terça-feira, 5 de abril de 2011

Será isto um sintoma da descrença lusitana?

«O número de portugueses e de espanhóis que defendem a união federativa entre Portugal e Espanha aumentou em 2010, para 46 e 39 por cento respetivamente, segundo um estudo luso-espanhol hoje divulgado.

O apoio a essa união é maior no caso dos portugueses (46,1 por cento que “concordam” ou “concordam totalmente” com essa ideia) do que no caso dos espanhóis (39,8 por cento), mas essa percentagem aumentou nos dois casos, respetivamente de 45,6 e de 31 por cento.

Já no que toca aos modelos de integração, a maioria dá notas mais favoráveis (de 0 a 10) a estreitar laços com acordos ou alianças estáveis, sendo que a opção de formação de um estado confederal, como a Suíça, merece nota positiva dos dois lados da fronteira.

O estudo foi realizado por Mariano Fernández Enguita (Universidade Complutense de Madrid) e por Salvador Santiuste Cué (CASUS, Universidade de Salamanca), tendo o apoio de Fernando Luís Machado e António Firmino da Costa do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) em Lisboa.

No total, foram inquiridas telefonicamente 1741 pessoas, com mais de 16 anos de idade – 893 espanhóis e 848 portugueses – com uma “amostragem aleatória estratificada por províncias (em Espanha) e distritos (Portugal).

Segundo estudo, a grande maioria dos portugueses (71,4%) e dos espanhóis (75%) considera que as relações entre os dois países são boas ou muito boas, com a maioria a considerar que melhoraram ou se mantiveram iguais nos últimos anos.

São mais os espanhóis (5,5%) do que os portugueses (3,2%) a considerarem que os laços bilaterais pioraram.

No que toca às propostas para fortalecer a cooperação, o estudo consultou os inquiridos sobre aspetos como a homogeneização do sistema fiscal, uso de serviços e equipamentos transfronteiriços, candidaturas conjuntas a eventos internacionais ou maior colaboração judicial, policial e militar.

Os portugueses favorecem maioritariamente todas as opções, sendo que no caso dos espanhóis a única exceção é a de harmonização fiscal, que 44,1 por cento dizem não querer.

No que toca à língua, tanto os espanhóis como os portugueses estão de acordo que as línguas do outro país sejam opcionais no ensino primário e secundário.

Porém, uma maioria dos portugueses (51,4%) contra uma minoria dos espanhóis (19,7%) defende que deveria ser obrigatória.

O estudo evidencia ainda que os espanhóis mostram menos interesse pelos assuntos de Portugal do que o contrário, sendo que a maioria dos portugueses declara algum ou muito interesse pelos assuntos espanhóis e um quarto dos espanhóis mostra “nenhum interesse” pelos assuntos portugueses.

Dos dois lados da fronteira reconhece-se, porém, a necessidade de aumentar a educação sobre o país vizinho nas escolas do país.

Evidente é também o facto de 35 por cento dos espanhóis não terem mantido qualquer tipo de relação com portugueses, quando apenas 16 por cento dos portugueses dizem não ter mantido qualquer tipo de relação com espanhóis.

A maioria, no caso dos que já tiveram contactos do outro lado da fronteira, considera esse relacionamento positivo ou muito positivo.

No caso de mudar de país, tanto a maioria dos espanhóis como dos portugueses ponderaria essa hipótese por questões laborais ou na reforma, sendo que nos dois casos a opção positiva é mais elevada entre os portugueses

2 comentários:

Paulo Novais disse...

Português até morrer (embora empenhados até ao tutano a tudo que é país e investidor).
:))))

Sérgio disse...

Embora tenha em mim uma percentagem residual de galego (mas segundo o que os próprios afirmam " Galicia no es España") sou dos maiores defensores da supremacia e soberania do Estado Português. No entanto, temo uma inevitabilidade organizativa condicionada pelas pressões económico-financeiras.