terça-feira, 15 de junho de 2010

O erro de Queiroz - palavra de apreço a um bom seleccionador após um bom jogo

Os portugueses ficam doidinhos, alegres, com uma euforia quase abichanada, nos dias que antecedem uma grande competição de futebol. Desta vez então - talvez por efeito da crise - era mesmo obrigatório ganhar à Costa do Marfim. Muito "mais obrigatório" do que sequer empatar com a Grécia no Euro 2004, ou ganhar aos Estados-Unidos no Mundial de 2002. Era obrigatório, "prontos". Asism mesmo: "obrigatório". O facto de a selecção da Costa do Marfim ser, neste momento e desde há algum tempo a esta parte, uma das melhores selecções do mundo, pouco importava...

Pois eu acho isto tudo um disparate pegado. A selecção fez um belo jogo, a Costa do Marfim também, ambas as equipas correram que se fartaram (segundo as estatísticas oficiais, a nossa correu mais, sabiam?), o contacto físico esteve sempre presente e, claramente ninguém queria perder. E ninguém perdeu, nem eles, nem nós.

Este é, aliás, claramente o mérito de Queiróz. Dificilmente esta selecção sofrerá golos (apesar de Paulo Ferreira), pelo que se torna muito dificil vencer a Portugal. E isso é essencial quando andamos no jogo das cadeiras com o Brasil e esta Costa do Marfim, que não é um Paraguay, ou um Uruguay, ou uns EUA... é muito, mas mesmo muito melhor.

Dentro deste contexto, Queiroz planeou a equipa bem: sabendo que podia não ganhar à Costa do Marfim mas que tem todas as condições para não perder com este Brasil, montou uma equipa invencível para o mata-mata.

A única coisa que podia ter aprendido com Scolari era a gestão de expectativas: Scolari fazia da Finlândia uma Dinamarca, da Eslováquia uma Alemanha, da Grécia uma Itália. Teria de certeza aberto os olhos de muitos que andavam a dormir, convencidos de que esta Costa do Marfim é muito inferior ao Brasil. Não é, pelo menos não é muito.

Assim sendo, o maior erro de Queiróz foi não ter sido mais veemente a alertar-nos de antemão, com recurso ao exagero se necessário fosse, para a valia desta selecção costa-marfinense, que é a única candidata africana a vencer este Mundial, apesar de ter caído no "grupo da morte". O nosso. Pois.

De resto, os jogadores estão de parabéns porque se fartaram de dar luta num jogo que não correu particularmente bem, mas onde mesmo assim tiveram mais bola, correram mais e viram a melhor oportunidade de golo ser devolvida pelo poste. Valeu o esforço, é assim que se conquista a glória. Força Queiróz, Força rapazes, Viva Portugal!

E o ketchup vai aparecer, o importante é que continue a haver tomates!

5 comentários:

Paulo Novais disse...

Claro que Portugal correu mais... atrás da bola!

E isso dos tomates, hoje em dia, tem que se lhe diga. Podem estar onde menos se espera.

Então Portugal fez um grande jogo? Bem, nisso talvez esteja de acordo contigo. Foram uns 90 minutos intermináveis (mais os trocos).
Ups! Era a isto que te referias, não era?

Afinal em que ligar está a Costa do Marfim no ranking da Fifa?
Pelas tuas contas deve estar logo a seguir ao Brasil e antes de Portugal.
Olha, procurei nos primeiros 20 e não encontrei. Cansei-me.

Eu sou patriota e gosto de futebol. mas não sou cego.
:D

Rui Moreira disse...

Já vi que o bicho também te mordeu a ti. Pois estás enganado ponto por ponto.

Podemos ter corrido mais atrás da bola do que a Costa do Marfim, mas talvez tenha sido por isso que tivemos mais bola do que a Costa do Marfim. Mas não só: tivemos a melhor oportunidade de golo, corremos mais, etc.

E a seguir vens-me com o ranking da FIFA, deves estar a brincar comigo... Toda a gente sabe que o ranking da FIFA usa um sistema de pontuação que não é representativo, pelo que as equipas que jogaram a Taça das Confederações se encontram valorizadas, as da UEFA e da Conmebol como resolveram mais tarde as qualificações para o Mundial também estão valorizadas... Podes juntar a isso o facto de a Costa do Marfim ter perdido com o Egipto para o CAN, o que também a desvalorizou. Aliás, o Egipto, que é muito inferior a esta Costa do Marfim, está em 12.º no ranking da FIFA, que é muito abaixo do lugar onde a Costa do Marfim podia estar se não tivesse quase todos os seus jogadores nas melhores equipas europeias (e, em consequência, a pouparem-se ao máximo no CAN). Acreditar no Ranking da FIFA é acreditar que pode haver um ranking correcto que diga que Portugal é melhor do que a Alemanha ou a Itália, ou mesmo a França, ou que diga que o Egipto e a Argélia são melhores do que a Costa do Marfim. Mas eu, que sou patriota, mas não sou velho do restelo, nem tenho a mania que somos os melhores do mundo e também tenho olhos na cara, olhei para a Costa do Marfim hoje e vi: Eboue, Zokora, Kolo touré, Yaya Touré, Haruna Dindane, Kalou... e a saltar do banco não vi o rubén Amorim nem o Simulão Sabrosa, vi só e apenas o Keita e o Drogba... Por isso, sinceramente, não sei que raio de expectativa é que tinham...

Mas espera que eles a seguir jogam o Brasil, e ou muito me engano ou o Brasil não faz melhor do que nós... depois conversamos.

Ramiro Brito disse...

Manito,

Antes de mais um abraço daqui da terra do povo sofredor e, nisso te dou a razão, pouco dado a treinadores com pouca ou nenhuma capacidade de comunicação e gestão do espectáculo...sim...o futebol de hoje também é espectáculo, que o diga o melhor dos Portugueses, José Mourinho.
De facto se há coisa que Queirós não sabe fazer é entusiasmar...parece-me que nem os jogadores e isso é grave. O treinador dos nossos dias tem de ser bem mais do que era quando a geração de ouro foi duas vezes campeã do mundo...muito, mas muito mais mesmo. Podemos até dizer que a evolução não foi das melhores, que um director de comunicação bastaria e etc, mas a realidade é a que é e temos de lidar com ela. Não vou discutir tácticas nem substituições porque lá na cabeça do Adjunto do Sir deverão fazer sentido...Penso que há pessoas que são excelentes em determinadas funções, mas não servem para outras...ainda que pareçam parecidas...não são. Espero que tenhas razão e que Portugal vá longe...de qualquer forma aqui fica apenas uma chamada de atenção...o "pimbolim" pode não saber muito de futebol, mas foi finalista num europeu, quarto num mundial e fomos aos quartos de final no outro europeu...a ver vamos onde nos leva Queirós...os resultados que ficam para a história farão a sua justiça...

Abraço

Rui Rodrigues disse...

Meu caro amigo...o azar é que o professor usa relógio digital, pois se usasse relógio analógico ainda poderia acertar duas vezes, pois nessas situações até um relógio quebrado acerta duas vezes.

Rui Moreira disse...

Bem, parece que os meus amigos são todos... tugas típicos.