Programa do BE na alínea A2 fala sobre o serviço nacional de saúde.
Saliento que estamos a falar de um programa para uma legislatura (4 anos).
Um dos pontos é "morte assistida e medicina paliativa". Começa assim:
«... propõe a legalização da morte assistida, o alargamento da rede de cuidados paliativos, o combate à obstinação terapêutica ...»; mais à frente pode ler-se ainda «... aqueles que escolherem interromper a sua vida...». Uff. Até doí transcrever isto, mas...
Em primeiro lugar, devo desde já esclarecer, que concordo com a morte medicamente assistida. Porque não quero para mim uma morte de sofrimento profundo como algumas de que vamos tendo conhecimento ao longo das nossas vidas. E porque acho que ninguém merece ter uma morte lenta, dolorosa, sem qualquer qualidade e, principalmente, sem qualquer dignidade. Mas também sei que não é fácil legislar e estabelecer critérios de rigor e certeza absoluta para que uma decisão destas possa ser legal e posta em prática sem que restem duvidas da sua aplicabilidade. "Quem?", "como?", "quando?", "em que estado?", "onde'", "salvaguardar o direito de objecção", enfim... dá para perceber a magnitude duma medida destas. Menos o BE, claro.
E esta deve ser sempre a solução de recurso para os doentes em fase terminal e só deverá poder ser tomada pelo próprio quando na posse da totalidade inquestionável das suas faculdades mentais.
Dito isto, passamos à analise destas pérolas do BE. Primeiro, como já foquei este deverá ser um programa para uma legislatura de 4 anos e não um testamento para aquando da morte de próprio (o bloco). Logo, prever que em 4 anos em Portugal é possível consultar, legislar, aplicar e ter meios para estas medidas é a mesma coisa que dizer que entretanto também seremos capazes de, com sucesso, colocar o primeiro garrafão de vinho verde e o primeiro bolinho de bacalhau na lua pelos nossos próprios meios e, ainda, lançar o primeiro satélite de espionagem (à presidência da republica) em simultâneo. Ridículo é o que é.
Depois a linguagem utilizada. Já sabíamos que o BE é o perito das medidas fracturantes (como é moda de 10% dizerem) mas não pensei que transpusesse para a sua linguagem. Senão vejam:
- "Legalização da morte assistida" é bom que queira dizer em linguagem não BE, "morte de doentes terminais MEDICAMENTE assistida".
- "Combate à obstinação terapêutica..."; então agora os médicos são uns obstinados quando no exercício da sua profissão fazem tudo quanto lhes é humanamente possível para salvar a vida de pacientes ou de, em ultimo recurso, tornar também o mais humano possível os últimos dias dos pacientes? Pois sim...
- "Interromper a sua vida...", vamos lá decidam-se. É morte assistida ou interrupção da vida? É que se é interrupção da vida este é o primeiro passo para o BE a seguir vir pedir a legalização do suicídio. Afinal também é uma interrupção da vida. Vá lá decidam-se.
Quase morria de rir, se não tivesse causado tanta pena...
É um programa pobre, mal intencionado, confuso, difuso, obscuro, obstinado... enfim, já sabem o resto!
Fonte: Bloco de Esquerda
1 comentário:
Um voto no bloco não passa dum voto de protesto!
Não é construtivo, não assume responsabilidades, está-se nas tintas para a proposta de futuro para Portugal.
É um voto perdido.
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