domingo, 7 de março de 2010

Morte assistida. E porque não?

Em primeiro lugar leiam esta noticia.
«Estou a sofrer desde 2007 devido a um cancro que começou no estômago e que agora se confirmou que não tem cura. [...] Estou a tomar drogas que quase não têm efeito e está a tornar-se insuportável viver com a dor».

Estas palavras deviam, por si só, sensibilizar qualquer um de nós para a necessidade de legislar sobre esta matéria. Afinal somos o país que permite já o "aborto legalmente assistido" e quase o "casamente de homossexuais".
Por isso não sejamos hipócritas. Ou as duas medidas anteriores, cada uma à sua maneira, não são um combate à vida. Uma porque acaba com a vida, outra porque simplesmente não pode produzi-la.

Mas só quem sabe o que é estar na corda "bamba", perceberá porventura, o que que poderá ser essa fase da nossa existência (não lhe chamo vida porque ninguém pode viver assim). Ver o fim à vista, sofrer dores insuportáveis todos o dias, todo o dia, e nada poder fazer para solucionar. E a vida deixa de o ser. E passa a existência. Porque a morte é certa e porque ninguém, ninguém merece existir nestas condições se assim o entender.
Eu sei o que é. Vi familiares próximos, muito próximos, tão próximos que só de saber também nos doí, definhar, viciados em morfina contra a dores, e mesmo assi dar saltos numa cama com as dores. E numa fase em que os próprios médicos diziam que se uma cura fosse encontrada, já de nada valeria. Porquê? Para quê? Qual a razão pela que devemos ter que suportar isto se não o quisermos?
Por isso não pensem que isso é uma atitude cobarde. Que é o destino. Que é a vontade de Deus.
Uma merda é o que é. Cobardia não quer morrer sem conhecer a família, a alucinar drogado, com dores inqualificáveis e insuportáveis? Vá lá, seus valentes. Se souberem que isso vos espera, borram-se todos de medo.
Destino. Ora foda-se lá este destino amigos. Se souber que esse será o meu, prefiro não chegar lá e MUDAR O DESTINO.
Vontade de Deus? Não!!!!!! Impossível. O Deus em que eu acredito não pode ter essa vontade para um seu crente. Não pode ser impiedoso. E ver um ser humano definhar nestas condições.
E se assim não for, bem, nesse caso temos pena. Mas quem manda em mim sou eu, e não um Deus sádico, mau e impiedoso.

Por isso, tiremos a cabecinha da areia e encaremos o assunto com a seriedade que ele merece.  Vários países têm já soluções para casos como este e ajudam na "morte assistida" de pessoas em fase terminal da sua existência, caso da Suíça onde a organização Dignitas promove esta solução, e em casos menos radicais, caso dos Estados Unidos, onde pelo menos uma pessoa pode optar por assinar um documento DNR (Do Not Resuscitate) que lhe permite, em caso de necessidade de ser aplicadas medidas de ressuscitação ou suporte adicionais de vida, negarem esse direito. Embora já numa fase tardia, na maioria das vezes, quando a pessoa já sofreu durante tempo demais.

«Se o suicídio assistido ou a eutanásia fossem permitidos em Portugal, esta mulher poderia ter vivido mais tempo. Porque não necessitaria de acelerar o processo por temer ficar incapaz de ir à Suíça».

Eu quero poder escolher, numa situação destas, como e quando quero morrer.

Fontes: Publico, Dignitas, Wikipédia

1 comentário:

Anónimo disse...

impecável. parabéns, paulo!

dr. etc.