terça-feira, 11 de maio de 2010

Barcelona

O Plano de Extensão (Ensanche) de Barcelona é considerado a principal obra de Ildefons Cerdà. Em 1855 uma comissão da qual Cerdà faz parte, inicia os estudos de um plano de extensão para a cidade. O principal objectivo do plano foi o de aumentar a área total da cidade, permitindo a sua expansão para além dos limites da antiga muralha, e permitir uma alternativa mais ordenada das ruas e dos quarteirões, em comparação com a "trama" confusa do centro histórico de Barcelona. A contenção da cidade nestes limites (da muralha) havia aumentado grandemente a sua densidade e criado problemas de comunicação com o exterior.

A base do plano é um sistema de vias e quarteirões que poderia estender-se indefinidamente, à medida que a cidade fosse crescendo. Cerdà cria uma hierarquia viária onde as pequenas ruas "desaguam" nas ruas maiores, que por sua vez "desaguam" nas grandes avenidas. Para explicar este conceito hierárquico, Cerdà utiliza a analogia dos pequenos rios desaguando nos rios cada vez maiores e mais largos. Cerdà define claramente desta forma o sistema viário, bem como os quarteirões e os espaços contidos entre as vias. Assim, reforça a noção de que os quarteirões e vias formam uma estrutura única e inter-dependente.

O Plano é hoje conhecido principalmente pela sua representação gráfica com a sua quadrícula característica. Esta, no entanto, é mal compreendida e vista como uma grelha simples, que se estende a partir dos limites da cidade antiga. O plano apresenta um sistema completo que distribui parques, indústria, comércio e residências de forma equilibrada. As avenidas principais formam estruturas que coordenam a expansão dos quarteirões.

Os quarteirões, actualmente estão preenchidos em todos os seus lados, embora tivessem sido idealizados como quarteirões abertos, que permitiam um maior fluxo de pessoas e de ar pela cidade, ou ainda com a possibilidade de serem preenchidos por áreas verdes.

Tão importante quanto os desenhos é, também, o sistema teórico desenvolvido por Cerdà e apresentado na memória da proposta:

-A cidade funciona em torno do duplo conceito: movimento e repouso;

-A rua deve fornecer redes de infra-estruturas, permitir o transporte e possibilitar a circulação do ar e iluminação das casas;

-O conceito de hierarquia do sistema viário representa a importância do quarteirão e das próprias vias, na estrutura da cidade;

-O sistema de transportes é um elemento fundamental para o funcionamento da cidade;

-O plano deve possibilitar a expansão ilimitada da cidade;

-Deverá haver uma "ligação" entre a cidade antiga e a nova zona de expansão.

[http://pangea-pantalassa.blogs.sapo.pt]

1 comentário:

Rui Moreira disse...

A intuição disse-me, quando estive em Barcelona, praí há 200 anos :), que havia algo de especial na forma como aquela cidade se desenvolveu. E agora já sei o que aconteceu. Obrigado, caro Nuno...

um abraço