sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Denuncia do fracasso das políticas de combate à pobreza da UE

Cáritas Espanha: na Europa há 80 milhões de pobres

MADRID, 4 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org). – A 65ª Assembleia Geral da Cáritas espanhola denunciou o que entende como “uma visão limitada” da União Europeia em não reconhecer que a pobreza e a exclusão social permanecem como alguns dos maiores desafios com que se depara a União, afirmando haver 80 milhões de pobres hoje na Europa.

A organização humanitária católica alegou, em sua página na web, que a UE não reconhece “o impacto sobre as pessoas do fato de viverem em uma sociedade com desigualdades tão pronunciadas – e crescentes”, nem a ameaça à coesão social causada pela “precária integração” dos imigrantes provenientes de diferentes culturas.

A afirmação consta na declaração final da Assembléia, realizada na semana passada em Madri, apresentada pelo secretário-geral da Cáritas, Sebastian Mora, na quarta-feira passada, numa conferência de imprensa.

Para os membros da assembleia, “a pobreza e a exclusão constituem injustiças sociais, que afetam a dignidade e violam os direitos fundamentais do homem”, de forma “inadmissível numa sociedade que dispõe de recursos e riqueza suficiente para todos”.

Por esse motivo, expressaram sua preocupação, por ocasião do início da convocação do Ano Europeu contra a Pobreza e a Exclusão Social, que na consulta realizada pela Comissão Europeia sobre a denominada UE2020, a forte pressão por subordinar todas as decisões ao crescimento econômico, que esquiva dos défices estruturais de coesão social, da precarização do emprego e da desigualdade social.

“Reduzir a agenda política a estas dimensões” – enfatizou Mora – “representa um retrocesso em relação à construção de uma visão integral da Estratégia para a Inclusão Social”, especialmente se consideramos que estamos diante de uma óptica que contrapõe os ‘mercados’ às ‘sociedades’, e que semeia uma concepção de indivíduo como mero ‘consumidor’.

Para a Cáritas, o primeiro passo para contribuir para um modelo social para a Europa baseado na solidariedade e na justiça, é essencial que, ao longo de 2010, sejam os três seguintes eixos: conferir significado real à Carta de Direitos Fundamentais; elaborar uma declaração clara de como a economia deve servir a objetivos sociais e sustentáveis, a uma sociedade mais justa e a uma distribuição mais equilibrada da renda que promova maior coesão social; e garantir o direito a uma vida digna mediante a criação de condições econômicas, sociais, culturais e éticas, tendo em vista uma sociedade mais comunitária e participativa.

Para isso, a Cáritas pede às instituições européias “mudanças substanciais no modelo social definido na Estratégia 2020”, de modo que a “coesão social constitua um elemento estrutural” da mesma, e que essa estratégia “estabeleça objetivos e prioridades para o combate à pobreza e à exclusão, e que estes compromissos estejam claramente definidos em uma carta de intenções, com metas verificáveis e quantitativas de redução da pobreza”.

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