quinta-feira, 15 de outubro de 2009
O DIA DEPOIS DE AMANHÃ
Após as eleições autárquicas e os resultados que se verificaram, bem como o tradicional período de "nojo" onde os comentários e análises são mais efusivas, não posso deixar de retratar aqui um aspecto que me parece muito importante em todo este processo. Tenho ouvido e lido muitos comentários do género "ai o povo é burro", "não percebo porque é que o povo vota sempre no mesquita", na própria noite das eleições ouvi do comentador na RUM do PSD que o Mesquita nas áreas rurais ganhava porque as pessoas eram menos informadas... enfim... uma série de considerações que me parecem ser desde logo o motivo pelo qual o Mesquita Machado ganha sempre nas freguesias do segundo e terceiro anel. Eleição após eleição há pessoas com responsabilidades na oposição que acham que o povo é burro, mas não pensam porque é que existe uma barreira quase que intransponível entre as candidaturas da oposição e esses eleitores. A auto-crítica fica bem e é construtiva... e ainda não vi nenhum elemento da coligação a faze-la. Eu já fiz a minha logo na noite eleitoral, porque fiz oposição até agora e ele ganhou sempre... disse e volto a afirmar, toda a oposição deve fazer uma introspecção e análise cuidada de tudo o que se passou nos últimos anos para perceber qual o défice, nem que seja comunicacional, com essas freguesias e esse eleitorado inatingível até hoje. Há que ultrapassar barreiras e não contorna-las... Com um pouco de humildade e menos arrogância como têm demonstrado nestes dias que se seguiram, possam começar a caminhar no sentido correcto... finalmente!
Publicada por
Ramiro Brito
às
10:38
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10 comentários:
Um texto muito válido.
Temos que perceber onde falhou a nossa mensagem. Porque, se, de facto, estamos convecidos que a política do PS em Braga é má e a nossa é melhor, mas as pessoas votam na continuidade, significa que alguma coisa não bate certo.
Daí que devamos assumir as nossas responsabilidades - e quantas existem da minha parte e no meu partido!... - e procurar corrigir a nossa prestação política.
Um dos "pecados" políticos em que é fácil cair é de falar em circuito fechado. Na Coligação somos todos bons rapazes, entendemo-nos lindamente e, à volta, andam centenas de pessoas às quais não dizemos nada!
A nossa auto-satisfação vale de pouco, como se viu!...
Agora, meus caros amigos, duma coisa eu não abdico: é possível fazer mais e melhor, é preciso uma nova política para a cidade!
E o Ricardo Rio fez imenso e tem um enorme potencial político que urge pôr a render!...
De facto, parece-nos que a oposição tem alguma dificuldade em penetrar nesses territórios. De 4 em 4 anos mudam de estratégia, mas os resultados não se alteram muito.
O Partido Socialista sempre dedicou especial atenção às freguesias mais afastadas do casco urbano, sempre atendeu às suas necessidades específicas, sempre investiu nessas freguesias para evitar fenómenos de migração (forçada) para o centro urbano.
E se as prioridades iniciais eram os transportes, a água e o saneamento, hoje são os equipamentos que permitem que as pessoas possam ter qualidade de vida (centros cívicos, postos de internet, equipamentos desportivos e de lazer, auditórios, apoios a colectividades e instituições, etc.).
Essa força que o PS tem nas freguesias menos urbanas terá sido uma conquista de vários anos. Os votos serão o reconhecimento.
Todos os projectos são participados, e o PS assegura-se de que todos os compromissos assumidos pelos presidentes de junta são cumpridos.
Existe uma relação de grande proximidade com essas freguesias durante os 4 anos de mandato, existem encontros nas freguesias para ouvir anseios e problemas.
Só ouvindo o povo é que se fazem projectos participados e bem sucedidos.
Como nos contava Sófocles, em Antígona:
"Creonte – E a cidade é que vai prescrever-me o que devo ordenar?
(...) É portanto a outro, e não a mim, que compete governar este país?
Hémon – Não há Estado algum que seja pertença de um só homem.
Creonte – Acaso não se deve entender que o Estado é de quem manda?
Hémon – Mandarias muito bem sozinho numa terra que fosse deserta."
Diria que é fruto de um trabalho com vários intervenientes, com vista à coesão territorial e social do concelho. Só teremos muito mais Braga, se tivermos muito mais Ruílhe, muito mais Cabreiros, muito mais Ferreiros...
Martinha, Martinha... estás pronta para ter um lugar de destaque no PS. Já tens o CD todo :). Mas concordo contigo em relação á política de proximidade. Concordo porque conheço pelo menos uma caso de sucesso com o mesmo fundamento: S. Lázaro :)
Estás no bom caminho para uma carreira política promissora... pena que me pareça que iremos estar sempre em lados diferentes.
Mesmo que o PS tenha dado atenção às freguesias mais afastadas - o que não é mais do que a sua obrigação dados os cargos que ocupa - não deixam de ser confragedores os resultados conseguidos:
Vemos os lugares serem sistemáticamente desregrados (perdendo a sua história) e a construção anárquica;
Convém lembrar que as mais elementares obras de saneamento ainda não chegaram a todos os locais;
E, não menos grave, o Centro Histórico está a morrer e a ficar deserto.
Ramiro,
esse ataque do CD já tinha ouvido do Rui Moreira no debate que tivemos na Antena Minho "Ideias com J" há uns tempos. Parece que vocês também têm um CD.. :D
Quanto à "carreira" e ao "lugar de destaque", não é de todo uma preocupação... Sirvo aquilo em que acredito. Penso que todos nós fazemos o mesmo. :)
Nuno,
a avaliação dos resultados faz-se nas urnas.
Sempre ouvi dizer que "quem não está bem muda"... Barcelos mudou, Terras de Bouro mudou, Vieira do Minho mudou... Braga não mudou... Parece que "em equipa que vence não se mexe"... :)
looool, ooohhh Martinha não é um ataque "ataque", é uma brincadeira que realça o facto de teres a "obra feita" toda na ponta da língua :)
Ah, e nós não guardamos as brincadeiras em CD's, nós somos mais à frente, temo-las num iPod :)
Agora a sério, e para tu veres que aqui não somos dados a CD's: tens toda a razão. Mesmo! A sério!
A oposição, e RR em particular, passou a mensagem bem nas freguesias. Muito bem! O melhor que era possível!
O problema é que nas freguesias, ou na maior delas, o povo reconhece o trabalho feito como um trabalho bem feito. Ponto final, não há volta a dar-lhe. É claro que quem tem a Câmara tem meios para estar próximo das freguesias que o pessoal da oposição não tem - acho que concordamos todos com isto - mas a questão essencial é que o povo reconhece o "progresso" que o mesquitismo lhe levou à porta de casa.
Já na cidade isso não acontece, e cada vez mais pessoas acham que Mesquita se esticou largo no dito "progresso" e cedeu em questões básicas em nome do "crescimento".
Por isso é que eu digo - ao contrário de muito do que se tem dito aí - que foi na cidade que a oposição falhou (e em particular o PSD, que andou tentar lixar a conquista de um vereador aos outros ao invés de tentar cativar os que estavam tentados a não ir votar).
Na Braga rural, Ricardo Rio fez um trabalho notável e equilibrou uma balança que - acreditem, é muito desiquilibrada. Mas, ao não conseguir mobilizar as pessoas da cidade para votarem, a oposição perdeu as eleições.
É que, no fim de contas, a menor abstenção nas freguesias rurais fez toda a diferença na reeleição de mesquita. É só ir ao DGAI e fazer as contas. Eu estava a fazer a emissão especial Rua do Souto na noite eleitoral e pude ver que a abstenção nas freguesias ditas de 3.º anel é cerca de 10% inferior à das grandes freguesias urbanas. E isto quer dizer o quê? Que se o povo da cidade não quer que sejam sempre os bracarenses da aldeia a ganhar as eleições, então que trate de levantar o cuzinho dos sofás e que vá votar.
Mais uma vez, e ao contrário do que agora se diz com alguma (muita) arrogância, a vitória de Mesquita prova apenas que os bracarenses rurais têm mais civismo do que os "urbanos". Vão votar por aquilo em que acreditam, enquanto os urbanos vão à praia ou ficam em casa.
Essa é que é essa.
P.S. - Eu acho que já tinha dado os parabéns à Marta lá atrás noutro comentário, mas se não dei aqui ficam: parabéns pela vitória Marta!
E digo-te o que disse ao Pedro Sousa: desejo sinceramente que este mandato seja, de longe, o melhor de todos...
Ipsis verbis Rui....
Para quem anda por Braga e arredores, que vitória nos mostra o PS?
Eu, com o devido respeito aos vencedores das autárquicas, fico na minha: o panorama é trágico. Braga é cada vez mais uma cidade terceiro mundista - embasbacada com um túnel nefasto - e uma paisagem rural onde se plantam campos de futebol... sintéticos e uns aparelhos para fazer fitness!
Aonde é que nós vamos parar?!?
O balanço é mau, muito mau. Podia fazer-se melhor, muito melhor. Quanto a isso, não tenho dúvidas e continuo na mesma.
Acredito fácilmente que apareça alguém com ideias melhores do que as minhas (ou do que as da Coligação), mas até à data e concretamente em relação ao PS, acho que a actual política corre para o abismo...
...estarão felizes por dar um passo em frente?
Tens meia tazão, Nuno. Mas só meia. Porque a Braga rural não vive só de paisagem.
Aprecia coisas tão simples como água potável, saneamento, uma rede de tranpostes públicos que, bem ou mal, lá chega.
Mas - e especialmente se já tiver as coisas básicas, o que já não é nada mau, atendendo ao panorama nacional - também gosta de ter estradas municipais mais ou menos decentes, os adros das igrejas e as pracetas arranjadas, sedes de junta de freguesia decentes. E, se possível, porque não uns espaços intenet, umas piscinas e/ou uns campos de futebol?
Talvez por isso eles se estejama borrifar para a circunstância de "nós", os da cidade, cairmos na tentação de presumir, de quatro em quatro anos, que "eles" são menos dotados... Mas não sei, gostva de saber melhor onde é que tu vês o abismo das freguesias rurais em Braga.
Um abraço
A zona da rotunda de Mire de Tibães, ou como o mau urbanismo esmaga a pré-existência;
S. Pedro d´Este, rasgada pela Via rápida para a Póvoa de Lanhoso (teria de ser mesmo assim?);
Palmeira, com loteamentos incaracterísticos, misturados com baldios, pavilhões industriais e memórias do lugar;
Figueiredo e Lamas: os subúrbios sem critério (sem critério, sem cuidado, espalhados pela paisagem);
Os caminhos rurais, onde andam eles? (perguntava o Américo, treinador de rugby, numa tertúlia...).
O que é grave é irmo-nos habituando ao crescimento anárquico, sem critério e sem qualidade.
A Câmara pode e deve intervir para o bem de todos - como acontece na socialista Câmara Municipal de Matosinhos, sujeita a pressões urbanísticas incomparáveis, mas que tiveram a boa política (e a mestria) de ir integrando as intervenções e loteamentos que foram sendo construídos, com planeamento.
Como recentemente afirmou o Perfeito de São Paulo: "Tudo se faz com planeamento urbano" (Gilberto Kassab, Maio de 2009).Em Braga, seja na cidade seja no campo, não há planeamento.
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