quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mas eu quero falar do Portugal real, e não do Portugal tecnológico.

In Expresso
Henrique Raposo

I. Ontem, Bernardo Ferrão, da SIC, fez a reportagem que devia ser um modelo a seguir nas escolas de jornalismo. Enquanto José Sócrates queria fazer a sua propaganda do costume, Ferrão fez a pergunta que meio Portugal queria fazer: "mas eu quero falar do Portugal real, e não do Portugal tecnológico". O primeiro-ministro fez a sua cara n.º 34 (aquela que diz "como se atreve a colocar-me perguntas? Como se atreve a não seguir as indicações da minha agência de comunicação?"), mas Ferrão insistiu: "mas a dívida bateu recordes históricos". Como não tinha decorado as fichas sobre a dívida, Sócrates respondeu o seguinte: "temos tempo para falar sobre a dívida". Temos?
II. Meus amigos, com três ou quatro "Bernardos Ferrões", os "Sócrates" desta terra nunca conseguiriam criar o mundinho virtual onde estamos enviados. Os jornalistas de TV que fazem o dia-a-dia dos políticos não podem ser gatinhos dóceis, a ronronar e a roçar as perninhas nos ditos políticos. Pelo contrário: têm de ser bulldogs sem misericórdia, isto é, têm de morder. Estes repórteres são a primeira linha de intermediação entre o poder e o público. Se não assumirem uma posição de combate, se não assumirem uma atitude de fiscalização do poder, esses repórteres tornam-se cúmplices dos políticos e das suas agências de comunicação. Jornalismo agressivo devia ser um pleonasmo. O jornalismo só pode ser agressivo. O Bernardo Ferrão é a excepção por cá, mas é a norma nos sítios civilizados, esses sítios sem o culto do "respeitinho".
III. Num mundo televisivo completamente adormecido (por norma, as reportagens não têm sentido crítico e vida própria), Bernardo Ferrão é uma pedrada no charco. As suas peças valem um telejornal. Mas, claro, não faltará por aí quem considere Ferrão "mal-educado". São os adeptos da "liberdade respeitosa", uma coisa praticada por Salazar e por Sócrates , mas que só foi teorizada pelo segundo.
 

5 comentários:

Nuno disse...

Verdade seja dita, Sócrates passou demasiadas vezes uma mensagem falsa.

Os jornalistas servem para quê?

Paulo Novais disse...

Os jornalistas, quase todos, só nesta ponta final em que não há duvidas do desfecho destas eleições é que começaram a apertar com ele. Até aqui foi tudo serventia do regime.

Vou-te dar um exemplo que vem daqui.
Mas resumo:
"Porque é que a Sr.ª Anabela Neves, da Sic, considera que Passos Coelho não deveria ter parado para ver e cumprimentar os participantes de uma feira medieval, ontem (sexta-feira), em Braga, pelo simples facto de, diz ela, a iniciativa ser da Câmara, e a Câmara ser socialista?"

heheheehehehehehehehe

Queres melhor exemplo? Conclusão para a jornalista iluminada; uma feira organizada por uma câmara PS, num espaço publico e com verbas publicas só pode ser alvo de campanha do próprio PS.
Que aborrecimento. A caravana do PSD devia saber mais!

Isto é que eu gostava que esses anónimos que vêm aqui ao blogue travar-se de razões comentassem. Mas desde que as "sondagens deixaram de dar empate técnico" ninguém os vê.

Anónimo disse...

Vai mas é à merda! Eu só digo uma coisa, populismo. Jornalismo? Péssimo! Completamente tendencioso. Mas calma, parece que não sabes que um canal é do militante nº1 e o resto é tudo o que se vê. Mas enfim, você é que deseja que o Fernando Nobre do Bloco de Esquerda seja nº2 de Portugal! Entre outras coisas, que imbecilmente vocês sabem mas que não vos convém!

Paulo Novais disse...

Eu não digo.
Se alguém tem duvidas da falta de debate, nas ideias gastas, na argumentação pobre e medíocre deste PS Socrático moribundo, é só ler os comentários esclarecedores destes merdilheiros anónimos da esquerda trauliteira, que em desespero de causa se debatem com a mediocridade deles próprios.
Mas ir à merda por esta causa, até se torna um mal menor.

Porque estes são os partido-dependentes. Aqueles que vão ver o reinado findo dia 5 e sabem que depois disso vêm as regionais. E aí, está em causa o empreguinho de muitos. Acaba-se a chulice de nada fazer e viver ás custas do estado, à nossa custa. E para quem não sabe fazer nada, isso pode ser um problema.

E já agora, anónimo, apareça por cá dia 5 à noite que tenho um post só para si e outros semelhantes. E não se aflija que vai logo perceber qual é.

Anónimo disse...

AHAHHAHAHAAHAHHAHAHAHA...é o que te digo.