quarta-feira, 11 de maio de 2011

"O PS quer ver-se livre de Sócrates"

Eduardo Catroga: "O PS quer ver-se livre de Sócrates mas precisa de perder as eleições" Economista diz que o líder do PS é "um mentiroso compulsivo"

(...) A situação do país não pode obrigar o PSD a alguma forma de entendimento com o PS? No caso de o PSD ganhar, é suficiente um Governo de direita com o CDS?

Acho que não. Mas essa divisão esquerda/direita dos anos 60, à francesa, está ultrapassada. O PS é o quê? Hoje há conservadores que são os partidos à esquerda que não querem adaptar a sociedade, em termos de flexibilidade, ao mundo globalizado, que têm posições rígidas na economia e não adaptáveis aos ventos da mudança. E depois há os progressistas, que são aqueles que querem competitividade compatibilizada com a justiça social e com coesão social, aqueles que querem o Estado forte regulador, um Estado capaz de estar ao serviço dos cidadãos e das empresas, financeiramente sustentável pelas famílias e pelas empresas, que não tem dívidas.

Mas como é que consegue governar com uma pessoa que acaba de caracterizar como "mentiroso compulsivo"?

Era importante que os portugueses resolvessem esse dilema do PS. O PS quer ver-se livre de José Sócrates, mas só se vê livre de José Sócrates se perder as eleições por uma margem significativa.

Mas ele foi agora eleito em congresso.

Mas isso faz parte da mise en scène partidária. Falamos com vozes influentes no PS e estão desejosos que Sócrates perca e com uma diferença significativa. O país precisa da renovação do PS, que o PS tenha um líder que não seja alvo de chacota como foi ontem no Financial Times. O PS tem um problema, foi capturado por um segmento defensor dos interesses instalados na sociedade. Portugal está encurralado. Há um grupo de interesses - não digo que seja só no PS - com ramificações políticas, sobretudo concertado com quem está no poder, algumas grandes empresas, alguns grandes empresários que não quero discriminar, que controlam a alocação de recursos do país. Temos meia dúzia de anos para inverter esta situação, senão Portugal transforma-se na Itália do Sul, sem a Itália do Centro e do Norte a produzir riqueza.

http://www.publico.pt/
11 de Maio de 2011

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