terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Corta a conversa

Wikileaks: Zapatero é um 'felino na selva'

6 de Dezembro, 2010

Num relatório enviado pela embaixada em Madrid para Washington, e agora divulgado pelo El Pais, o embaixador norte-americano descreve José Luis Rodríguez Zapatero como um «político astuto com uma assombrosa habilidade - um felino na selva - para detectar as oportunidades ou o perigo». E que «leva a mal se lhe dão lições».
Num telegrama enviado em Janeiro de 2009, a embaixada dos Estados Unidos diz que «é perigoso desvalorizar» o primeiro-ministro espanhol, «tal como muitos dos seus inimigos puderam comprovar tarde demais». Explica que Zapatero «se dirige mais ao galinheiro do que à primeira fila» e «luta continuamente pelo apoio de um ou dois milhões de votantes indecisos ou abstencionistas».

Na opinião do antigo embaixador norte-americano em Madrid, Eduardo Aguirre, «não há um qualquer tema em que Zapatero sacrifique o seu ponto de vista», sendo que «põe sempre todas as opções na mesa para conseguir os seus objectivos políticos a curto prazo».

«Está bem preparado nos temas fundamentais» considera-se ainda. «Gosta do diálogo e de trocar ideias, mas leva a mal que lhe dêem lições»; aliás, «corta a conversa quando percebe que isso está a acontecer».

Neste relatório, em que, diz o El Pais, «os políticos espanhóis mais poderosos do momento são descritos descaradamente nos documentos secretos e confidenciais da Embaixada de Estados Unidos em Madrid», nem o Rei Juan Carlos escapa.

«Nos casos em que os interesses de Espanha e EUA coincidem, o Rei pode ser um formidável aliado», pode ler-se no telegrama. Aguirre explica ainda que «nas reuniões o Rei tentará cativar os seus interlocutores baixando o nível de formalidade e protocolo para fazê-los sentir-se confortáveis e segurar as rédeas da conversa». Assim, «o melhor é pôr-se à altura da sua jovialidade e piadas» aconselha, «e não sentir-se intimidado pela sua aura. Se lhe respondes com jovialidade e algum jogo de palavras, ganhas o seu respeito».

Outra referência vai para Miguel Ángel Moratinos, ministro dos Negócios Estrangeiros entre 2004 e 2010. «Não é o mais brilhante membro do Governo, mas um gestor responsável a quem se deve tomar a sério. É bem-intencionado, mas egoísta», adianta o documento.

«Assim os vêem nos Estados Unidos», resume o El Pais.

(Sol)

1 comentário:

Anibal Duarte Corrécio disse...

Já reparámos que agora estamos mais voltados para a cena internacional...