quinta-feira, 22 de abril de 2010

Democracia 36 anos depois. Ás vezes!

«O General Ramalho Eanes, antigo Presidente da República, foi o segundo convidado da Antena 1 do ciclo de entrevistas a Chefes de Estado após o 25 de Abril.
Numa análise a Portugal e ao mundo, que percorreu as últimas décadas, Ramalho Eanes referiu que a situação financeira portuguesa é muito preocupante e entende que há um trabalho ciclópico a realizar no futuro.
Relembrando a Revolução dos Cravos, Ramalho Eanes reconhece que passados 36 anos, o 25 de Abril "não conseguiu responder às aspirações justas e fundadas e aos interesses legítimos da maioria dos portugueses" sublinhando que a Revolução de Abril trouxe a liberdade a Portugal, mas que a Democracia não funciona bem no nosso país.
O ex-Presidente da República assume ainda que a descolonização "não foi a melhor, muito longe disso". E acrescenta que "foi a possível (...) fez-se o que se pôde" atendendo à "situação que se vivia no momento", em Portugal e no mundo.»

Nunca simpatizei muito com Ramalho Eanes. Mas nutro por ele a admiração de uma pessoa que considero inteligente, integra e defensora dos interesses de Portugal. Por isso leio e ouço com atenção quando, em entrevista, diz aquilo que acabei de citar. Dá que pensar, quando o diagnóstico de 36 anos de democracia em Portugal são frágeis ao ponto de não servirem os interesses de todos os portugueses. Mas quem serão os outros. Aqueles a quem serve na perfeição este tipo de democracia? Talvez os "lobbys" instalados no país, os arguidos nos processos de corrupção que abundam como cogumelos no Inverno, os criminosos, os que usam e abusam dos "job for the boys" e utilizam em seu proveito aquilo que deveria ser em primeira instância serviço publico, os que circulam à volta do poder instalado e vão saltando de cargos públicos para empresas com interesses do estado, enfim, todos aqueles que toda a gente conhece e toda a gente fala. E os que ainda entrarão neste clube restrito.

E cito «...não conseguiu responder às aspirações justas e fundadas e aos interesses legítimos da maioria dos portugueses



Fontes: Antena 1 - ouça a entrevista na integra

2 comentários:

Rui Moreira disse...

Não me identifico politicamente com Ramalho Eanes. Mas, para além de lhe agradecer a democracia que temos (e que está a anos luz da democracia "popular" que, a certo ponto, nos queriam dar à força), reconheço-lhe a coragem e a integridade, virtudes cada vez mais raras. Este Homem cometeu os seus erros, mas não deixa de ser um Senhor.

Dario Silva disse...

Ramalho Eanes talvez se engane. A maioria dos portugueses conseguiu o que pretendia: boa vida em parasitando os demais.

Os demais são agora de-menos. Já anda mais de meio mundo a viver à custa dos sobrantes. Portanto, se a maioria está bem, por quê e para quê mudar o status quo?

Adiante.