Contado às criancinhas.
Era uma vez uma floresta, densa e luxuriante, com todos os detalhes que possas imaginar, atravessada por um Rio,
com recantos e cascatas, onde facilmente todos se podem encontrar. Este é o lugar mais fácil da floresta.
Próximo do rio, num lugar sobranceiro onde se avista o mar, tem uma casinha de Madeira, construída pela Rusticasa, uma empresa que começou por vender”paus” para campanhas eleitorais para o “nosso PSD” e que se deu bem nos negócios.
A avozinha, respeitada na zona, tem sido sempre convidada para ser candidata à Junta, mas recusa sempre, mas anima a quermesse dos esquilos e faz compotas para o Estado! Foi condecorada, recebeu medalhas e os esquilos gabam-lhe as nozes!
O Capuchinho vermelho, disse sempre que ia ver a avó, mas ao certo ninguém sabe, há várias teses! O Capuchinho – tem é uma namorada na selva – diziam uns. Outros afiançavam, olha que não, ele é cauteloso, vê o cuidado que teve em deixar no caminho “smarties” de chocolate, para reconhecer o caminho de volta. Nunca se soube ao certo, há muitas teses e muitas verdades, uns acham que os caçadores andavam era à caça de marfim e estavam-se a marimbar para a avó! Outros, achavam que não, que os caçadores não andavam ao marfim e que eram homens bons, oriundos do mais genuíno associativismo empresarial. E havia, até quem aventasse a hipótese de pedofilia, que o Capuchinho Vermelho, dava ares de “Lolita” e que um dos caçadores não a largava!
Mais tarde, à chegada da autópsia – antes do Capuchinho Vermelho ser engolido – e com o lobo mau já com a avó no papo, instalou-se uma duvida. Como é possível o lobo ter um estômago com tanta elasticidade e a maior estranheza era que apareciam membros decepados de velhos amigos, como sentenciou na altura o médico legista, que à mingua de especialistas chamaram um dentista, ajudado por um enfermeiro, da mesma irmandade.
O Capuchinho vermelho, assustado e em pânico, olhou em redor e pediu um pediatra, que namorava a bruxa má e que naquela momento, entre consultas no Estado e na quermesse, tinha sempre tempo de dar uma malandrice com ela! Ninguém desconfiava dele e arranjou a desculpa perfeita, namorava a bruxa má, que reza a história, nunca conhecera homem, facto que é engano!
O pediatra, andava sempre com um senhor de barbas, que até na floresta arranjava maneira de fazer obras.
O lobo mau, não contava com este desfile. Caçadores de marfins, doutores, engenheiros e olhou com ternura para o Capuchinho Vermelho!
O caçador - o dito – ficou puto! Andei eu a mimá-lo e agora o Capuchinho em pânico põe-se a gritar: estavam lobos no rio, ai que me acudam!
Mas o Rio era sereno e nas margens ouviam-se pássaros e nem a proximidade da sede de um partido, alterava a acalmia, numa nova zona protegida pela existência de sete campânulas, a única coisa de betão que existia na selva.
A noite caiu e nas margens do Rio uma "party de vinil" convocava todos os bichinhos da selva. Apareceram todos, os “big five” e as borboletas, os mamíferos e as cobras, os lagartos e os ratos.
Na portaria uma boazona da jota, carimbava os convites. Com instruções precisas em não deixar entrar o lobo mau, foi enganada, porque este vestiu-se de caçador e fez uma imitação perfeita.
Havia várias cadeiras, lá se sentaram o enfermeiro, o dentista, o caçador mascarado, a avozinha e um esquilo de seis meses de idade mas que já roía nozes como um adulto, conforme o regulamento.
À porta, a bruxa má queria entrar, mas a porteira insistia que só pares. Com medo do escândalo, o pediatra afastou-se.
Ao fundo aproximou-se o Capuchinho vermelho, grande estilo, olha à esquerda, olha à direita, cumprimenta o lobo mau, reconhece o caçador e dá um “kiss” na porteira!
Para espanto da plateia, chega o Baden Powel e diz é preciso Mudar!
O Capuchinho Vermelho, pisca à esquerda e olha para o Salvador e dá aquele ar – se isto correr mal ainda vou para o bloco – e tem uma saída intelectual - concordo Baden Powel: é preciso mudar este mundo mudado!
O Rio pede-lhe para dançar e este confuso, com um par que o regulamento lhe impôs, apela a uma rodinha.
De mãos dadas, o caçador e o lobo mau juntam-se e o Capuchinho Vermelho, discordante e sempre a contra-corrente, dança uma musica do Michael Jackson e abandona o circo pela mão da porteira, numa cidade livre e que não acredita no lobo mau. Pela margem do rio segue o seu caminho, cruza-se com a bruxa má que lhe pisca o olho e comenta para si – a gaja não é assim tão má!
Ao fundo a casa de chocolate desfaz-se e dá lugar a um Centro Comercial.
Escrito num fôlego para o meu querido amigo Rui.
Miguel Brito
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