Porta-voz vaticano recorda morte de migrantes em sua travessia
Depois do drama vivido em embarcações destinadas a Lampedusa
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 11 de abril de 2011 (ZENIT.org) - O porta-voz da Santa Sé recordou as centenas de pessoas que morreram nas últimas semanas nas águas do Mediterrâneo, em direção à Europa, fugindo dos conflitos e difíceis condições de vida que sacodem o norte da África e outras partes do mundo.
Desde o início das revoltas populares no Norte da África, em fevereiro, cerca de 22 mil imigrantes, principalmente da Tunísia, segundo o Ministério do Interior da Itália, chegaram à ilha de Lampedusa e outros desembarcaram em Malta. A última tragédia foi consumada na noite da terça para quarta-feira, 6 de abril, quando, devido a uma tempestade, uma embarcação virou e, com ela, 250 imigrantes caíram no mar.
"Eles estão fugindo da fome, da pobreza desumana, da opressão, da violência, da guerra..., correndo o risco de morrer entre os turbilhões sem deixar rasto, nem mesmo uma lembrança do seu próprio nome" -disse o Pe. Federico Lombardi SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, no editorial do último número de ‘Octava Dies', semanário do ‘Centro Televisivo Vaticano'.
"Muitas vezes, nestes dias, falou-se da dor ‘sem nome' - esclarece. A compaixão nos obriga a não esquecer, a guardar na memória, como diante de outras tragédias indescritíveis da humanidade, de uma história que é nossa, com solidariedade para com os pobres da terra."
Quem compreendeu isso perfeitamente foi o povo judeu, elevando o memorial Yad Vashem, "o memorial dos nomes". Lá, Bento XVI fez uma meditação, que nestes dias evocamos diante da morte de muitas vítimas inocentes e desconhecidas.
"Perderam suas vidas, mas nunca perderão seus nomes - disse nesse lugar o Papa -, pois estão gravados para sempre nos corações de seus entes queridos, dos sobreviventes e dos que estão determinados a não mais permitir que semelhante horror volte a desonrar a humanidade. Seus nomes, em particular e acima de tudo, estão indelevelmente gravados na memória de Deus Todo-Poderoso."
"Que seu sofrimento nunca seja negado, desprezado ou esquecido! E que todas as pessoas de boa vontade possam permanecer vigilantes para erradicar do coração do homem tudo o que é capaz de levar adiante tragédias como esta!", disse o Papa.
O porta-voz vaticano pede para "extirpar o ódio absurdo que levou ao Holocausto, assim como comprometer-nos agora para extirpar a injustiça, indiferença e egoísmo que conduzem muitas pessoas a desaparecer entre as águas, à procura de uma vida mais humana. Deus se lembra delas, lembremo-nos nós também".
Sem comentários:
Enviar um comentário