quarta-feira, 16 de junho de 2010

A dúvida da selecção

Já se percebeu que Carlos Queiroz, e muito bem, trabalhou no sentido de preparar uma equipa para não perder. O que, tendo em conta as limitações de Portugal e o facto de termos calhado no Grupo da Morte, está muito bem pensado. A ideia passa por, na pior das hipóteses, não perder com nenhum adversário directo, o que está perfeitamente ao nosso alcance.

Uma vez mais afirmo que concordo com a lógica de Queiroz e que acho que ele está a fazer um belíssimo trabalho (com as armas que tem, e não com as armas com que os treinadores de bancada sonham)à frente desta selecção (que não é a de 2000, nem a de 2002, nem a de 2004, nem a de 2006, nem sequer a de 2008).

Quanto a este ponto, sei que sou amplamente minoritário, mas gostava de perguntar aos portugueses que criticam o facto de andarmos sempre a depender da matemática duas coisas: primeiro, qual é o mal da matemática, se é por menosprezarmos a matemática que, como país, estamos como estamos?; segundo, como é que queriam passar um grupo destes sem matemática?

Assim sendo, percebe-se que Portugal se está claramente a habilitar a uma qualificação com 5 pontos. Que pode até ser a 4 pontos, caso a Costa do Marfim (primeiro) e Portugal (depois) venham a perder com o Brasil - o que não poderia deixar de ser considerado como normal, apesar de achar que o empate também pode perfeitamente acontecer (a vitória acho mais difícil).

Ora, correndo tudo normalmente, grande parte da nossa qualificação - pensada de um modo realista e não a dar cabazadas a tudo o que nos aparecer pela frente, como me parece que certos adeptos tugas achavam exigível - passa por ganhar à Coreia do Norte com a maior diferença de golos possível.

Aí chegados, o histerismo tuga não permitiu ainda perceber que as qualidades de líder e de estratega de Queiroz estarão à prova no próximo jogo, bem mais do que neste último. E que a dúvida essencial estará em saber se esta selecção, que foi montada - e muito bem, repito - para não perder, será capaz de jogar para ganhar por muitos (pelo menos 3 golos de diferença) a um adversário, esse sim, muito mais fraco.Se Portugal conseguir fazer isso, e acredito que conseguirá - não devíamos ser nós a queixar-nos da exibição de ontem. Ainda poucos entenderam isto, mas de facto é o Brasil, e não Portugal, quem tem motivos maiores de preocupação após esta primeira jornada do Grupo da Morte.

P.S. - Claro está que o Sven-Goran Eriksson, que não é burro nenhum, pensou exactamente como nós (e daí o jogo fechado e muito táctico que vimos ontem). E por isso digo que a fava pode bem acabar por sobrar para... o Brasil. A selecção de Dunga entrou sobranceira e ganhou apenas por um à Coreia do Norte, pelo que poderá ficar em maus lençóis em caso de empate a 5 pontos entre os 3 primeiros. Pelo que o Brasil é que precisa mesmo de ganhar já à Costa do Marfim, abrindo-nos o caminho dos oitavos de final.

1 comentário:

Paulo Novais disse...

Não há duvida. As coisas vistas nesse (o do mundial) continente têm outra perspectiva.

A ultima vez que fiz um jogo de futebol em competição (tosco como sou) a olhar para o retrovisor para não se ultrapassado e ao mesmo tempo a olhar para as médias/números/golos sofridos e marcados e toda a treta toda foi... na Playstation.

Pera lá. mas eu nunca joguei Playstation.
Ah! Agora já percebi porquê.