quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A festa e a cruzada (JMJ)

“La fiesta y la cruzada” (JMJ)

"Durante muito tempo acreditou-se que, com o avanço dos conhecimentos e da cultura democrática, a religião, essa forma elevada de superstição, ir-se-ia desfazendo, e que a ciência e a cultura a substituiriam com vantagem. Agora sabemos que essa era outra superstição que a realidade se encarregou de fazer em cacos. E sabemos, também, que aquela função que os livres-pensadores novecentistas, com tanta generosidade quanta ingenuidade, atribuíam à cultura, esta é incapaz de cumprir, sobretudo agora. Porque, no nosso tempo, a cultura deixou de ser essa resposta séria e profunda para as grandes perguntas do ser humano sobre a vida, a morte, o destino, a história, que no passado tentou ser, e transformou-se, por um lado, num divertimento ligeiro e inconsequente, e, por outro, numa cabala de especialistas incompreensíveis e arrogantes, confinados em fortalezas de gírias e palavras crípticas e a anos-luz do comum dos mortais. (…) Crentes e não crentes devemos alegrar-nos por isso com o que aconteceu em Madrid nestes dias em que Deus parecia existir, o catolicismo parecia ser a religião única e verdadeira, e todos como rapazes bons caminhávamos mão dada com Santo Padre em direcção ao reino dos céus."

Mario Vargas Llosa, El País

Sem comentários: