segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Outro ponto de vista


por Acácio de Brito

 “Dar e receber – o difícil e desejável equilíbrio (...) dar e receber, quando é feito com
o coração, é gratuito e gratificante”. (Maria José Quintela)

A época natalícia é sempre momento de reencontro connosco, com os outros e com a vida! Não obstante, é minha convicção que este momento de celebração da Vida está absolutamente adulterado, mormente, quando, no lugar do Menino, se coloca uma figura simpática, mas sem sentido – o pai Natal. Ora, se procuramos que este momento seja de autêntica festividade pelo sentido da mensagem do Deus Menino, não tem razão a natureza consumista que hoje, apesar do estado de crise, tem caracterizado esta época de Natal. Numa perspectiva mais intimista, mais próxima, recordo, com imensa saudade, o primeiro Natal que passei em Portugal, nos idos anos de 1976. Estava na capital do Império que tinha desabado, Lisboa, cidade imensa, que de todo não conhecia. Sentia-me, desse modo, profundamente só. Aliás, em nota de rodapé, confidencio que a minha aversão às castanhas assadas remonta a esse tempo pois associo-as
a esse momento de solidão. Todavia, tive então a melhor prenda de Natal da minha vida – a companhia de minha irmã Zezinha que, por si só, já bastava enquanto prenda, mas que me ofertou, com sacrifício imenso, um camisolão de flanela! Que lindo que era, que bem me soube!
A companhia, o sentido genuíno da oferta, tudo se conjugou para que recorde, com saudade imensa, um Natal,
o do ano de 1976, onde só aparenteN colaboração com o Outro. Não obstante, não nego o sentido agradável da prenda! Mas, poupem-nos... Mesmo em crise, chegámos ao exagero, ao limite. Não vale a pena! Hoje, num tempo com uma mundividência ávida do TER, muitas vezes nos esquecemos da dimensão autêntica e substantiva do SER.
A todos, os votos de um Santo e Feliz Natal em que o sentido da mensagem do Menino nos interpele sempre, tornando-nos desse modo, melhores com o Outro, nosso irmão.

in D.M. 23/12/2012

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