domingo, 24 de julho de 2011

E se fosse nosso filho, irmão, cônjuge? Nós, até?


Não vou aqui começar a desancar no sistema: Nem afirmar ou defender se neste caso a família podia e devia suportar a deslocação do doente. Não. Peço apenas para se centrarem nas necessidades especiais deste cidadão. Que podia muito bem ser qualquer um de nós. Não me parece propriamente um daqueles casos em que a família chama a ambulância para não pagar o táxi. Assim como tenho a certeza, que se trata de um cidadão que não pode viajar em segurança num carro particular. Numa viatura convencional. Num transporte publico. Sim, este cidadão é uma pessoa com sérios problemas físicos, aliás visíveis. Eu só pergunto: algum de vós,  no vosso perfeito juízo, arriscaria transportar  numa viagem de 35 km (mais outro tanto de volta) e de aproximadamente 45 minutos de duração, uma pessoa que não se pode sentar, que não tem controle do seu corpo, a quem não se pode colocar o cinto de segurança?

Embora realmente a situação do Jorge não fosse emergente, tem este cidadão condições de se fazer transportar em segurança de outra forma que não um transporte especial, ambulância ou não? E não merece ele a mesma segurança que todos podemos ter numa deslocação?
E terá este cidadão, o Jorge, de pagar por ser diferente? E pagar. por nós não lhe proporcionarmos uma forma alternativa de se deslocar com a mesma segurança que nós próprios? Não devia o estado zelar para que cidadãos nestas condições, com situações emergentes ou não, tivessem sempre assegurada uma forma segura e humana de se deslocarem? Uma forma permanente.  Uma forma que não dependesse dos critérios de um "helpdesk" do lado de lá do telefone? Ou da interpretação aleatória desses critérios por quem não pode ver e enquadrar uma situação destas. 
Pelo menos quando estão doentes. Quando se trata de terem acesso em igualdade de oportunidades aos cuidados gerais de saúde.


Esta é a forma mais descarada de indecência que vi nos últimos tempos. Vergonha mesmo. Poupe-se sim, mas poupe-se com justiça. Com decência. 

Fonte: Correio do Minho

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