segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Governo (britânico) cede à pressão e apoia reformas anti-aborto"

O governo britânico cedeu à pressão do lóbi anti-aborto e vai avançar com reformas do actual sistema de apoio às mulheres, retirando aos médicos e às instituições de caridade a responsabilidade exclusiva de prestarem assistência e aconselhamento a quem quer interromper a gravidez.

De acordo com o The Guardian, o Ministério da Defesa confirmou que vai mudar as regras de modo a que as mulheres recebem aconselhamento "independente" sobre os serviços relacionados com a interrupção voluntária da gravidez (IVG). Um anúncio que surge uma semana antes de a câmara dos comuns discutir uma alteração à lei da saúde que propõe um caminho semelhante e que será apresentada por Nadine Dorries, uma deputada do Partido Conservador conhecida pelas suas posições contra a actual lei do aborto.

As instituições de solidariedade social argumentam que acrescentar mais um nível de aconselhamento só vai causar perturbação e reduzir o acesso das mulheres aos serviços de IVG. Além disso, dizem, os seus serviços acompanham as mulheres durante todo o processo e rejeitam as acusações de terem conflitos de interesse ao nível financeiro. Yvette Cooper, membro do governo sombra do Partido Trabalhista, considera que a iniciativa governamental é baseada em preconceitos e não em provas, escreve o jornal.

Dorries, uma antiga enfermeira que já fez campanha para reduzir o período de gravidez em que a interrupção voluntária é legal, acredita que é possível evitar 60 mil dos actuais 200 mil abortos por ano se for oferecido às mulheres aconselhamento independente. E critica o British Pregnancy Advisory Service (serviço britânico de aconselhamento sobre gravidez) e a instituição Marie Stopes.

"O importante é que o governo tenha salientado e concordado que um aconselhamento prestado por organizações que são pagas para conduzir os procedimentos para as IVG não é independente. (...) Isso valida a emenda e o que estamos a fazer", afirmou Dorries ao The Guardian. "O aborto é um processo tão rápido - sete a 14 dias. As mulheres que têm dúvidas vêm-se do outro lado ainda antes de terem hipóteses de reflectirem. A maioria pode pensar que está tudo bem, mas há cada vez mais a pensarem que não era aquilo que queriam. E quanto mais rápido é o processo mais mulheres caem nessa armadilha. Isto é uma questão de direitos das mulheres", afirma a deputada (...).

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