sexta-feira, 30 de abril de 2010

Momento ZEN Rua do Souto


Fonte: obrigado pelo email CP

Sr. Presidente da República...

Se não fosse abusar da sua generosidade, estaria disponível para voltar a ser Primeiro-Ministro?

Questionado sobre se é oportuno adiar obras públicas, Cavaco Silva escusou-se a comentar “decisões específicas do Governo”, mas enunciou um “princípio geral”.


“Eu entendo que faz sentido reponderar todos aqueles investimentos, públicos ou privados, na área dos bens não transaccionáveis, que tenham uma grande componente importada, isto é, que utilizem pouca produção nacional e que sejam capital intensivo, ou seja, que utilizem pouca mão-de-obra portuguesa”, sustentou


(Não podia deixar escapar esta, quanto mais não fosse pela circunstância de ainda existirem em Portugal políticos com "princípios gerais", o que, nos dias que correm, é de sublinhar)

O Cachimbo de Magritte...



... sempre foi um dos meu blogues favoritos.

E agora ainda mais, já que passou a contar com a presença do meu blogger bracarense favorito. Vá lá e dê umas cachimbadas... com o Ricardo Rio.

Homos-computas

"Crise financeira reflete falência do Homo oeconomicus"

ROMA, terça-feira, 27 de abril de 2010 (ZENIT.org). – Na base da actual crise económica global está uma crise ética e cultural, mas também uma falência de uma antropologia que, para ser superada, exige um investimento na pessoa, no seu carácter relacional e no empenho educacional.

Estas são algumas propostas apresentadas durante o 60º Congresso da Federação Universitária Católica Italiana (FUCI), realizado em Piacenza, e que teve como tema “Uma economia para o homem. Quais são os desafios para o futuro?”. O evento foi concluído no domingo, 25 de abril, com uma celebração Eucarística presidida pelo bispo de Piacenza-Bobbio, Dom Gianni Ambrosio.

Durante os quatro dias de encontros, que contou com a participação de mais 200 estudantes de toda a Itália, tomaram a palavra diversas personalidades de renome, entre elas o ministro da economia da Itália, Tommaso Padoa Schioppa, e o presidente do IOR, Ettore Gotti Tedeschi.

Após a sessão de abertura, na qual foram abordadas as causas e as perspectivas da atual crise econômica, a realização das reuniões dos grupos de trabalho para o aprofundamento sobre o tema “estilos de vida” e da mesa-redonda, a assembleia federal aprovou o texto final de sua declaração conjunta.

No documento, afirma-se que atrás da bolha financeira “se desenvolveu crescimento excessivamente lastreado em débitos”, desvinculado da economia real e de qualquer forma de controle ético.

“A responsabilidade dos actores económicos” – continua a declaração – “deixou espaço para a especulação e o enriquecimento fraudulento, com frequência mascarados por uma eficiência de mercado”.

“Por trás da crise econômica, portanto, pode ser identificados sinais de uma crise ética e cultural, que diz respeito às dinâmicas mais profundas de nossa sociedade”.

“Aquilo que deveria ser um instrumento – a propriedade, a riqueza, as finanças – tornou-se princípio e fim de todos os esforços, medida única de todas as acções”, continua o documento.

“Eis o Homo oeconomicus, que tem fome apenas de dinheiro e visa tão somente à maximização do próprio ganho pessoal”.

“Mas, por trás de tal ânsia de acumular e possuir não estaria talvez um vazio de relações humanas autênticas, a ausência de uma partilha alegre, o medo de um futuro incerto”, perguntam-se os jovens da FUCI.

“Faz-se necessário, portanto, repensar a economia, sua regras, seu limites, seus instrumentos. Recomeçar partindo da pessoa deve ser a palavra de ordem”, afirmam.

“Mas a pessoa é, primeiramente, relacional: recomeçar a partir disso significa, portanto, superar o isolamento individualista e abrir a possibilidade de um encontro autêntico com os demais, com a criação e com a Transcendência”.

As empresas, assim, devem ser estimuladas “a ampliar sua visão e a passar de uma ‘responsabilidade limitada’ a uma ‘responsabilidade social’, em cujo centro estejam também os interesses e necessidades dos trabalhadores”.

“Uma economia de mercado imbuída dos conceitos de dom e de gratuidade pode se transformar em realidade no momento certo”, observa o documento. “Uma economia de mercado pluralística e regulada, a serviço do homem e de sua dignidade, é portanto indispensável para que a crise actual possa ser superada”.

Além disso, deve ainda “ser superada a dicotomia entre indivíduo e Estado: é preciso apontar para os organismos mediadores da sociedade civil, para tudo aquilo que se encontra entre o isolamento individualista e o conformismo de massa, e que possa agregar as pessoas em vista do bem comum”.

“As finanças éticas, o consumo crítico, as energias de baixo impacto ambiental, o software livre representam alguns dos cenários de um possível empenho pessoal e comunitário”, sugerem.

Para tal, é necessário “dar novo impulso à missão educacional, uma vez que a formação de uma consciência crítica o pressuposto fundamental de qualquer opção ética”.

Mas, principalmente, “é preciso que a dimensão ética de cada cidadão e a justiça das instituições sejam complementares”, pelo que os jovens pedem “às instituições políticas em todos os níveis – local, nacional e supra-nacional – que crie os espaços necessários para que estas escolhas possam ser feitas efectivamente”.

“Se cada homem está pronto para rever suas próprias escolhas à luz da fraternidade e do bem comum, poderemos construir um futuro mais humano”, concluem.

Anuário Pontifício 2010

121 milhões de católicos a mais no mundo entre 2000 e 2008

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 27 de abril de 2010 (ZENIT.org).- Está sendo apresentado nestes dias o Anuário Estatístico da Igreja, publicado pela Livraria Editora Vaticana, segundo recordou hoje a Sala de Imprensa da Santa Sé.

Entre os aspectos recolhidos nesta última edição, com dados de 2008, encontra-se um aumento no número de católicos no mundo, levemente superior ao do resto da população.

"O número de católicos baptizados passou de 1 bilhão e 45 milhões no ano 2000 a 1 bilhão e 166 milhões em 2008, (...) com um crescimento em termos percentuais de 11,54, um pouco superior ao crescimento da população mundial, que é de 10,77", indica o comunicado.

O catolicismo cresce de maneira diferenciada nos diversos continentes. A África é o continente com maiores números, chegando a um incremento de 33,02% entre 2000 e 2008.
No extremo oposto, na Europa, manifesta-se uma situação de prática estabilidade (1,17%), enquanto na Ásia o número de católicos cresce 15,61%; na Oceania, 11,39%; e na América, 10,93%.

Com relação ao número de católicos comparado ao de habitantes, observa-se que na Ásia há 3 católicos por cada 100 habitantes, enquanto na América há 63.

O número de bispos passou de 4.541 em 2000 a 5.002 em 2008, com um aumento relativo superior a 10%.

Neste sentido, conseguiu-se uma "melhor e mais harmônica distribuição de bispos nas realidades continentais", assim como "um significativo equilíbrio quantitativo entre sacerdotes e bispos, com o passar do tempo", segundo a Santa Sé.

Por outro lado, o número de sacerdotes aumentou nos últimos 9 anos: de 405.178 em 2000 a 409.166 em 2008.

Segundo sua distribuição, 47,1% dos sacerdotes do mundo está na Europa; 30% na América; 13,2% na Ásia; 8,7% na África; e 1,2% na Oceania.

Da combinação de variáveis demográficas, observa-se o aumento do número de católicos por sacerdote: de 2.579 católicos por sacerdote em 2000 a 2.849 em 2008.

Os diáconos permanentes passaram de 28.000 a 37.000 (uma variação relativa de 33,7%).

Também aumenta o número de seminaristas: de 115.919 em 2007 a 117.024 em 2008. O aumento ocorreu na África (3,6%), Ásia (4,4%) e Oceania (6,5%), enquanto na Europa diminuíram os candidatos ao sacerdócio (menos 4,3%).

O novo número indica que as religiosas professas são hoje 739.067, enquanto em 2000 eram 801.185 (uma diminuição de 7,8% ).

O Anuário 2010 foi apresentado a Bento XVI o último dia 20 de fevereiro

"Abuso de menores: olhar primeiro para as vítimas"

***

ROMA, quinta-feira, 29 de abril de 2010 (ZENIT.org).- Diante da onda de notícias sobre casos de pedofilia por parte de alguns sacerdotes católicos, a antropóloga Marta Brancatisano considera que o mais importante é pensar nas raízes do problema, na dor das vítimas e nas possíveis soluções.

Brancatisano participou no congresso Church and communications. Identily and dialogue. (Igreja e comunicações. Identidade e diálogo), que foi finalizado nesta quarta-feira na Universidade da Santa Cruz em Roma.

Durante sua intervenção, denominada Abusi sui minori: ripensare il futuro, una proposta antropologica, (Abusos a menores, repensar o futuro, uma proposta antropológica) ela denunciou que na Itália existem cerca de 15 redes de pedofilia.
Por isso, indicou que nesse tempo é necessário “dirigir a atenção sobre a sexualidade com uma compreensão antropológica”, segundo explica nesta entrevista concedida a ZENIT.

Marta Brancatisano é antropóloga pela Universidade La Sapienza de Roma. Dedicou-se à pedagogia e ao apoio da mulher em âmbito profissional e familiar. Escreveu vários livros sobre o tema.

–A senhora, na sua conferência, fez referência ao tema dos escândalos de pedofilia como uma “situação horrível que nunca queríamos ouvir”. Contudo, disse que se poderia superar.

–Marta Brancatisano: Sim, há algo positivo nessa tragédia que golpeou a Igreja. Porque foi posto em evidência violentamente que o problema existe. Que o problema é global. Há dois objectivos nesses factos de escândalo e de comunicação: queremos salvar a credibilidade da Igreja Católica ou queremos salvar as crianças? Pessoalmente, não os vejo como objectivos que se opõem. Mas, enquanto o primeiro objectivo é muito parcial, o segundo, e digo precisamente, não pode ser parcial. Deve ser o objectivo universal, de todas as instituições, de todos os Estados.

–Quais são as raízes do problema da pedofilia?

–Marta Brancatisano: Acredito que, no âmbito do mal individual, da debilidade e da perversão, a pedofilia sempre existiu e não me refiro à experiência cultural do mundo grego, mas a um comportamento que pode ser rastreado ao longo da história da humanidade. Essa é a diferença com o hoje: já foi comumente visto como destrutivo enquanto que hoje há pressões culturais para que possa ser considerado como expressão livre do ser, e isso faz parte - a pedofilia é o último elo - de uma concepção de sexualidade como expressão, e não como um modo para entrar em relação com o outro, que caracteriza nossa cultura.

–A senhora também apresentou em sua conferência outros factos nos quais a cultura de morte ataca fortemente as crianças.

–Marta Brancatisano: É assustador. Temos crianças-soldado, uma realidade bem conhecida e quase oficial. Temos crianças que são assassinadas para serem usadas como doadores de órgãos. Crianças que são "programadas", pondo características estruturais desde o ponto de vista biológico. Como mãe de família, posso dizer que se uma família com pais saudáveis provoca sofrimento às crianças, imagine o que pode acontecer no âmbito da violação. O ser humano é feito do mesmo: corpo, alma, psique, sentimento, instinto, mas no meio de tudo está a liberdade, por isso não somos predeterminados. Nesse sentido, penso que o apelo de Bento XVI para a reflexão, pedir perdão e orar é verdadeiramente uma estrutura importante da solução desse problema.

–Num escândalo mediático como este, como não encaminhar a atenção para o escândalo em si, mas para o bem-estar das crianças?

–Marta Brancatisano: É minha proposta! A comunicação é sempre emotiva. O horrível escândalo tem causado uma emoção de medo. O convite é para todos, também aos media. Devemos provocar uma emoção de esperança, se quisermos respeitar as vítimas. Não só castigando os culpados. Temos de dar esperanças de que as coisas que se passaram não acontecerão mais, porque racionalmente foram aplicadas as soluções. O resto eu acho que é somente uma série de emoções estéreis.

Entrevista com a antropóloga Marta Brancatisano
Por Carmen Elena Villa

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Quem acredita que ainda podemos ter S. João antecipado em Braga?



Eu acredito. Força Mágicooo!!!

Serviço publico Rua do Souto

CONDUZA COM PRECAUÇÃO
Se beber não conduza.
Nem fume um charro nem tome Prozac.

Vê a mota?

E agora? Já vê a mota?

E agora? Viu a mota?
 

Bolas. Até que enfim.

Fonte: obrigado pelo email PVP (atenção que aqui PVP não significa preço de venda a publico que a senhora é muito honesta).

"PT/TVI: PGR deu andamento à recusa de Rui Pedro Soares"

"A Procuradoria-Geral da República confirmou aos deputados que já enviou para o Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, para apreciação, a participação relativa à recusa do ex-administrador da PT Rui Pedro Soares em responder às perguntas na comissão de inquérito.

"«Recebemos a informação que o PGR deu andamento ao processo de recusa de prestação de declarações de Rui Pedro Soares», informou Mota Amaral aos deputados, durante a audição de José Eduardo Moniz."

Por: Catarina Pereira,
diario.iol.pt, 29.IV.2010

"Redução do 'rating' é 'duvidosa' para economistas alemães"

A redução da nota da dívida de Portugal pela agência de "rating" Standard & Poor´s foi hoje considerada "duvidosa" pela edição alemã do Financial Times, que sublinha que a economia portuguesa teve uma forte recuperação nos últimos meses.

"Os dados macroeconómicos de Portugal não pioraram nas últimas semanas e meses", afirma o chefe do gabinete de estudos económicos do Dekabank, Ulrich kater, no mesmo jornal.

Outro economista citado pelo Financial Times Deutschland, Roland Doehrn, do Instituto de Pesquisa RWI, defendeu também que a situação económica de Portugal "não é motivo" para agravar a nota da sua dívida.

"Os problemas económicos de Portugal e da Grécia não se agudizaram agora, o que mostra, mais uma vez, que as economias nacionais, durante a crise, se tornam um joguete dos mercados internacionais, com forte apoio das agências de rating", observou ainda Doehrn.

No artigo chama-se ainda a atenção para o facto de Portugal ter subido, em Março, no Índice ESI da Comissão Europeia, que mede diversos indicadores de 91 para 95,2 pontos, enquanto que a Grécia desceu sucessivamente no mesmo índice nos últimos cinco meses.

Além disso, as previsões de crescimento económico do Governo português - de 0,7 por cento do Produto Interno Bruto em 2010 e quase um por cento em 2011 - são positivas e na opinião dos analistas do Commerzbank, segundo maior banco privado alemão, são também "bastante realistas".

O jornal alemão destaca ainda que Governo e oposição chegaram a acordo em fins de Março sobre um novo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e que a dívida pública portuguesa, 78,6 por cento do PIB, "é moderada", em comparação com os 115 por cento da Grécia.

Porém, na opinião de Charles Wyplosz, professor no Institute of International Studies, de Genebra, citado pelo Financial Times Deutschland, entretanto "já não interessam as perspectivas económicas de um país, quando este cai na mira dos mercados".

"Nos dias que correm, todos os países com défices e dívidas elevados são vulneráveis a ataques dos mercados, porque quando os investidores começam a apostar contra um país, os outros vão atrás", explicou o economista.

Wyplosz afirmou ainda que as agências de "rating" desempenham um "papel especial" neste processo, como "os canais de transmissão do círculo vicioso" que amplificam o sentir dos mercados.

É possível, no entanto, travar esta espiral e acalmar os mercados, "não através do anúncio de um pacote de ajudas financeiras de outros países, mas sim através da implementação do mesmo pacote", refere Ulrich Leuchtmann, perito em macroeconomia do Commerzbank, dando o exemplo do que aconteceu na Hungria.

Quando este país da Europa de Leste iniciou negociações com o FMI, há dois anos, os mercados não reagiram, mas quando as primeiras ajudas chegaram, a taxa de risco da Hungria melhorou.

Lusa;
DN, hoje

"Construção de um monstro"

"As coisas à distância surgem alteradas. Por isso os heróis e vilões da história pareceram em geral muito diferentes dos contemporâneos. As duas visões são válidas, aspectos distintos de personalidades e épocas complexas. Isso vê-se bem tentando adivinhar como a nossa realidade será descrita daqui a séculos.

"O tempo realiza dois fenómenos sobre o panorama de uma era. Primeiro esquece pormenores e reduz o relato aos traços estruturais. Depois concentra os actos e ideias de multidões no líder do momento. Por isso, por muito que surpreenda, é provável que José Sócrates fique na história de forma distinta daquela como o vemos, como o monstro que vandalizou a família e a cultura portuguesas.

"Em breve desaparecerão as questões que hoje dominam a política nacional. Défices, escândalos, obras, reformas parecerão detalhes ínfimos aos nossos descendentes. Aquilo que chocará o futuro são sem dúvida as tentativas radicais e atabalhoadas na legislação da família.

"Se virmos com atenção, é impressionante o número e alcance das medidas de alguns meses. Em lugar destacado está a lei do aborto de 2007, responsável pelo morticínio de milhares. Às próximas gerações não passará despercebida a enorme fraude política de usar um referendo não vinculativo sobre a despenalização para impor não só legalização mas fomento com dinheiro de impostos. Deste modo, uma simples decisão inverteu totalmente a atitude legal face à prática, da proibição à promoção descarada.

"O aborto é apenas um aspecto, de longe o mais sangrento, da vasta investida recente contra a vida. A "lei da procriação medicamente assistida" de 2006 assumiu um regime laxista e irresponsável na protecção ao embrião humano, ultrapassando o pior do mundo. As leis do divórcio de 2008 e uniões de facto de 2009 constituem enormes atentados à instituição familiar, só comparáveis à campanha de 2010 pelo casamento do mesmo sexo. Mais influente, o Estado sob a capa de educação sexual impõe às crianças e jovens a sua ideologia frouxa e lasciva. A tolice atinge o paroxismo em detalhes ridículos, como as praias de nudistas onde se anuncia regulamentação. Em todos os casos fez-se a coisa de forma apressada, ligeira e arrogante, à maneira dos tiranos de antigamente, sem respeito por instituições e articulados seculares.

"Tudo isto são só papéis, que se mudam facilmente. Mas, mesmo que mudem, à distância tudo parecerá resultado de obsessão maníaca. Até porque os efeitos nefastos são bem visíveis. Desde 2007, a mortalidade ultrapassou a natalidade. Portugal é o país com menor fertilidade na Europa ocidental, das mais baixas do mundo. Esta catástrofe demográfica faz de nós um povo em vias de extinção e ameaça a nossa herança e cultura. O número de divórcios é mais de metade dos casamentos, enquanto a coabitação precária e os filhos fora do casamento explodem, gerando lares esfarrapados, insucesso escolar, de- pressões, miséria, crime.

"O futuro não compreenderá que o Governo não só não o note mas se encarnice em agravá-lo. As gerações vindouras só o entenderão atribuindo-o a um magno plano malévolo, como fazemos a Nero, Napoleão ou Hitler. A teoria vácua da "modernidade" invocada em discursos, será vista como capa para propósitos sinistros, cultos sexuais, taras pessoais, desequilíbrios doentios.

"Sobretudo será impossível convencer os longínquos do que para nós é evidente. Todas estas medidas de profundo alcance foram tomadas mais por descuido que desígnio, na distracção da conjuntura. Para quem apenas pensa politicamente nos títulos do fim- -de-semana, as mudanças radicais na mais estrutural legislação são detalhes retóricos, meras formas de polir os emblemas de esquerda embaciados pela política económica. Por exemplo, nem sabem o que fazer do colapso demográfico. Nestes ataques à vida e família, vê-se mais inconsciência que maldade, irresponsabilidade que propósito, desdém que planeamento.

"Mas, tudo considerado, os nossos netos são capazes de ter alguma razão. Afinal, à distância vê-se o que a confusão do momento esconde."

por JOÃO CÉSAR DAS NEVES,
DN, 26.IV.2010
naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

"The Beauty and the Best" *


* título do The Daily Mirror

"Io non volevo la palla..."



"Io non volevo la palla, perché Barcellona vuolle pressare la palla... Se noi non abbiamo la palla, come possono loro pressare?" - José Mourinho, após ter eliminado da Liga dos Campeões a melhor equipa do mundo da actualidade.

terça-feira, 27 de abril de 2010

A minha benção meu filho...

O que eu sempre soube acerca das mulheres mas ainda assim tive de perguntar

Por Rui Zink

TRATAM-NOS MAL mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores.
São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem dez anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-se mesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até a mais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens.
São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça, mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar.
E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco.

Nota: dedicado a umas quantas senhoras que não entendem os homens. E nós, então? Até ameaçam tornar-se lésbicas, imagine-se.

Fonte: obrigado pelo email FM 
 

Um post à preguiçoso.

Porque hoje ao ler a imprensa não conseguia decidir que comentar aqui na rua, desenrasquem-se os leitores porque a trampa é tanta:

Greve: comboios param, autocarros garantem serviços mínimos - Publico
Bolsa de Lisboa perdia mais de 2,5 por cento ao meio-dia - Publico
Governo tinha de conhecer negócio PT/TVI - Expresso
Governo elimina chumbo por faltas no Estatuto do Aluno - Expresso
Governo admite que provas de recuperação incentivaram alunos a faltar mais às aulas - Publico
Transportadoras fazem pedido inédito: vá para o trabalho pelos seus meios - Publico


Será que ainda consigo arrancar um sorriso a alguém? Vamos lá ver:

Mulheres que não se depilam: espíritos livres ou apenas desmazelo? Ionline
Cerca de 60 por cento das pessoas com excesso de peso considera ter peso ideal - Publico
Pirata põe à venda 1,5 milhões de contas do Facebook - Expresso


Especial USA:
Anúncio de lingerie XXL provoca polémica nas televisões americanas - Expresso
Mulher chama 112 para pedir boleia para casa - Sol

E está feito por hoje. Desculpe o leitor mas hoje deu-me total preguiça.

Afinal em que ficamos. É boi ou vaca?

O governo PS já nos habitou ao facto de os seus membros serem solidários mas principalmente coerentes.
Ora se o ministro da economia Vieira da Silva diz isto criticando as propostas de de alteração ao PEC sugeridas pelo PSD, nós mortais cidadãos acreditamos que os nosso governantes sabem bem o que dizem e que talvez o PSD desta vez não se tenha saído muito bem.
Ora se então, ainda a digerir as palavras deste ministro, vem logo outro, desta vez o das finanças, Teixeira dos Santos e diz isto. E isto é registar o contributo das propostas do PSD para o PEC e salientar que algumas delas já constam até do PEC aprovado.
Mau. Afinal em que ficamos?
Será que podemos deduzir que, sendo as propostas do PSD uma mão cheia de nada, o próprio PEC será duas mãos de nada cheias?
Ou será que um dos dois ministros, o da economia ou o das finanças,  não leu o PEC? Pior ainda. Não o entendeu?
Não. O das finanças não devia era saber que o da economia malhou no PSD no parlamento, só para comunicação social ver.
Estão a ver? No parlamento o PSD não podia nunca sair como um dos contribuidores para o PEC.
Valha-nos Deus que a comunicação social divulgasse naquele dia importante do debate que a oposição afinal sempre servia para alguma coisa e não é bem o "papão" que o PS pinta por aí. Não comece o povo a perceber finalmente a realidade.
Em vez disso, ficamos com estes tristes espectáculos.

Fontes: Dinheiro Digital, Ionline

Antes da ordem de trabalhos do dia

Não vou fazer grandes comentários. Apetece-me. Se me vissem agora estou a morder-me todo e a contorcer-me para me conter.

Mas mérito não é meu. Por isso deixo apenas o LINK e acreditem que vale mesmo a pena ler.
Soube desta noticia neste blogue que acompanho.
E depois deixem aqui o vosso comentário. Talvez então eu diga o que me vai na alma.

Apenas uma nota adicional. Os meus parabéns aos protagonistas. Eu se pudesse também fazia o mesmo.



Adenda às 14h35 - este post tem agora uma bolinha vermelha no canto superior direito e não é aconselhável a leitura dos seus comentários a pessoas impressionáveis ou sem sentido de humor.
Eu avisei.



Fontes: Arrastão e Viciada em Loucura

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Lip Dub da Velha-a-Branca

A Rua do Souto foi desafiada a publicitar um evento em Braga. A ideia era excelente, pretendia promover um espaço cultural e por isso alinhamos.
Foi no dia 24 de Abril e juntou centenas de figurantes. Tratou-se de fazer um vídeo "lip dub" e o resultado foi este.


Parabéns à Velha-a-Brancahttp://www.velha.org/. Resultou excelente.

sábado, 24 de abril de 2010

Isto cheira-me a...

O líder parlamentar do CDS, Pedro Mota Soares, avançou hoje à agência Lusa que o partido "vai chamar com caráter obrigatório e de urgência a ministra do Trabalho ao Parlamento para que dê uma explicação aos portugueses sobre o que se está a passar no Instituto do Emprego e Formação Profissional" (IEFP). O CDS pretende esclarecimentos sobre informações que indicam que, "pelo menos em 31 situações, mas que podem ir quase até às 600, o instituto do emprego está a fazer uma fraude à lei".



Fonte: SicOnline

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Duas das coisas que mais gostamos...

Mas juntas são perigosas!


Boas gargalhadas e bom fim-de-semana.

I (really don't) hate to say "I told you so" - Domingos Névoa absolvido

Hoje é, pelo menos para mim, dia de gabarolice aqui no Rua do Souto.

Quando, há coisa de um ano e meio (foi, salvo erro, na sessão plenária de Dezembro de 2008), tive a oportunidade de dizer na Assembleia Municipal de Braga que a histeria à volta do caso Bragaparques/José Sá Fernandes era altamente precipitada, não faltou quem dissesse cobras e lagartos deste vosso amigo. Desde a piadinha sobre a "avença do Névoa" até considerações menos abonatórias sobre a minha integridade moral, houve "bocas" para todos os gostos.

Tudo porque eu entendi que não devia ir atrás da inquisição promovida pelo Bloco de Esquerda e pelo PSD (este último virando o bico ao prego em relação à posição assumida uns meses antes) sobre um cidadão bracarense que, até prova em contrário, estaria inocente. E, sabe-se agora, estava mesmo...

O certo é que, à época, andava tudo demasiado empolgado com a possibilidade de um "peixe graúdo" de Braga ser apanhado nas malhas da corrupção. Depois da minha intervenção na AMB que causou azia a alguns paladinos da moral bracarense, houve ainda outros episódios(veja-se, por exemplo, aqui) em que o Sr. Domingos Névoa foi indevida e injustamente achincalhado.

As cabecinhas pensadoras de Braga - aqui incluindo pessoas de valor, que tinham obrigação de demonstrar outro tipo de responsabilidade - esqueceram-se de uma coisa essencial: às tantas, um cidadão oferecer dinheiro a outro cidadão para que este retire um processo em tribunal (que intentou enquanto tal e não na qualidade de vereador) não é crime, é o dia-a-dia dos tribunais...

Assim sendo, a armadilha montada de forma cobarde pelos irmãos Sá Fernandes só podia cair - se não fosse pela sua ilegalidade e/ou cretinice intrínsecas, havia de ser pela precipitação na qualificação jurídica dos factos.

Não tenho nada contra o combate à corrupção. Mas preferia e prefiro um país de corruptos a um país de canalhas com gravadores. Queria e quero um país no qual seja impensável utilizar-se um processo-crime contra um cidadão como rampa de lançamento de uma carreira política. Fico orgulhoso de viver num país onde os tribunais superiores sabem distinguir o que é corrupção do que não é corrupção. E, sobretudo, confio numa justiça que tem coragem de combater actos de corrupção e não aquelas pessoas de quem se diz serem supostamente corruptas.

Por fim, uma mensagem a todos os que se apressaram a concluir que eu devia ter uma razão obscura qualquer para ter feito a defesa de Domingos Névoa que fiz na Assembleia Municipal de Braga: agora que a minha razão obscura viu a luz do dia e que a vossa excitação se sumiu num ápice, como se tivésseis ingerido Viagra estragado, estais, como sempre estivestes, perdoados.


P.S. - Não obstante, podeis, se quiserdes, utilizar a caixa de comentários para admitir que eu estava, como tantas outras vezes, cobertinho de razão :)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Velharias do meu baú

ComiChões parlamentares...

Democracia 36 anos depois. Ás vezes!

«O General Ramalho Eanes, antigo Presidente da República, foi o segundo convidado da Antena 1 do ciclo de entrevistas a Chefes de Estado após o 25 de Abril.
Numa análise a Portugal e ao mundo, que percorreu as últimas décadas, Ramalho Eanes referiu que a situação financeira portuguesa é muito preocupante e entende que há um trabalho ciclópico a realizar no futuro.
Relembrando a Revolução dos Cravos, Ramalho Eanes reconhece que passados 36 anos, o 25 de Abril "não conseguiu responder às aspirações justas e fundadas e aos interesses legítimos da maioria dos portugueses" sublinhando que a Revolução de Abril trouxe a liberdade a Portugal, mas que a Democracia não funciona bem no nosso país.
O ex-Presidente da República assume ainda que a descolonização "não foi a melhor, muito longe disso". E acrescenta que "foi a possível (...) fez-se o que se pôde" atendendo à "situação que se vivia no momento", em Portugal e no mundo.»

Nunca simpatizei muito com Ramalho Eanes. Mas nutro por ele a admiração de uma pessoa que considero inteligente, integra e defensora dos interesses de Portugal. Por isso leio e ouço com atenção quando, em entrevista, diz aquilo que acabei de citar. Dá que pensar, quando o diagnóstico de 36 anos de democracia em Portugal são frágeis ao ponto de não servirem os interesses de todos os portugueses. Mas quem serão os outros. Aqueles a quem serve na perfeição este tipo de democracia? Talvez os "lobbys" instalados no país, os arguidos nos processos de corrupção que abundam como cogumelos no Inverno, os criminosos, os que usam e abusam dos "job for the boys" e utilizam em seu proveito aquilo que deveria ser em primeira instância serviço publico, os que circulam à volta do poder instalado e vão saltando de cargos públicos para empresas com interesses do estado, enfim, todos aqueles que toda a gente conhece e toda a gente fala. E os que ainda entrarão neste clube restrito.

E cito «...não conseguiu responder às aspirações justas e fundadas e aos interesses legítimos da maioria dos portugueses



Fontes: Antena 1 - ouça a entrevista na integra

Dia da Terra

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Câmara de Coimbra corta acesso dos funcionários ao Facebook

A Câmara de Coimbra cortou o acesso dos computadores da autarquia à rede social na Internet Facebook, justificando que são para trabalhar e "não para satisfazer os interesses ou desejos dos funcionários".

Ora aí está. Não faz falta aos serviços, acabe-se. Pois claro.
Depreendo por isso que terá existido motivo para que a autarquia tomasse esta iniciativa.
Vamos percebendo porque é que vamos a uma repartição publica e vemos 30 funcionários nos computadores mas apenas um guiché a atender o publico. Os restantes 29 estão algures numa "farmville" a tratar da quinta virtual, pois claro.
Espero que agora estejam atentos aos Messenger, Twitter e restantes ferramentas.

Fonte: Publico

Dinheiros publicos. Que destino? Paris...


Com 97 votos a favor, todos do PS, e 97 votos contra, dos deputados do PSD e do Bloco de Esquerda, a votação do despacho de Jaime Gama, que autoriza o pagamento das viagens a Paris da deputada socialista Inês de Medeiros empatou. Mas a medida acabaria por ser aprovada com o voto de qualidade do socialista José Lello,, presidente do Conselho de Administração da Assembleia da República.

aqui tinha falado neste assunto, na altura falava-se numa alteração do regime de ajudas de custas dos deputados da A.R.

Está na altura, se calhar, de alterar a lei eleitoral e restringir a candidatura de deputados ao parlamento, a candidatos que não vivam no país.

Fonte: Publico

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ponha aqui o seu votozinho...

É bom que os políticos em Portugal se tornem imaginativos. Pelo caminho que as coisas seguem, é bom mesmo!

Fonte: Expresso

Lá como cá - empregos abençoados

Debate no Parlamento europeu em Estrasburgo, França

Fonte: Expresso

Estátua do Cónego Melo

Certas coisas são como a sarna. De vez em quando dão comichão, coçamos e depois passam.

Fonte: Diário do Minho

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Falem agora de pedofilia e dos seus culpados!

 «O Tribunal de Braga condenou hoje a cinco anos de prisão, com pena suspensa, um homem acusado de violar uma menina de oito anos.
O colectivo de juízes da Vara Mista suspendeu a execução da pena, com a condição de o arguido pagar 35 mil euros a título de indemnização à família da vítima, nos próximos dois anos.
O Tribunal deu como provado que o arguido abusou sexualmente da menor, com consumação do ato sexual.»

Eu nem vou aqui argumentar muito. Porque esta sociedade é uma palhaçada e todos, mas todos, somos culpados.
Enquanto se tentarem travar guerras e acertar contas antigos, usando para o  efeito um crime hediondo como a pedofilia, em vez de ter a coragem para tomar medidas sérias para travar e punir os criminosos, então seremos todos culpados por cada caso a mais que venha a acontecer.

Se esta noticia fosse mais um escândalo que envolvesse padres ou a igreja católica, não tenho duvidas que faria as manchetes dos jornais e televisão.

Por isso eu digo. Querem fazer uma caça às bruxas, pois então boa caçada. mas que não seja desculpa para que nada se faça para combater e punir crimes sexuais (pedofilia ou outros).

Enquanto continuarmos a enfiar a cabeça na areia, todos seremos responsáveis por cada novo caso que aconteça e por cada nova decisão como a aqui referida tomada pela justiça portuguesa.

É em momentos deste que tenho vergonha de ser português.

Fonte: Diário de Noticias

Aí está uma vertente do futebol que me ultrapassa...

“Ver Messi é como ter um orgasmo” - palavras de Luís Figo à TVE
 
Quanto ao duelo que está a marcar a actualidade, entre Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, Luís Figo admitiu que desfruta mais a ver o pequeno génio argentino. «São jogadores distintos, depende do estado de forma de cada um. Mas sem dúvida que para mim é um prazer ver Messi jogar, é como ter um orgasmo, é um prazer incrível», disse Figo.


Eu confidencio que qualquer umas destas jogadoras acima retratadas conseguia de mim o mesmo efeito. Gostos são gostos.
Embora, confesso, goste muito de ver jogar o Leonel Messi. Mas, daí... 


Fonte: Publico

"O Papa e a pedofilia"

"Em 1936, um historiador alemão que vivia na Catalunha ouviu por acaso um grupo de camponeses que falava sobre a Igreja. Para espanto dele, os camponeses, que tinham assassinado e torturado milhares de católicos, repetiam as críticas dos folhetos contra Roma, distribuídos na Alemanha do século XVI. Se a Igreja não muda, o anticlericalismo também não. De Lutero ao "Iluminismo" e da grande revolução francesa aos pequenos jacobinos de Portugal e Espanha, que há pouco menos de cem anos queriam ainda, como Voltaire, "esmagar a Infame", a Igreja é invariavelmente acusada pela sua presuntiva riqueza e pelo comportamento sexual do clero. Agora chegou a vez da pedofilia, porque na sociedade contemporânea a pedofilia se tornou no último crime sexual.

"Claro que Bento XVI já disse que a pedofilia era um crime, além de ser um pecado, e acrescentou que os padres pedófilos tinham feito mais mal à Igreja do que mil anos de perseguição. Claro que Bento XVI mandou investigar o caso, removeu bispos, suspendeu padres, castigou culpados. (...) Mas, como de costume, a lógica não abala o anticlericalismo. O anticlericalismo decretou que a Igreja intencionalmente encobre (ou encobriu) a pedofilia e não vai mudar. Quem sabe, mesmo à superfície, alguma história sabe que desde o princípio isto foi assim. Ratzinger, que não nasceu ontem, com certeza que não se perturba.

"Até porque provavelmente percebe que, por detrás do escândalo do encobrimento, está o ódio ao Papa "reaccionário"; ao Papa que se recusou a transigir com a cultura dominante em matérias como o divórcio, o aborto, a homossexualidade, o celibato do clero e a ordenação de mulheres. Não ocorre ao anticlericalismo que a integridade da Igreja pode exigir essa rigidez, como já mostrou a rápida ruína do anglicanismo. Ratzinger compreende que, sem o apoio do Estado ou influência sobre ele, a Igreja depende essencialmente da convicção e da força com que conseguir conservar a sua doutrina. Qualquer fraqueza a transformará numa instituição vulgar, à mercê da opinião pública e das mudanças do mundo. Isso Bento XVI não quer. Como não quer encobrir a pedofilia."

Vasco Pulido Valente,
Público, 18-4-2010

"A Marcha Fúnebre de Chopin nasceu na Polónia"

"Quando Putin, num gesto louvável, decide pacificar a memória polaca, o avião [com o presidente] cai a um passo da reconciliação.

"Katyn é uma pequena vila, envolvida pela floresta que lhe deu o nome, localizada a cerca de 20 quilómetros de Smolensk, a cidade russa onde, num acidente de aviação, morreram o presidente da Polónia e mais 90 pessoas que se dirigiam ao memorial das vítimas de Katyn, para finalmente pacificarem a memória de um dos mais dramáticos acontecimento da história do país.

"Em Katyn, segundo os últimos dados oficiais russos, foram executados 21 768 polacos e enterrados em valas comuns.

"Para se perceber a dimensão do drama é necessário recordar que, desde Agosto de 1939, vigorava o pacto germano-soviético, o conhecido Tratado Molotov-Ribbentrop. É nesse enquadramento de divisão de fronteiras entre a Alemanha nazi e a URSS comunista que o Exército Vermelho invadiu a Polónia e fez mais de 300 mil polacos prisioneiros. Estes prisioneiros foram levados para a URSS e entregues ao NKVD (a polícia secreta soviética) que os enviou para o Gulag, os campos de concentração comunistas. Muitos seguiram para Katyn, outros, centenas de milhares, foram enviados em comboios para outros campos de concentração na Rússia, na Ucrânia ou na Geórgia. Os prisioneiros de Katyn foram todos fuzilados por ordem do órgão máximo do Partido Comunista da URSS.

"O Politburo do Partido Comunista aprovou, a 5 de Março de 1940, a ordem de execução dos prisioneiros de Katyn. Cinco membros do Politburo assinaram a proposta escrita por Estaline e Béria (Molotov, Voroshhilov e Mikoyan), como se pode ver no documento divulgado e que faz parte dos arquivos do Comité Central.

"Hoje, estão identificadas as vítimas e conhecem-se os seus nomes, sabe-se quem eram, têm monumentos em vários locais do Mundo. No total do massacre, foram executados metade dos oficiais e generais do exército polaco, sete capelães, entre outros padres, pilotos e marinheiros, 300 médicos, centenas de académicos, advogados, artistas, jornalistas. Numa palavra: foi fuzilada a maior parte da intelligentsia polaca. Fuzilados com um tiro na cabeça e atirados para a vala comum.

"O PCUS negou que o massacre tivesse acontecido. Como se Katyn não tivesse existido. Só quando as tropas nazis alemãs invadiram a Polónia e descobriram as valas comuns é que imediatamente Moscovo "explicou" que tinha sido um massacre dos alemães.

"Mesmo durante a guerra contra os nazis, quando o governo polaco no exílio se aliou à URSS para formar um exército polaco e combater os alemães, os russos continuaram a negar qualquer fuzilamento e explicaram que os milhares de polacos desaparecidos andavam certamente perdidos. Foi assim que a Alemanha nazi usou Katyn contra a URSS, atribuindo a URSS oficialmente o massacre aos nazis.

"Os comunistas soviéticos apressaram-se a apresentar "documentos", a anunciar "investigações", a chamar entidades "isentas". Conseguiram. Katyn, no fim da guerra é atribuído, mesmo pelos aliados, aos alemães. Simultaneamente, torna-se num tema proibido na Polónia comunista, tema chorado, cantado e sussurrado, que só volta a emergir depois da queda do comunismo.

"O povo polaco, as famílias das vítimas sabiam, sempre souberam, a verdade. O Solidariedade tentou homenagear as vítimas de muitas formas, sempre reprimidas… Só em 1989 Gorbatchev admite que o NKVD tinha a responsabilidade do massacre de Katyn. A verdade fez o seu caminho. Boris Yeltsin, pressionado pela vontade do povo polaco de saber a verdade, liberta alguns documentos e é construído o memorial.

"Não chega. Os polacos, particularmente os familiares das vítimas, querem saber toda a verdade e querem aceder a todos os documentos existentes na Rússia sobre Katyn, incluindo fotografias, o filme do NKVD e querem saber porquê. Querem sobretudo saber se o NKVD o fez em conivência com a Gestapo na sequência do Pacto germano-soviético.

"Quando finalmente o presidente Putin, num gesto louvável, decide pacificar a memória polaca, convidando o presidente Lech Kaczynski para a cerimónia dos 70 anos do massacre, o avião presidencial despenha-se junto a Katyn, ao tentar aterrar em Smolensk. A 20 quilómetros de Katyn. Cai a um passo da reconciliação, mas com a força da verdade encontrada e deixa o horror marcado no rosto dos polacos que choram as suas vítimas e agora os seus mortos no acidente de 10 de Abril. Parece-me que a Marcha Fúnebre de Chopin nasceu na Polónia e não deve ter sido um acaso."

Zita Seabra,
JN 2010.04.18

Futeboladas.

Fonte: email do Nuno O. Dias

Porque uma imagem vale mais do que mil palavras...

As obras de melhoramento que ocorreram à cerca de um ano só custaram 1 milhão de euros (coisa pouca) dos dinheiros públicos, ou seja nossos.

Pelos vistos, os benefícios foram praticamente só para algumas contas bancárias.



Fonte: Correio do Minho

«Variante Sul de Braga "chumba" no teste de forte chuvada»

***


"As fortes chuvas que na tarde de sábado se abateram sobre Braga colocaram a descoberto que os túneis continuam a ser os grandes pontos negros na rede rodoviária da cidade. A precipitação revelou que a Variante Sul apresenta problemas, apesar das obras recentes a que via foi sujeita, que ascenderam a quase um milhão de euros."


Por Joaquim Martins,
"Diário do Minho", 19.4.2010

"Eu me preparei a vida inteira para ser Presidente", Serra

(À atenção do Dr. Ricardo Rio)

***


"José Serra não poderia encontrar ambiente mais propício para iniciar sua campanha. Duas novidades contribuem para isso. A primeira é que os tucanos estão animadíssimos – o que havia muito tempo não ocorria. Desde 2003, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso colocou a faixa presidencial no pescoço do petista Luiz Inácio Lula da Silva, os militantes do PSDB passaram a amargar uma espécie de fossa de fundo existencial. A saída do poder jogou o partido numa crise de identidade em que ninguém sabia ao certo que bandeiras defender ou que líderes seguir. Na semana passada, o PSDB parecia ter reencontrado o seu eixo. Ao barulhento lançamento da candidatura de Serra, acorreram mais de 6 000 militantes do partido. Vindos de todos os estados, carregavam bandeiras, espremiam-se uns contra os outros e cantavam sem parar no amplo auditório alugado pela sigla. A maioria usava camisetas nas cores azul e amarelo, algumas com inscrições como "temos orgulho do que criamos". Era um clima diametralmente oposto ao registrado nos últimos encontros do partido. O motivo da animação é que o PSDB, finalmente, tem um projeto definido, aprovado e defendido por todos na sigla: eleger José Serra presidente da República. E eis aí o segundo elemento a pavimentar o caminho de Serra nessa campanha. Seu partido vai unido para a briga. E isso, tratando-se de PSDB, é outra grande novidade.


"O próprio Serra é o maior responsável pela unificação do partido. Nas duas últimas eleições presidenciais, o PSDB marchou dividido. Em 2002, a primeira candidatura de Serra à Presidência só se consolidou ao custo de engalfinhamentos com tucanos diversos, como o ex-ministro Paulo Renato e o senador Tasso Jereissati. Em 2006, Geraldo Alckmin foi o escolhido – mas também só depois de emparedar Serra e toda a cúpula de seu partido. Essas contendas internas costumavam causar fraturas que custavam a cicatrizar. Como resultado, cada um remava para um lado e o barco tucano não saía do lugar. Desta vez, a situação é outra. Serra impôs sua ascendência de forma natural. Depois de passar pelo governo Fernando Henrique, pela prefeitura e pelo governo de São Paulo, ele é hoje reconhecido por seus pares como o mais preparado entre os tucanos para enfrentar o desafio de presidir o país. O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, que também sonhava em se lançar na disputa pelo Planalto, abriu-lhe passagem, no fim do ano passado, num gesto maduro e generoso. Na festa de lançamento de Serra, foi Aécio o autor do discurso mais inflamado do dia em defesa do candidato. Os tucanos que ainda sonham ver o mineiro candidato a vice-presidente na chapa do partido quase levitaram.


"No discurso com o qual se lançou, Serra refutou a narrativa petista de que o Brasil só começou a ser construído em 2003, com a chegada de Lula ao poder. Disse que o momento positivo que o Brasil vive hoje se deve às conquistas obtidas por toda a sociedade desde o fim do regime militar, sobretudo à Constituição de 1988. Criticou a política externa brasileira e a sua inclinação para sustentar regimes autoritários, como os de Cuba e do Irã, e reservou boa parte da fala para condenar a estratégia petista de estimular uma disputa entre pobres e ricos na sociedade. "Não aceito o raciocínio do nós contra eles. Não cabe na vida de uma nação. Somos todos irmãos na pátria. Lutamos pela união dos brasileiros, e não pela sua divisão", disse. O tucano também criticou o modo petista de governar, abrigando apaniguados em todas as engrenagens da máquina pública: "O Brasil pertence aos brasileiros que não dispõem de uma ‘boquinha’, que exigem ética na vida pública porque são decentes, que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida". Por fim, repisou o slogan que deverá dar o tom da sua campanha, "O Brasil pode mais". Serra está decidido a sublinhar suas diferenças em relação ao PT, mas sabe que não levará vantagem colocando-se como o "candidato da mudança", como fez Lula em 2002 ou Barack Obama, nos Estados Unidos, em 2008. Por isso, pretende insistir no raciocínio segundo o qual o Brasil melhorou muito desde a redemocratização, e ele, José Serra, é o mais preparado para dar continuidade a esse ciclo virtuoso.


"Na forma, o discurso do ex-governador de São Paulo foi sensivelmente diferente daquele que ele proferiu em 2002, na primeira vez em que se candidatou a presidente. Naquela ocasião, ainda ministro da Saúde, discorreu de forma técnica e preocupou-se, sobretudo, em elencar seus feitos como homem público. Desta vez, preferiu apelar para a emoção: "Venho hoje, aqui, falar do meu amor pelo Brasil; falar da minha vida; falar da minha experiência; falar da minha fé; falar das minhas esperanças no Brasil", disse. Segundo três linguistas consultados por VEJA, ao entrelaçar sua história pessoal à do país, ele se aproxima de seus ouvintes. O uso mais frequente de metáforas e imagens, afirmam os especialistas, ajuda a produzir o mesmo efeito. "Num determinado trecho, ele diz que governos, como as pessoas, têm alma. A personificação é eficaz porque as pessoas compreendem o mundo em grande parte através de referências físicas", explica Lilian Ferrari, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Um estudo americano, publicado em 2001 na Administrative Science Quarterly, analisou discursos de presidentes americanos, de George Washington a Ronald Reagan, e descobriu que o carisma atribuído a um político está diretamente relacionado ao número de palavras de um determinado gênero que ele usa em seus discursos. Aquelas que evocam imagens, sons, gostos e outras sensações, diz o estudo, atingem mais fácil e imediatamente os ouvintes do que as que exprimem conceitos. Assim, "suor" é mais eficaz do que "esforço" e "mão" é mais forte do que "ajuda". Serra parece ter aprendido a lição.(...)


"Embora esteja bem posicionado nas pesquisas, o candidato tucano tem a clara noção de que o mapa eleitoral brasileiro neste momento é muito mais favorável para ele nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste do que no Norte e no Nordeste, onde sua principal adversária, Dilma Rousseff, deve levar a melhor. Foi por isso que o primeiro estado visitado por Serra após o lançamento da sua campanha foi a Bahia. No Mercado Modelo de Salvador, ele cantou versos de Ataulfo Alves numa roda de samba ("Atire a primeira pedra, ai, ai, ai, aquele que não sofreu por amor"), amarrou uma fitinha de Nosso Senhor do Bonfim no pulso e abraçou quem passou pela sua frente. Um candidato em estado puro. Para aumentar sua massa de eleitores no Norte e no Nordeste, Serra conta com bons palanques estaduais. Ele terá, ao contrário do que ocorreu com Geraldo Alckmin em 2006, diversos candidatos competitivos disputando o cargo de governador a lhe dar sustentação nessa empreitada.


"Serra tem dito que se preparou a vida inteira para este momento. Como ele, o Brasil de 2011 não poderia estar mais maduro para iniciar uma nova fase da sua história. A era pós-Lula, que virá com Serra ou com Dilma, celebrará e colherá os frutos de 25 anos de redemocratização e dezesseis anos de estabilidade monetária. Tem, portanto, todos os elementos para ser uma primavera do desenvolvimento. Com Serra, ela poderá vir com a vantagem adicional da alternância de poder, seiva da democracia, sem a qual se corre o risco de ver vicejar o voluntarismo dos governantes, a corrupção da máquina do estado e o fenecimento das novas ideias. É em busca dessa oxigenação no poder que os tucanos, com Serra à frente, alçaram voo na semana passada. E agora estão voando juntos."

Fábio Portela,
"Veja", Abril 2010

Somos os próximos da lista

"Plano contingente

"O longo sofrimento da Grécia às mãos dos mercados financeiros internacionais tem apaixonado o mundo. Portugal segue o episódio com especial interesse porque é universalmente reconhecido como o próximo na fila, a quem sucederão coisas semelhantes se continuar este caminho.

"É preciso dizer que os mercados não são entes perversos nem sofrem de uma doentia "helenofobia". São pessoas que emprestaram muito dinheiro à Grécia e têm justos receios de perderem as suas poupanças. Os gregos esbanjaram milhões tolamente e, pior, não parecem capazes de controlar a sangria. É bom não inverter as coisas: a Grécia é o vilão, não a vítima. Também a relutância dos parceiros comunitários em ajudar é compreensível. Até porque os alemães sabem que se reformam em média dez anos depois dos gregos. Não é fácil ter pena de caloteiros preguiçosos que não se emendam. Somos os próximos da lista.

"Também é bom lembrar que não se trata de uma doença incurável. Há seis meses, além da Grécia e Portugal, havia outro país europeu na mira dos mercados, aliás mais atacado. Bastou a Irlanda apresentar o seu violento Orçamento do Estado para 2010, com aquilo que governantes portugueses apelidaram de "medidas populistas", como a redução dos salários públicos incluindo do primeiro-ministro, e deixou de se falar dela. Quem mostra decisão e seriedade no tratamento das suas dívidas é reconhecido pelos credores.

"Portugal provou o mesmo. O anúncio do acordo prévio entre Governo e oposição para aprovar o nosso Orçamento de 2010 levou os mercados a reagir favoravelmente, e os juros desceram. A posterior desilusão perante a ligeireza do documento estragou tudo. Nem a publicação do Programa de Estabilidade e Crescimento para 2010-2013, duro no futuro vago, eliminou as suspeitas. Permanecemos um país sob vigilância. E qualquer pessoas sensata compreende que assim seja.

"Não é para já, mas paira sobre nós a sombra do calvário grego, com sucessivos apertos de austeridade, depois descredibilizados e reforçados. Existe uma maneira simples e barata de evitar tudo isto, aproveitando a margem de manobra que ainda temos. O Governo português devia apresentar já um forte plano de austeridade, mas contingente ao agravar da situação. Isto significa que agora, antecipadamente aos temores dos credores, era concebido e publicado um pequeno conjunto de medidas de forte aperto, para lá daquelas que constam no PEC 2010-2013. Aí estariam a subida de impostos e a descida de salários à irlandesa, que o PEC não quis incluir. Seria declarado que tal plano de emergência estaria imediatamente em execução logo que a situação o exigisse. Mas essa eventualidade não seria deixada indefinida e teria uma condição bem clara. Até poderia estar ligada à própria reacção dos mercados. Por exemplo, entraria em vigor assim que a taxa de juro da dívida portuguesa estivesse mais de uma semana 200 ou 300 pontos-base acima da alemã.

"Deste modo se mostraria compromisso sério perante os credores sem, para já, sofrer restrições desnecessárias. Se a coisa fosse bem feita, a confiança dos mercados, gerada pelo próprio plano contigente, chegaria para evitar a eventualidade. Conseguir-se-ia assim a solidez irlandesa sem custos exagerados. (...)

"A ideia merece ser tentada, até por ter custos mínimos. Existe um grande obstáculo: não se vê ninguém no Governo com visão e coragem para se atrever a algo tão imaginativo. Pelo contrário, todos parecem apostados em descartar culpas, jogar pingue-pongue partidário, fingir que as antigas promessas não foram rompidas. (...)"

por JOÃO CÉSAR DAS NEVES,
DN, 19.4.2010

Em Malta, Papa encontra vítimas de abuso

LA VALLETTA, domingo, 18 de abril de 2010 (ZENIT.org). – Bento XVI recebeu, neste domingo, vítimas de abuso por parte de religiosos, segundo divulgou hoje um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.

O comunicado explica que o Santo Padre se encontrou na Nunciatura Apostólica de Malta com “um pequeno grupo de pessoas vítimas de abusos sexuais por parte de membros do clero”.

O Papa, sublinha a nota, “mostrou-se profundamente sensibilizado por suas histórias, e expressou sua vergonha e sua dor pelo sofrimento causado a elas e suas famílias”.

O Pontífice “orou com as vítimas e assegurou-lhes que a Igreja está fazendo, e continuará a fazer, tudo o que estiver ao seu alcance para investigar as denúncias, levar à justiça os responsáveis, e implementar medidas eficazes para proteger os jovens no futuro”.

“No espírito de sua recente Carta aos católicos da Irlanda, rogou para que todas as vítimas de abuso possam experimentar a cura e a reconciliação, para assim prosseguirem adiante com renovada esperança”, conclui o texto.

Em 13 de abril passado, o arcebispo de Malta e presidente da Conferência Episcopal maltesa, Dom Paul Cremona, esteve também reunido de modo privado com um grupo de vítimas de abusos sexuais.

Em Malta, desde 1999 - quando foi instituído um comitê, conhecido como “Response Team”, presidido por um juiz aposentado, para investigar suspeitas de abusos sexuais por membros do clero - já foram examinados 45 casos, a maior parte dos quais referentes aos anos 70.

Destes, 13 ainda estão sob análise, 19 foram rejeitados como destituídos de fundamentos e outros 13 foram confirmados e confiados à justiça.

Em particular, quatro destes últimos foram reportados à Santa Sé: os sacerdotes envolvidos foram julgados e condenados. Outros três sacerdotes devem ser ainda ouvidos pelo tribunal Instituído pela Santa Sé, enquanto outros quatro inquéritos recentemente concluídos devem ser relatados à Santa Sé.

domingo, 18 de abril de 2010

Hoje

Depois disto









foi vez de um pé no rio... a ver o mar!


sábado, 17 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A tia de Louçã!

Fonte: Publico, Parlamento Global

Onde está o Wally - PASSATEMPO Rua do Souto


Esta semana resolvemos ter na rua um passatempo chamado "Onde está o Wally".

Existe um "Wally" algures aqui na rua. Procurem.

Quem descobrir primeiro ganha o prémio presidente Václav Klau (que corresponde a ser humilhado em publico pelo menos duas vezes).

Mas têm que dizer onde está e o que é!
Deixe aqui o seu comentário.

Fonte: Publico

quinta-feira, 15 de abril de 2010

INVERSÃO DE VALORES - CARTA DE UMA MÃE PARA OUTRA MÃE

Esta suposta carta circula na Internet via email como sendo verídica. Não sendo este facto propriamente relevante, acho que podia mesmo ser verdadeira. E podia até ser extrapolada para tantos exemplos no nosso quotidiano.

*Carta enviada de uma mãe para outra mãe no Porto, após um telejornal da RTP1:

De mãe para mãe...

Cara Senhora,

vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a transferência do seu filho, presidiário, das dependências da prisão de Custóias para outra dependência prisional em Lisboa.
Vi-a a queixar-se da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que vai passar a ter para o visitar, bem como de outros inconvenientes decorrentes dessa mesma transferência.
Vi também toda a cobertura que os jornalistas e repórteres deram a este facto, assim como vi que não só você, mas também outras mães na mesma situação, contam com o apoio de Comissões, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, etc...

Eu também sou mãe e posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro, porque, como verá, também é enorme a distância que me separa do meu filho.
A trabalhar e a ganhar pouco, tenho as mesmas dificuldades e despesas para o visitar.
Com muito sacrifício, só o posso fazer aos domingos porque trabalho (inclusivé aos sábados) para auxiliar no sustento e educação do resto da família.

Se você ainda não percebeu, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto a uma bomba de combustível, onde ele, meu filho, trabalhava durante a noite para pagar os estudos e ajudar a família.

No próximo domingo, enquando você estiver a abraçar e beijar o seu filho, eu estarei a visitar o meu e a depositar algumas flores na sua humilde campa, num cemitério dos arredores...

Ah! Já me ia esquecia: Pode ficar tranquila, que o Estado se encarregará de tirar parte do meu magro salário para custear o sustento do seu filho e, de novo, o colchão que ele queimou, pela segunda vez, na cadeia onde se encontrava a cumprir pena, por ser um criminoso.
No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante dessas "Entidades" que tanto a confortam, para me dar uma só palavra de conforto ou indicar-me quais "os meus direitos".

Para terminar, ainda como mãe, peço por favor:

Façam circular este manifesto! Talvez se consiga acabar com esta (falta de vergonha) inversão de valores que assola Portugal e não só...

Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos" !!!

Fonte: obrigado pelo email LD
 

"Convite"

"Já lhe conhecia a voz dos seus tempos da TSF. Agora, sempre que oiço no carro a Antena2, com o desejo, sem mais, de ouvir música clássica, sai-me sempre ao caminho essa mesma voz, facilmente reconhecível pela contínua ambição de debitar opinião sobre tudo. E se lhe falta o génio dos mestres transborda-lhe na voz o sentido doutrinário/sanguinário própria dos reaccionários de esquerda: propaganda dos seus, obnubilamento dos outros (para quando musica de Arvo Part, Penderecki, Gorecki?, porquê o apagamento da biografia dos compositores das suas convicções religiosas, dos antigos a Stravinsky e Falla?), referências continuamente venenosas e ácidas no que se refere à Igreja Católica.

"Hoje excedeu-se. Sobre um cónego do Porto, músico afamado neste país pequeno, tratou de dizer logo, com todas as letras, que é suspeito de pedofilia. E pronto, está lançado o anátema. Sem sequer o caso estar a ser julgado em tribunal, eis que o juiz da Antena2 lançou o seu veredicto.

"Daí o meu convite. Não a que se eleve à altura das coisas do espírito, que só são belas, perduravelmente belas, se o são no espírito de verdade. Não apenas a que refira, ou convide os seus correligionários a referir, com igual gosto e languidez os nomes de toda a rapaziada envolvida no processo da Casa Pia, oficiais do estado e outros. Mas parece-me que seria saudável, no entanto, para sabermos com que linhas nos cosemos, que se referisse às dificuldades de Eugénio de Andrade, nome maior da sensibilidade pederasta da nossa terra, ou de Lagoa Henriques – esse da estátua do Pessoa no Chiado - que se divertia com os seus modelos meninos, ou ainda uma palavrinha sobre o João César Monteiro e o seu documentário sobre a Sophia, e o modo obcecado como filma a criança sua filha (à venda na FNAC!) ou à literatura pedófila do Partido Radical Italiano, inspirador dos rapazes do Bloco. Que cite, ainda, Daniel Cohn-Bendit, avatar da cultura libertária de 68, inimigo vencedor do perigoso católico Rocco Buttiglionne na primeira equipa de Barroso (lembram-se?), dinossauro do actual parlamento europeu, e os seus elogios das suas próprias praticas pedófilas. Ou então, se quiser ser mais cosmopolita, ele que nos fale dos passeios de Roland Barthes, esse do Estruturalismo e da Semiótica pela Africa sariana em turismo sexual avant la lettre, ou das aventuras de Paul Bowles na Tanger da sua depravação, mais a Beat Generation sua convidada para o calor marroquino. Que desenvolva os tópicos do Michel Foucault justificando a libertação de todas as censuras sexuais burguesas, e que nos fale ainda do Gide mentor de toda a cultura pedófila e, indo um pouquinho mais atrás, que nos refira o barão von Gloeden e as suas celebres fotografias dos garotos da Itália pobre e, de novo, do Norte Africa apaixonante para essa gente obcecada por meninos. Gostaria também de ouvir duas palavras sobre o Presidente pedófilo Teixeira Gomes, nos 150 anos do seu nascimento, esse que também escolheu para terminar os seus dias a Argélia. E que não se julgue que são coisas perdidas no tempo. O poeta candidato a Belém escolheu para anunciar a sua candidatura a cidade de Portimão, num misto de homenagem ao Presidente escritor e à ética republicana. E pronto, se quiser ser generoso agradeceria, ainda, que nos descobrisse um pouco do mundo das artes nos dias que correm, e basta ficar por Lisboa. Ele que nos fale da gente da musica, do teatro, do cinema, e por aí fora, desses que são livres dos preconceitos cristãos.

"E já agora, se quer falar dos padres pedófilos, que não se esqueça de referir que o estudo americano sobre estas misérias, o único até agora de natureza científica, aponta que 90% desses famigerados é homossexual. Sim, desse género de gente que não se deve discriminar, segundo as mais recentes conquistas da legislação portuguesa.

"Poderá soar-lhe a ‘chinês’ mas, ainda assim, seria bom que ele dissesse que esses padres são gente muito longe do hábito de ir regular e fielmente ao confessionário, que não são devotos do terço, que desprezam a via sacra e a vida dos santos, que detestam e levantam a voz contra o Papa, contra o Papa do dia, e que embora um Papa suceda ao outro não sucede eles amarem o magistério e a sua doutrina. Que é gente, ainda, sem devoção à Virgem Maria e que sofrem muito por causa da proibição da ordenação das mulheres. Que tendem a considerar o celibato uma imposição antiquada e que são muito tolerantes no que se refere ao aborto. E que, se por vezes, essa gente perversa e perdida vive na Igreja, em versão reaccionária, também lhe são reconhecíveis os tiques: ritualismo extremo (=narcisismo pedante), falta de compromisso com os pobres e a missão, acusação contínua à hierarquia de ceder, eles cuja rigidez exterior revela um mundo pulsional febril. Finalmente, seria curioso que se pronunciasse sobre o facto de a pedofilia ser escandalosa ‘apenas’ no mundo cristão, na tradição cristã. Que se arrisque a fazer um prognostico sobre o que irá suceder daqui a cinquenta anos, nesta estrada estonteante que caminha de causa fracturante em causa fracturante…

"E pronto, por aqui ficam estas ideias soltas, sugestões escritas apressadamente, ao correr da pena, com um lamurio final: pobre de Cristo, como sempre e uma vez mais humilhado e ofendido nas traições/perversões dos seus. Gente ‘velha’ esta, tão velha como o golpe nocturno do primeiro discípulo sacerdote perverso. Pobre do vigário de Cristo, cujo coração tem de ser do tamanho católico da misericórdia de Cristo, ou o Senhor não lhe pediria tanto! Pobres de Cristo, os humilhados e ofendidos que só o poder do mesmo Senhor poderá ressuscitar de tamanha ferida. Pobres, ainda, esses pobres de Cristo – os cristãos simplesmente cristãos - que levam sobre o seu coração a dor atroz de tudo isto mas que não puderam jamais ceder aos gritos da multidão, como habitualmente aviltada e acovardada."

Padre Pedro Quintela

"Pior era difícil"

"O folhetim das presidenciais no PS está a atingir o absurdo. Manuel Alegre avançou, convicto de que a sua família política – o PS, como ontem teve que lembrar – o seguiria. Mas, às vezes, o impensável acontece.

"Literalmente partido, o Partido Socialista diz tudo e o seu contrário e José Sócrates assobia para o ar, incapaz de pôr ordem no caos.

"A ala esquerda do PS quer Alegre, a ala direita nem pensar, Mário Soares tem contas a ajustar com o poeta e tem muito peso em José Sócrates. Alguém da direcção do partido noticiou que o apoio a Alegre será logo este formalize a candidatura, um comunicado oficial veio desmentir. E António Vitorino, guru do líder socialista, veio alimentar o suspense: diz que o PS deve anunciar o que vai fazer nas presidenciais, seja o apoio ao poeta ou outra coisa.

"A hipótese de Sócrates deixar cair Manuel Alegre paira no ar e o líder socialista só por preconceito e vergonha é que não faz o que Cavaco fez com Soares – quando o apoiou em vez do PSD apresentar um candidato próprio.

"Aconteça o que acontecer, e mesmo que o PS acabe a apoiar o poeta, já se percebeu que o fará com um entusiasmo indigente. Aparentemente, Sócrates prefere que Cavaco continue. É pena não ter coragem de o dizer. Assim, arrisca-se a deixar o partido mais partido do que já está. E a acelerar a sua própria saída de cena."

Ângela Silva,
RR, 15.4.2010

Em brasa...



Portugal e Espanha são dos países em que as temperaturas mais aumentaram nos últimos trinta anos: 0,5ºC por década, desde 1975. De acordo com o relatório "Clima em Espanha: passado, presente e futuro", apresentado esta semana pelo Ministério do Ambiente espanhol, os Verões serão cada vez mais quentes e mais difíceis de suportar. O aumento da temperatura média na Península Ibérica supera em 50% a média do aquecimento global do restante hemisfério norte e é quase três vezes superior aos valores globais.

Fonte: Ionline

"Crianças e jovens: intervenção imediata"

"No ano de 2009, em Portugal, era de 9563 o número de crianças e jovens acolhidos no sistema de promoção e protecção. Um universo considerável de gente frágil, retirada (ou privada) da sua família biológica, em trânsito (ou estacionada) para um projecto de vida e um novo destino. Que pode chegar, ou não. Uma viagem que se inicia, quase sempre, por um facto degradante ou violento e que, muitas vezes, não tem um final feliz.

"Os dados revelados pela análise do Plano de Intervenção Imediata 2009, mostram que é preciso fazer mais, melhor e mais depressa. E isto é assim porque a intervenção, quando se trata de menores, só é eficaz se for célere, mais célere que o tempo útil de que estes dispõem. Mas também porque, nesta aná- lise, não nos confrontamos propriamente com conclusões, mas sim com constatações: tudo já estava à vista. Não é o que se conclui do discurso oficial reproduzido nos media que, à força de querer desdramatizar, tropeça em indicadores tirados do contexto e em explicações pouco fundamentadas.(...)

"Ficámos a saber que das 3016 crianças e jovens que cessaram o acolhimento em 2009, 472 tinham iniciado o acolhimento nesse mesmo ano. Esta passagem de menos de um ano pelo sistema só pode resultar de uma de duas coisas: ou o diagnóstico não foi correcto e não estavam esgotadas as possibilidades de se manterem em meio natural de vida, ou saíram precipitadamente apenas para que se cumprisse a taxa de desinstitucionalização "recomendada" pelo Governo. Em qualquer caso este indicador só nos pode preocupar.

"Também constatámos que 61% das situações que necessitam de acolhimento situam-se na faixa etária dos doze anos ou mais. É uma população com problemas comportamentais, de toxicodependência, de pre-delinquência, de saúde mental ou de deficiência física. Ora as instituições de acolhimento prolongado, que em média acolhem trinta crianças e jovens (entre os 2 e os 21 anos) mantêm em coabitação estas diferentes problemáticas e perfis, comprometendo a possibilidade de elaborar e concretizar os planos individuais de cada um e a satisfação de necessidades tão diferentes. Perante o risco de transformar estas instituições em depósitos humanos é urgente assumir que esta casuística precisa de outras respostas específicas, que exorbitam a Segurança Social, no âmbito da saúde e da justiça.(...)

"O sistema de promoção e protecção de crianças e jovens não vive por si só e não terá os necessários resultados sem uma forte articulação com outros sistemas como a Justiça, a Saúde e a Educação. Também não será eficaz se não houver um forte investimento nas famílias biológicas e uma mudança de mentalidades no modo como a adopção é vista. É o que se retira da análise do PII. Nada de novo mas igualmente grave."

por MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO,
DN, 15.4.2010

"A nossa maior contribuição para o desenvolvimento"

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O lado político de Bento XVI

Estamos acostumados a considerar os Papas como guias espirituais e teológicos, mas um livro publicado recentemente ressalta a importância e a influência do pensamento social e político de Bento XVI.

Em The Social and Political Thought of Benedict XVI (O Pensamento Social e Político de Bento XVI), Thomas R. Rourke analisa a trajectória do Papa sobre esses temas, tanto antes como depois de sua eleição à cátedra de Pedro. Rourke é professor no departamento de Ciências Políticas da Universidade de Clarion, na Pensilvânia.

Embora seja mais conhecido como teólogo, Bento XVI é um pensador de política muito profundo, e seu pensamento social merece mais atenção do que até agora recebeu, defende Rourke.

Ele começa analisando o fundamento antropológico do pensamento do Papa. Em seu livro “No caminho de Jesus Cristo”, o então cardeal Ratzinger considerava o desenvolvimento do conceito de pessoa.

A contribuição da Bíblia e do pensamento cristão permitiram que o conceito original grego fosse consideravelmente enriquecido, sobretudo no sentido de ver a pessoa como um ser relacional. Isso conduz a uma espiritualidade de comunhão, que Rourke afirma que está na raiz da compreensão da doutrina social de Bento XVI.

Assim, na comunidade de pessoas divinas da Trindade, descobrimos as raízes espirituais da comunidade humana. Por isso, na antropologia do Papa, não somos indivíduos que num segundo momento entramos em relação com outras pessoas. Melhor, a relação está na própria base da natureza da pessoa.

Essa fraternidade entre as pessoas tem fundamento na paternidade de Deus e, por isso, diferencia-se de modo fundamental do ponto de vista secular da fraternidade, tal como foi exposta na Revolução Francesa.

Junto a isso, está a dimensão de criação. Criada à imagem de Deus, a vida humana recebe uma dignidade inviolável, levando o Papa a condenar a interpretação utilitarista de nossa humanidade.

Política

Ainda que essa antropologia possa parecer muito abstrata, é o fundamento necessário para a filosofia política, explica Rourke. Nossa visão do que é uma vida compartilhada pelas pessoas fundamenta-se necessariamente no que entendemos por ser uma pessoa e uma comunidade.

Segundo Rourke, Bento XVI considera a política como um exercício da razão, mas de uma razão informada também pela fé. Como resultado, o cristianismo não define a educação como uma mera aquisição de conhecimento, mas deve ser orientado por valores fundamentais, como a verdade, a beleza e a bondade.

Quando a razão se separa de uma compreensão clara dos fins da vida humana, estabelecidos pela criação e afirmados nos Dez Mandamentos, então não há ponto de referência para fazer julgamentos morais. Se isso acontece, abre-se então caminho ao consequencialismo, que nega que algo seja bom ou mau por si próprio.

Uma interessante linha de pensamento nos escritos do cardeal Ratzinger é a separação Igreja-Estado, comenta Rourke. A separação de Jesus, em Marcos 12, 17, dos dois, “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, significa que o cristianismo destruiu a ideia de um estado divino.

Antes do cristianismo, a união da Igreja e do Estado era uma prática normal, e até mesmo no Antigo Testamento ambos foram fundidos. De facto, essa foi a causa da perseguição dos cristãos pelo Império Romano, ao se negarem e aceitar a religião do estado.

A separação dos dois por Jesus foi benéfica para o Estado, posto que não teve de viver com a expectativa da perfeição divina, afirmava o cardeal Ratzinger. Essa nova perspectiva cristã abriu a porta para uma política baseada na razão.

Mitologia

Além disso, ele afirmava que quando voltamos para a compreensão pré-cristã da política, acabamos por eliminar as limitações morais, como na Alemanha nazi e nos Estados comunistas.

No mundo actual, o então futuro pontífice advertia que a interpretação mitológica do progresso, da ciência e da liberdade representam um perigo. O elemento em comum que eles contêm é a tendência ao desenvolvimento de uma política irracional que busca o poder acima da verdade.

Como Papa, Ratzinger retomou esse tema, em sua segunda encíclica, sobre a esperança. Ele advertia que o que esperamos como cristãos não deveria se misturar com o que podemos conquistar com a actual política.

Voltando ao que o cardeal Ratzinger escreveu em seu livro Igreja, Ecumenismo e Política, Rourke afirma que a separação Igreja-Estado tornou-se confusa na época moderna, ao se interpretar como uma exclusão da Igreja de toda arena pública do Estado.

Se aceitarmos isso, a democracia reduz-se a uma séria de procedimentos, não limitados por valores fundamentais. Pelo contrário, o futuro Papa afirmava a necessidade de um sistema de valores para regressar aos primeiros princípios, como a proibição da morte de vidas inocentes, ou a base da família, fundada na união permanente de um homem e uma mulher.

Consciência

Entre os muitos outros temas que Rourke examina, está o da consciência. À primeira vista, isso pode parecer que tem pouco a ver com os temas sociais ou políticos. Contudo, ela desempenha um papel crítico.

É no foro íntimo de nossa consciência onde preservamos as normas fundamentais em que se baseia a ordem social. É também um limite do poder do Estado, pois o Estado não tem autoridade legítima para transgredir essas normas. Por isso, a consciência está na raiz da limitação ao governo.

A destruição da consciência é o requisito prévio para um regime totalitário, explicava o então arcebispo Ratzinger em uma conferência feita em 1972. “Quando prevalece a consciência, há um limite do domínio das ordens humanas e das escolhas humanas, algo sagrado que se deve permanecer inviolável e que, na sua soberania definitiva, evita qualquer controle, seja próprio ou de outro qualquer”, afirmou.

Rourke explica que, ao dizer isso, o futuro Papa não estava por tirar a importância dos limites constitucionais e institucionais ao poder. Este ponto é, de certo modo, mais fundamental. Isso significa que nenhuma instituição ou estrutura pode preservar as pessoas da injustiça, quando os que têm autoridade abusam de seu poder. Nessa situação é o poder da consciência, levantado pelo povo, que pode proteger a sociedade.

Esta, por sua vez, conecta-se à fé, que é o “mestre” definitivo da consciência. A fé converte-se numa força política no mesmo sentido que fez Jesus, ao se converter em testemunho da verdade da consciência. “O poder da consciência é encontrado no sofrimento; é o poder da Cruz”, explicava Rourke em seu resumo do que foi dito na conferência de 1972.

“O cristianismo começa não com um revolucionário, mas com um mártir”, dizia o arcebispo Ratzinger.

Continuidade

O estudo de Rourke inclui um apêndice que examina a última encíclica sobre temas sociais de Bento XVI, “Caridade na Verdade”. Embora o livro estivesse quase terminando quando a encíclica foi publicada, Rourke discutiu sobre o que o Papa escrevia, que estava em consonância com os temas de seus escritos anteriores.

A introdução mostra isso claramente, observava Rourke, por seu nexo da verdade com o amor, e a ideia que há uma verdade objectiva, contrária à tendência do relativismo.

Rourke comentava que a encíclica conclui com a afirmação constante do Papa de que o que é verdadeiramente humano é derivado de Cristo e que Cristo nos leva a descobrir a plenitude de nossa humanidade. Esse humanismo cristão é o que Bento XVI diz ser nossa maior contribuição para o desenvolvimento. Uma inspiradora meta pela qual se esforçar."

Por Pe. John Flynn, L.C.
ROMA, terça-feira, 13 de abril de 2010 (ZENIT.org).