"Há mais vida para além da política." A afirmação foi feita por Manuel Alegre quarta-feira, à entrada do lançamento do seu último livro, e está a preocupar o círculo mais próximo dos apoiantes da sua candidatura à Presidência da República.(...)
"Quem conhece bem Manuel Alegre tem reparado no silêncio e na crispação bem visível no rosto que as perguntas sobre a corrida a Belém lhe provocam. Mas, também sabe que o poeta aprecia desafios políticos que parecem inatingíveis como o verificado aquando da última eleição presidencial, onde derrotou Mário Soares. (...)
"Também o vice-presidente do grupo parlamentar socialista mostrou divergência da recente posição do ministro Silva Pereira, que considera que o partido ainda está longe do tempo certo para decidir que candidato apoia. Segundo Strecht Ribeiro, "em política o tempo é uma unidade fundamental porque não se deve tomar posição nem antes nem depois do tempo". E criticou a possibilidade de o PS se confrontar com o facto de "não ter um candidato que apoie nas próximas eleições presidenciais".
"Esta estratégia poderá ser, no entanto, uma hipótese que se coloca a Sócrates no que respeita ao cenário presidencial. A verificar-se, seria uma posição inédita nos socialistas, mas a forma de não repetir situações como a que aconteceu na anterior eleição, em que Mário Soares e Manuel Alegre dividiram o eleitorado PS e criaram as condições para a vitória de Cavaco Silva, e para que Alegre voltasse a disputar o lugar ao actual presidente.
"O atraso no anúncio da posição do PS pode ser comparado ao triângulo das Bermudas: nas três pontas estão Soares, Alegre e Sócrates, no centro um vazio decisório. E, mesmo tendo já José Sócrates intimamente declarado a sua intenção de apoiar Alegre, a oposição determinada de Mário Soares à escolha está impossibilitar a sua concretização.
"As pressões do ex-presidente Mário Soares têm sido poderosíssimas junto do secretário-geral do PS, segundo o DN confirmou, e José Sócrates confronta-se com uma guerra entre egos históricos que lhe poderá custar caro no momento em que precisa de ter o partido consigo. As críticas feitas por Alegre ao PEC, em Bragança, foram, entre outros, argumentos arremessados por sectores contestatários ao apoio do PS ao candidato."
por JOÃO CÉU E SILVA,
DN 9.4.2010
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