terça-feira, 19 de janeiro de 2010

"Candidatura de Alegre está a dividir socialistas"

Ontem no programa Pontos de Vista da RTPN, José Lello reafirmou que não vai apoiar Manuel Alegre, deixando no entanto a garantia de que não vai fazer campanha contra no caso do PS decidir apoiar a candidatura do histórico socialista.
"Serei um objector de consciência e portanto não farei campanha contra o Manuel Alegre, mas também não farei campanha a favor de Manuel Alegre", declarou o deputado socialista.

Na opinião de José Lello, antes de avançar com o anúncio da candidatura Manuel Alegre deveria ter informado o Partido Socialista da sua disponibilidade em ser candidato a Belém.

"Acho estranho que neste novo trajecto no sentido de vir ao encontro do PS para esta campanha eleitoral, o Manuel Alegre tenha notificado o PS através da comunicação Social, e não tenha tido a preocupação de dar um toque ao PS de que seria essa a sua vontade", acrescentou.

José Lello afirma que Manuel Alegre "tudo fez para desmerecer o PS e para alavancar o Bloco de Esquerda".

PS só vai discutir candidatura presidencial depois do Orçamento

Francisco Assis sublinhou ontem, em declarações à RTPN, que o Partido Socialista só vai debater a questão das eleições presidenciais depois da discussão no Parlamento do Orçamento de Estado.

"O PS tem o seu próprio tempo e no seu próprio tempo analisará e decidirá sobre esse assunto, que é evidentemente da maior importância, e será discutido certamente depois da discussão do Orçamento de Estado", frisou o líder parlamentar socialista que acrescentou que "a seguir ao Orçamento de Estado naturalmente se abrirá um espaço e um tempo de debate sobre esse assunto e o PS tomará uma posição sobre a questão presidencial".

Para Francisco Assis o facto de Manuel Alegre já ter sido candidato à Presidência da República em 2006 "em circunstâncias difíceis" é uma "vantagem".

"Manuel Alegre tem manifestado a vontade de ser candidato e isso evidentemente é meio caminho andado para vir a ser o candidato", acrescentou.

O líder parlamentar reconhece que seria "surpreendente que o PS não apoie a candidatura de Alegre. "Tenho-o dito várias vezes que acho que o Manuel Alegre vai muito à frente desse ponto de vista em termos de candidaturas de esquerda, e portanto de candidaturas hipoteticamente apoiadas pelo PS".

"Nunca haveria nenhum candidato que num primeiro momento não suscitasse alguma discussão, veremos se num segundo momento essa discussão de continua a suscitar", disse.

Francisco Assis está "convencido que Manuel Alegre será um excelente candidato".

"E mais estou convencido que ele será um grande Presidente da República", rematou o líder parlamentar do PS.

António Vitorino considera que a decisão do PS tem de ser tomada rapidamente

O comentador da RTP considera afirma que o PS não deve demorar a tomar uma decisão sobre um eventual apoio à candidatura presidencial de Manuel Alegre.

"Quanto mais tempo o PS levar a tomar uma decisão pior. Porque é preciso definir os contornos dessa candidatura, no caso do PS entender apoiá-la", afirmou ontem António Vitorino no programa "Notas Soltas".

Para o comentador da RTP a candidatura do histórico socialista "aparece incentivada, desejada, e como apoiada pelo Bloco de Esquerda, mas claramente essa é uma candidatura difícil para o Partido Socialista e para o próprio Manuel Alegre".

"O Manuel Alegre construiu em 2006 uma candidatura distanciada do poder, se ele aspira, como disse na entrevista ao Expresso, ter o apoio do Partido Socialista não vai poder aparecer como um candidato do Bloco de Esquerda ou como oriundo ou portador do programa político do Bloco de Esquerda. E nesse aspecto o Bloco de Esquerda foi muito claro ao afirmar que a candidatura de Manuel Alegre é um instrumento de alteração da relação das forças da esquerda", considerou.

António Vitorino aponta dois caminhos ao PS para resolver a situação. "Ou o Partido Socialista apresenta um candidato próprio ou então haverá, obviamente, uma negociação com o candidato Manuel Alegre".


Fonte: RTP

6 comentários:

Paulo Novais disse...

Eu resumiria o assunto a isto:
- depois de Manuel Alegre ter dado uma autêntica abada, quer ao PS quer a Mário Soares (avô do PS) nas ultimas eleições presidenciais, acredito que agora, com um pouco de vaselina para não doer tanto, sejam obrigados, por exclusão de partes, a dar-lhe o apoio.
Quem mais vai o PS tirar da cartola?
A família Soares está moribunda ou "gágá", Constâncio coitado, vão arranjar-lhe um emprego no BCE para se verem livre dele sem levantar muito pó, duvido que Jaime Gama esteja para aí virado, Costa tem outros voos a mais longo prazo. Enfim... a coisa desta vez vai doer um bocado.

Marta Ferreira disse...

Felizmente o que não falta ao PS é gente para tirar da cartola: Alegre, Sampaio, Gama, Constâncio, Guterres,.... :)
Já os outros partidos vão ter muito que cavar para desenterrar alguém.

Acho precoce alguém se voluntariar já para ser candidato... Uma das primeiras lições que tirei da política foi que "o primeiro a meter a cabeça de fora é o primeiro a levar a paulada". O Alegre vai ter que gerir bem as coisas...

Marta Ferreira disse...

Opah! Só mais uma coisa, a respeito da família Soares.
Do Soares filho não tenho nada a dizer (nem contra nem a favor), porque não o coheço bem. Mas o Mário Soares é, para mim, uma referência a vários níveis. Quando se candidatou (aos 81 anos) tinha uma vitalidade, uma inteligência e um discernimento invejáveis. E mais, não sei se já na altura o nosso PR tinha alguma dessas características...

Paulo Novais disse...

Quanto a ser o primeiro a meter a cabeça de fora, estou de acordo contigo. Os silêncios bem geridos podem ser uma grande arma. Ou como quem diz, os "tabus" -onde é que eu já ouvi isto? :D

Quanto a Mário Soares, estamos conversados. Deixa que te diga que não esperava de ti outra coisa que não fosse "santificar" a personagem. Mas até se compreende.
Agora quanto ás aptidões dele?
Oh Marta! Se ele tivesse discernimento e fosse inteligente não se tinha candidatado. Vitalidade sim. Essa tem. Tem a vitalidade de uma pessoa de 81 anos. Por amor de Deus...

Nuno disse...

Sampaio já disse publicamente que não se candidata;
Gama também;
Constâncio quer ir para o BCE
e Guterres está noutra onda...

...Portanto, o PS tem um problema presidencial a resolver.

Nuno disse...

É também evidente para toda a gente que as concepções políticas de Alegre são muito diferentes das da actual direcção do PS.

Basta lembrar as constantes votações dele em oposição ao PS na Assembleia da República, que levaram ao seu auto afastamento das listas de deputados. Sendo Alegre deputado há trinta e tal anos a carga simbólica desta ruptura é muito significativa.

Não deixam de ser curiosas e honestas as afirmações de António Vitorino sobre esta candidatura. Como quem diz, há diferenças graves e não podem ser ignoradas.