quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Casamento V

5. CONCLUSÃO.

Ao concluir este já longo arrazoado em defesa do matrimónio natural, património da humanidade, e contra o alegado «casamento homossexual», resta-me exprimir a minha mais firme convicção de que o casamento, como união perdurável entre um homem e uma mulher, está para durar, mesmo que agora, por razões de ordem ideológica, possa ser equiparado juridicamente às uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Há já alguns anos, alguém disse: «Chassez le naturel et il reviendra au galop!». Um homem, um governo, um partido ou uma geração pode cometer um atentado contra a dignidade humana e a identidade da família, mas a natureza encarregar-se-á de repor a identidade matrimonial, porque o modelo natural não é mais uma opção religiosa ou cultural, mas a voz da verdade, a razão da natureza, daquela natureza que é imagem e semelhança do Criador.

Talvez se aproximem tempos difíceis para os casais e para as famílias portuguesas. Por isso, vem a talho de foice recordar que, quando a cidade de Hipona estava cercada pelos bárbaros, que ameaçavam a sua destruição, Santo Agostinho, o santo Bispo daquela comunidade cristã, já no seu leito de morte, sossegou os seus irmãos na fé dizendo-lhes que uma tal catástrofe não era o fim da civilização, mas o começo de uma nova era.

Estes são tempos novos, tempos de mudança, tempos também para uma nova e renovada esperança no homem e na sua grandeza. E, se as dificuldades nos cercarem numa crescente asfixia de contra-valores, resta-nos olhar para o divino Crucificado e ouvir a Sua voz, que hoje, como há dois mil anos, nos grita a razão da nossa luta e a esperança da nossa fé: «Haveis de ter aflições na terra, mas tende confiança, Eu venci o mundo!» (Jo 16, 33).

Gonçalo Portocarrero de Almada

Lisboa, 16 de Novembro de 2009.

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