terça-feira, 18 de outubro de 2011

Reabilitação Urbana: É urgente salvar Braga!

Sessão promovida pela Coligação “Juntos por Braga” encheu Auditório da Junta da Sé
Reabilitação urbana exige acção conjugada com privados “para salvar a cidade”

A reabilitação urbana “não se compagina com a rapidez”, torna-se “fundamental, antes de se avançar com um processo deste tipo, fazer um aprofundado estudo em termos de investimento articulando a equação económica em função dos privados” e o que é uma realidade é que “as nossas cidades precisam de ser salvas”.

Estas foram algumas das ideias deixadas por Rui Quelhas e José Teixeira, os dois oradores convidados pela Coligação “Juntos por Braga” para falarem sobre a reabilitação urbana, numa sessão que encheu por completo o Auditório da Junta de Freguesia da Sé, em que se destacou a participação eclética de empresários, arquitectos, estudantes e autarcas.

A reabilitação urbana da cidade de Braga – disse no início da sessão o líder da Coligação, Ricardo Rio – “é um projecto incontornável, decisivo e prioritário para o nosso concelho”, sendo “importante tanto do ponto de vista económico como na vertente social”. Com esta sessão a Coligação pretendeu “um debate alargado”, com os contributos diferenciados de um responsável por um profundo processo de reabilitação urbana (no caso, da cidade do Porto), Rui Quelhas, e de um empresário do sector privado bracarense, José Teixeira (da DST). E porquê estes dois convidados? Ricardo Rio esclareceu, a propósito, que “este não é um esforço estritamente público, mas também de parceria público-privada”, porque “torna-se fundamental trazer o investimento privado para este desígnio”.


“A revitalização exige um esforço aturado de planeamento”

Ora, foi precisamente esta uma das vertentes vincadas na intervenção do administrador-delegado da Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU). Rui Quelhas demonstrou, com mais do que um exemplo, como é possível atrair o investimento privado – com efectivo retorno, devidamente calculado e sustentado – a um processo de reabilitação urbana. A Porto Vivo – disse Rui Quelhas – “assenta muito mais na revitalização”, envolvendo “uma reabilitação muito voltada para os investidores”, funcionando a SRU “como acompanhamento do processo e até mesmo como uma espécie de agência de investimento”. Lembrando que “toda a gente já percebeu que não faz sentido a construção nova, porque há um excedente nesta vertente”, Rui Quelhas alertou no entanto que “a reabilitação urbana não se compagina com a rapidez, porque, pela nossa experiência, um projecto desta natureza demora cerca de 30 meses até ficar concluído, há depois a fase de construção que calculamos em 18 meses e podemos dizer que só a partir do quinto ano é que se pode falar de retorno”.

O administrador-delegado da Porto Vivo SRU lembrou ainda que “hoje em dia as cidades estão cada vez mais a apostar nos serviços e no turismo”, sendo que se torna “fundamental que, antes de se avançar com o processo de reabilitação urbana, se faça um aprofundado estudo em termos de investimento, testando a equação económica também em função dos privados”. De acordo com Rui Quelhas, “é necessário estabelecer uma articulação muito grande com os investidores e com os conhecedores do mercado”.

“É preciso salvar Braga!”

Precisamente o “conhecimento do mercado” é uma das “garantias” de José Teixeira, presidente do Conselho de Administração da DST, SGPS. Que desde logo, no início da sua intervenção, fez uma análise retrospectiva da situação que conduziu à degradação do património histórico das cidades e, logo, ao progressivo abandono das pessoas desse território, para assinalar que “assim não é possível aproveitar todas as potencialidades existentes, como por exemplo, o turismo ou a restauração”.

José Teixeira entrou depois na análise do que chamou “os factores de pressão” que podem condicionar os privados a não apostar na reabilitação urbana – destacando, entre outros casos, a restrição ao crédito, a construção de raiz (que disse ser “um perfeito disparate”) ou a crise na engenharia e na construção. Mas – afirmou – “as nossas cidades precisam de ser salvas”.

Ilustrando a sua intervenção com múltiplas fotos de edifícios degradados do centro da cidade de Braga, o líder da DST apresentou uma visão ambiciosa para o futuro da cidade de Braga, assente “numa lógica cosmopolita, com energia e mundo”.

Para tal, defendeu, “é preciso repovoar o centro com jovens e reforçar a ligação ao mundo universitário, trazendo para esta zona as “tribos” das artes”, o que será possível com a criação de uma “Escola de Artes, com a instalação de um Museu de Arte Contemporânea e com outros projectos arrojados que conciliem os “nativos” do centro com as novas gentes que urge seduzir”.

Esta é, no seu entender, uma visão exequível, graças a mecanismos como a criação de uma “Sociedade de Reabilitação Urbana, participada pelo Município, por investidores privados e pelos próprios proprietários”, que “trabalhe com margens razoáveis validadas pelo mercado” e que seja orientada quer para o “arrendamento quer para a venda dos imóveis recuperados”

Bracarenses anseiam por projectos nesta área e Ricardo Rio assume-a como primeira prioridade da Gestão Municipal

A multifacetada e preenchida plateia que lotou o auditório da Sé não se fez também rogada nas múltiplas questões e comentários ao teor das intervenções anteriores, destacando a necessidade de “Braga avançar com uma acção decidida nesta área”, “centrada nas pessoas” e capaz de “mobilizar os diferentes stakeholders destes processos”.

Embora reconhecendo a diferente atractividade e escala das realidades de Braga e Porto, um dos arquitectos presentes realçou a “oportunidade” que consiste no facto de “o centro da cidade estar bem desenhado” ao contrário das demais zonas de expansão urbanas, “muito condicionadas aos interesses imobiliários que condicionaram a construção dos PDMs”.

No seu entender, há também que destacar o “enorme potencial associado ao aproveitamento de edifícios de referência hoje ao abandono e em progressivo estado de degradação”.

Na sua intervenção final, o líder da Coligação “Juntos por Braga” assumiu que um arrojado projecto de regeneração urbana estará na primeira linha das prioridades da nova gestão municipal.

Para tal, disse ser necessário “mobilizar todos os agentes de desenvolvimento para este desígnio”, sejam eles a Universidade, a Igreja ou o tecido empresarial, concretizando “iniciativas diferenciadoras e capazes de responder às necessidades concretas dos cidadãos”.

Ricardo Rio destacou ainda a “convergência de posições” entre a visão apresentada por José Teixeira e os exemplos já praticados no Porto e as propostas constantes do Programa da Coligação às últimas Eleições Autárquicas.

Mas, destacou, este esforço requer também a “validação e mobilização dos cidadãos”, a quem cabe dizer de forma clara se querem ou não “uma cidade diferente para melhor, uma cidade culta, cosmopolita e cool”.


Braga, 17 de Outubro de 2011
O Gabinete de Comunicação da Coligação “Juntos Por Braga”

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