«"Há mais crianças e jovens institucionalizados no nosso país do que reclusos!" Custa a acreditar mas como a afirmação veio de um responsável por uma das grandes instituições nacionais que acolhem crianças e adolescentes rejeitados e abandonados pelos pais ou retirados às famílias por decisão jurídica, tudo leva a crer que seja verdade. E se assim é, é brutal. A realidade dos maus--tratos, do abandono e da carência nos primeiros anos está envolta numa espécie de obscuridade social que urge desocultar. É duro aceitar que há demasiadas crianças e jovens maltratados pelos pais, e os relatos casuísticos destas legiões de desvalidos incomodam mas não podem ser ignorados. Mais, é impossível fingir que não sabemos que muitas destas crianças e jovens começam por ser agredidos ainda no ventre materno, seja pela violência doméstica a que as mulheres estão expostas, seja pela mal-nutrição decorrente da pobreza extrema das mães. O pior é que os níveis de desemprego e de desestruturação familiar são um perigo na medida em que multiplicam a possibilidade de novas vítimas. Quando o governo declara que um dos seus objectivos é desinstitucionalizar 25% da população infantil e juvenil, espero que esteja a falar de trabalhar a montante desta realidade.»
por Laurinda Alves, Publicado no "i" a 09 de Novembro de 2009
1 comentário:
Caro Nuno,
Infelizmente esta realidade que aqui relembras é uma catástrofe com tendências a piorar. Como aliás o próprio artigo também alerta. Como todos sabemos, a agilização da adopção, por exemplo, não funcionou como seria de prever, em que se previa que a média de espera para a adopção seria de 6 meses. Essa realidade é uma treta.
Aliás, quando o governo veio a publico com a famosa "proposta dos 200" - http://ruadosouto.blogspot.com/2009/07/ainda-os-incentivos-e-falta-deles_31.html - já eu na altura pesquisei por alguns números sobre esta realidade e fiquei deveras estarrecido.
Por isso, instituições como aquela que aliás se encontra anunciada aqui na rua - http://www.mundosdevida.pt/ - devem merecer a nossa atenção e, mesmo, alguma ajuda de voluntariado.
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