Passadas as férias e o merecido descanso dos portugueses e dos bracarenses em particular, chegamos á recta final do ano que tudo vai decidir para o país e para a cidade.
Setembro é o mês das escolhas, é aqui que Portugal pode dar um passo em frente ou dois passos atrás. A escolha centra-se em dois líderes dos maiores partidos portugueses e, felizmente para a democracia, pode dizer-se que desta vez há mesmo o que os distinga. De uma forma geral não se pode deixar de constatar que a diferença de estilo é brutal. É claro que Sócrates é mais vendável, tem uma imagem mais cuidada, consegue fazer aquele olhar de quem está de facto preocupado com os problemas dos portugueses e até tem tiques que fazem lembrar o Sr. Dr. Do antigo regime. Na substância eles têm a mesma diferença que Sócrates tinha de Santana em 2005... um mente e o outro não!
Se há coisa que eu entendo que as pessoas devem saber fazer é justiça. Lá porque o pais compactuou com o golpe palaciano encetado pelo Dr. Jorge Sampaio para colocar lá o Secretario-Geral do Partido Socialista, não significa que passados quatro anos não possamos perceber e admitir que Santana Lopes tinha razão numa série de temas, só que não disse o que o povo queria ouvir. Aliás, se o Professor Cavaco Silva fosse tipo o Dr. Jorge Sampaio, o governo Sócrates já tinha sido demitido para aí dez vezes, só a contar com aquilo que os Ministros andaram a fazer, porque se englobarmos o Primeiro-Ministro... o número sobe vertiginosamente. Felizmente o actual Presidente da República põe o país á frente do partido.
De qualquer forma todos perceberão que Santana Lopes disse que não era possível baixar impostos, muito menos o IVA, disse que o desemprego ia aumentar, disse que era necessário contenção nas obras publicas e gastos do Estado e disse que era necessário emagrecer o função pública. Sócrates disse que ia baixar os impostos, nomeadamente o IVA, disse que ia criar 500 000 postos de trabalho, disse que ia (aqui não mentiu, mas errou) promover o investimento público. Passados estes anos e olhando apenas para as duas propostas fundamentais, o IVA aumentou, o desemprego proliferou. Resultado, Sócrates mentiu e Santana disse a verdade. Mas mais do que a verdade Santana estava mais certo quando dizia que o caminho era pelo incentivo ao investimento privado, á criação e acima de tudo á manutenção das empresas porque elas sim eram o verdadeiro motor da economia. Sócrates não percebeu isso e, perdoem-me a expressou, enterrou-se.
Hoje temos um Sócrates com tiques de ditador de segunda categoria, com o país a deambular por uma crise que não pode evitar, mas podia ter encarado e passado por ela de outra forma mas, no entanto, com o “Magalhães”, uma Ministra que já sabe o que significam os lenços dos namorados, a promessa de um aeroporto e de um TGV. Ora pois que me parece que estamos bem pior e com o destino traçado de projectos megalómanos que nos vão endividar até á cabeça. Certo é que este é um Sócrates mediático, com imagem e que me parece com capacidade para enganar muito boa gente. Se há coisa que o Primeiro-Ministro tem é uma máquina de campanha brutal, Senão vejamos, aquele outdoor em que aparece no meio das pessoas com o slogan “Juntos Conseguimos” é brutal, desde logo porque é a antítese da acção politica nestes quatro anos de governo... mas o que conta agora é o produto para vender. Tal como a mulher de César, Sócrates só quer parecer. Vejam lá se não se volta a comprar gato por lebre.
Do outro lado temos Manuela Ferreira Leite que é tudo menos mediática, fotogénica ou com um dote especial de comunicação. Associada a ela temos uma estratégia de campanha pouco inovadora e que se centra, tal como em 2005, em dizer a verdade. Não entra em promessas galvanizadoras e só aceita governar assente em bases sólidas e sem ter prometido o que não pode cumprir. Certo é que não seria a minha escolha se pudesse escolher entre todos os actores da cena politica Portuguesa, mas neste caso uso a memória para me lembrar que em 2005 se entrou numa aventura, se comprou o gato que Sampaio quis vender e hoje estamos na situação que se conhece.
A questão coloca-se ao nível da competência, do trabalho e daquele que nós entendemos ser o mais adequado para nos levar á tão ambicionada retoma e prosperidade. Sem shows, sem nomes sonantes para projectos medíocres... enfim, desta vez Portugal deve querer a lebre.
Ramiro Brito
In Diário do Minho 01/09/2009
2 comentários:
Livrem-nos do Sócrates!
Já não há pachorra para aquela voz de falsete e para aquele ar de carneiro mal-morto a dizer que vai ser delicado com os professores!...
Certo, porém, é que Governos com "Sócrates" (leia-se no plural) e "Ferreiras Leites" têm vindo a governar-se muito bem com o desgoverno deste país, há demasiado tempo.
E como não é Deus, nem o Diabo, que escolhem, mas sim o povo eleitor, isto torna-se mais enfadonho que uma roleta russa, onde, pelo menos, há 5 entre 6 hipóteses de apanharmos com a bala!
Lélé
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