“O estudo do coração da cidade é oportuno e necessário. As nossas investigações analíticas demonstram que as zonas centrais das cidades são regueiros estéreis, e aquilo que um dia constituiu o coração, o núcleo das velhas cidades, está hoje desintegrado…
“Sem deixar de reconhecer as enormes vantagens e possibilidades dos meios de comunicação, continuamos a pensar que os locais de reunião pública, como praças, passeios, cafés, etc. onde as pessoas podem encontrar-se livremente, apertar as mãos e escolher um tema de conversa que lhes agrade, não são coisas do passado e, ainda que devidamente adaptadas às exigências de hoje, devem ter lugar nas nossas cidades”
José Luís Sert (in CIAM)
O CDS, no seguimento das várias propostas que tem feito para Braga – nomeadamente sobre a elaboração dum Plano Urbano – pretende apresentar à cidade uma série de ideias novas, soluções para situações concretas para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. A meta do CDS é, como temos vindo a repetir: tornar Braga a melhor cidade do país para se viver.
Hoje, divulgamos as nossas ideias sobre o Centro Histórico.
O Centro histórico é um espaço de Braga com elevada qualidade urbana e arquitectónica, com uma escala humana muito interessante e Igrejas excepcionais. Para além disso, o conjunto do casario ali existente cria uma harmonia estética facilmente apreendida por quem ali passe e valoriza, também, a qualidade desta zona nobre da Cidade.
Este é o legado que a História nos deixou, de que nos orgulhamos, mas sobre o qual temos responsabilidades. Devemos não só preservar este Centro, mas, na medida do possível, valorizá-lo.
Infelizmente, esta parte da Cidade está deserta e acumula pesados problemas que o seu passado medieval encara com apreensão. O mais chocante é a desertificação acentuada da imensa maioria das casas e prédios. Mas, o comércio tradicional também atravessa uma crise particularmente vincada.
O CDS pretende recuperar o prestígio perdido de espaço nobre e emblemático de Braga, testemunho de acontecimentos ímpares na história da Cidade. Para tal, defende a elaboração dum Plano de Pormenor de reabilitação urbana do Centro Histórico (de acordo com a alínea 1 a) do Artigo 91, do D-L 316/2007, 19 Set.)
A requalificação pretendida aponta para os seguintes objectivos:
1. Recuperação da identidade de Centro Histórico Urbano;
2. Recuperação e incentivo à habitação no Centro Histórico;
3. Valorização cultural do Espaço Público;
4. Reintrodução da circulação automóvel, condicionada (e privilegiando os moradores);
5. Valorização do Espaço Pedonal, conjugado com as exigências de circulação viária e transportes públicos;
6. Reordenamento e requalificação do mobiliário/equipamento urbano a implantar racionalmente, segundo eixos pré-definidos, evitando a dispersão casuística;
7. Reequacionamento e (re)localização das paragens de transportes públicos, das praças de táxis, dos autocarros de turismo e das cargas e descargas;
8. Gestão, localização e remoção de publicidade (painéis publicitários, sinalética, palas e toldos);
9. Instalação de caleiras/valas técnicas que concentrem todas as infraestruturas no subsolo;
10. Limpeza e restauro dos monumentos, fontes e bebedouros, incluindo sistemas dissuasores ao pouso de aves;
11. Reabilitação do tecido edificado, através de um conjunto de intervenções nas fachadas e coberturas;
12. Intervenções nas habitações em parceria com os proprietários;
13. Alteração de barreiras arquitectónicas de forma a tornar o Centro Histórico acessível às pessoas com mobilidade condicionada;
14. Recuperação profunda do Campo da Vinha e do Lg. Stª. Cruz;
15. Implantação duma Estrutura Verde, que recupere e instale jardins e plantas, bem como a circulação em bicicletas.
"Com esta intervenção pretende-se qualificar o espaço de circulação das pessoas e permitir a circulação viária de forma condicionada, assim como a reabilitação do tecido edificado, procurando restituir dignidade e urbanidade ao centro histórico da Cidade.
"A requalificação passa por algumas alterações do perfil das ruas e praças, acompanhadas por um ordenamento espacial no que se refere à selecção e colocação de pavimentos, mobiliário urbano, caixas técnicas, iluminação e espécies arbóreas. A reabilitação do tecido edificado traduz-se em obras de beneficiação geral nas fachadas e coberturas, e na concepção inovadora de outras formas de publicidade que se interliguem com a arquitectura.
"A proposta que apresentaremos do tecido edificado do centro medieval integra-se na compreensão do seu “genius locci” - ou espírito do lugar – um todo contínuo, cuja (re)organização/concepção, além de consentânea com o tecido edificado envolvente – no respeito pela malha urbana medieval – procura o diálogo entre a memória e a contemporaneidade, interligando espaços com características diferentes, recriando novos enquadramentos e potenciando novas áreas de estadia e circulação, para que as pessoas voltem a desfrutar o Centro Histórico nas suas múltiplas vivências." (*)
Esta parcela do espaço urbano ficará assim valorizada e será um exemplo duma intervenção política orientada para o bem comum. De facto, os Espaços Verdes – jardins, relvados – seriam ampliados; o trânsito passaria a ser disciplinado e mais racional; o estacionamento no interior dos lotes aumentaria mas, nas ruas e praças, seria reduzido em 50%. E a habitação aumentaria em mais de 100%. Propomos a criação duma nova sala de teatro e todo este conjunto ficaria muito valorizado com a recuperação do Campo da Vinha onde passaria a ser agradável passear e beneficiar do nosso clima ameno.
Braga, 4 de Agosto de 2009
(*) “Baixa em alta”, P. Prostes da Fonseca (a&v, Dez. 01)
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