sábado, 3 de outubro de 2009

Notas sobre o debate da RUM - II

Alguém disse que o BE propunha um polícia para a Câmara de Braga. E, de facto, quanto mais ouço o candidato do BE mais ele me parece uma espécie de Diácono Remédios da política bracarense. O problema do Bloco em Braga é excesso de UDP e falta de PSR. Há um maniqueísmo um bocado parolo naquele discurso "nós somos os puros e do BE para a direita é tudo uma cambada de chupistas" que não convence. Mas pior - não tem piada. Custódio Braga e até Magalhães Lima conseguem, ao menos, a proeza de incomodar o poder. Chateiam mesmo. E, por causa deles, o Bloco faz muita falta na Assembleia Municipal. No entanto, e à semelhança de anos anteriores, este BE que quer estar na Câmara nem isso consegue, apesar da violência verbal bem soletrada do seu candidato.

Para além disso, o candidato do Bloco de Braga é capaz, ao mesmo tempo, de ser mais comunista que o PCP (por exemplo, no desejo ardente de omnipresença da Câmara na vida da cidade), e de não fazer valer o embrulho discursivo modernaço que é timbre do BE à escala nacional.

A não ser que, à distância, algo me esteja a escapar na dinâmica de campanha do Bloco - que não na do seu candidato - pode bem acontecer que ainda não seja desta que o Bloco elege um vereador.

A ideia que fica é, em suma, a de que esta candiatura se apresenta ao eleitorado, simultaneamente, como uma réplica do PCP, quando fala do seu programa, e como um espelho de Miguel Brito, quando se pronuncia sobre o ambiente político bracarense. Pelo que, e apesar do sucesso do BE nacional, este BE bracarense versão "fotocópia de frente e verso" corre o sério risco de se ver duplamente entalado pelos respectivos "originais", ambos de qualidade superior.

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