segunda-feira, 7 de novembro de 2011

[Sobre o niilismo (em português)]

As palavras de Bento XVI
Reflexão sobre a vida eterna

* * *

Queridos irmãos e irmãs!

As leituras bíblicas da liturgia ordinária dominical nos convida a prolongar a reflexão sobre a vida eterna, iniciada em ocasião da Comemoração de todos os fiéis defuntos. Sobre este ponto é evidente a diferença entre quem acredita e quem não acredita, ou, poderíamos dizer, entre quem espera e quem não espera. De fato escreve São Paulo aos Tessalonicenses:"não queremos, porém,irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança." (1Ts 4,13). A fé na morte e ressurreição de Jesus Cristo marca, também neste campo, um divisor de águas decisivo. São Paulo sempre recorda aos cristãos de Éfeso que, antes de acolher a Boa Nova, estavam "sem esperança e sem Deus no mundo" (Ef2,12). Na verdade, a religião dos gregos, os cultos e mitos pagãos, não eram capazes de iluminar o mistério da morte, de fato uma antiga inscrição dizia: "In nihil ab nihilo quam cito recidimus", que significa: " No nada do nada logo cairemos". Se tiramos Deus, se tiramos Cristo, o mundo recai no vazio e na escuridão. E isso se reflete também nas expressões do niilismo contemporâneo, um niilismo muitas vezes inconsciente que infelizmente, destrói muitos jovens.

O Evangelho de hoje é uma palavra célebre, que fala de dez jovens enviadas à uma festa de casamento, símbolo do Reino dos Céus, da vida eterna(Mt 25,1-13). É uma imagem feliz, com a qual Jesus ensina uma verdade que nos coloca em discussão, de fato, daquelas dez jovens: cinco entraram na festa, porque, na chegada do esposo, tinham óleo para acender suas lâmpadas; enquanto as outras cinco ficam de fora, porque, tolas, não levaram óleo. O que representa este "óleo", indispensável para ser admitido no banquete nupcial? Santo Agostinho (disc 93,4) e outros autores antigos lêem como símbolo do amor, que não se pode comprar, mas se recebe como dom, se conserva no íntimo e se aplica na prática. Verdadeira sabedoria é aproveitar a vida mortal para realizar obras de misericórdia, porque, depois da morte, isso não será mais possível. Quando nos acordarmos para o juízo final, este será realizado na base do amor praticado na vida terrena(Mt 25,31-46). E este amor é dom de Deus, derramado em nós pelo Espírito Santo. Quem acredita em Deus-Amor leva dentro de si uma esperança invencível, como uma lâmpada com a qual atravessar a noite além da morte, é alcançar a grande festa da vida.

À Maria, Sedes Sapientiae, pedimos que nos ensine a verdadeira sabedoria, aquela que se fez carne em Jesus. Ele é a via que conduz à esta vida em Deus, ao Eterno. Ele nos mostrou a face do Pai, e assim nos deu uma esperança repleta de amor. Por isto, à Mãe do Senhor a igreja se dirige com as seguintes palavras: "Vita, dulcedo, et spes nostra". Aprendendo dela a viver e morrer na esperança que não desilude.

[Tradução: ZENIT. ©Libreria Editrice Vaticana]

Sem comentários: