terça-feira, 19 de julho de 2011

Esquerda à deriva ( VI )

Alegre Falido: PS e BE não pagam milhares de euros das presidênciais

Manuel Alegre tem um prejuízo de centenas de milhares de euros por causa das eleições presidenciais de Janeiro e não vai contar com a ajuda nem do PS nem do Bloco de Esquerda para tapar o buraco.

As contas do candidato vão ficar fechadas hoje, mas o mandatário financeiro da candidatura adiantou ao i que o prejuízo é "elevado". O valor final, que ainda não foi apurado, vai ficar abaixo do meio milhão avançado pela imprensa logo depois do fim da campanha. "Vamos ter um défice. É um défice elevado, no entanto, posso assegurar que os pagamentos aos fornecedores serão feitos num prazo relativamente curto. Estamos a trabalhar para que até Outubro estejam liquidadas os pagamentos", disse ao i Carlos Santos, mandatário financeiro da candidatura de Alegre.

O buraco não vai ser tapado pelos dois partidos que apoiaram Alegre. PS e Bloco de Esquerda contribuíram com um valor inicial de meio milhão de euros e não vão dar mais um cêntimo à candidatura. "Não temos mais nada a ver com a campanha presidencial. O PS já deu o seu contributo e acabou", disse ao i José Lello, membro do secretariado nacional do PS. Também o BE não tem previsto nenhuma verba adicional. E o candidato também não contactou nenhum dos partidos para ter mais apoio. A candidatura está a tentar obter mais verbas através de donativos individuais, de pessoas que assumirão a despesa.

O prejuízo da candidatura deve-se a dois factores: mais despesa e menos receita. Alegre esteve mais tempo em campanha do que Cavaco, o que elevou os gastos, e acabou por receber menos de subvenção estatal do que contava. No entanto, o mandatário financeiro garante que o prejuízo "não é tanto porque a despesa tenha subido muito, mas porque a receita foi abaixo do pensado: tanto a da subvenção como a dos donativos".

O candidato apoiado pelo PS e pelo Bloco esperava receber um milhão e 350 mil euros de subvenção estatal, correspondente a cerca de 30% dos votos, mas como ficou abaixo desse valor - teve apenas 19,74% dos sufrágios - recebeu menos 514 mil euros do que contava. Também as verbas correspondentes a donativos ficaram aquém das previsões. Alegre esperava receber 50 mil euros de contributos particulares.

Também relativamente às últimas presidenciais, Cavaco Silva revelou ter tido uma despesa abaixo do previsto e uma receita de donativos de particulares acima do esperado. O Presidente da República tinha orçamentado gastos de 2,1 milhões de euros, mas no documento que entregou à Entidade das Contas e Financiamento Políticos (ECFP) refere que gastou 1,7 milhões. A maior parte das receitas da candidatura, 83,5%, foram alcançadas através de donativos de particulares, o que significa que 1,5 milhões de euros foram dados a Cavaco por apoiantes individuais. A lista dos nomes ainda não é conhecida e está sob alçada da ECFP.

Com o aumento das receitas de donativos, Cavaco Silva "utilizou apenas 16,2 % da subvenção estatal", refere a candidatura numa nota enviada à Lusa. Por isso o Presidente devolveu à Assembleia da República os mais de 158 mil euros que não utilizou.

por Liliana Valente,
Publicado no "i" em 19 de Julho de 2011

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