«Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre o celibato dos padres e a pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e disseram-me recentemente, que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia», afirmou Bertone.
São afirmações destas, sem qualquer fundamento, e principalmente, totalmente descabidas no tempo e no objectivo, que fazem com que cada vez mais a igreja seja acusada de proteccionismo aos sacerdotes acusados de crimes de pedofilia.
Chega de desculpas e argumentos esfarrapados. E afaste-se quem como o secretário de Estado do Vaticano, presta um péssimo serviço à igreja, aos fieis e ao sacerdócio.
Porque da ultima vez que vi, os pedófilos não fazem distinção entre crianças de um ou outro sexo. Como é então possível tentar argumentar semelhante coisa em defesa do celibato dos sacerdotes.
E será mesmo que um homem casado, pai de filhos, chefe de família, provedor de sustento será um mau padre?
Ou será que um padre cansado da solidão, reprimindo o instinto sexual natural dos animais (homens incluídos), sem nunca ter a satisfação de ser pai, marido, amado, não será um pior padre?
Uma coisa é certa. Assim as coisas não estão bem. E as provas vão surgindo todos os dias, disfarcem-se como quiserem.
E continuar a argumentar semelhantes barbaridades para desculpar uma coisa que deve ser veementemente e exemplarmente condenada e castigada não é com certeza o caminho certo para demonstrar que a igreja realmente, por muito que tenha errado no passado, está a mudar as suas atitudes.
Fonte: Publico
8 comentários:
O Cardeal T. Bertone invocou psicólogos e psiquiatras para dizer o que disse. Tem, portanto, fundamento ciêntifico, actual e objectivo.
Estes casos trágicos são entregues à Justiça para serem devidamente julgados (como foi ontem notícia em Itália).
E a Igreja já reconheceu os seus erros e está a corrigir os seus procedimentos.
Nuno,
Chega de tapar o sol com uma peneira. O que a igreja pretende é arranjar um bode expiatório que justifique o celibato dos padres, tão criticado ultimamente.
Não cabe à igreja, em meu ver, neste momento, andar com paninhos quentes aqui e acolá. Foi por essas e por outras que se colocou na posição em que se encontra agora.
E eu falo com a consciência tranquila. Porque quando me coube achar que se estava a crucificar a igreja por um crime hediondo em detrimento de combater o próprio crime, também o fiz aqui: http://ruadosouto.blogspot.com/2010/04/esta-eu-tinha-que-roubar.html
Mas o contrário também é verdade. Sou uma pessoa que tento ser correcta. E exijo o mesmo. Por isso tanto falo para defender a igreja, como falo se tiver que a criticar.
E o Cardeal Bertone perdeu uma EXCELENTE oportunidade de ficar calado.
Já agora Nuno:
Sobre Bento XVI
(...)"... não posso deixar de recordar o que ele, primeiro como cardeal Ratzinger e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, depois como sucessor de João Paulo II, já fez neste domínio.
Até ao final do século XX o Vaticano não tinha qualquer responsabilidade no julgamento e punição dos padres acusados de abusos sexuais (e não apenas de pedofilia). A partir de 2001, por influência de Ratzinger, o Papa João Paulo II assinou um decreto – Motu proprio Sacramentorum Sanctitatis Tutela – de acordo com o qual todos os casos detectados passaram a ter de ser comunicados ..."
Fonte: José Manuel Fernandes, ex-director do "Público"
A crítica à Igreja é salutar. E todas as polémicas e os dramas podem ter o seu lado positivo e o seu lado purificador.
Confio muito no Cardeal T. Bertone, até com nº 2 da Igreja, e seria muito estranho que ele "metesse uma argolada" ou dissésse uma asneira com as proporções que alguns já acusam.
A diplomacia da Igreja é velha e sábia.
Então continuas a achar que o cardeal não fez asneira da grossa.
Bem, não há pior cego do que o que não quer ver.
"A diplomacia da Igreja é velha e sábia."
Daqui retiro a primeira adjectivação: a diplomacia da igreja é (está) velha.
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 14 de abril de 2010 (ZENIT.org).- Em suas declarações sobre pedofilia e homossexualidade, o cardeal Tarcisio Bertone, SDB, limitou-se a fazer referência aos estudos científicos realizados em sacerdotes, explicou nesta quarta-feira a Sala de Imprensa da Santa Sé, esclarecendo interpretações inexatas divulgadas pelos meios de comunicação.
Um grande número de organizações defensoras dos homossexuais, bem como alguns representantes políticos, entre os quais o ministro das Relações Exteriores francês, reagiram às declarações do Secretário de Estado de Bento XVI, feitas durante uma coletiva de imprensa concedida no Seminário Pontifício de Santiago do Chile, após a qual alguns meios de comunicação lhe atribuíram erroneamente a afirmação de que haveria alguma relação entre homossexualidade e pedofilia.
Após o retorno do purpurado a Roma, uma declaração por parte do Pe. Federico Lombardi SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, contextualiza a declaração: "As autoridades eclesiásticas não consideram sua competência fazer afirmações gerais de caráter especificamente psicológico ou médico, as quais envolvem, naturalmente, estudos e pesquisas por parte de especialistas no assunto".
Ao jornalista que indagou se haveria alguma relação entre celibato e pedofilia entre sacerdotes, o cardeal Bertone respondeu: "Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há qualquer relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros demonstraram que existe uma relação entre homossexualidade e pedofilia".
O porta-voz vaticano esclareceu que, "no que diz respeito à competência das autoridades eclesiásticas, no campo das causas de abusos sobre menores por parte de sacerdotes, enfrentadas nos anos recentes pela Congregação para a Doutrina da Fé, resulta simplesmente o dado estatístico referido na entrevista de Mons.
Scicluna, na qual se fala de aproximadamente 10% de casos de pedofilia em sentido estrito e de 90% de casos definidos sobretudo de hebefilia (isto é, em relação a adolescentes) dos quais cerca de 60% referidos a indivíduos do mesmo sexo e 30% de caráter heterossexual".
O Pe. Lombardi conclui esclarecendo que o cardeal só fazia referência "à problemática dos abusos da parte de sacerdotes e não na população em geral".
Estas declarações são respaldadas pelo informe publicado, em 2004, pelo John Jay College of Criminal Justice de la City University, de Nova York, considerado o mais completo sobre o tema.
Ao analisar as denúncias de abusos sexuais apresentadas contra clérigos entre 1950 e 2002, nas diferentes dioceses dos Estados Unidos, o informe constatava que a maioria das vítimas - 81% - era constituída por homens.
Este estudo documentava que a pedofilia, a atração por crianças antes da puberdade, diagnosticada como doença psiquiátrica, foi um fenômeno menor nos casos de abusos sexuais de sacerdotes. A maior parte das vítimas era composta por adolescentes que já passaram a fase da puberdade.
Philip Jenkins, sociólogo, historiador e catedrático da Pennsylvania State University (PSU), que foi investigador para Sir Leon Radzinowicz, pioneiro da criminologia em Cambridge, e que estudou durante quase três décadas o fenômeno dos pastores religiosos que cometeram abusos, até converter-se, com seus artigos e livros, em um dos maiores especialistas, confirma estas explicações em suas obras.
Há conclusões análogas nos estudos de Massimo Introvigne, diretor do Centro de Estudos sobre as Novas Religiões
Nuno
Continuas a não perceber o cerne da questão. Por dez estudos que que arranjes para justificar as palavras do cardeal, eu arranjo 20 que dizem que a homossexualidade nada tem a ver directamente com a pedofilia.
«Os pedófilos podem ser homossexuais, heterossexuais ou bissexuais; casados ou solteiros; homens ou mulheres, e pertencer a todas as profissões e classes sociais. Os indivíduos que só mantêm práticas sexuais com crianças em idade pré-pubertária são chamados pedófilos exclusivos. Os que, para além dos seus contactos sexuais ditos normais, recorrem ainda a práticas sexuais com crianças em idade pré-pubertária, são denominados pedófilos não exclusivos. Os pedófilos que sentem uma predilecção por crianças do sexo feminino preferem habitualmente meninas com...» (in Boletim IAC nº68 Abril/Junho 2003)
http://www.google.pt/url?sa=t&source=web&ct=res&cd=6&ved=0CCEQFjAF&url=http%3A%2F%2Fwww.iacrianca.pt%2Fboletim%2Fpdf%2FSeparata68.pdf&rct=j&q=pedofilia&ei=-PPGS7btKdLb-Qa177TxCg&usg=AFQjCNFdgRZxZW7dgjcGhdgt4VkBN0jOkQ&sig2=NDstinUlbJfW3oHrdxxZoA
Mas a questão não é essa. É a oportunidade e a intenção desta mensagem nesta altura particular.
E a sua justificação para actos ignóbeis praticados por sacerdotes, independentemente dos factores associados.
Os miseráveis actos cometidos contra crianças não têm justificação. E, repito, os erros foram assumidos e entregues à justiça.
O que foi dito tem fundamento. Mas, com a histeria que anda no ar, tudo se distorce, tira do contexto e serve para alimentar ódios antigos.
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