segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Outro Ponto de Vista


Acácio de Brito
in DM de 11/11/11 

“O nosso conhecimento só pode ser finito, enquanto a nossa ignorância tem necessariamente de ser infinita” (Karl Popper)

A propósito do frenesim provocado pela presença, ou não, da selecção portuguesa de futebol no europeu da bola chutada pelos pés, uma reflexão: o futebol, enquanto prática desportiva, transformou-se, para bem e para mal, numa indústria de entretenimento que move milhões. Milhões de pessoas e de dinheiro! Os seus actores principais, os jogadores, transformam-se em autênticos deuses do Olimpo. Idolatrados por multidões, têm responsabilidades acrescidas. Significam para muitos, nomeadamente, os mais jovens, modelos que procuram seguir. Recordamos o exemplo de jogadores como António Simões, Coluna, Humberto Coelho, Fernando Gomes, Jordão, Nené, José Augusto e, por que não, Nuno Gomes, Rui Costa ou Messi, como modelos de bom comportamento. Queremos, ou procuramos esquecer, exemplos de outros e de um conjunto de indivíduos, capitaneados não sabemos por quem que, na celebração de uma vitória, que nós devemos parabenizar, a estragam completamente. Sempre visto, do palanque da vitória, o gozo é o insulto ordinário e gratuito. Só não é trágico porque é cómico. As acções caracterizam bem os seus autores. Contudo, não podemos permitir que alguns, sem qualquer formação cívica
e moral, se permitam, de forma leviana, insultar tantos que gostam de futebol e até são adeptos de clubes diferentes. Bem sei que a culpa não é só dos que aparecem, mas isto não deve constituir um factor de desculpabilização. Estes, os que aparecem, têm a responsabilidade acrescida de quem é visto como modelo. Sabemos que muitos dos ídolos têm pés de barro. Os exemplos, tanto no mercado doméstico como no exterior, são abundantes, desde um Vítor Baptista a Best, ou mesmo a Diego Maradona. Mas alguns parecem que nunca aprendem...
O problema, se calhar, pode ser outro: termos alguns dirigentes que, usando e abusando da mais fina ironia, julgam mesmo que são intocáveis! Quão efémeros são os poderes temporais! Às vezes, quando nos apercebemos desta iniludível realidade, o nosso tempo já passou!

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