Se pode ser pai, ou mãe, quem de facto não gerou tal filho, o marido do pai poderia ser mãe – na realidade, não sendo progenitor, não é mais pai do que mãe … – como a mulher da mãe deveria poder ser pai. No limite, o filho de dois indivíduos do mesmo sexo poderia ser legalmente filho de dois pais, de duas mães ou até – quem diria! – de um pai e de uma mãe!

«Se se põe de parte o Direito, que distingue o Estado de um grande bando de salteadores?», perguntava Santo Agostinho (De civitate Dei, IV, 4, 1), recentemente citado por Bento XVI. Se se ignora a ecologia familiar, se se falsifica a noção de casamento, equiparando-o às uniões entre pessoas do mesmo sexo, e se se substitui a filiação pela «homoparentalidade», que resta senão uma fraude e uma mentira?! Se à família se nega o seu fundamento natural, é a sua identidade que é negada e, na realidade, nada mais seria do que a factualidade de uma qualquer aventura em comum.

E não é preciso ser bruxo para adivinhar que as principais vítimas da destruição da família natural, em que tanto se empenha a ideologia do género, são, como sempre, as mais vulneráveis: as crianças.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Voz da Verdade, 2011-11-20

O milagre dos peixes que a greve exige...

É sempre inconfortável escrever contra uma greve.

Vivemos demasiados anos sob uma ditadura, que proibiu qualquer forma de protesto, para nos sentirmos bem a falar contra uma paralisação de trabalhadores, ou a tomar qualquer posição que possa ser interpretada como «fascista», epíteto que por mais absurdo que seja, tem um peso imenso para uma geração que viveu o 25 de Abril.

E, no entanto, crescer emdemocracia implica isso mesmo: o direito, eodever, de denunciar uma greve, quando em consciência se considera que constituiam erro, e até uma manipulação de quem tem outros interesses, ou mesmo um“posto” a defender. Uma greve tem, como principal objectivo, prejudicar um patrão, obrigando-o a ceder. É eficaz, quando aquilo que ele perde, é superior aquilo que ganha se mantiver a postura inicial.

Mas hoje prevê-se que, tal como indicam os números das adesões às últimas greves, a maioria dos grevistas trabalhe para o Estado ou para empresas publicas, e paralise serviços prestados à população. Só que, desta vez, os prejudicados não são os patrões/governantes, a quem pouca diferença faz o caos por um dia, mas aqueles que trabalham no sector privado e assim não conseguem chegar ao emprego, não têm onde deixar os filhos, correm o risco de não receber o dia, e tudo isso contra a sua vontade. Os mesmos que, acrescido a isto, serão depois penalisados nos seus impostos que em lugar de contribuirem para o bem comum, serão utilizados para cobrir os custos desta greve.

Mas, é claro, que uma greve também pode ser uma forma de alerta.

Contudo, como é que se podem exigir simultaneamente coisas tão contraditórias, como protecção acrescida para os mais pobres e fragéis e ao mesmo tempo menos cortes, nomeadamente nos subsídios e na despesa?

Se alguém tem a solução pede-se que a apresente rapidamente, porque não há nenhum português que não vote nela. Senão, talvez a única opção seja mesmo trabalhar e pagar, por muito duro que seja. E claro que é.

24 | Nov | 2011
Isabel Stilwell, editorial@destak.pt

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

« J’ai peur d’avoir de nouveau faim quand le pain sera fini. »

Mère Teresa, fondatrice des Missionnaires de la charité, a reçu le prix Nobel de la paix en 1979 pour son oeuvre en faveur des exclus.


Inédit en France, c’est un florilège de méditations, de conseils, de lettres, d’enseignements, adressés par Mère Teresa aux membres de sa famille religieuse à travers le monde. Regroupés par Brian ­Kolodiejchuk, directeur du centre Mère-Teresa et postulateur de sa cause en canonisation, ces textes dessinent en creux le portrait d’une femme qui voulait se donner toujours mieux, toujours plus à Dieu à travers les pauvres. Quand l’amour est là, Dieu est là, à paraître le 24 novembre et dont nous publions des extraits en avant-­première, est un plaidoyer pour les exclus, un appel sans relâche à aimer. À travers les 450 pages de ce recueil, paru aux États-Unis en 2010 à l’occasion du centenaire de la naissance de la religieuse, la fondatrice des Missionnaires de la charité creuse, inépuisable, son sillon de pédagogue et de mère spirituelle. C’est bien du Christ « dans son déguisement désolant » dont nous parle la sainte, inlassablement. Si elle dépeint, d’anecdotes en souvenirs, le quotidien d’une vie de service immergée dans les misères les plus noires, c’est pour en extraire la moelle ­spirituelle : faire goûter la teneur du don ; inviter ses sœurs religieuses, surtout, à toujours aimer davantage, « jusqu’à en souffrir ».

Ces pages disent aussi son immense amour pour la famille, première cellule de la charité, mais qu’elle voit devenir, en Occident, le siège d’une pauvreté toute spirituelle. Face à un monde « assoiffé d’être aimé », elle appelle de manière lancinante à la proximité. Car le prochain, que son interpellation n’a de cesse de nous désigner, n’est pas seulement l’inconnu de la rue, mais aussi le familier ; le compagnon du quotidien.

Extraits :

« Le fruit du silence est la prière. Le fruit de la prière est la foi ; le fruit de la foi est l’amour. Le fruit de l’amour est le service. Le fruit du service est la paix. (page 21)

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Vous devez être emplies de silence, car, dans le silence du cœur, Dieu parle. Un cœur vide, Dieu le remplit. Même Dieu Tout-Puissant ne peut remplir un cœur plein – plein d’orgueil, d’amertume, de jalousie ; nous devons renoncer à ces sentiments. Tant que nous nous y accrochons, Dieu ne peut pas le remplir. Silence du cœur, pas seulement de la bouche – qui est aussi nécessaire – mais plus encore, ce silence de l’esprit, silence des yeux, silence du toucher. Alors vous pouvez L’entendre partout : dans le bruit d’une porte qui se ferme, dans la personne qui a besoin de vous, dans le chant des oiseaux, dans les fleurs, les animaux – ce silence qui est émerveillement et louange. (page 33)

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La faim n’est pas seulement ­l’absence de pain, c’est la faim d’amour, d’être aimé, d’être désiré. Cette terrible solitude des vieillards et des gens isolés est une faim terrible. La nudité n’est pas seulement l’absen­ce d’un morceau de tissu ; la nudité, c’est aussi ce manque de dignité, ce beau don de Dieu, la perte de la pureté du cœur, de l’esprit, du corps. Être sans logis, ce n’est pas seulement l’absence d’une maison faite de briques ; être sans logis, c’est aussi être rejeté, être un « rebut » de la société, indésirable, mal aimé, négligé. Là, au milieu de ces gens, vous pouvez mettre et je peux mettre mon amour de Dieu en actes vivants. (page 68)

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Nous avons tellement de gens comme cela, au cœur de New York, au cœur de Londres, dans ces grandes villes européennes, avec seulement un morceau de journal [comme couverture, ndlr], allongés là. Nos sœurs sortent le soir, de 22 heures à 1 heure du matin, dans les rues de Rome, et elles apportent des sandwiches, elles apportent quelque chose de chaud à boire. À Londres, j’ai vu des gens rester debout contre le mur de l’usine pour se réchauffer. Comment ? Pourquoi ? Où sommes-nous ? Donc, je crois qu’il est bon pour nous de ­commencer par aimer à la maison. Puis, une fois que nous aurons appris à aimer de cet amour qui fait souffrir, alors nous serons capables de donner cet amour, nos yeux s’ouvriront, nous verrons, nous verrons. Très souvent, nous regardons mais nous ne voyons pas ou bien nous voyons mais nous ne voulons pas regarder. (page 125)

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Pour moi, la plus grande injustice faite aux pauvres n’est pas tant que nous les avons privés de choses matérielles, mais que nous les avons privés de cette dignité d’enfant de Dieu, du respect que nous devons à une personne dont [nous] pensons « elle n’est bonne à rien, elle est paresseuse, elle est ceci, elle est cela » – tant d’adjectifs que nous rajoutons. Pour moi, c’est cela, la plus grande injustice […] et je leur dis toujours : « Que feriez-vous si vous étiez à leur place ? Si vous aviez l’estomac vide jour après jour et que vous voyiez vos enfants mourir de faim, de froid ? » (…) Il est facile pour nous qui avons l’estomac plein de proférer ce genre d’adjectifs. Et c’est la plus grande injustice. (page 130)

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Un jour, j’ai recueilli une petite enfant de six ans dans la rue. Et je voyais à son visage que cette enfant avait très, très faim. Alors je lui ai donné un morceau de pain et la petite a pris le pain et elle a commencé à le manger miette par miette ; alors j’ai dit à l’enfant : « Mange le pain, tu as faim, mange le pain. » Et elle m’a regardée et elle a dit : « J’ai peur d’avoir de nouveau faim quand le pain sera fini. » Alors, elle pensait qu’en le mangeant lentement, lentement, elle se sentirait moins affamée. La douleur de la faim est terrible et c’est là que vous et moi devons intervenir et donner jusqu’à en souffrir. Je ne veux pas que vous donniez comme ça, je veux que vous donniez jusqu’à en souffrir. Et ce don est amour de Dieu en actes. (page 223)

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Il y a beaucoup, beaucoup de gens (des vieux, des infirmes, des malades mentaux, des gens qui n’ont personne, aucun être pour les aimer) qui ont faim d’amour. Et peut-être que cette sorte de faim se trouve dans votre propre maison, votre propre famille. Peut-être qu’il y a une personne âgée dans votre famille, peut-être qu’il y a un malade dans votre famille. Avez-vous jamais pensé que vous pouviez montrer votre amour de Dieu en donnant peut-être un sourire, peut-être rien qu’un verre d’eau, peut-être rien qu’en restant assis là à parler un petit moment ? (page 224)

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Un monsieur hindou m’a un jour demandé, un fonctionnaire très important, haut placé : « Ne tenez-vous pas beaucoup à tous nous convertir ? » Et j’ai dit : « Naturellement, le trésor que j’ai, Jésus, naturellement que je veux le partager avec vous, mais la conversion doit venir de Lui. Mon rôle est de vous aider à faire des œuvres d’amour et alors, par ces œuvres d’amour, vous vous trouvez naturellement face à face avec Dieu et c’est entre vous que ce trésor, Son amour, s’échange. Et alors soit vous êtes converti, vous acceptez Dieu dans votre vie, soit non. » (page 288)

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Dans les bidonvilles, Jésus choisit comme déguisement la misère et la pauvreté de nos gens des bidonvilles. Vous ne pouvez pas respecter le vœu de charité si vous n’avez pas la foi nécessaire pour voir Jésus dans les gens avec lesquels nous entrons en contact. Autrement, notre travail n’est rien de plus que du travail social. (page 216)

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Vous devez faire de votre maison un centre d’amour brûlant, le soleil de l’amour de Dieu doit d’abord être dans votre maison. Vous devez être cette espérance de bonheur éternel pour votre mari, pour votre femme, pour votre enfant, pour votre grand-père, votre grand-mère, pour vos domestiques – tous ceux qui ont un lien avec vous. Vous travaillez dans une grande entreprise, vous êtes un coopérateur, mais vous ne connaissez même pas vos proches. Là-bas, vous devez être la flamme brûlante de l’amour de Dieu pour les gens qui travaillent avec vous ou qui travaillent pour vous. Est-ce qu’en levant les yeux, ils peuvent voir la joie d’aimer sur votre visage ? Est-ce qu’en levant les yeux, ils peuvent voir la joie d’un cœur pur ? Est-ce qu’en levant les yeux, ils peuvent voir Jésus en vous ? (page 364)

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Quand je dis joie, je ne veux pas parler de rires tonitruants ni de cris. Non, cela est trompeur, et peut être là pour cacher quelque chose. Je parle de la profonde joie intérieure qui est en vous, dans vos yeux, votre regard, votre visage, vos mouvements, vos gestes, votre vivacité etc. « Que Ma joie soit en vous », dit Jésus. Quelle est cette joie de Jésus ? C’est le résultat de Son union continuelle avec Dieu, tandis qu’Il faisait la volonté du Père. Vivre en présence de Dieu nous remplit de joie. Dieu est joie. Pour nous apporter de la joie, Jésus S’est fait homme. Marie est la première à avoir reçu Jésus : « Mon esprit exulte en Dieu mon Sauveur. » L’enfant dans le sein d’Élisabeth a tressailli de joie parce que Marie lui apportait Jésus. Ce même Jésus que nous recevons en Communion ; il n’y a aucune différence. (page 402) »

Governador de Oregón suspendeu pena de morte

O Governador de Oregón, oeste dos Estados Unidos, John Kitzhaber, suspendeu terça-feira a pena de morte por a considerar "moralmente errada" e evitando assim uma execução já no mês de Dezembro.

"A pena de morte praticada em Oregón não é imparcial nem justa, nem rápida nem certeira e não é aplicada de igual modo a toda a gente", assegurou o Governador democrata, no poder desde 2010.

Com a decisão da noite de terça-feira, os 37 reclusos que permanecem no corredor da morte naquele estado da costa oeste dos Estados Unidos ficam com a garantia de não execução, pelo menos, até 2015, quando termina o mandato do atual Governador.

"É hora de Oregón considerar outra aproximação. Recuso ser parte deste sistema desigual e comprometido por mais tempo e não permitirei mais execuções enquanto for Governador", acrescentou John Kitzhaber.

Desde que o estado de Oregón retomou a pena de morte em 1984, foram executadas apenas duas pessoas, precisamente durante o último período da governação de John Kitzhaber, que já tinha desempenhado o cargo de governador entre 1985 e 1992 e entre 1995 e 2003.

"Foram as decisões mais difíceis que tive como governador", disse.

Até agora, em 2011, os Estados Unidos executaram 43 reclusos e apenas estava pendente a morte de Gary Haugen, precisamente em Oregón, condenado pelo homicídio da sua mãe e da sua ex-namorada.

Em 2010, 46 pessoas foram executadas no Estados Unidos e entre os 50 estado que integram o país, 35 - excluindo Oregón - mantêm ainda vigente a pena capital.

A reforma do mapa

A distrital de Braga do CDS conjuntamente com a distrital do PSD promovem no próximo sábado, dia 26, às 11 horas, no Auditório Vita (seminário menor, Arquidiocese de Braga, R. São Domingos 94 B) um debate sobre a reforma do mapa administrativo de Braga. Contará com as presenças dos Drs. Nuno Melo e Miguel Relvas.

Aqui tão perto

A Espanha foi a eleições no Domingo passado. Com uma invulgar afluência às urnas conferiu uma estrondosa vitória ao centro direita e defenestrou o Partido Socialista para a maior derrota de sempre. A democracia fez-se e o povo decidiu.

Esta vitória tem, porém, uma história.

Em 2004, Zapatero foi o vencedor improvável das eleições gerais. O atentado de Atocha e a reacção de Aznar desmoronaram a vitória espectável de Rajoy. Por margem mínima, e fruto desta circunstância, o PSOE regressou ao governo suportado nas Cortes pelos partidos autonomistas e nacionalistas. E, como é dos livros, estes cobraram o apoio. A economia resvalou, o desemprego cresceu e o “milagre económico” de Aznar reconduziu-se à “bolha imobiliária”, mantendo artificialmente padrões de vida que as políticas económicas da direita tinham conseguido assegurar. Ao declínio económico sucedeu uma crispação social e política sem paralelo desde a transição democrática. O “pacto constitucional” (fruto do entendimento promovido por Suarez, Gonzalez, Fraga e Carrillo e que reergueu a Espanha, reconciliou-a com o seu passado e tentou sarar as feridas da Guerra Civil) foi simplesmente incinerado pela “Lei da Memória Histórica”. Numa pulsão só compreensível à luz de um incontrolável desforço, Zapatero afrontou a ossatura da sociedade espanhola, desde a Igreja (com os tristes episódios da primeira visita de Bento XVI) à própria Coroa (ao aceitar coligar-se no governo da Catalunha com a esquerda republicana).

Foram anos para esquecer, embora na altura particularmente saudados por alguns, como Soares, e com tímidas réplicas noutros, como Sócrates. No Domingo a Espanha ergueu-se de novo. Na sua diversidade. E na sua notável resistência.

22 | 11 | 2011
Eduardo Sá

terça-feira, 22 de novembro de 2011

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Uma das questões prioritárias

Entre défices e dívidas, pouco se fala do que será, porventura, o maior défice que germina lentamente: o de natalidade. Dele resultará um dos maiores problemas que legaremos aos vindouros: a insustentabilidade do actual modelo social público. Pelo menos, com razoabilidade de custos e equidade.

Foram agora conhecidos números que, em condições desejáveis, teriam levantado reflexões e propostas. Refiro-me aos dados mundiais sobre a taxa de fecundidade da mulher. Portugal ocupa a penúltima posição: 1,3 filhos por mulher. Em todo o mundo, pior só a Bósnia! Um valor igual a 62% do necessário para o equilíbrio geracional (2,1 filhos). Um índice que, há 40 anos, chegava aos 3 filhos.

Esta vertigem só tem sido atenuada pela notável evolução da mortalidade infantil que não chega agora às 3 crianças por mil (no 1º ano de vida), quando há 40 anos atingia 55 nado-vivos!

Se ao défice de natalidade (nascem 100.000 crianças quando precisaríamos, no mínimo, de 160.000), juntarmos o progresso assinalável da esperança de vida, constatamos o rápido envelhecimento da população: em 1970 havia 34 pessoas com mais de 65 anos de idade por cada 100 crianças e jovens. Agora aproximamo-nos de 120 velhos por cada 100 crianças! As escolas fecham e os lares não chegam. O Estado Social só sobreviverá com uma primavera demográfica. Reduzir abonos, agravar custos de saúde infantil, eliminar deduções fiscais de educação é um sinal errado.

Há países com uma boa evolução em resultado de políticas públicas de apoio à natalidade: a Holanda e os países nórdicos, além da Irlanda que é o único país da UE que repõe as gerações. Nós por cá andamos mais entretidos com a espuma do dia e a promoção de políticas anti-natalistas.

Entretanto, a ameaça avança. Silenciosamente.

Bagão Félix
negócios-online, 2 Novembro 2011

Isto foi, e isto há-de ser sempre

"Em Portugal cada um quer tudo e quando os homens são de tal condição, que cada um quer tudo para si, com aquilo com que se pudera contentar a quatro, é força que fiquem descontentes três. O mesmo nos sucede. Nunca tantas mercês se fizeram em Portugal, como neste tempo; e são mais os queixosos, que os contentes. Porquê? Porque cada um quer tudo. Nos outros reinos com uma mercê ganha-se um homem; em Portugal com uma mercê, perdem-se muitos. Se Cleofas fora português, mais se havia de ofender da a metade do pão que Cristo deu ao companheiro, do que se havia de obrigar da outra metade, que lhe deu a ele. Porque como cada um presume que se lhe deve tudo, qualquer cousa que se dá aos outros, cuida que se lhe rouba. Verdadeiramente, que não há mais dificultosa coroa que a dos reis de Portugal: por isto mais, do que por nenhum outro empenho. (…)

Em nenhuns reis do mundo se vê isto mais claramente que nos de Portugal. Conquistar a terra das três partes do mundo a nações estranhas, foi empresa que os reis de Portugal conseguiram muito fácil e muito felizmente; mas repartir três palmos de terra em Portugal aos vassalos com satisfação deles, foi impossível, que nenhum rei pôde acomodar, nem com facilidade, nem com felicidade jamais. Mais fácil era antigamente conquistar dez reinos na Índia, que repartir duas comendas em Portugal. Isto foi, e isto há-de ser sempre: e esta, na minha opinião, é a maior dificuldade que tem o governo do nosso reino.”

Padre António Vieira,
in ‘Sermões’ ( Séc. XVII )

Reino Unido garante que a pressão vai aumentar sobre a Síria

O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, William Hague, garantiu nesta segunda-feira que a comunidade internacional vai aumentar significativamente a pressão sobre o regime de Damasco, depois de o Presidente sírio, Bashar al-Assad, ter afirmado que não vai ceder aos apelos para pôr fim à repressão do movimento de revolta no país.

“Vamos todos aumentar a pressão. Discuti isto com o secretário-geral da Liga Árabe ontem e estou confiante que estão dispostos a fazê-lo na próxima reunião, amanhã”, sublinhou o chefe da diplomacia britânica numa entrevista esta manhã na rádio BBC.

“O comportamento do regime de Assad é chocante e inaceitável, e é óbvio que faremos tudo quanto estiver ao nosso alcance para apoiar a democracia na Síria no futuro”, prosseguiu, dando conta da crescente impaciência das potências ocidentais face ao conflito na Síria, que se prolonga há oito meses e com um saldo de mais de 3500 vítimas mortais, segundo estimativas das Nações Unidas.

Juntando-se a este intensificar da retórica contra a intransigência do regime de Damasco, o primeiro-ministro turco, Recep Erdogan, frisou já hoje que Assad tem os dias contados: “Virá o dia em que tu também partirás”, afirmou, rodeado de jornalistas à margem do fórum internacional que decorre em Istambul.

Erdogan – que já ameaçou cortes de electricidade à Síria e sugeriu mesmo adopção de sanções futuras – foi veementemente crítico às declarações recentes de Assad, numa entrevista ontem publicada pelo britânico The Sunday Times, onde se afirmou “indubitavelmente” pronto a combater e morrer se tiver que defrontar forças militares estrangeiras na Síria.

Mais quatro pessoas terão sido mortas a tiro nesta segunda-feira pelas forças policiais, em raides na província de Homs, no centro do país, foi avançado pelo Observatório sírio dos Direitos Humanos.


http://www.publico.pt/Mundo/reino-unido-garante-que-a-pressao-vai-aumentar-sobre-a-siria-1521822

O Braga fez tudo, o Sporting só fez os golos

Há um ano, Paulo Sérgio eliminou o Paços em Alvalade, mas cairia na ronda seguinte em Setúbal, no penoso caminho do técnico para o cadafalso. O seu nome era entoado no estádio e alguns assobios percorriam as bancadas. O treinador saiu sem glória e foi para a Escócia. O nome de Domingos é agora recebido com aplausos. Foi a maior ovação na noite fria deste domingo e percebe-se porquê. O Braga foi eliminado (2-0), os “leões” estão fortes e os adeptos acreditam no seu líder. É tudo muito mais calmo agora no reino do leão.

Até quando as coisas não correm bem, os jogadores parecem mascarar as insuficiências e dão a volta. Os bracarenses tinham ameaçado entrar em Alvalade para reclamar a eliminatória. Jogaram para isso, fizeram tudo para marcar. A equipa que Domingos deixou sem cabeça quando abandonou Braga, em Maio (agora liderada por Leonardo Jardim), chegou mesmo a tomar conta do jogo. Só falhou onde não devia: em frente à baliza adversária, onde o Sporting acertou, e junto à sua própria baliza, onde os “leões” foram letais.

O relvado escorregadio é inimigo dos artistas. Muitos caíram nas piores alturas. Outros erraram quando não podiam. Foi o caso de Lima, logo aos 6’, ao falhar um golo isolado frente a Patrício. Depois foi Vinícius, que se esqueceu de Capel na área e o espanhol aproveitou para fazer o primeiro golo, pleno de classe. E ainda Berni, o guarda-redes que não segurou o remate de Matías e socou a bola contra o corpo inerte de Insúa, agente passivo no segundo golo.

Mas houve mais. Domingos parecia assistir aos erros da antiga equipa e aproveitar-se disso, instigando os jogadores a não largarem a presa. A segunda parte começou com o Braga novamente em cima do adversário, mas Ewerton escorregou e Elias isolou-se. Foi Elderson a tentar redimir o companheiro e acabou expulso, por derrube do brasileiro. Foram quatro erros fatais para um Braga imenso, perante um predador que cobrou com pena máxima as suas hesitações.

Com mais um elemento, nem assim o “leão” mandou no jogo. Manteve-se na expectativa. O Braga, coxo, tentou a sorte. Mais rápido, mais forte, nunca desistiu nem deixou o Sporting tranquilo. Os jogadores leoninos eram obrigados a fazer faltas e a verem cartões (o árbitro foi muitas vezes ao bolso) - até Wolfswinkel viu amarelo. Todos corriam atrás da bola.

Jardim acabou o jogo com três avançados: Lima, Nuno Gomes e Paulo César. Poucos minutos depois de ter entrado, este último subiu mais alto que João Pereira e bateu Patrício, só que a bola foi ao poste. O Sporting estava encolhido e tentava o contra-ataque, agora com Carriço e Evaldo na equipa.

Domingos, para não se encostar muito lá atrás, também lançou Carrillo. O peruano, numa das suas rápidas investidas, sacudiu a pressão por uns segundos e acertou em cheio na barra. Ainda não se estreou a festejar um golo, mas a noite foi dele e de Capel.

O Sporting segue para os oitavos-de-final da Taça à custa de um Braga demasiado perdulário. (...)


Filipe Escobar de Lima
http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1521775

Esquerda à deriva ( XI )

El 'tsunami' de Rajoy tiñe de azul el mapa de España

El mapa electoral español se tiñe de azul con la victoria, con holgada mayoría absoluta (con 186 escaños frente a 110 del PSOE), que obtuvo este domingo el Partido Popular (PP) de Mariano Rajoy. La tendencia, que ya se marcó en las elecciones autonómicas y municipales del pasado mayo, se ha hecho realidad.

Por provincias, el PP ha ganado en 43 de las 50 que hay en España y en las dos ciudades autónomas -Ceuta y Melilla-; CiU ganó en tres provincias -Tarragona, Lleida y Girona-; el PSOE, en dos -Barcelona y Sevilla-; y PNV y Amaiur, en una cada uno (Vizcaya y Guipúzcoa, respectivamente).

La contundente victoria deja en manos populares casi todo el poder municipal, autonómico -que ganó en mayo- y nacional.

Y aún puede ser mayor esta marea azul: el próximo 4 de marzo los andaluces elegirán su nuevo ejecutivo autonómico y todo parece indicar que se producirá un histórico relevo. El PP ya ganó en mayo en esa región y este domingo obtuvo, por primera vez, una clara victoria: obtuvo 33 escaños y 1.982.091 votos, frente a los 25 y 1.590.844 votos del PSOE, y se impusieron en ocho de las nueve provincias andaluzas.

Hemiciclo fragmentado

A pesar de los habituales llamamientos a terminar con el bipartidismo éste, favorecido por el sistema electoral, continúa vigente. El PP ha obtenido 186 escaños y el PSOE 110, suman en conjunto 296 de los 350 escaños del Congreso. Lo que sí cambia es la fragmentación de la parte del hemiciclo que no será ni azul ni roja.

Trece partidos estará en el Congreso, cifra que no se veía desde las elecciones de 1989. Una parte del hemiclo que tendrá más peso -serán 54 escaños frente a los 27 de la legislatura pasada-, debido en gran parte a la debacle socialista y los buenos resultados de CiU -de 10 a 16 escaños-, los réditos recogidos por IU -que pasa de 2 a 11 escaños-, Amaiur -que entra por primera vez con siete escaños- y UPyD -que pasa de un escaño a 5-.

Sin embargo, a pesar de ser más, estarán más fragmentados. Trece formaciones estarán representadas en el nuevo hemiciclo, una cifra inédita desde los comicios de 1989 y 1979. Además de PP y PSOE, CiU (16), IU (11), Amaiur (7), UPyD (5), PNV (5), ERC (3), BNG (2), CC (2), Compromís-Equo (1), FAC (1) y GBai (1) contarán con representación parlamentaria.

http://www.20minutos.es/noticia/1226916/0/pp/marea-azul/rajoy/

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

E o que é mais importante, pelo Cristianismo

Um viver juntos europeu, vispo por Herman Van Rompuy

Para uma economia socialmente e humanamente correcta

Roma, 15 de Novembro, 2011 (ZENIT.org) - Falando em Roma, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy , realizou um plaidoyer para um viver juntos Europeu e para uma economia socialmente e humanamente correta.

Van Rompuy teve na manhã do Sábado 12 Novembro uma conferência na Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG) com o título 'Solitário - Solidário', que é a essência de um viver juntos na Europa, a presença do Cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica e Chanceler da Universidade, Padre Adolfo Nicolás, SJ, Superior Geral da Companhia de Jesus, o professor Giovanni Maria Flick, presidente emérito do Tribunal Constitucional italiano - que evocou os 150 anos da unificação da Itália - e membros do Corpo Diplomático, incluindo o embaixador da França junto à Santa Sé, Stanislas de Laboulaye.

O presidente europeu foi recebido pelo reitor da Gregoriana, o padre François-Xavier Dumortier, SI, que evocou a coragem necessária para os responsáveis políticos. A coragem política requer muito do estadista, especialmente quando se trata ao mesmo tempo, de continuar este projecto apaixonante que é a construção de uma Europa mais solidária que seja uma terra de paz e justiça, e de encontrar, dia após dia, através de luzes e sombras da história actual, as formas e meios de convivência que tenha senso, disse o jesuíta.

O Presidente do Conselho Europeu sublinhou que a Europa em permanente construção está unida por valores baseados no amor – tendo se tornado a solidariedade em nossos dias, muito institucional.

A Europa, como projeto político foi a resposta à guerra, ao horror, ela tem sido construída através da memória dos túmulos de milhões de inocentes, disse Van Rompuy. Hoje, no entanto admitiu, é de recear que ela possa cair no individualismo, cujo populismo e o nacionalismo são as expressões. O Presidente lamentou que por um lado o mundo se humaniza porque, onde quer que seja, combate a pobreza”, por outro lado, “se despersonaliza porque o nosso destino se torna sempre mais dependente de um sistema financeiro capitalista desenfreado e sem ética. De acordo com Van Rompuy, hoje, há um novo desafio para acolher, ou seja aquele de construir uma economia que chamaria de ‘socialmente e humanamente’ correcta.

O Presidente do Conselho Europeu sublinhou a importância de respeitar a pessoa. Se, amanhã, a União Europeia, a comunidade dos povos europeus, deseja chegar, a nível global, a uma maior unidade no respeito da liberdade dos povos, ela deverá, sem dúvida, fundamentar-se no que é seu gênio, ou seja, sobre uma maior solidariedade de todos no respeito pela integridade de cada um, assim reiterou.

Para Van Rompuy, a famosa estratégia dos pequenos passos tão cara aos pais da Europa, não perdeu sua relevância. A essência de uma Europa em construção não reside em um espírito de conquista, à maneira de Carlos Magno, Carlos V ou de Napoleão, mas em pequenos passos tomados todos os dias, porque na ausência de grandes sonhos, impossíveis de alcançar, nós tentamos, e repito ‘tentamos’, manter políticamente, diplomáticamente e economicamente a Europa sobre os trilhos e, para o bem de todos, a fazer avançar o comboio conduzindo-o para uma vida melhor, um melhor viver em comum”.

No início de sua palestra, Van Rompuy citou o vocábulo Europa da famosa Enciclopédia de Diderot e D'Alembert: Não importa que a Europa seja a menor parte das quatro partes do mundo por extensão territorial, porque é a mais significativa de todas pelo seu comércio, suas navegações, pela criatividade, as luzes e a operosidade dos seus povos, pelo conhecimento das artes, das ciências, dos mistérios, e o que é mais importante, pelo Cristianismo cuja moral da caridade tende só ao bem-estar da sociedade.

Anita S. Bourdin
[Tradução realizada por Thácio Siqueira]

Precisamos de políticos, precisamos de ideias, de ideias protagonizadas por gente de coragem

Venha de lá o plano B

Mesmo quando a nossa vida é dominada pela necessidade de sabermos fazer bem as contas, este não é o tempo dos contabilistas. E muito menos dos banqueiros

É humilhante ver a Europa a pedinchar junto dos seus parceiros do G20 e a levar tampa e puxões de orelhas por mau comportamento. A Europa berço da democracia, até ainda há pouco admirada pela construção de um espaço único de civilização e prosperidade, a Europa sinónimo de liberdade e de pujança jaz, doente e isolada, no leito de um destino incerto. Até este frenesim inconsequente de cimeiras, de onde os líderes vão saindo com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, emana já o cheiro insuportável da putrefação. Por detrás da coreografia das aparências, com sorrisos, apertos de mãos e as inevitáveis photo opportunities, esconde-se a debilidade das lideranças. Por ali não se descortina pensamento político estruturado e muito menos sombra de causa ou ideal, o que é trágico quando o objetivo primordial da política deveriam ser as pessoas, o seu bem-estar e a sua felicidade. Pelo contrário, a esmagadora maioria dos poderosos que nos governam guia-se pela frieza dos números, como se a política fosse um pingue-pongue estatístico em que inflação, taxas de juro e cotações valessem por si e não pelo reflexo que têm no emprego, nas pensões ou na qualidade de vida das pessoas reais.

Mesmo quando a nossa vida é dominada pela necessidade imperiosa de sabermos fazer bem as contas, este não é o tempo dos contabilistas. E muito menos dos banqueiros, pois é a governação da alta finança que tem mergulhado a Europa na instabilidade e na angústia. Se olharmos com atenção para o currículo da maior parte das figuras que decidem as nossas vidas a partir das chancelarias europeias, reconhecemos-lhes percursos quase miméticos, desde os bancos de escola. Pensam todos da mesma forma, frequentam os mesmos sítios, revezam-se nos cargos importantes. Por exemplo, Mario Draghi, o italiano que chegou agora à presidência do Banco Central Europeu (BCE), foi governador do Banco de Itália, ex-diretor executivo do Banco Mundial e diretor executivo da famosa Goldman Sachs, um dos bancos causadores da crise do subprime. Instituição financeira de onde, curiosamente, foi conselheiro Mario Monti, o ex-comissário europeu agora muito falado para substituir Berlusconi à frente do Governo italiano. Também António Borges, o português que dirige o Departamento Europeu do FMI, foi vice-presidente do conselho de administração da mesma Goldman Sachs. Lucas Papademus, o nome que poderá suceder a Papandreou como primeiro-ministro grego, tem, igualmente, experiência na banca. Além de governador do Banco da Grécia, foi vice-presidente do BCE, sendo visto como um homem da confiança do sistema financeiro europeu. Jean Claude Juncker, o conhecido presidente do chamado Eurogrupo, foi governador do Banco Mundial e presidiu ao FMI...

Esta gente e outra da mesma estirpe já provou que não serve. Precisamos de políticos, precisamos de ideias, de ideias protagonizadas por gente de coragem, capaz de resistir à cartilha de uma austeridade que não está a resolver os problemas, mas a agravá-los. É urgente ter um plano B e é fundamental estarmos o mais unidos possível, mesmo com todas nossas diferenças. Em tempos de guerra não se limpam armas, e nós estamos em guerra. Só quem entender isso ficará na História.

Áurea Sampaio, 10 de Nov de 2011
http://aeiou.visao.pt/venha-de-la-o-plano-b=f632475#ixzz1dxSE9Epc

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

"Ó meus amigos, o que é verdadeiramente a dança?"

«SÓCRATES: Ó meus amigos, o que é verdadeiramente a dança?
ERIXÍMACO: [...] — Que queres de mais claro sobre a dança, além da dança nela mesma?/ [...]
SÓCRATES: [...] Um olhar frio tomaria com facilidade por demente essa mulher bizarramente desenraizada, que se arranca sem cessar da própria forma [...]. Afinal, por que tudo isso? — Basta que a alma se fixe e faça uma recusa, para só conceber a estranheza e o repulsivo dessa agitação ridícula... Se quiseres, alma, tudo isso é absurdo!/ [...]
FEDRO: Queres dizer, amado Sócrates, que tua razão considera a dança como uma estrangeira, cuja linguagem ela despreza, cujos costumes lhe parecem inexplicáveis, senão chocantes; ou até mesmo, totalmente obscenos?
ERIXÍMACO: A razão, por vezes, me parece ser a faculdade que nossa alma tem de nada entender de nosso corpo!
FEDRO: [...] Athiktê me parecia representar o amor. [...]
ERIXÍMACO: Fedro quer, a todo custo, que ela represente alguma coisa!
FEDRO: Que pensas, Sócrates?/ [...]/ Crês que ela representa alguma coisa?
SÓCRATES: Coisa nenhuma, caro Fedro. Mas qualquer coisa, Erixímaco. [...] Não sentis que ela é o acto puro das metamorfoses?
FEDRO: [...] não posso ouvir-te sem acreditar em ti, nem acreditar sem ter prazer em mim mesmo ao acreditar em ti. Mas que a dança de Athiktê nada represente, e não seja, acima de tudo, uma imagem dos transportes e das graças do amor, eis o que considero quase insuportável de ouvir...
SÓCRATES: Eu nada disse de tão cruel ainda! — Ó amigos, nada faço além de perguntar-vos o que é a dança; um e outro de vós parece respectivamente sabê-lo; mas sabê-lo totalmente em separado! Um me diz que ela é o que é, e que se reduz àquilo que nossos olhos estão vendo; e o outro insiste em que ela represente alguma coisa, e que não existe então inteiramente nela mesma, mas principalmente em nós. Quanto a mim, meus amigos, minha incerteza fica intacta!... Os meus pensamentos são numerosos — o que nunca é bom sinal!...»

[ mais gregos clássicos ]

«ANAXÁGORAS: Se você tem razão, posto que eu não sou você, você não pode ter
verdadeiramente razão, ó Sócrates. É necessário então que eu ainda reflita. É necessário que, retomando o que você me disse, e partindo do estado no qual você colocou o meu pensamento, tendo combatido e vencido, eu encontro finalmente uma razão em mim que, por sua vez, contém a sua própria e justifique, entretanto, minha opinião precedente. E isso sob pena de minha morte.Pois de outro modo, ao que rimaria minha existência?

«SÓCRATES: Que orgulho! Anaxágoras... O orgulho é o sentimento de ser nascido para alguma coisa que somente nós podemos conceber, e esta coisa [é] mais grande e mais importante que todas as outras. [...]/ A coisa que eu quero deve ser sempre superior àquela que quer qualquer outro. Tal é o orgulho. Ele não emana das coisas feitas nem daquilo que se é.»

in "Orgulho por orgulho", Diálogo socrático

"No fundo de qualquer homem ocidental repousa um grego" André Malraux

André Malraux escreveu que no fundo de qualquer homem ocidental repousa um grego. Quanto a mim, tive que refazer muitas vezes a imagem que desde adolescente fui-me construindo da Grécia. Depois da fase inicial, a da Grécia antojada através de manuais de história e dos poetas parnasianos, brasileiros ou franceses, veio a fase polêmica, na tentativa de destruir uma Grécia que me parecia irreversível, imobilizada no academismo, fora da experiência deste século: embora contraditoriamente soubesse que as idéias gregas continuavam a fecundar a cultura ocidental, da teologia à pesquisa leiga, da arte à política, do teatro à pedagogia.

Mais tarde a leitura de Platão e dos pré-socráticos ajudou-me a desenhar a figura duma Grécia do equilíbrio, da razão, da justa medida, que ainda podia ligar-se à nossa época por meio de numerosos fios de contacto, sobressaindo aqui o texto de "Eupalinos ou l'architecte". Mas, talvez acima de tudo, a Grécia possui uma força inesgotável: sua mitologia, que constitui ao mesmo tempo sistema cosmogônico, transposição figurada de fatos reais, reservatório sempre renovado de arquétipos e símbolos. Haverá nesta terra muitas coisas maiores que a mitologia grega, na sua capacidade de contaminar poetas e pensadores? Dai-me uma fábula grega, um "mitologema", e eu recriarei o mundo.
*

Hoje a Grécia se apresenta aos meus olhos como um país fundamental, um dos raros onde a presença do mito subsiste no ar, na paisagem, nas ruínas, também na obra de alguns poetas maiores, que posso ler somente em tradução. Grande é o meu prazer quando vejo a importância e necessidade do mito sublinhadas por algum alto espírito de cientista ou pensador; ainda agora nesta passagem de C. G. Jung:

"Infelizmente hoje se dá bem pouco desafogo ao lado mítico do homem: este não pode mais criar mitos. Assim muitas coisas lhe escapa: já que é importante e saudável falar também de coisas incompreensíveis. Na realidade, dia a dia vivemos muito além dos confins da nossa consciência; a vida do inconsciente caminha conosco sem que disto sejamos sabedores. Quanto mais domina a razão crítica, tanto mais a vida se empobrece; quanto maior carga de inconsciente e de mito somos capazes de levar à consciência, tanto mais completa tornamos a nossa vida. A razão, se superestimada, tem isto de comum com o absolutismo político: sob o seu domínio a vida individual se empobrece."



MENDES, Murilo.
"Grécia e Atenas"
in Carta Geográfica, in Transístor, Nova Fronteira, 1980.


Publicado por Patrícia Lino
http://ojardimdeadonis.blogspot.com/2011_01_01_archive.html

Frank Gehry vai desenhar hotel e museu para a Guarda

O arquitecto norte-americano Frank Gehry vai desenhar um hotel de cinco estrelas e um museu numa aldeia do concelho da Guarda. A obra assinada por Gehry integra a terceira fase do empreendimento turístico Cegonha Negra Golf Resort & SPA.

Localizados na freguesia de Gonçalo, a unidade hoteleira e o museu dedicado à comunidade judaica da região (o próprio arquitecto é filho de judeus polacos) deverão abrir ao público em 2014.

O Cegonha Negra Golf Resort & SPA encontra-se, neste momento, a construir a sua segunda fase, da que fazem parte um aldeamento turístico de cinco estrelas, 65 vivendas e um spa medicinal, num investimento que ronda os 25 milhões de euros e que deverá estar concluído dentro de um ano.

O arquitecto, vencedor do Pritzker, prémio Nobel da arquitectura, em 1989, foi contratado pelo empresário Manuel Alexandre Abreu, que em 2003 iniciou este projecto no vizinho concelho de Belmonte com o clube de golfe da Quinta da Bica.


http://p3.publico.pt/cultura/arquitectura/532/frank-gehry-vai-desenhar-hotel-e-museu-para-guarda

Base militar síria

Serviços secretos da Força Aérea são uma das agências mais temidas no país
Base militar síria atacada por desertores do exército fiel a Assad

Um grupo de soldados desertores das tropas sírias atacou durante a noite uma importante base militar do país em Harasta, perto da capital, Damasco, dando sinais de uma cada vez maior intensificação da oposição armada ao regime do contestado Presidente, Bashar al-Assad.

Segundo fontes do grupo da oposição Comissão Geral da Revolução Síria, partes do complexo da base da Força Aérea de Harasta foram destruídas, incluindo o edifício que serve de sede aos serviços secretos deste ramo das forças militares do país.

Os desertores, que se reúnem já num semi-organizado Exército Livre da Síria, usaram rockets e metralhadoras neste ataque às forças convencionais, o mais ousado desde que as primeiras manifestações pacíficas contra Assad eclodiram a 15 de Março – visando agora um alvo que é considerado um dos mais temidos no país e aquele que mais significativo papel tem tido na repressão infligida pelas autoridades contra os protestos ao regime.

Este ataque surge no mesmo dia em que a Liga Árabe reúne em Marrocos para oficializar a suspensão da Síria da organização, decidida já na semana passada, depois de o regime de Assad não ter cumprido no terreno os termos do acordo – que tinha aceite – para pôr fim a esta crise, que acumula mais de 3500 mortos, segundo estimativas das Nações Unidas.

O regime sírio, que argumenta estar a combater “grupos criminosos armados”, mantém os seus tanques e soldados dentro das cidades revoltosas, recusa permitir a entrada de jornalistas estrangeiros no país e nada fez ainda para encetar negociações sérias com a oposição, tudo condições expressamente elencadas no acordo do Plano de Acção Árabe.

Além da operação contra a base de Harasta, nos subúrbios da capital, os soldados rebeldes lançaram também durante esta noite e madrugada outros ataques, mas já de menor envergadura, contra postos de controlo militar nas imediações das cidades de Douma, Qaboun, Arabeen e Saqba. Dois dias antes o auto-designado Exército Livre da Síria atacara uma posição militar do regime em Deraa – a cidade onde surgiram as primeiras manifestações – causando a morte a 34 soldados leais a Assad e 12 desertores.

Por Dulce Furtado,
http://www.publico.pt, 16.11.2011

La crisis de la deuda en Europa «es un problema de voluntad política, no técnico», Barack Obama,

La crisis de la deuda en Europa «es un problema de voluntad política, no técnico», afirmó hoy el presidente de EE.UU., Barack Obama, en una rueda de prensa conjunta con la primera ministra australiana, Julia Gillard.

Obama indicó que, hasta el momento, los países europeos "han hecho progresos» pero añadió que la Unión Europea (UE) debe dejar claro que está decidida a «respaldar el proyecto europeo».

Hasta que eso no suceda «estaré muy preocupado hoy, mañana, la semana próxima y más allá», dijo, y los mercados continuarán los sobresaltos de los últimos días. Insistió en que Europa necesita «un plan y una estructura concreta que envíe a los mercados la señal clara de que está dispuesta a hacer lo necesario».

Hay un deseo genuino de resolver la crisis, pero con una estructura política complicada. «Es un problema de voluntad política, no un problema técnico», aseguró Obama.

Italia y Grecia han puesto en marcha gobiernos de unidad nacional que pondrán en marcha reformas, consideró. «Seguiremos asesorando a los europeos acerca de qué medidas creemos necesarias para que los mercados se calmen», dijo, pero advirtió de que esos países «van a tener que tomar decisiones duras».

En su opinión, hasta el momento, los países europeos han logrado avances en algunos aspectos, como la capitalización de los bancos, pero la prueba clave será el establecimiento de un cortafuegos lo suficientemente sólido como para demostrar «que respaldan el proyecto europeo, y el euro» y los países miembros de la eurozona tendrán la liquidez que necesitan para resolver su deuda.(...)

http://www.abc.es/20111116/economia/abci-obama-problema-euro-politico-201111160948.html

terça-feira, 15 de novembro de 2011

“Dunquerque ou Normandia?”

Só ontem acabei de ler a última edição do Expresso. O suplemento Economia traz um artigo de opinião de Luís Mira Amaral, um dos mais destacados apoiantes dos estarolas da São Caetano, com o sugestivo título “Dunquerque ou Normandia?”, através do qual se percebe o grau de consistência da coligação de direita:

‘(…) participei no desembarque cavaquista de 1985. Avancei sempre na primeira linha da infantaria, nunca consegui chegar ao estado-maior, mas curiosamente nunca fui atingido pelo fogo in, mas várias vezes alvejado pelas forças supostas amigas, as quais posteriormente me puseram em estado de coma na CGD… O mesmo parece estar a acontecer com o ministro da Economia neste desembarque. O CDS-PP quer o lugar e no PSD Moreira da Silva quer ser ministro da Energia, Transportes e Ambiente para o qual já tem como Gabinete de Estudos o Centro de Estudos da Energia, Transportes e Ambiente do Carlos Pimenta¹… O Álvaro que se cuide pois agora toda a gente reconhece a necessidade da função, talvez porque há muitos anos que não existia ministro da Economia.

No meio disto, apareceram também os treinadores de bancada, quais repórteres de guerra. Um deles, aliás já muito activo no governo Sócrates, é Bagão Félix, aquele que fez uma legislação laboral que nada resolveu mas levou a uma greve geral (um desastre em termos de análise custos-benefícios…) e que depois foi o pior ministro das Finanças que tivemos, brindando-nos com um défice superior a 6% do PIB e isto ainda sem crise financeira. Deus queira que as tropas aliadas não o sigam, se não ainda temos um novo Dunquerque…’
________
¹ Este notável texto deve também ser lido à luz dos interesses do lobby nuclear, naturalmente mais interessado na manutenção de um Álvaro sem vontade própria e que já admitiu que será estudada a possibilidade de construir uma central nuclear no país.


Publicado por Miguel Abrantes,
http://corporacoes.blogspot.com/

Governo propõe acabar com os feriados de 5 de Outubro e 1 de Dezembro

O Governo propõe cortar com os feriados de 1 de Dezembro, que assinala a restauração da independência, e de 5 de Outubro, que celebra a implantação da República,

A Renascença apurou que serão estes os dois feriados sugeridos pelo Executivo em contrapartida à proposta da Igreja, que avançou com a possibilidade de abdicar do 15 de Agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora, e do Corpo de Deus, um feriádo móvel que calha sempre a uma quinta-feira depois do Domingo da Santíssima Trindade que, por sua vez, tem lugar na semana depois de Pentecostes.

A proposta da Igreja é, por enquanto, apenas indicativa, já que a palavra final cabe ao Vaticano, uma vez que o assunto é regulado pela Concordata entre o Estado português e a Santa Sé.

As negociações formais com a Igreja deverão começar em breve. O Estado português será representado por João da Rocha Páris, ex-embaixador de Portugal junto da Santa Sé, e o Vaticano será representado pelo bispo emérito de Bragança, D. António Montes Moreira.

Ainda ontem, o Ministro da Economia referiu que não deverá haver mais mexidas, uma vez que os feriados que restam são inamovíveis. A proposta inicial do Governo foi desde sempre o corte de quatro feriados: dois civis e dois religiosos.

por Domingos Pinto
http://rr.sapo.pt/informacao

Desemprego sobe para 12,5%

A taxa de desemprego subiu para os 12,5% em Setembro, avançou hoje a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE). Em Agosto, a taxa tinha ficado inalterada, nos 12,4%.

Os números colocam Portugal no quarto lugar da lista dos países com maior taxa de desemprego dentro da OCDE. Espanha (com 22,6%) lidera a tabela, seguida da Irlanda (14,2%) e da Eslováquia (13,5%). (...)

http://rr.sapo.pt/informacao

Determinado a não facilitar

Otelo parece entusiasmado com os tumultos na Grécia. E ressuscitou no seu pior. Diz que não gosta de ver militares na rua, mas ameaça com uma saída dos quartéis. Desta vez, diz que até pode ser mais fácil organizar um golpe que derrube o poder político do que foi em 74. Bastam 800 homens.

Na Madeira, Alberto João Jardim não prepara a revolução, mas parece. Com a "troika" a exigir-lhe poupança, decidiu dar folga aos funcionários do seu Estado para o ouvirem discursar. Como se eles tivessem ouvido outra coisa nos últimos 30 anos.

Em Lisboa, Juncker, o presidente do Eurogrupo, encontrou-se com Passos Coelho, em S. Bento, à hora em que Jardim discursava. E não terão ouvido em directo a enésima insolência do político madeirense, que, ao tomar posse – mais uma vez – festejou à dívida contraída porque agora ela não seria possível.

Visto de fora, Portugal tem sol, é ameno, simpático e conta, para já, com um primeiro-ministro que se reafirma determinado a não facilitar na correcção das dívidas. Mas quem aterrasse ontem em Lisboa e ouvisse Otelo e Jardim bem podia lembrar-se do desabafo do general romano que um dia terá constatado: há na parte mais ocidental da Ibéria um povo muito estranho que não se governa nem se deixa governar.

Ângela Silva
http://www.rr.pt/

O Presidente do Conselho, Van Rompuy, elogiou as raízes cristãs da Europa

Roma,14 de Novembro, 2011 (ZENIT.org) - Durou todo o sábado a visita a Roma de Herman Van Rompuy, Presidente do Conselho da Europa. Na parte da manhã, Van Rompuy foi recebido em audiência pelo Papa Bento XVI, tendo com o pontífice um colóquio que durou uns vinte minutos.

"Vivemos uma época de crises", começou o Papa em seu discurso ao euro dirigente belga. "Europa tem grandes problemas", acrescentou o Santo Padre, com particular referência à crise económica. Van Rompuy, em seguida, apresentou sua esposa e o resto da sua delegação ao Papa.

De acordo com o que foi referido pela Sala de imprensa da Santa Sé, a reunião foi realizada "em uma atmosfera de cordialidade" que permitiu "uma troca útil de pontos de vista sobre a situação internacional e sobre a contribuição que a Igreja católica deseja oferecer à União Europeia".

O Presidente do Conselho Europeu deu ao Papa o livro Europe epure du dessin ("Europa esboço de um projeto"), enquanto Bento XVI homenageou Van Rompuy e a sua delegação com a medalha do seu pontificado.

Após a reunião com o Papa, Van Rompuy foi recebido pelo Secretário de Estado vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, e pelo Secretário para as Relações com os Estados, monsenhor Dominique Mamberti.

Posteriormente, o Presidente do Conselho Europeu visitou a Comunidade de Santo Egídio, onde ficou para o almoço, discutindo ainda sobre Europa, sobre a crise econômica e sobre o compromisso da União Europeia no Norte da África, depois da Primavera árabe.

Van Rompuy, por fim, participou da conferência Viver juntos na Europa de hoje, hospedado pela Pontifícia Universidade Gregoriana, durante à qual defendeu as raízes cristãs do velho continente.

O Presidente do Conselho da Europa citou o historiador belga Jacques Pirenne, que disse: "A Europa é um verdadeiro caos, formada por antigos povos romanos, cuja civilização tem origens milenárias, e por novos povos que incluem todos os graus de barbárie e semi-barbárie. A Igreja, unindo-os no cristianismo, cria a Europa. Não será uma entidade política, nem uma entidade econômica, essa será exclusivamente uma comunidade cristã".

O cristianismo foi um "elemento constitutivo” que “marcou profundamente as estruturas” do velho continente, acrescentou o ex-primeiro ministro belga.

A Europa como projecto político "foi a resposta para a guerra, para o horror". Essa está “fundada sobre esta rejeição e sobre esta escolha, pelo homem, contra a barbárie e o totalitarismo ", disse Van Rompuy.

A união dos valores que deveriam unir as nossas comunidades não deverá ser apenas a "solidariedade", conceito que "para não ser demasiado estéril, implica uma noção de partilha e de amor". É justo o amor, de acordo com Van Rompuy, o elemento fundamental: um amor "gratuito no sentido do dom".

O amor é uma "força transcendente", sem, no entanto, ser "abstracta". "Ele precisa, também, de concretização – continuou o euro dirigente -. O amor, como também a fé, está morto se não se traduz em obras".

Depois de prestar homenagem à Companhia de Jesus e ao grande legado religioso, cultural e cívico da congregação de Santo Inácio de Loyola, Van Rompuy concluiu com um elogio à cidade de Roma, citando uma frase do Papa Pio XII: "Roma, a geradoura, a anunciadora, a tutora da civilização e dos eternos valores de vida".

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Capitão Desassisado



Outro Ponto de Vista


Acácio de Brito
in DM de 11/11/11 

“O nosso conhecimento só pode ser finito, enquanto a nossa ignorância tem necessariamente de ser infinita” (Karl Popper)

A propósito do frenesim provocado pela presença, ou não, da selecção portuguesa de futebol no europeu da bola chutada pelos pés, uma reflexão: o futebol, enquanto prática desportiva, transformou-se, para bem e para mal, numa indústria de entretenimento que move milhões. Milhões de pessoas e de dinheiro! Os seus actores principais, os jogadores, transformam-se em autênticos deuses do Olimpo. Idolatrados por multidões, têm responsabilidades acrescidas. Significam para muitos, nomeadamente, os mais jovens, modelos que procuram seguir. Recordamos o exemplo de jogadores como António Simões, Coluna, Humberto Coelho, Fernando Gomes, Jordão, Nené, José Augusto e, por que não, Nuno Gomes, Rui Costa ou Messi, como modelos de bom comportamento. Queremos, ou procuramos esquecer, exemplos de outros e de um conjunto de indivíduos, capitaneados não sabemos por quem que, na celebração de uma vitória, que nós devemos parabenizar, a estragam completamente. Sempre visto, do palanque da vitória, o gozo é o insulto ordinário e gratuito. Só não é trágico porque é cómico. As acções caracterizam bem os seus autores. Contudo, não podemos permitir que alguns, sem qualquer formação cívica
e moral, se permitam, de forma leviana, insultar tantos que gostam de futebol e até são adeptos de clubes diferentes. Bem sei que a culpa não é só dos que aparecem, mas isto não deve constituir um factor de desculpabilização. Estes, os que aparecem, têm a responsabilidade acrescida de quem é visto como modelo. Sabemos que muitos dos ídolos têm pés de barro. Os exemplos, tanto no mercado doméstico como no exterior, são abundantes, desde um Vítor Baptista a Best, ou mesmo a Diego Maradona. Mas alguns parecem que nunca aprendem...
O problema, se calhar, pode ser outro: termos alguns dirigentes que, usando e abusando da mais fina ironia, julgam mesmo que são intocáveis! Quão efémeros são os poderes temporais! Às vezes, quando nos apercebemos desta iniludível realidade, o nosso tempo já passou!