terça-feira, 31 de maio de 2011

O retrato do país deixado pelo Partido Socialista

*O professor Álvaro Santos Pereira (Universidade de Vancouver, Canadá)
colocou ontem no seu blogue "Desmitos" um post que é obrigatório ler para
perceber o que devíamos estar a discutir na campanha eleitoral. Aqui fica a reprodução:*

*Nos últimos dias, a "campanha" eleitoral tem sido constituída por um rol de "factos" que só servem para distrair os(as) portugueses(as) daquilo que realmente é essencial. E o que é essencial são os factos. E os factos são indesmentíveis. Não há argumentos que resistam aos arrasadores factos que este governos nos lega. E para quem não sabe, e como demonstro no meu novo livro, os factos que realmente interessam são os seguintes:*

*1)** Na última década, Portugal teve o pior crescimento económico dos últimos 90 anos;*

*2)** Temos a pior dívida pública (em % do PIB) dos últimos 160 anos. A dívida pública este ano vai rondar os 100% do PIB;*

*3)** Esta dívida pública histórica não inclui as dívidas das empresas públicas (mais 25% do PIB nacional);*

*4)** Esta dívida pública sem precedentes não inclui os 60 mil milhões de euros das PPPs (35% do PIB adicionais), que foram utilizadas pelos nosso governantes para fazer obra (auto-estradas, hospitais, etc.) enquanto se adiava o seu pagamento para os próximos governos e as gerações futuras. As escolas também foram construídas a crédito;*

*5)** Temos a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (desde que há registos). Em 2005, a taxa de desemprego era de 6,6%. Em 2011, a taxa de desemprego chegou aos 11,1% e continua a aumentar;*

*6)** Temos 620 mil desempregados, dos quais mais de 300 mil estão desempregados há mais de 12 meses;*


*7)** Temos a maior dívida externa dos últimos 120 anos;*

*8)** A nossa dívida externa bruta é quase 8 vezes maior do que as nossas exportações;*

*9)** Estamos no top 10 dos países mais endividados do mundo em praticamente todos os indicadores possíveis;*

*10)** A nossa dívida externa bruta em 1995 era inferior a 40% do PIB. Hoje
é de 230% do PIB;*

*11)** A nossa dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB. Hoje é de quase 110% do PIB;*

*12)** As dívidas das famílias são cerca de 100% do PIB e 135% do rendimento disponível;*

*13)** As dívidas das empresas são equivalente a 150% do PIB;*

*14)** Cerca de 50% de todo endividamento nacional deve-se, directa ou indirectamente, ao nosso Estado;*

*15)** Temos a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos;*

*16)** Temos a segunda maior fuga de cérebros de toda a OCDE;*

*17)** Temos a pior taxa de poupança dos últimos 50 anos;*

*18)** Nos últimos 10 anos, tivemos défices da balança corrente que rondaram
entre os 8% e os 10% do PIB;*

*19)** Há 1,6 milhões de casos pendentes nos tribunais civis. Em 1995, havia
630 mil. Portugal é ainda um dos países que mais gasta com os tribunais por habitante na Europa;*

*20)** Temos a terceira pior taxa de abandono escolar de toda a OCDE (só melhor do que o México e a Turquia);*

*21)** Temos um Estado desproporcionado para o nosso país, um Estado cujo
peso já ultrapassa os 50% do PIB;*

*22)** As entidades e organismos públicos contam-se aos milhares. Há 349
Institutos Públicos, 87 Direcções Regionais, 68 Direcções-Gerais, 25 Estruturas de Missões, 100 Estruturas Atípicas, 10 Entidades Administrativas Independentes, 2 Forças de Segurança, 8 entidades e sub-entidades das Forças Armadas, 3 Entidades Empresariais regionais, 6 Gabinetes, 1 Gabinete do Primeiro Ministro, 16 Gabinetes de Ministros, 38 Gabinetes de Secretários de Estado, 15 Gabinetes dos Secretários Regionais, 2 Gabinetes do Presidente Regional, 2 Gabinetes da Vice-Presidência dos Governos Regionais, 18 Governos Civis, 2 Áreas Metropolitanas, 9 Inspecções Regionais, 16 Inspecções-Gerais, 31 Órgãos Consultivos, 350 Órgãos Independentes (tribunais e afins), 17 Secretarias-Gerais, 17 Serviços de Apoio, 2 Gabinetes dos Representantes da República nas regiões autónomas, e ainda 308 Câmaras Municipais, 4260 Juntas de Freguesias. Há ainda as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e as Comunidades Inter-Municipais;*

*23)** Nos últimos anos, nada foi feito para cortar neste Estado omnipresente e despesista, embora já se cortaram salários, já se subiram impostos, já se reduziram pensões e já se impuseram vários*
*pacotes de austeridade aos portugueses. O Estado tem ficado imune à austeridade;*

*Isto não é política. São factos. Factos que andámos a negar durante anos
até chegarmos a esta lamentável situação. Ora, se tomarmos em linha de conta
estes factos, interessa perguntar: como é que foi possível chegar a esta
situação? O que é que aconteceu entre 1995 e 2011 para termos passado termos
de "bom aluno" da UE a um exemplo que toda a gente quer evitar? O que é que
ocorreu entre 1995 e 2011 para termos transformado tanto o nosso país? Quem
conduziu o país quase à insolvência? Quem nada fez para contrariar o
excessivo endividamento do país? Quem contribuiu de sobremaneira para o
mesmo endividamento com obras públicas de rentabilidade muito duvidosa? Quem fomentou o endividamento com um despesismo atroz? Quem tentou (e tenta) encobrir a triste realidade económica do país com manobras de propaganda e com manipulações de factos? As respostas a questas questões são fáceis de dar, ou, pelo menos, deviam ser. Só não vê quem não quer mesmo ver.*

*A verdade é que estes factos são obviamente arrasadores e indesmentíveis.
Factos irrefutáveis. Factos que, por isso, deviam ser repetidos até à exaustão até que todos nós nos consciencializássemos da gravidade da situação actual. Estes é que deviam ser os verdadeiros factos da campanha eleitoral. As distracções dos últimos dias só servem para desviar as atenções daquilo que é realmente importante.*


http://desmitos.blogspot.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Álvaro_Santos_Pereira
http://www.esferadoslivros.pt/autores.php?id=135

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