sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Artigo Revista SIM nº92

LOW COAST MOTORSPORT

Do ditame latino “sol lucet omnibus”, o sol quando nasce é para todos, retiro a máxima que servirá de base a este artigo, a saber, o crise quando vem é para todos. Como não podia deixar de ser o mundo dos desportos motorizados não foi excepção.
A verdade é que os chamados troféus low coast, são uma solução, muitas vezes a única, para os aficionados deste desporto esta pode ser a única via para poderem praticar as modalidades associadas a este apaixonante desporto.
Ora, os troféus low coast em Portugal tiveram o seu grande impulso com o ressurgimento do troféu Datsun 1200, o primeiro troféu de clássicos em Portugal. Foi pelas mãos de José Megre, essa personagem incontornável dos desportos motorizados, que surgiu esta ideia de promover troféus mais acessíveis ao comum dos pilotos. Ora, como não pode deixar de ser, a experiência que se vai adquirindo ao longo do tempo em que se pratica este tipo de modalidades, vai-nos mostrando que o processo evolutivo de preparação de qualquer viatura de competição, ainda que os regulamentos sejam apertados e restritivos cria, naturalmente desigualdades. A título de exemplo, podemos entender o seguinte, à medida que os troféus com as características do Datsun e, mais recentemente, dos Uno’s e Punto’s da FEUP, vão avançando no tempo, vão surgindo mais participantes, uns com mais poder económico, outros com menos...e, pasme-se, existem os que gastam verdadeiras fortunas na preparação de um Fiat Uno, simplesmente para terem vantagem competitiva sobre outros, com menos poder económico. Ora, esta desigualdade financeira desvirtua completamente a natureza destes troféus que pretendem criar um “produto” acessível e equilibrado, de forma a ter um compromisso excelente na relação preço/competitividade.
Há que dar o mérito a iniciativas com as do Sr. José Megre e da FEUP, pois são eles os grandes precursores dos desportos motorizados em Portugal. São os que criam dinâmicas que permitem termos mais pilotos, mais carros em pista e nas estradas, mais aficionados...enfim, mais sinergias que fazem progredir e não deixam morrer os desportos motorizados. Como não há bela sem senão, a verdade é que estes troféus são muitas vezes subvertidos pelo poder do dinheiro. Quem investe dezenas de milhares de euros num Fiat Uno para correr tem, do meu ponto de vista, dois problemas a serem combatidos, a saber, não tem capacidade para ter bons resultados em carros mais potentes e evoluídos e noutro tipo de campeonatos e, caso venha a ser vencedor do troféu low coast, nunca saberemos se foi de facto o melhor, ou o mais rico.
Há que combater esta tendência de uns mais abonados financeiramente que, de forma persistente, condicionam o sucesso de uma ideia tão bem conseguida e singular como é a dos troféus low coast.
Este tipo de troféus e iniciativas é o mais próximo que chegaremos da máxima “desportos motorizados para todos”.

Sem comentários: