quinta-feira, 4 de março de 2010

Post sem titulo para não ter que falar mal...

Só uma pergunta, se faz favor.
Eu não sou funcionário publico, mas será que também posso fazer greve?
Por exemplo: hoje faria greve a não pagar os meus impostos de um dia, para não financiar quem não trabalha. E para compensar o meu prejuízo, já agora.

É que eu fui hoje ao 2º Juízo Cível do tribunal de Vila Nova de Gaia para uma audiência de partes e dei com o nariz na porta. Ou seja, 4 pessoas saíram de Braga às 8h30 de carro, deixaram de ir trabalhar e contribuir para a riqueza do país, gastaram combustível, portagens, contribuíram com a poluição de uma viagem infrutífera para o aquecimento global e para quê?

Para nada foda-se. Para ter que lá voltar daqui a sabe-se lá quanto tempo e, entretanto rezar, mas rezar bastante, que para a próxima o doutor juiz não fique de diarreia.

Senhores funcionários públicos. Qualquer que sejam as vossas razões, aos meus olhos e com atitudes destas, perdem-na toda. Seja qual for. Porque eu também tenho as minhas razões e não tenho como as fazer valer. Porque ninguém me reembolsa do meu prejuízo.

Arranjem outras formas de luta. Porque esta só tem três consequências:
- guerra entre governo e sindicatos quanto à percentagem de adesão;
- foder o zé povinho, porque esse é que sente na pele os efeitos da greve;
- diminuição drástica da produtividade de um país envolto numas das suas maiores crises económicas das ultimas décadas.

Sejam também vocês responsáveis. Mostrem que são melhores que o governo. Mas de forma que apenas este sinta as consequências da vossa luta.

Da minha parte, obrigadinho sim!

9 comentários:

Paulo Novais disse...

Antes que me chamem "fascista" e mais uns desprimores à minha mãe:

Artigo 1º
*Direito à greve*

1 – A greve constitui, nos termos da Constituição, um direito dos trabalhadores.
2 – Compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender através da greve.
3 – O direito à greve é irrenunciável.
Fonte: http://pt.legislacao.org/

mas, também:

Liberdade
Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem.
Fonte: dicionário Priberam da língua portuguesa.

Anónimo disse...

Temos pena que assim seja, mas se quer fazer greve também tem esse direito, infelizmente e tal como os funcionários públicos, sai prejudicado.

Paulo Novais disse...

Prejudicado já eu fui.
E ainda não fiz nada.

Nuno disse...

A greve é mesmo para te lixar a vida! Bem vindo ao mundo real...

Paulo Novais disse...

Não duvides. Agora estou muito mais intolerante. Porque a maioria destas pessoas nunca souberam o que é realmente uma dificuldade da vida. Porque depois tudo parece mais pequenino.
E porque nos meus mais de 25 anos de vida profissional por conta de outrem nunca fiz uma greve. Porque nunca senti necessidade. Porque sempre obtive das entidades empregadoras praticamente tudo o que me propus. Sem precisar de greves. Porque será?

E porque a greve sempre foi e continua a ser instrumentalizada ao belo prazer e conveniência de agendas politicas. E tem muito pouco a ver com os interesses dos trabalhadores.
E porque é desvirtualizada todos os dias quando se utiliza por isto ou por aquilo.
E porque na maioria das vezes, os verdadeiros atingidos não são os que deveriam ser e porque uma greve na função publica actualmente apenas serve para o estado poupar umas coroas de ordenados.
Porque todas as consequências são sentidas, isso sim, por todos nós.

Anónimo disse...

Blá blá blá e sabendo da greve, que tal ligar antes para confirmar? Até para uma simples consulta eu ligo antes para verificar quanto tempo terei que ficar à espera. É para ter tempo para coisas mais produtivas 'tá a ver?

Quando as pessoas são atingidas pela greve, "ai Del Rei que é peixe frito!" porque nos restantes dias querem lá saber quem faz greve e porquê. Não se interessam por outros trabalhadores receberem aumentos de 0% durante anos e quando finalmente recebem alguma coisa em ano de eleições, caem-lhes em cima porque "o aumento é superior ao privado" esquecendo-se dos anos anteriores sem nenhum aumento. Gostaria de saber a vossa reacção se o vosso patrão andasse a pensar cortar nos subsídios de Natal/férias, congelar vencimentos, etc. Não venham com a treta que é preciso apertar cinto e sujeitarem-se porque estamos numa altura má bla bla. Nessa ordem de ideias devíamos todos sentir-nos felizes com uma taça de arroz no final de um dia de trabalho. É sempre melhor que não receber nada, certo?

Paulo Novais disse...

Ligar para onde anónimo? Para uma repartição publica? A que horas se tinha que sair de Braga ás 8h30? E para ouvir que resposta? «Depende dos funcionários aderirem ou não à greve!».
Não brinque comigo.
Sabe anónimo. A democracia é tramada. Porque é muito boa quando a utilizamos para nosso beneficio. Porque quando temos que o fazer a pensar também nos outros, é uma porra.
Eu já aqui disse, a propósito das greves por aumentos de salário, ou por tudo e por nada como é hábito, que nunca fiz uma greve na minha vida de trabalhador por conta de outrem (25 anos) e sempre atingi tudo a que me propus. Por isso não entendo. Não estão bem? Mudem de emprego. Façam valer o vosso valor profissional para obter um emprego melhor. Ou para progredir nas vossas carreiras.
Agora não me lixem. Usem as vossas armas mas direccionem-nas contra quem merece. O governo. Não nós.
E deixem-se de armar em vitimas. Tenha vergonha. Olhe à sua volta anónimo. Existem 600.000 que nem greve podem fazer. Sabe porquê? Porque não têm trabalho.

Anónimo disse...

Se um dia a sua empresa fecha por greve e eu precisava dela naquele preciso dia tenho o direito a ficar chateado? Tenho mas mas não vou bradar aos 7 ventos que deviam ter vergonha e sei lá que mais só porque fiquei com o dia estragado porque a terem fechado portas é porque tiveram razões para sacrificarem o vencimento desse dia para lutarem pelas vossas exigências. E aí é um direito que vos assiste e que eu jamais iria queixar-me disso.

Você é daqueles que quando vê pessoas que trabalham a recibos verdes ou contratos precários a queixarem-se diz "não estão bem, mudem de trabalho?", "atrás de vocês estão X número de pessoas que nem emprego têm"? Ah já é diferente por causa da razão x, y e z? Então e pessoas que estão melhor comparativamente com os a recibos não deviam lutar? Um varredor do lixo tem melhores condições que um qualquer licenciado num call-center a ganhar 300€ ao mês e com risco de ir para a rua a todo o minuto. O varredor do lixo não se devia queixar porque está melhor protegido, tem mais regalias, melhor salário, etc. etc. que o funcionário call-center? Onde é que você traça a linah entre os que podem lutar por melhores condições e os que "deviam ter vergonha e armarem-se em vítimas" já que supostamente têm mais regalias?
É que primeiro diz para mudarem de emprego e logo a seguir lutar para melhores condições. Ora é precisamente a última o que se está a fazer. E é claro que alguém sai prejudicado seja público ou privado. Esquece-se que um dia de greve numa fábrica é um dia a mais que as encomendas se atrasam e outras empresas dependentes fiam prejudicadas. Ups, democracia é mesmo isto, a minha empresa ficou prejudicada pela outra que fez greve, não quero saber porque o fizeram, devia ir lá mostrar-lhes como é.

"E deixem-se de armar em vitimas. Tenha vergonha. Olhe à sua volta anónimo. Existem 600.000 que nem greve podem fazer. Sabe porquê? Porque não têm trabalho."
E mais uma vez, nessa ordem de ideias, você, eu e todos deveríamos dar-nos por felizes por um barraco onde dormir e uma taça de arroz no final do dia de trabalho. E porquê? Porque há quem nem isso tenha ou porque nos propusemos a não passar disso. É isso?
Tenho muita curiosidade de ver a sua reacção se o seu patrão congelasse o seu vencimento durante anos, congelar progresso na carreira, pensar em cortar subsídio de natal/férias além de virar a opinião pública constantemente contra a sua classe trabalhadora por dá cá aquela palha. Depois queria ver se dizia o mesmo.
E tudo isto porque fez uma viagem inutilmente... Bem, já se fizeram guerras por muito menos. Enfim...

Paulo Novais disse...

Como é óbvio o anónimo, pela sua parte é livre de aturar o que lhe apetecer. Até que lhe vão à carteira. Agora eu não.
Eu digo sempre a qualquer pessoa que não se sinta bem, que se deve mudar. Mas nem devia ser preciso. Porque quem está mal devia mudar-se de livre e espontânea vontade. Mais do que certo.
Agora não me confunda consigo, anónimo. Eu não sou de ameaçar os mais fracos nem nunca fui habituado a desrespeitar os outros em meu proveito. Deixo isso para a maioria dosa grevistas.

Acho também que o anónimo devia ler o que eu escrevo antes de responder. Evita pelo menos que me ande aqui a repetir.
Eu nunca disse que as pessoas não deviam lutar pelos seus direitos.
MUITO ANTES PELO CONTRÁRIO (as maiúsculas são para ter a certeza que lê). Só não acho que o deva fazer com prejuízo e ás custas de outros.
Por isso não existe linha nenhuma entre quem pode e não pode lutar pelos seus direitos.
Existe sim, uma linha entre os efeitos negativos e prejudiciais sobre outras pessoas. E essa linha tem um nome. Chama-se LIBERDADE. Porque o vosso direito à liberdade e a lutarem pelos vossos interesses não vos dá o direito de atropelar e prejudicar os meus.
Essa é que é essa.
Sim meu caro anónimo. Por muito mal que considere que estou, darei sempre graças a Deus, por mal ou bem, conseguir por sopa no prato dos meus filhos. Que é muito mais do que muitos milhares podem dizer.
E continuo a achar que vocês têm a mania de se armarem em vitimas. De que só os funcionários públicos são injustiçados. E têm aumentos congelados. E mais isto e aquilo.
Olhe à sua volta. Diga-me lá se os aumentos de que ouve falar, se os aumentos da reformas, pensões de invalidez, se podem ser chamados de aumentos? Se não são uma forma de congelar chamando-lhe aumento de 1%. Vamos lá. Olhe mesmo à sua volta. E diga-me se acha superior ou diferente de todos nós? Ou pensa que para o resto dos portugueses os aumentos oa milionários?
E a questão, que acho que não atingiu, não é a viagem em vão. É o principio. Não gosto que me metam a mão ao bolso.
E estou no meu direito.