(Publicado no Diário do Minho de 07.04.2009)
Ando há quase quatro anos a dizer que o tabu de Mesquita Machado – é ou não candidato à Câmara em Outubro? - não tem ponta por onde se lhe pegue, mas confesso que já não tenho tanta certeza. Atravessei-me nas previsões e agora mordo a língua. Penso duas vezes…
O povo costuma dizer que à terceira só cai quem é parvo, e eu gosto pouco de passar por parvo. Assim sendo, via o tabu deste ano como o de há quatro anos, ou o de há oito anos. Tinha por seguro que, no momento certo, apareceria algum projecto a fazer as vezes do Estádio, ou do Euro, ou do Parque Norte, justificando a ambição de um “último” e “marcante” mandato, ditado por ponderosas razões de “amor” ou coisa que o valha.
Todavia, o que se tem visto nos últimos meses não é normal em Braga. Ou, pelo menos, não costumava ser. Vejamos: eu nunca tinha visto o PS perder uma votação importante na Assembleia Municipal de Braga, mas este ano já vi; também não me lembro de, jamais, um órgão de comunicação social ter-se debruçado sobre a fortuna de alguns dirigentes bracarenses com o destaque que o Correio da Manhã deu ao tema recentemente.
Mas há mais. Nunca a sensação de que Mesquita poderia perder as eleições teve tanto eco como este ano, quando obrigou o PS a divulgar, muito a contragosto, a sua sondagem. Acresce que não é hábito, em Braga, os detentores de cargos de nomeação política ensaiarem manobras pré-eleitorais para precaver a eventualidade de os respectivos padrinhos perderem nas urnas. Bem vistas as coisas, os sinais de que algo estava a mudar já andavam por aí há algum tempo.
No entanto, o modo como o PS nacional tirou o tapete a Mesquita na questão da nomeação de Domingos Névoa para Presidente do Conselho de Administração da Braval é toda uma moção de estratégia e, como tal, deve mesmo fazer-nos pensar. Mas, afinal, o que significam os ataques socialistas à maioria socialista na Câmara de Braga? O PS nacional virou Bloco? Manuela Ferreira Leite anda a morder os calcanhares a Sócrates? É desta que Manuel Alegre faz um novo partido? Ou, simplesmente, será Santos Silva o primeiro abutre rosa a pairar sobre o corpo moribundo do poder bracarense?
Confesso que esta sucessão de acontecimentos me causa alguma perplexidade. Perplexidade essa que apenas se agiganta ao constatar que, em pleno mês de Abril de 2009, o tabu ainda não se desfez – quando todos, mesmo os socialistas, afirmavam que o candidato seria anunciado no primeiro trimestre deste ano. E, como se tudo isto não bastasse, não se vislumbra uma aposta simbólica, um desígnio, uma desculpa, um pretexto decente, nada, absolutamente nada que possa justificar a enésima última candidatura de Mesquita Machado à Câmara Municipal de Braga. Será que desta vez o tabu é para levar a sério?
Ora, aqui há tempos, durante uma participação que tive no programa “Praça do Município”, da Rádio Universitária do Minho, apostei com o João Granja (PSD), com o Jorge Cruz (PS) e com o Alexandre Praça (jornalista) que lhes pagava um jantar se Mesquita não fosse candidato à Câmara em 2009. Hoje, estranhamente, dei por mim a pensar onde é que se poderia realizar esse repasto. E, desde já, declaro publicamente o seguinte: se, contra todas as expectativas, eu vier mesmo a ter que pagar essa jantarada, que me perdoem os proprietários, funcionários, cozinheiros e clientes de todos os belíssimos restaurantes de Braga (que são bastantes), mas eu não resisto à tentação de levá-los… ao Expositor, pois claro!...
Sem comentários:
Enviar um comentário