quarta-feira, 3 de março de 2010

Paulo Rangel vs Pedro Passos Coelho

"O primeiro debate, entre Passos Coelho e Rangel, ficou marcado pela proximidade a Ferreira Leite e a... Sócrates

"Pedro Passos Coelho tratou o "Paulo" Rangel sempre pelo primeiro nome. Rangel evitou mencionar o "Pedro". Mas ambos foram ontem implacáveis a apontar as mútuas "fraquezas" políticas no primeiro frente-a-frente, na SIC Notícias, na corrida à liderança do PSD. Passos Coelho lembrou que o adversário foi o "artífice" da estratégia eleitoral da "asfixia democrática" que levou Manuela Ferreira Leite à derrota nas legislativas. Rangel contestou e acusou-o de "colagem" ao Governo de Sócrates, nomeadamente na polémica da Lei das Finanças Regionais.

"Sem exaltação aparente, o debate foi mesclado de palavras duras. Pedro Passos Coelho tentou demonstrar que o projecto de "ruptura" proposto pelo opositor não colhe junto dos portugueses. "O País nestes cinco anos tem estado farto de um mandato do primeiro-ministro de crispação e de ruptura com a sociedade portuguesa!" Só no momento em que Paulo Rangel invocou os nomes de Sá Carneiro e Cavaco Silva, obreiros de outras rupturas mobilizadoras da sociedade portuguesa e das vitórias no PSD conseguiu irritar o adversário. "Se ler os textos dos próprios…", sugeriu Rangel, "nomeadamente o discurso da Figueira da Foz [o congresso em que Cavaco ascendeu à liderança]". Eu, disse Passos, em tom enfático, "estive lá. Ouvi-o". Indirectamente, sempre indirectamente, recordava a Rangel que é um cristão muito novo no partido. Quando ele, antigo líder da JSD, milita "há 30 anos" no PSD.

"Rangel ignorou o passado histórico. Preferiu insistir na ideia de que Passos colaborou na estratégia de "chantagem do Governo com a opinião pública" durante as negociações da Lei de Finanças Regionais. O que, na sua opinião, prejudicou a imagem de Portugal nos mercados internacionais. Passos Coelho aproveitou a deixa e devolveu-lhe a censura por ter, na mesma altura, colocado em causa a imagem do País ao ter levantado no Parlamento Europeu, o caso TVI e o alegado atentado do Executivo à liberdade de expressão.

"Ana Lourenço, que conduziu o frente-a-frente, obrigou-os a mudar a agulhas para os problemas do País. Ambos concordaram que o Orçamento do Estado para 2010 "é mau". Mas enquanto Rangel defendeu a abstenção do PSD pelo "interesse nacional", Passos considerou o seu partido cedeu sem exigir, por exemplo, a suspensão das grandes obras públicas.

"No fim, os dois foram indiferentes aos apelos da jornalista Ana Lourenço para terminar o programa. Continuaram a falar, a emissão cortou-lhes a fala."


por PAULA SÁ,
DN, 3.3.2010

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