A imprensa francesa, chocada e rendida, aplaudiu há poucos dias o desfile de Felipe Oliveira Baptista na Semana da Moda de Nova Iorque, comentando que o criador português vestiu «seda e cabedal» ao velho crocodilo da marca Lacoste.
Felipe Oliveira Baptista, cuja cotação nas capitais da moda não parou de crescer na última década, é desde 2010 o director artístico da Lacoste, ao mesmo tempo que continua a assinar a linha com o seu próprio nome.
O criador mostrou na quarta-feira, na Semana da Moda de Paris, a colecção FBO para a Primavera-Verão 2012, num desfile no Jeu de Paume, no Jardim das Tulherias, um bom cenário para acolher o ruidoso buzz que rodeia hoje o seu trabalho.
Em nome próprio, o designer propôs “Sky Dive SS 2012”, apresentado como uma colecção de «roupas evolutivas, que se desdobram e libertam, zip atrás de zip».
Felipe Oliveira Baptista explicou, antes do desfile, que pretendeu «uma ideia de liberdade», exibindo vários elementos que definiram as suas criações nos últimos anos, como «pára-quedas, experiências com energia, ritmo, vento».
Elemento mais arrojado dessa linguagem na nova colecção, os zippers” são usados de todas as formas, mesmo sem utilização prática, não para fechar ou abrir mas como mero motivo estético, agente de fluidez, revelando a pele como «padrão vivo».
A contratação pela Lacoste deu uma visibilidade internacional a Felipe Oliveira Baptista que, avaliando pelas reacções da imprensa de moda, é apenas merecida pelo talento que o criador tem demonstrado na renovação da imagem da marca francesa.
«Aceitar a direcção artística de uma marca é fazê-la evoluir, fazê-la estar no ‘air du temps’ e dar-lhe o que está a fazer falta», explicou Felipe de Oliveira Baptista.
«Lacoste é ‘a marca de ‘sportswear’ francesa de referência e por isso era importante dar uma injecção desse chique no ‘sportswear’ francês”, acrescentou o designer português.
Isso significou «seda e cabedal, sim, e também sair do ‘sportswear’ puro e duro para dar a ideia de que se pode usar Lacoste todos os dias, sempre com uma herança de roupa desportiva, de vestuário fácil de vestir e confortável mas talvez um pouco mais sofisticado e versátil», segundo Baptista.
A viragem operada pelo criador português instalado em Paris é também de mercado, procurando acordar a clientela feminina da Lacoste.
«Um dos requisitos, quando fui contactado e mais tarde contratado, é que a Lacoste queria bastante desenvolver a parte de roupa de mulher, porque hoje em dia representa só 15 por cento das vendas. Fizemos um ‘zoom’ especial a relançar a colecção de mulher», lembrou o criador.
Felipe Oliveira Baptista mexeu tanto na imagem da Lacoste que isso até se nota no conhecido logótipo da marca, um crocodilo, para que se possa «vestir várias roupas Lacoste e não ter de usar o crocodilo visível em todos os sítios. Se se tem um crocodilo na camisa, nas calças, no casaco e nos ténis, ninguém usa dez ‘logos’ na roupa», conclui Felipe Oliveira Baptista.
O desfile de FOB integrou mais uma vez o Portugal Fashion na Semana da Moda de Paris, uma iniciativa da Associação Nacional de Jovens Empresários (...).
Lusa/SOL
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